Trupe Elemental - Capítulo 92
Distante daquele deserto cinzento interminável, em seu templo maligno eles se escondiam para o futuro assalto, planejando meticulosamente a estratégia que usariam e com uso de uma força roubada de outros, eles carregavam um poder imensurável para dar um fim naqueles que se opõem.
Enquanto estava em êxtase se concentrando para terminar o mais rápido possível, ele ouviu certos passos se aproximando de si calmamente. Quando se virou para ver quem era, um breve alívio, ninguém menos que seu outro companheiro e superior, quem também partilhava do mesmo desejo que o seu.
— Oh! Então esse é o lugar que você preparou, hein? Até que parece estar bem equipado, você realmente se empenhou. — Ele disse, observando o lugar.
— É bom saber que a empreitada na capital deu certo. Foi uma ótima ideia usar a força vital das pessoas de lá como catalisador e depois convertê-las na energia elemental necessária para recarregar a pedra. — Completou.
— Mas acho melhor que você se apresse. Não queremos que eles descubram o que é esse mal que está sendo causado nas pessoas por lá… — Ele comentou.
Em frente à um grande maquinário feito de metal criado para canalizar a força elemental e transmiti-la para um novo recipiente, lá estava ele, preso a grilhões feitos de pura energia elemental, fincados no chão a uma espécie de círculo mágico que atravessava dimensões e se conectava com sua contraparte em outro lugar do mundo real, enviando toda a energia elemental que recebia diretamente para seu corpo, que a transmitia para a grande máquina e posteriormente para a pedra.
— Peço que não me desconcentre. Quanto mais eu conseguir me focar, mais energia elemental serei capaz de converter e despejar corretamente. — Respondeu.
— Hum. Tudo bem, Philip, e então? Qual é o seu plano para impedir ELES? Você sabe muito bem que será praticamente impossível fazer isso, mas ainda quer tentar? Eles já encontraram sua antiga base de operações, não vai faltar muito até encontrarem o caminho até aqui… — O outro disse.
— Não vou impedi-los, muito pelo contrário, quero que venham até mim. Vou mostrar a eles uma fração do novo poder que estou perto de obter. Eles merecem aprender que não é certo brincar com certos assuntos de outras pessoas. — Disse Philip.
— Você parece bem confiante desse poder. Só não exagere, certo? Eu ainda preciso que cumpra sua parte do acordo. E para isso, preciso de você inteiro, não vá se matar antes de conseguirmos o que queremos, está bem? — Ele respondeu.
— Já chega, comece o ritual de teletransporte imediatamente. — Ordenou Philip.
Sem retrucar, ele se despediu de Philip e foi embora para iniciar o ritual. Ele estava ciente dos perigos que Philip estava correndo, mas preferiu ficar calado para ver até onde seu orgulho o levaria. Talvez só estava esperando o momento de sua entrada.
Tay e Mary continuavam a procurar por John e Matt, eles passaram por inúmeros cômodos da fortaleza, quartos, salões de festas e outros até chegarem na cozinha principal. Tay sugeriu que procurassem por perto, talvez houvesse uma espécie de armazém que os levasse para os andares inferiores da fortaleza.
Na parte da frente da cozinha, que para surpresa deles ainda estava em ótimas condições comparada a outras partes da fortaleza haviam várias mesas ainda arrumadas, supostamente para algum tipo de celebração. E logo depois delas uma longa mesa, lotada com restos apodrecidos de comidas e bebidas estragadas que exalavam um forte odor fétido.
— Está bem quieto aqui. Olhe só para esse lugar, ainda está como no dia em que tudo se acabou. É bem melancólico. — Disse Tay.
— Não se preocupe. Creio que não há ninguém neste lugar além de nós. Eu andei fazendo pequenas varreduras para ver se encontrava algo relevante, e dito isso, sinais de vida além dos nossos, não existem. Também não fui capaz de encontrar outras fontes de energia tirando aquela a qual seguimos até aqui. — Mary respondeu.
— Então você ainda consegue sentir John e Matt?! Sabe dizer onde eles estão? Isso deve nos ajudar a achá-los rapidamente! — Tay comentou.
— Eu consegui… Até um momento atrás. Suponho que eles tenham se afastado demais ou algo esteja me atrapalhando a encontrá-los… Humm… — Disse Mary.
— Vamos continuar, precisamos chegar até o subterrâneo desse lugar se quisermos encontrá-los. Só espero que eles não tenham se metido em confusão. — Completou.
Ela é bem direta, Tay pensou. Sem muita conversa, agir primeiro. Procurando por entradas escondidas e atrás dos poucos escombros que impediam a passagem de certos lugares na cozinha, Tay finalmente achou o que estava procurando, a entrada para o armazém. Sem perder tempo, ele gritou para que Mary se juntasse a ele e dessem continuação à procura.
Este por sua vez, estava bem acabado e desabando, prosseguir com cautela era necessário, com cuidado para nada cair em suas cabeças enquanto atravessavam as pilhas de caixas e outras coisas podres caídas pelo lugar. No final do corredor havia uma escada, Tay logo deduziu e disse para Mary que provavelmente os levaria até a adega da fortaleza e consequentemente aos andares inferiores.
— Olhe lá, Mary! Uma escadaria. Quem sabe se descermos e de lá, talvez sejamos capazes de encontrar uma outra entrada que nos leve até os outros cômodos subterrâneos ou algo parecido! — Disse Tay.
— Parece bom, é a nossa única pista por agora, não queremos desperdiçar ela, pode deixar que eu vou na frente para iluminar o caminho. — Mary respondeu.
Chegando na sala inferior, Tay estava certo, se tratava da adega. Ainda inteira com todos seus vinhos e bebidas ainda nas prateleiras e barris. A sala estava trancada por uma grande porta de metal acorrentada. Mas nada que Tay não pudesse resolver, ao se aproximar da porta, ele congelou a velha corrente e logo em seguida a rompeu com um golpe de sua espada, assim abrindo o caminho.
Nos corredores que eram extremamente escuros, Mary utilizava a pequena chama em sua mão para iluminar o caminho, habilidade essa a qual ela aprendeu há muito tempo com Matt em uma de suas jornadas anteriores. Ambos atentos para quaisquer rastros deixados por John e Matt, mas sem sinal algum deles.
Após um tempo caminhando, eles acharam outra sala trancada, mas desta vez por um círculo mágico na porta. Mary pediu para que Tay se afastasse um pouco para que ela tentasse quebrar o selo. Estendendo sua mão contra o círculo, ela começou a desfazer o encantamento que protegia a entrada, e conforme avançava o círculo ia reagindo aos seus mandamentos até ser desfeito completamente. Com a entrada liberada, eles entraram na sala e se depararam com algo inusitado.
— Uma base de operações aqui? Olhe todas essas anotações! — Disse Tay.
— Eu duvido que isso faça parte da fortaleza originalmente. Alguém tomou esse lugar para si, e eu acredito que não tenha sido há muito tempo. — Mary respondeu.
— Olhe, tem um mapa aberto na parede! — Tay comentou.
Na sala abarrotada de livros e anotações em cima das mesas, um se destacou entre os demais, um grande mapa do continente, expandido na parede. E com ele, vários pontos de interesse marcados, juntamente de desenhos mal feitos dos integrantes do grupo, pendurados cada um por adagas manchadas de sangue.
— Os cartazes! São vocês! — Disse Tay.
— Droga, eles já sabiam de tudo! Fomos rastreados igual ratos caminhando para a ratoeira, desde o início eles já estavam cientes de nós… — Mary comentou.
— Os lugares marcados no mapa… Talvez sejam as últimas localizações conhecidas de cada um de nós. Vê aqui? A Biblioteca, Fortaleza de Philip… — Mary comentou.
— Não só isso, mas também todos os lugares em quais estivemos também foram marcados, isso só me leva a crer que todo esse tempo Philip ou seja lá quem fez isso, já sabia de nossos planos e tentou nos impedir. — Mary explicou.
— O que me intriga é o fato desse mapa não ter seu grupo e nem John marcados. Minha hipótese é que vocês não são alvos, ou eles não têm interesse. Mas isso não faria muito sentido já que se sabem tanto sobre nós, deveriam saber que John fazia parte da Trupe Elemental, mesmo que nas sombras. — Completou.
— Então quer dizer que alguém de dentro é um informante. — Disse Tay.
Averiguando a sala, Tay encontrou alguns lampiões para iluminar melhor o lugar, tirando isso, no lugar só havia pilhas de livros e manuscritos com informações irrelevantes para eles naquele momento. Porém, procurando melhor, Tay retirou alguns livros da mesa em frente ao grande mapa, e acabou achando algo novo no canto inferior, que estava sendo tampado por alguns pergaminhos.
— Ei, olhe aqui, tem mais um cartaz desenhado. Esse não é…? — Tay perguntou.
— Sim, é o Leon. Hmph, então também estão atrás dele, mas assim como nós, não sabem de seu paradeiro… Eu preciso de alguns minutos para pensar um pouco sobre tudo isso. — Disse Mary.
— Os outros precisam saber disso, mas antes vamos voltar ao que interessa e achar John e Matt, essa é a nossa prioridade por agora. Vou estar esperando na entrada, me avise quando terminar. — Disse Tay.
Desenhos deles mesmos, um mapa com os últimos lugares no qual o grupo se aventurou, informações meticulosamente escritas sobre cada integrante do grupo. Mary estava realmente preocupada com o nível da situação. Mas ainda faltava algo, ela sentia que ainda havia algo escondido dentro daquela sala, oculto em algum canto esperando para ser encontrado. Ela podia sentir uma pequena aura de desdém.