Trupe Elemental - Capítulo 55
No momento em que o comerciante viu a moeda que Matt segurava em sua mão, seus olhos brilharam como os de uma criança ao ver o brinquedo de seus sonhos. Era a coisa que ele mais queria ter naquele momento.
— Esta moeda…! Não tenho dúvidas, é uma das que faltam para que eu possa finalmente completar minha coleção! — Disse o comerciante. — Estou disposto a trocar qualquer coisa de minha loja por ela! — Completou.
— Eu já te disse. Todo o baú de brinquedos pela moeda. — Matt respondeu.
— Ah, claro, sem problemas. Mas… a balança está desequilibrada. Eu imagino que o senhor saiba o valor que esta moeda possui, a ponto de querer oferecê-la. Quer mesmo trocá-la somente por uma caixa de brinquedos, tem certeza? — Perguntou.
— Eu posso oferecer mais coisas em troca dela, coisas mais valiosas! O que o senhor quiser! — Completou.
— O baú com todos os brinquedos, e se o garoto quiser, algo a mais. Não vim aqui para comprar algo para mim. Não me interessa muito. — Matt respondeu.
O comerciante soltou uma pequena risada em baixo tom, pois não acreditava que Matt estaria disposto a dar em troca um item, que aos olhos de um colecionador, era um artigo raro, por um baú velho lotado de brinquedos para crianças. Mas sem questionar nada mais, ele aceitou a troca, entregando o baú para o garoto, e recebendo de Matt sua moeda rara, que por sua vez, havia achado caída no chão.
— Foi um prazer fazer negócios com o senhor! Espero que façamos negócios em breve novamente, haha! — Disse o comerciante.
Matt e o garoto deixaram a tenda do comerciante, e caminhavam de volta para o lugar onde ele havia o encontrado pela primeira vez, e no meio do caminho o garoto questionou as ações de Matt.
— Por que você fez isso por mim, moço? Foi muita gentileza da sua parte, agora eu tenho vários brinquedos para me divertir! — O garoto perguntou.
Matt então olhou para o garoto por alguns segundos, e sorriu.
— Vou te contar uma pequena história, garoto. Eu conhecia uma pessoa que era mais gentil do que eu! Pode acreditar, ela era tão gentil que não conseguia nem matar uma mosca, haha! — Disse Matt.
— Porém, ela não tinha condições de comprar vários brinquedos legais como estes. E por isso, eu e ela sempre fazíamos nossos próprios brinquedos, com algum lixo que achávamos do chão, não era grande coisa, mas era melhor do que nada. Ela sempre me dizia que o sonho dela, era se tivesse bastante dinheiro, que iria comprar um brinquedo para todas as crianças do mundo. Eu prometi que ajudaria ela com seu sonho, foi por isso que comprei esses brinquedos para você. — Matt explicou.
— E o que aconteceu com essa pessoa? Me conte! Me conte! — Dizia o garoto.
— Ah, hahaha… Ela… cresceu, e parou de brincar, infelizmente. Nós dois crescemos e cada um de nós seguiu seu rumo na vida, espero que ela esteja bem, onde quer que esteja agora. — Matt respondeu.
— Oh, isso é triste, mas eu nunca irei parar de brincar com meus brinquedos, mesmo que eu cresça! — Disse o garoto.
— Ha! Esse é o espírito da coisa, garoto! — Matt respondeu. — Bem, eu preciso ir agora, tenho alguns assuntos para resolver, quem sabe nos vemos por aí. Se cuida garoto. E dos seus brinquedos também. — Disse Matt, se despedindo.
— Até mais, moço! Obrigado, obrigado! — Dizia o garoto, segurando o baú de brinquedos, enquanto acenava para Matt, que ia embora.
Agora, só restava Matt se juntar ao restante do grupo na biblioteca de Mary. Ele começou a correr para chegar o mais rápido possível e não deixar os outros esperando, muito menos Mary.
Após alguns minutos, Matt finalmente havia chegado no lugar, o restante do pessoal estava esperando por ele do lado de fora da biblioteca, que por sorte não havia sido totalmente destruída.
— Ah! Aí está ele! Você demorou bastante, espero que tenha valido a pena toda essa espera. Haha, brincadeira. — Disse Tay. — E então? Conseguiu trocar aquela sua moeda? — Perguntou.
— Ugh… houveram algumas… complicações. — Matt respondeu.
— Hum, deixa eu adivinhar. Você não conseguiu, não é? — Tay perguntou.
— Não foi isso. Deixa quieto. Não é algo que vocês entenderiam. — Matt respondeu.
— Onde está a Mary? Vamos ficar aqui parados ou o quê? — Matt perguntou.
— Estou bem atrás de você. — Mary respondeu.
— GAH! Que droga é essa? Quer me matar de susto? — Disse Matt.
— Talvez, quem sabe. — Mary respondeu.
Quando Mary apareceu atrás de Matt, John percebeu que ela estava acompanhada de mais uma pessoa, e quando olhou com mais atenção, logo viu de quem se tratava.
— Você é aquela recepcionista de antes, não é? — John perguntou.
— Certamente, sou eu. É bom ver que vocês também estão bem. — Respondeu.
— Ah, é ótimo que esteja bem. Não tivemos tempo para voltar aqui quando tudo começou, peço desculpas. — Disse John.
— Sem problemas, só tive alguns ferimentos leves. — A recepcionista disse.
— Ha! Eu disse para você, que conhecemos a Mary! Mas você não quis acreditar na gente, teria sido muito mais fácil se tivesse nos dito onde ela estava para início de conversa, talvez nada disso teria acontecido… — Disse Matt.
A recepcionista de Mary, ao ouvir o que Matt disse, se sentiu um pouco culpada por não ter acreditado nele e John anteriormente quando se encontraram. Mas para Mary, ela já sabia que se tratava apenas de mais um pequeno show de Matt quando algo que ele diz acaba virando realidade. Então ela resolve dar um pequeno sermão nele.
— Ela fez o que eu mandei. E também não há razões para acreditar no que um mentiroso como você diz, Matt. — Disse Mary.
— Eu não sou um mentiroso! Mas que droga, a minha reputação é tão ruim assim como aparenta? — Perguntou.— Desculpe, eu me equivoquei. Talvez você não seja um mentiroso, mas só quando está bebendo. — Mary respondeu.
Matt ficou surpreso, e ao mesmo tempo envergonhado com a resposta de Mary, enquanto os outros riam dele. Ele então rapidamente abaixou a cabeça e fingiu não estar ouvindo mais nada do que ela dizia.
— Haha, tudo bem. Vamos entrar agora. — Disse o governador. — Hum? Entrar, onde exatamente? — Tay perguntou.
— Oh! Achei que a senhorita Mary havia mencionado, mas há um alçapão aqui na biblioteca que leva a uma área subterrânea da cidade, similar aquela a qual nos encontramos pela primeira vez. — O governador explicou.
— Sim. Vamos conversar lá, é onde minhas coisas estão, basta me seguir que mostrarei onde fica. — Disse Mary.
Entrando pela porta do que restou da biblioteca de Mary, o grupo caminha em meio aos escombros e das prateleiras destruídas, até chegarem em um ponto bem no final da construção.
Mary, então usa suas habilidades para criar uma rajada de vento e espalhar os escombros para longe, revelando um grande alçapão no chão. Ao abrir, há uma longa escada descendo para o subterrâneo.
— Hã? Como eu não vi isso antes quando vim aqui?! — Matt se perguntou.
— É muito simples. Eu ocultei a presença dele com magia. Para que espertinhos como você não o encontrassem, caso viessem em minha biblioteca em busca de causar problemas. — Mary respondeu. — Espertinhos?! — Disse Matt.
— Vamos descer, lá embaixo ficam meus aposentos. — Disse Mary.
Descendo as escadas, o grupo chega a um lugar similar a uma sala de estar misturada com um laboratório e uma sala arcana. Com prateleiras lotadas de livros, quadros cheios de anotações, e pequenos animais dentro de potes.
— Uau, que lugar incrível! — Disse Jesse. — Você gostou? — Mary perguntou.
— Eu adorei. Há muitas coisas interessantes aqui! Não esperava menos de você, nem acredito que estou vendo isso tudo! — Jesse respondeu.
— Tsc. Bizarro, apenas bizarro. — Disse Matt.
— O que você estava esperando? Que ela teria trocado tudo isso por um quarto de uma pessoa minimamente normal? — John perguntou.
— Droga. Odeio ter que concordar com você, mas desta vez, está certo. — Matt respondeu.
— Dá para vocês dois pararem de criticar as coisas que eu gosto? Até parece que é a primeira vez que vocês vêem algo parecido. — Disse Mary.
— Desculpa, é que… não é muito confortante, se você me entende… — Disse Matt.
— Qual o motivo de você ter nos chamado até aqui? Não poderíamos ter conversado lá no acampamento onde estávamos? — John perguntou.
— Impossível. Você disse que queria impedir Philip. Porém também disse que ele estaria no Mundo Espiritual, então nós precisamos de um jeito de entrar lá, é por isso que estamos aqui. — Mary respondeu, pegando um grande pergaminho de uma das prateleiras.
Levando o pergaminho até uma mesa próxima, Mary o abre, revelando na verdade ser um mapa do continente de Bonumlands, porém muito mais detalhado do que os convencionais, que são vendidos nas lojas.
— Vamos começar. Nosso estudo de portais… — Ela disse.