Trupe Elemental - Capítulo 90
Mary começava explicando o que havia acontecido, por sua vez tentando encobrir o máximo possível. Mas quando John percebeu o que ela queria fazer, logo a impediu e tomou sua frente para falar. Ele já estava chateado de ter que mentir para estas pessoas que estavam depositando sua confiança nele, foi então, que ele resolveu falar de verdade o que estava acontecendo ali.
— Eu posso caminhar entre dimensões brevemente. — Disse John.
— John… — Mary sussurrou, próxima a ele.
“O que?” Eles disseram, encucados. Com exceção de Mary, todos os outros ficaram surpresos ao saber daquilo, até mesmo Matt que foi seu companheiro no passado não sabia o que era aquilo que John havia feito. O que era mais intrigante para eles, é que apesar de estarem em uma dimensão diferente do mundo real, como John era capaz de invadir outra, além da que já estavam.
— É exatamente o que você ouviu, eu consigo invadir outros planos de existência, permitindo que eu execute qualquer ação, que ao seus olhos são “invisíveis”, é por isso que você não viu nada do que aconteceu com aquela esfera. — John explicou.
— Tudo bem, vamos por partes. Você consegue fazer isso, mas eu estava olhando, você ainda estava aqui diante de meus olhos, conseguia ver você parado diante daquela esfera, como isso é possível? — Ryutisuji perguntou.
— Quando eu passo para o outro plano, eu consigo deixar para trás uma ilusão de mim mesmo, assim causando uma confusão. — John respondeu.
Quando questionado sobre o motivo de não ter usado esta técnica antes, John respondeu que não era possível. E que foi graças a Mary que neste momento ele foi capaz de utilizá-la novamente. John explicou que na noite em que os dois ficaram sozinhos, Mary conduziu um ritual em segredo para libertar o selo que estava dentro dele, liberando a restrição de suas outras habilidades.
John explicou que isso lhe permitiu recuperar parte de sua força, mas também lhe causou muitos efeitos colaterais, e que hora o outra sentia que estava perdendo a consciência, dando lugar para outra pessoa em sua mente. Dessa vez, Sarah perguntou o que havia acontecido para que aquilo fosse necessário.
— Há muitas coisas que quero compartilhar com vocês, afinal eu não gosto nem um pouco de esconder nada de meus companheiros. Mas ainda não é a hora certa. Eu juro que irei responder todas estas dúvidas que os cercam, quando o momento certo chegar, não esconderei mais nada de vocês. — Disse John.
— Escuta, John. Não é que não confiemos em você, Mary ou no Matt. Eu creio que além de mim, o que Sarah e Jesse estão sentindo não é desconfiança, mas sim incerteza. Nós nunca fomos grandes aventureiros, ou pessoas de muita importância, então tudo isso para a gente é algo novo e desconhecido. — Tay comentou.
— Todos esses eventos que ocorreram nos últimos tempos, é algo que eu nunca imaginei que fosse acontecer conosco. Dá para acreditar? Um bando de pessoas que raramente entrou em combate direto, agora lutando com forças destrutivas, capaz de aniquilar um continente inteiro! — Completou.
— Mas voltando ao assunto, essa sua habilidade… Por que não nos contou sobre ela antes? É a primeira vez na vida que ouço algo do tipo. Ficar invisível, ocultar a presença, já vi muitas pessoas habilidosas capazes disso tudo, mas “invadir outra dimensão”, isso sim que é impressionante. — Disse Tay.
— Eu não contei porque não me lembrava até agora. Eu só retornei a ter ciência de sua existência quando vi aquela enorme esfera vindo em minha direção, não dava pra pensar em mais nada, eu tinha que fazer alguma coisa ou seria meu fim. Então eu confiei nas minhas habilidades, e na minha espada. E olhando agora, só consigo utilizá-la quando a Usurpadora está em vigor. — John explicou.
— Vamos chamá-la de… Mundo irreal. É um lugar à parte, no qual eu acredito que nenhuma lei do universo se aplica. O tempo corre de maneira diferente, um segundo aqui é uma eternidade lá. Eu também sou capaz de ver todos os pontos vitais do meu alvo. Como se estivesse me dizendo para onde atacar para derrotá-los. — Disse John.
— Mesmo que você faça alguma coisa com minha ilusão nada vai acontecer comigo, pois meu corpo real já não está mais neste plano de existência, seria necessário você ir também para este mundo irreal para conseguir me ferir diretamente. — Completou.
Conforme John ia explicando mais de sua técnica que permitia atravessar mundos, ele também aproveitou para falar mais sobre outras que possuía, muitas delas, eles já tinham ouvido falar, pois era habilidade realmente comum entre guerreiros. O que fez Tay pensar que apesar de John possuir uma habilidade extremamente forte e única, seu repertório consistia basicamente em sua própria força física e manejo com a espada, o tornando um espadachim muito diferente dos outros.
— Mas tem um porém com isso tudo. É o mesmo caso da minha espada, Usurpadora. Esta habilidade tem um grande consumo de energia, então não sou capaz de utilizá-la muitas vezes em sequência, isso pode acabar até me matando. — Disse John.
— Então, basicamente quando você está lá, se torna invulnerável? Isso é um poder e tanto, faz sentindo consumir tanto de si mesmo. — Ryutisuji comentou.
— Hmm, isso que você disse me fez lembrar de uma certa pessoa que estudava na Universidade Real de Dynarose. Ela conseguia fazer algo parecido, mas eu dúvido muito que era a mesma que você, John. Antes que me pergunte, não era nenhum dos sábios ou professores, e sim um aluno muito reservado. — Disse Jesse.
— Não vou dizer que é impossível alguém ter essa mesma habilidade, mas acho muito improvável. É uma dádiva que meu mestre me concedeu. — John respondeu.
— Sim, sim! Agora eu me lembrei, quando eu ainda a frequentava, esse aluno… ouvi histórias e rumores de que ele era um prodígio ou algo assim, vindo de um pequeno vilarejo no oeste. Ninguém jamais conseguiu vencê-lo em um duelo. Ele possuía uma grande habilidade para controlar os ventos ao seu favor. — Jesse explicou.
John ouvindo aquilo, fica pensativo por um momento. Mas logo disfarça sua preocupação, e rebate Jesse dizendo que não aquilo não seria possível e encerra.
— Tá, parece que a maioria das coisas foram esclarecidas. Vamos continuar então, a energia está ficando mais forte, estamos perto. — Disse Mary.
— Ah, francamente. Eu achei que vocês iam ficar ali conversando por horas e horas, e depois reclamar que estamos nos atrasando… — Matt comentou.
Mary acena para que os outros a sigam, atravessando a ponte e indo em direção a entrada da fortaleza Matt levanta outro questionamento, mas agora a respeito daqueles espectros que os atacaram momentos atrás. Ele começa dizendo que eles eram muito diferente dos quais haviam lutado anteriormente, e que havia algo estranho acontecendo com eles.
— Sabe, o que mais está me incomodando no momento é como diabos aqueles espectros eram capazes de falar e nos entender? — Matt perguntou.
— Eu não sei, e parece que a Mary também não. Talvez eles sejam uma espécie superior dos que encontramos anteriormente. Suas formas também são menos abstratas, pareciam humanos. — John respondeu.
— E tem mais uma coisa. Eu estava pensando na possibilidade deles serem obra do Philip, mas quando eles viram a espada do John, ficaram com medo e enlouqueceram, se fossem peões dele, por que iriam fugir? — Disse Mary.
— Exato. Eu até mesmo ouvi um deles dizer que ela seria minha ruína. Eles era muito diferentes dos quais eu vi atacarem a Cidadela. — Disse John.
— Hum, já que vocês estão excluindo a possibilidade deles terem sido criados pelo Philip, de onde e quem exatamente são? Será que é possível que eles sejam antigos residentes deste mundo? — Sarah perguntou.
— Talvez. É uma boa opção na verdade. Considerando que há estruturas muito parecidas com nossa arquitetura, eu não ficaria surpresa se eles fossem uma raça semelhante a nossa que sucumbiu devido alguma coisa. — Mary respondeu.
— Já que tocamos nesse assunto, eu notei que eles eram bem mais experientes do que os outros demais, também pareciam fazer uso de táticas e estratégias para nos derrotar, é muito raro monstros terem esse tipo de comportamento. — Disse Tay.
— Se eles estão contra nós e também Philip, então quer dizer que há mais alguém neste quebra-cabeça todo, nós precisamos nos apressar antes que algo parecido com o que ocorreu em Trópico de Kraken aconteça com o resto do continente. Não quero viver sob o mesmo medo de cinco anos trás. — Jesse comentou.
— Jesse! Nós iremos, com certeza! Não se esqueça que estamos todos nessa juntos, enquanto isso não for resolvido, não irei descansar! — Disse Tay, a motivando.
Sarah que estava caminhando logo ao lado de John, fica o observando atentamente, vendo que ele está muito quieto e pensativo, ao contrário dos outros que discutiam entre si sobre os acontecimentos recentes. Mas ela preferiu permanecer calada.
Entrando mais afundo na fortaleza, eles passam por lugares repletos de armas e armaduras vazias, sem nenhum esqueleto. Além de vários sinais e resquícios de batalhas passadas que ocorreram naquele lugar. Até que chegaram ao que parecia ser a entrada para o salão principal da fortaleza.
— Vamos entrar. A fonte da energia misteriosa está bem aqui!. — Disse Mary.