Trupe Elemental - Capítulo 80
— Hein, Mary… eu estive aqui pensando, como você sabia exatamente como fabricar um antídoto para o veneno de Rafflesia? — Ryutisuji perguntou.
— Naquela enciclopédia, estava dito que não existem remédios que curam completamente as pessoas do veneno, exceto que há medicamentos que atrasam o avanço dele, então como? Como você sabe disso? — Completou.
Naquele momento, os olhos e a atenção de todos se viraram para Mary. Aguardando uma possível resposta. Ela suspirou brevemente e então começou a dizer o que ela pensava, de uma forma clara e objetiva.
— Hmph. Vocês já ouviram falar de um dos maiores apotecários que existiu neste mundo, se não o maior? Bem, acredito que atualmente ele seja conhecido por outro nome. Leon Saxum, o Bastião Imortal. Ex-líder da Trupe Elemental, a lenda viva que derrotou o Devorador há cinco anos. — Disse Mary.
— Apesar de todos esses feitos e títulos, ele foi o mais habilidoso que conheci, dos vários, ele era o que mais se destacava. Não havia nenhuma enfermidade que ele não conseguisse curar usando seus medicamentos, mas infelizmente tudo tinha um preço a se pagar. — Completou.
Querendo explicar mais a fundo, Mary resolve contar uma pequena história do passado sobre ela e seu antigo companheiro.
— Enquanto ainda estávamos em grupo, Leon havia retornado de uma de suas campanhas, ele me contou ter lutado contra outro Rafflesia. E que esse em especial, ele se expôs a uma longa batalha em prol de aprender e entender como o monstro se comportava. No fim, seus ferimentos valeram a pena. Ele conseguiu obter amostras do veneno e do líquido que ficava na flor no topo de sua cabeça. — Mary explicou.
— Em pouco tempo ele foi capaz de criar um antídoto que não só retardou o avanço do veneno, mas o eliminou por completo em questão de dias. Para comprovar que realmente funcionava, ele mesmo injetou o veneno em si mesmo, e logo depois o antídoto. Eu mesmo não consegui acreditar quando ví. — Completou.
— Ha! Se uma cura milagrosa como essa existe, por que ela nunca foi para as lojas?! Inúmeras vidas poderiam ter sido salvas! — Ryutisuji questionou.
— Eu não sei. Leon nunca me disse o real motivo de nunca ter compartilhado sobre isso com outros apotecários. Mas talvez eu tenha uma ideia. Talvez ele pensasse que se o remédio fosse à público, os outros o venderiam por preços absurdos, limitando quem poderia ter acesso, outro motivo talvez seria que ele possui um grande efeito colateral e por isso não poderia ser vendido em grande escala. — Mary respondeu.
— Hã? É melhor que esse remédio que vocês me deram não tenha nenhum efeito negativo sobre mim! Fala sério, eu já estou acabado! — Disse Matt.
— Não se preocupe. É apenas uma suposição minha, quando Leon utilizou esse mesmo remédio que lhe demos, nada de anormal aconteceu com ele, você deve ficar bem em alguns dias, Matt. Não se desespere. — Mary respondeu.
Os outros conversavam, enquanto John terminava sua refeição, se levantando e tirando um pouco da sujeira de suas vestes ele os apressaram para que terminassem logo para que pudessem partir o quanto antes.
— Tá, tá. Chega desse papo sobre o passado, ainda temos que chegar no nosso destino, e já perdemos bastante tempo. Não podemos deixar que aquele homem termine o que quer fazer. — Disse John.
— Haha, você não para mesmo, John! Mesmo com todos esses ferimentos, aí está você, querendo seguir em frente. Mas devo dizer que é importante reconhecer a hora de parar um pouco e apreciar um bom momento. Contar com seus companheiros também é uma boa alternativa. Não precisa ter que encarar tudo sozinho, estamos aqui, e iremos até o fim. — Disse Tay.
— Falou tudo! Esse ai não vai parar até ter o que quer. Mesmo que isso signifique arrancar seus dois braços e pernas. Impressionante sua tolerância à dor, eu estou tão acabado que mal consigo andar por um minuto inteiro. — Matt comentou.
Em poucos minutos, todos haviam terminado suas refeições e já estavam recolhendo seus equipamentos para continuar a jornada em direção ao destino final. Tay e Mary revisavam o mapa da selva, enquanto Ryutisuji e Matt reparavam seus arcos. John afiava sua espada com uma pequena pedra, Sarah e Jesse arrumam os espólios que conseguiram anteriormente.
— Todos prontos? Partiremos em breve, não deixe nada útil para trás! Estamos perto de alcançar Philip. Temos que impedi-lo, custe o que custar. Não podemos deixar que a calamidade de cinco anos atrás se repita. — Disse Sarah.
— Hum, eu acho difícil que de fato vamos conseguir impedi-lo. No máximo vamos conseguir atrasá-lo ou algo do tipo. Se estamos falando de lutar contra o verdadeiro Devorador, somente nós não seremos capazes. — John respondeu.
— Eu entendo. Nesse caso, precisamos encontrar o restante da Trupe, certo? Só falta encontrarmos o último, que seria Leon! — Sarah comentou.
Ao dizer aquilo, Sarah percebeu que John logo desviou do assunto, o que a deixou curiosa sobre o caso. E se realmente era tudo aquilo que estava faltando.
— Bem, seguindo a risca, só precisamos entrar no Mundo Espiritual e pegá-lo antes que tente algo. A gente consegue, pelo menos desse velho. — Disse Matt.
— Matt tem razão, se tudo estiver correto sobre o que vocês me disseram, sem a pedra energizada, Philip não passa de mais um feiticeiro qualquer. Ele não é páreo para mim, nós vamos conseguir, com certeza! — Mary completou, incentivando.
— Só tem uma coisa me incomodando… — John comentou.
— Hum? E o que seria, exatamente? — Tay perguntou.
— É muito conveniente que esses últimos ataques que nós sofremos tenham sido todos por acaso do destino… Eu acredito que alguém está ciente de nossa posição e de nossas ações, alguém está nos observando… — John comentou.
— De fato é estranho. Mas não podemos fazer nada agora, somente continuar, pelo menos nenhum destes ataques nos afetou gravemente a ponto de termos que desistir, seja quem for. Não está conseguindo nos conter. — Tay respondeu.
— Você tem razão. Eu só achei estranho, pois pode ser alguém que conhecemos, alguém que sabe quais os nossos objetivos. Eu tenho algumas pessoas em mente, mas quer saber? Esquece, vamos embora. — John comentou.
— Ah, finalmente. Achei que vocês dois fossem ficar aqui discutindo essas superstições o dia inteiro, hahaha! — Disse Matt.
Depois de tudo isso, o grupo finalmente voltou a andar. Sem mais nenhuma interrupção, Mary os guiava para o coração da selva, atravessando rios e matas densas, dispersando monstros indesejados com ajuda de sua barreira que escondia a presença deles em meio a selva.
Caminhando por horas, no que parecia ser um labirinto natural infinito, depois de passar pelos vários caminhos da selva, eles chegam a um grande local aberto, no qual a copa das árvores não era presente, uma clareira enorme repleta de ruínas e um grande arco de pedra no meio dela, que lembrava uma passagem.
— O que diabos é isso tudo…? — Eles se perguntavam.
— Nós chegamos. É aqui que vamos conseguir abrir um portal para o Mundo Espiritual. Eu preciso de um pouco de tempo para canalizar o feitiço. Apreciem a paisagem enquanto isso. — Disse Mary.
Enquanto Mary folheava um de seus livros para conseguir criar o portal, os outros ficavam fascinados com a arquitetura das ruínas, e do ambiente em si. O lugar tinha um ar diferente de tudo, era mágico e irreal. Diferente das construções feita por humanos, parecia uma ilusão feita pela magia da selva.
— Uau. Quem diria que existiria um lugar tão… tão mágico como este no meio de uma selva? É simplesmente extraordinário. — Sarah comentou.
— Sim! Eu consigo sentir a energia elemental fluindo ao redor destas ruínas. Ah, como eu queria saber o que está escrito nelas. Parece que são escrituras rúnicas, de uma civilização muito antiga. Eu nunca vi esse tipo de escrita antes. Não me lembro de serem mencionadas nos livros da universidade. — Jesse comentou.
— Vocês eruditas, são todos estranhos. É só um monte de pedras empilhadas, talvez eu seja ignorante demais para ver relevância nelas. — Disse Matt.
Mary ao ver o fascínio deles com o lugar, resolveu contar uma breve curiosidade.
— Pelo que eu sei, essas ruínas, um dia foi um ponto de encontro do clã Tenebris para adorar seu deus, Fougar. Quando a selva não era tão densa, eles casualmente se reuniam aqui e o cultuavam, pedindo bênçãos para o próximo ano que estava por vir. Colheitas fartas, fertilidade para as mulheres, riqueza para as aldeias do clã. Mas com a sua queda e os remanescentes indo morar no domínio de Dynarose, o lugar foi abandonado e isso é tudo que restou. — Mary explicou.
— O clã do elemento Trevas e seu deus, é? Parece interessante. — John sussurrou, olhando para sua espada.
— Oh! Isso foi uma pequena lição de história, muito boa! — Disse Jesse.
— Talvez o Hector saiba algo sobre esse lugar, quem sabe? Podemos perguntar para ele quando voltarmos! — Tay comentou.
Nisso, eles observavam e apreciavam as ruínas enquanto Mary fazia os preparativos para criar a ligação do portal que os levaria até Philip, que supostamente estava no Mundo Espiritual.