Trupe Elemental - Capítulo 91
Ao entrar no salão da fortaleza, eles são contemplados com uma bela vista, mas ao mesmo tempo arrepiante. Um longo corredor levando até uma segunda sala bloqueada por entulhos, aos arredores pilares enormes com rachaduras e caindo aos poucos, ainda que segurem aquele velho lugar, parecem poder desabar a qualquer momento que se passa.
Os belos e longos tapetes, rasgados e com manchas, mas não de sangue. Candelabros e lustres com os resquícios da última vez em que foram acesos, a mobília espalhada pelo cenário, formando uma espécie de barreira para tentar conter seja lá o que estava tentando invadir o lugar.
— Olha esse lugar, fico pensando o que aconteceu por aqui. — Sarah comentou.
— Parece que eles tentaram resistir a alguma coisa e falharam. — Tay respondeu.
O salão possui entradas para inúmeros lugares diferentes da fortaleza, para evitarem se perder John pediu para que Mary consultasse novamente por onde eles deveriam ir a seguir. Algumas entradas estavam bloqueadas, e a principal delas por enormes pedregulhos que caíram do teto do lugar, John imaginou que esse era o caminho correto, mas queria confirmar por via das dúvidas.
— Tem muitas entradas por aqui. Mary, tem alguma ideia de como prosseguir agora, de onde a energia está vindo, talvez. — John perguntou.
— Deixe-me verificar novamente. — Disse Mary, se concentrando brevemente.
— Está na próxima sala, vamos precisar remover esses pedregulhos para entrar, não vejo outro jeito, pelo menos nenhum que não desabe esse lugar todo. — Respondeu.
John e Tay com auxílio dos ventos de Ryutisuji começaram a remover os pedregulhos que bloqueavam a passagem, retirando boa parte deles para formar uma pequena brecha para passarem, eles chegaram à sala do trono real.
Se aproximando mais um pouco, Mary finalmente conseguiu encontrar o que estava emitindo a fraca energia que ela havia captado anteriormente, e para a surpresa deles, ela estava vindo do esqueleto sentado no trono do rei. O que fez ela estranhar logo de cara, pois em momento algum eles viram corpos ou esqueletos.
— Lá está! A fonte da energia que estávamos procurando… — Disse Mary.
— Huh. Um esqueleto, não acha isso meio fora de lugar? — John sussurrou.
— É, eu sei… Esse é o primeiro que a gente encontrou aqui. — Ela respondeu.
Temendo que algo possa acontecer, Mary instrui para que os outros fiquem ali e mantenham sua posição, enquanto ela e John se aproximam até o trono do rei. Olhando mais cuidadosamente, Mary percebe que a coroa que está adornando a cabeça daquele esqueleto é o que está emitindo a fraca energia elemental, e quanto mais ela chegava perto, a energia crescia.
Quando Mary subiu o primeiro degrau em direção ao trono, John ouviu um baixo barulho vindo logo de cima, no mesmo instante ele percebeu de que se tratava de uma armadilha. Vendo que Mary seria a vítima, ele correu até ela e a empurrou para longe com toda sua força.
— Agh! O que você está fazendo…?! — Disse Mary, ao cair.
Um enorme pilar desabou do teto logo acima de John, que por pouco desviou, mas no seu impacto, revelou um chão falso ao redor, abrindo uma vasta cratera logo a frente do trono, fazendo com que John caísse para as profundezas da fortaleza. Os outros que esperavam logo atrás, correram para ver o que havia acontecido, espantados eles perguntaram o que havia acontecido, para somente receber uma seca resposta de Mary dizendo ter caído em uma armadilha.
“O QUE?” Matt gritou ao saber do ocorrido, ele saiu empurrando todos da sua frente e contemplou a cratera por poucos segundos antes de tomar uma decisão arriscada. Ele ateou fogo em seus ferimentos para estancar a dor que sentia e agiu.
— MERDA, JOHN! EU ESTOU INDO! — Disse Matt, se transformando em um pequeno espírito de fogo e pulando em seguida na cratera sem hesitar.
— Matt, espera, não! — Disse Mary, ao tentar impedi-lo sem sucesso.
— Droga… Isso não era pra ter acontecido! É culpa minha por não ter averiguado o lugar de antemão, eu sabia que tinha algo errado e mesmo assim ignorei, me desculpe, de verdade. — Ela completou.
— Ei, ei, espera! Vamos simplesmente ignorar o fato do Matt ter se transformado em um… eu não sei o que era aquilo! Um espírito de fogo?! — Disse Ryutisuji.
— Haha, isso é verdade. Ele simplesmente agiu como se seus ferimentos não existissem, e pulou logo em seguida! Temos que fazer algo! — Disse Tay.
— Tsc. Vocês vão ter que perguntar isso diretamente pra ele. Ele pode ser um completo idiota a maioria das vezes, mas não perde tempo para ajudar quem precisa, agora vamos, precisamos ir atrás deles. — Mary respondeu, tentando desviar o assunto.
O buraco parecia ser fundo demais para eles pularem. Ryutisuji sugeriu que poderiam amortecer a queda usando sua magia de vento, mas Jesse entrou com uma questão, se fosse uma armadilha mortal, eles poderiam acabar tendo o mesmo destino que John ao chegarem lá embaixo e ao invés disso, deveriam procurar outra forma de descer até lá em segurança.
Juntos, eles decidiram retornar à sala anterior para remover os pedregulhos que estavam impedindo as demais passagens da fortaleza, na esperança de que uma delas levasse até o subsolo do lugar, e consequentemente até John e Matt. Tay e Ryutisuji começaram a remover rapidamente as pedras, abrindo o caminho para duas entradas diferentes. Agora só faltava eles se dividirem para procurar.
— Ok, temos duas entradas e cinco pessoas. Eu vou na da esquerda, alguém gostaria de vir comigo? — Mary perguntou.
— Eu posso ir. E os outros vão pela outra. — Tay respondeu.
— Boa sorte, se os encontrarem antes de nós, retornem e esperem aqui. — Disse Mary.
Enquanto Matt na forma de espírito ainda descia a cratera formada pela queda do enorme pilar, ela era mais extensa do que parecia e perfeitamente planejada.
— Eu espero que ele não tenha se ferido gravemente de novo. — Matt pensou.
Matt desceu por mais um minuto até chegar ao final, em um lugar aparentemente grande e aberto, onde encontrou o pilar afundado no chão, e uma trilha de sangue que se arrastava para longe. O lugar estava um completo breu, mal dava para enxergar a palma da própria mão. Porém Matt não se acanhou, ao se transformar novamente em humano ele acendeu uma chama em sua mão para iluminar o seu arredor e procurar por John.
— John? John! Respondem cara! — Ele gritava, enquanto procurava.
— Merda… esse lugar parece um labirinto, e não tem luz nenhuma aqui embaixo, que droga, que droga…! — Ele sussurrou.
Matt foi seguindo a trilha de sangue que aos poucos ia se dispersando, até que finalmente encontrou John, encostado na parede.
— Ah, graças ao deuses! Eu te encontrei! Olha só todo esse sangue escorrendo, temos que voltar e buscar ajuda da Jesse! As poções dela devem te ajudar por enquanto. Vamos, se apoie em mim e levante! — Disse Matt.
— Ugh, o que você está fazendo aqui? Isso não é nada, eu consegui absorver uma parte do dano da queda com a Usurpadora… — John respondeu.
— Hã? “não é nada” Você é burro ou o que! Não é hora de bancar o herói, vamos procurar a saída desse lugar e ir embora daqui! — Matt comentou.
Com a ajuda de Matt, John se apoiou em seu ombro e juntos eles começaram a procurar pela saída. O lugar todo parecia um labirinto, e eles também pareciam estar andando em círculos sem sair do lugar. John perguntou se Matt não podia aumentar a intensidade de sua chama para eles verem melhor no escuro, mas ele respondeu que por algum motivo não conseguia. O lugar parecia inibir sua magia de certa forma.
— Aliás, você disse que absorveu o dano de sua queda com a espada, como exatamente fez isso? — Matt perguntou.
— Ugh, quando sairmos daqui, se eu estiver de bom humor eu te falo. — Respondeu.
— Hmm, é melhor que cumpra com sua palavra, estou curioso. — Disse Matt.
Caminhando pelo escuro, mais a frente Matt percebe que há uma pequena luz vindo de uma sala ao lado, ele avisa John, que o avisa de volta para tomar cuidado, dizendo que pode haver mais armadilhas à frente.
— Ei, olha! Parece ter uma entrada ali, vamos conferir. — Disse Matt.
— Por favor, que não sejam mais armadilhas… — John sussurrou.
Quando os dois chegaram na entrada do lugar de onde a luz estava vindo, se depararam com uma paisagem aterrorizante, nunca antes visto por nenhum deles. Matt e John não estavam acreditando no que estavam vendo.