Trupe Elemental - Capítulo 54
O Sol começava a aparecer no horizonte, e as pessoas já estavam acordando aos poucos, cada dia que passava era mais atarefado que o anterior, nada podia parar por um segundo sequer. Todos estavam empenhados em reerguer o lugar que chamam de lar, ninguém estava triste, muito pelo contrário, estavam com um sorriso estampado em seus rostos, a cidade nunca esteve tão unida como antes em um momento como este. O ataque do Devorador à cidade lhes rendeu uma lição.
— Bom dia para vocês, meninos. — Disse Sarah. — O que é isso que estão fazendo logo de manhã cedo? — Perguntou.
— Jogando cartas, às conseguimos de um pessoal, então estamos jogando enquanto esperamos que os outros acordem. — Matt respondeu.
— Ah, sei. E quem está ganhando? — Sarah perguntou novamente.
— Definitivamente não sou eu, mas que droga, a mão dele está infinitamente melhor que a minha! — Disse Ryutisuji.
— Até parece! Você que é quem não sabe nada sobre este jogo, vai levar anos até que possa me ganhar, hahaha! — Matt respondeu.
— Tudo bem, quando vocês terminarem de jogar, e quando o resto do pessoal acordar, nós podemos ir até a biblioteca de Mary. — Disse Sarah.
— Agora que você mencionou, eu imagino se ela nos disse para encontrá-la naquele mesmo dia. Espero que não tenhamos entendido errado. — Ryutisuji comentou.
— Hmph, se ela não tentar nos matar quando chegarmos lá, então está tudo bem. Agora jogue, é a sua vez. — Matt respondeu.
Enquanto Ryutisuji e Matt estavam jogando cartas, Sarah aproveitou para ir até o lado de fora do lugar onde estava sendo organizado um café da manhã para as pessoas afetadas pelo ataque do Devorador. Ela foi até uma das pessoas que estava servindo as demais e pegou sua refeição, uma tigela de caldo, pão e um copo d’água.
Quando estava procurando um lugar para se sentar e comer, ela percebeu que John estava sentado em uma das várias mesas disponíveis, já tomando seu café da manhã, então, Sarah resolveu se juntar a ele.
— Bom dia, John! Vejo que recuperou sua espada, isso é ótimo! — Disse Sarah.
— Sim, quando eu acordei ela estava lá. Foi um de vocês que a pegou de volta para mim, não foi? — Perguntou.
— Foram Matt e Tay que a recuperaram, eles saíram para procurar por Jesse, e no caminho me disseram que também acharam sua espada no chão. — Respondeu.
— Obrigado, foi de grande ajuda. Ainda está um pouco complicado andar por mim mesmo, eu não teria conseguido recuperá-la tão facilmente. — Disse John.
— Entendo… mas você se feriu gravemente, não se esforce. — Disse Sarah.
— Eles disseram que irei ficar bem, que daqui alguns dias tudo estará de volta ao normal, só preciso esperar. — John respondeu.
Enquanto Sarah e John apreciavam sua refeição, o restante do grupo foi chegando e se sentando na mesa ao lado deles, primeiro Tay seguido por Jesse, e logo depois Matt e Ryutisuji. Matt não conseguia segurar seus risos, e se gabava de como conseguiu ganhar vários Dragões de Prata de Ryutisuji no carteado, que por sua vez não parecia nada contente por ter perdido para ele, duas vezes seguidas.
— Certo pessoal, hoje será um dia atarefado, então comamos bastante para termos energia de sobra! Eu encontrei com o governador um momento atrás, e disse a ele que iriamos nos encontrar com Mary em sua biblioteca, ele me perguntou se podia nos acompanhar, já que também quer falar com ela. Espero que isso não seja problema para nenhum de vocês. Só espero que Mary não esteja nos esperando até agora depois de todo esse tempo, haha! — Disse Tay.
— Ah, que nada! Se ela realmente estivesse nos esperando até agora, ela já teria vindo até mim e me enviado até um outro plano de existência! — Matt respondeu.
— A Mary até aguarda pelos outros, mas no meio tempo em que não aparecem, ela arruma inúmeras coisas para fazer, não devemos ter problemas. — Disse John.
— Tudo bem então, terminamos de comer e partiremos logo em seguida. Irei chamar o governador quando todos estiverem prontos para ir. — Disse Tay.
Após todos terminarem suas refeições, eles pegaram seus pertences e se juntaram na frente do lugar onde estavam, junto do governador, eles se despediram das pessoas que lhes ajudaram naquele momento difícil e seguiram rumo a biblioteca de Mary para encontrá-la.
Enquanto caminhavam pelas ruas destruídas da cidade, Matt disse que iria se separar deles por um tempo, pois queria achar alguém que se interessasse por sua moeda rara que havia conseguido, Sarah e Tay foram contra a ideia, mas ninguém quis impedi-lo.
— Relaxem, eu sei onde fica a tal da biblioteca, afinal eu já estive lá. Eu só vou tomar um caminho diferente, coisa rápida. Pensem nisso como um atalho! — Disse Matt.
— É melhor que você já esteja lá quando chegarmos então, não queremos deixar a senhorita Mary esperando mais do que ela já esperou! — Tay respondeu.
— Não se preocupem, eu volto já, e com bastante dinheiro em mãos! — Disse Matt, indo por um caminho diferente.
— Lá se vai ele, de novo. — John comentou.
— Ele é sempre assim? — Sarah perguntou. — Na verdade não, só quando há dinheiro envolvido, então ele fica desse jeito. — John respondeu.
— Hahaha! Na minha imaginação, vocês eram um grupo muito sério e bem focado em uma questão. Mas pelo visto vejo que não, e isso é bom até. Não gosto de pessoas que levem tudo com seriedade. É preciso ter um clima agradável de vez em quando, esfriar as coisas. — Disse o governador. — Bem, suponho que eu tenha uma parte de culpa por dizer a ele que aquela moeda vale uma boa quantia em dinheiro, espero que não tenha sido um problema para vocês. — Completou.
— De modo algum, senhor. Já estamos nos acostumando com ele, imagino que já tenha passado por situações como essa antes, em seus anos como governante desta cidade. — Tay respondeu. — É. Algo parecido, sim. — O governador respondeu.
Caminhando pelas ruas da cidade, Matt tentava encontrar alguém que tivesse interesse em comprar sua moeda rara ou trocá-la por algo valioso, e ao mesmo tempo, ele pensava na cara que os outros fariam quando ele voltasse com um saco enorme de dinheiro nas mãos. Porém ele não obteve sucesso, mas ainda sim continuou tentando. Até que em um momento de sua procura ele se depara com um garoto sentado na calçada da rua com uma bola furada nas mãos e com um olhar triste.
— Ei garoto, o que houve? — Perguntou.
— Olá, moço… é que eu costumava brincar com alguns amigos enquanto meu pai está trabalhando, mas minha bola furou e agora não tenho ninguém com quem brincar. — O garoto respondeu.
— Ah, eu entendo. Mas você… não tem nenhum outro brinquedo? Ou algum amigo por perto que possa te emprestar um? — Matt perguntou novamente.
— Nenhum, moço. Os pais dos meus amigos não estão deixando eles brincarem agora que a cidade foi destruída. — Respondeu.
Matt ficou olhando para o garoto enquanto ele contava o que havia acontecido, e se lembrou de alguém muito similar ao garoto, que ele conheceu no passado. E o quanto aquela pessoa se queixava das mesmas coisas que o garoto havia dito.
Matt disse para o garoto que tinha uma pequena quantia em dinheiro com ele e perguntou se gostaria que ele lhe comprasse um brinquedo novo para que ele não ficasse triste, no mesmo instante que ouviu aquelas palavras, o garoto abriu um enorme sorriso em seu rosto e respondeu que sim. Juntos eles foram até uma pequena feira que estava acontecendo logo a frente, onde havia várias tendas de comerciantes vendendo as mais variadas mercadorias, além de suprimentos básicos e de emergências para os necessitados.
Indo até uma das tendas, Matt e o garoto chamaram pelo responsável, que no mesmo instante saiu de dentro para atendê-los.
— Olá, em que posso ajudá-los hoje? Ah, espere um pouco…! você não é aquele herói famoso? Como era seu nome mesmo…? — Disse o comerciante.
— Matthew. Você vende brinquedos? — Matt perguntou.
O comerciante no momento em que reconheceu com quem estava falando, ficou eufórico, e ao mesmo tempo intrigado com a pergunta que Matt havia feito, mas sem questionar os motivos ele respondeu:
— Brinquedos? Hum, não tenho certeza se tenho isso, senhor Matt, mas posso checar meu estoque para você, só um momentinho. — O comerciante respondeu, entrando novamente na tenda.
— Ei, moço, você tem certeza disso? Nem nós conhecemos e mesmo assim você quis comprar um novo brinquedo para mim! — Disse o garoto.
— Não tem problema! A parte mais chata é ficar sem ter o que fazer, haha! Não se preocupe, eu tenho bastante dinheiro comigo… eu acho… — Matt respondeu, sorrindo.
Momentos depois, o comerciante saiu da tenda com um baú lotado de brinquedos diferentes dentro dele, havia vários. Matt perguntou ao garoto qual ele iria querer, ele respondeu que todos eram incríveis e que não conseguia se decidir.
— Quanto você quer por todos eles? — Matt perguntou.
— Hum, a julgar pela qualidade deles e a quantidade… para você eu faço por um Kraken Dourado, senhor. — O comerciante respondeu.
“Um Kraken Dourado? Eu não tenho tudo isso de dinheiro, só alguns Dragões de Prata que consegui do Ryutisuji.” — Matt pensou.
Mas foi quando ele se lembrou de uma coisa que tinha consigo, e que lhe foi dito ter um enorme valor aos olhos de certas pessoas. Matt colocou a mão em seu bolso e de lá tirou, uma única moeda, com uma bela arte de um Kraken. E a mostrando para o comerciante ele perguntou:
— O baú todo por esta moeda, o que me diz? — Disse Matt.