Trupe Elemental - Capítulo 56
Com o mapa aberto sobre a mesa, mostrava-se por completo o território do Continente de Bonumlands, seus reinos, cidades e outros lugares mapeados pelo homem. Além de inúmeras marcações feitas por todo o mapa.
— Muito bem. Se queremos abrir um portal para o mundo espiritual, primeiro vamos precisar de um lugar que contenha uma alta quantidade de energia elemental, e que seja amplo o suficiente para a formação do portal. — Disse Mary.
— Dito isso, já podemos deixar de lado todas as cidades e aldeias, com exceção da capital de Dynarose. Porém é inviável abrir um portal de lá, mesmo com sua abundância de energia elemental proveniente dos cristais subterrâneos. Seria muito perigoso abrir um portal com todas aquelas pessoas presentes. — Completou.
— Eu imaginei que esse fosse o caso. Então, o segundo requisito é que seja um local sem a presença de outras pessoas, a não ser por nós mesmos. Por acaso conhecemos algum lugar assim? — John perguntou.
— Certamente. Como podem ver, há diversas marcações neste mapa. Eu mesmo as fiz quando visitei os devidos lugares. — Mary respondeu.
— Eu diria que há pelo menos quatro locais que atendem esses requisitos. E estes seriam os Jardins da Paz, A terra de ninguém, as Catacumbas Gélidas e as Selvas Ardilosas. O lugar mais próximo de nós, são as selvas, ao sul daqui. Mas se preferirem outro lugar, por mim não há problema algum. — Disse Mary.
— Creio que quanto mais rápidos tratarmos deste assunto melhor. Não podemos nos dar o luxo de ficar escolhendo, ninguém sabe o que Philip está fazendo enquanto discutimos aqui! Precisamos agir o quanto antes! — Tay comentou.
— Eu concordo com o Tay. Pode não ser nossa melhor opção, mas é a que está mais favorável para nós no momento, o quanto antes acharmos Philip, maiores serão nossas chances de impedi-lo! — Disse Sarah.
— Certo. Se vamos mesmo para as Selvas Ardilosas, eu ainda tenho algumas observações para fazer e comentar com vocês. — Mary respondeu.
Mary se vira e vai novamente até a prateleira de livros, pegando outro grande pergaminho e o abrindo sobre a mesa. Novamente, outro mapa, mas desta vez, um mapa detalhando as Selvas Ardilosas.
— A selva começa aqui, logo depois de um despenhadeiro no extremo do deserto. Quando o atravessarmos, estaremos dentro dela. — Disse Mary, apontando para um ponto específico no mapa.
— Há uma antiga ruína no coração da selva. É para lá que teremos que ir para abrir o portal. Eu estive por lá semanas atrás, na procura de um antigo tomo perdido. O lugar transborda de energia elemental. É tão cheio que você consegue senti-la pelo ar. Também não vamos ter problemas com outras pessoas andando por lá, afinal nenhuma alma viva se atreve a entrar neste lugar. — Mary comentou.
— O que tem lá, exatamente? Você fala como se fosse algo macabro. — Matt perguntou.
— Humph. No nível em que estamos, acredito que não é perigo para nenhum de nós, mas para pessoas comuns, é tremendo. Há muitos monstros lá, uma quantidade absurda de monstros para ser mais exata. Feras, insetos, plantas venenosas e o que você conseguir imaginar. — Mary respondeu.
— Não é sem motivo que as pessoas daqui nomearam o lugar desse jeito. Na minha primeira visita, eu enfrentei diversos deles, não davam trégua sequer um minuto, meu grupo tinha que ficar lutando a todo momento, mal conseguimos parar para um rápido descanso. Porém eles não eram tão fortes quanto vocês. — Completou.
— Bem, se for isso mesmo que você disse, é muito simples! Basta que eu os queime até suas mortes, hahaha! — Disse Matt, rindo.
— Entendo. Presumo que precisaremos de antídotos para lidar com os venenos, caso venha acontecer. E também de algumas bandagens para sangramentos. Acho que com nosso grupo atual, nós conseguimos chegar até as ruínas. Não! Nós vamos conseguir, nós temos que conseguir! — Comentou Tay.
— É isso aí, grandão. Darei uma olhada no meu estoque de suprimento para ver o que ainda tenho, que possamos usar, no pior dos casos, terei que produzir antídotos novos, mas não deve levar muito tempo. — Mary respondeu.
— Posso fazer um reconhecimento inicial do lugar quando chegarmos lá, se for preciso. — Disse Ryutisuji.
— Ah, eu também posso ajudá-la a fazer algumas poções e antídotos para nossa viagem, se você quiser! — Disse Jesse,
— Vai agilizar muito nosso tempo, é claro que aceito a ajuda. — Mary respondeu.
Enquanto o grupo discute o restante das preparações sobre a próxima jornada, o governador que estava os observando quieto para não atrapalhar, sentado em um banco, se levanta e chama a atenção de todos para ele.
— Já que a senhorita Mary terminou sua conversa, se vocês tiverem um minutinho, há algumas coisas que quero lhes contar. Acredito que sejam informações valiosas que os ajudaram nesta jornada. — Disse o governador.
— Oh? É claro, vá em frente, Weiss. Toda informação é bem-vinda. — Disse Mary.
— Se me permitem. De acordo com minha rede de informantes, há uma grande possibilidade de que um terrível monstro esteja habitando as selvas já há algum tempo. Infelizmente não conseguimos confirmar com toda certeza, porém acredito que seja o Rafflesia. Por favor, tenham cuidado! — Disse Weiss.
— Rafflesia? E que tipo de monstro seria este? A julgar pelo seu tom, não deve ser tão simpático como ídolos de madeira ou insetos grandes. — Tay perguntou.
— É um monstro classificado como Colosso, assim como o Devorador. Achei que vocês já tivessem ouvido falar dele, um monstro com aparência de uma planta enorme com uma flor vermelha em sua cabeça, videiras longas lotadas de espinhos capazes de perfurar uma árvore no meio. Ele cheira a cadáveres. — Mary respondeu.
— Sem contar suas capacidades de infringir venenos letais, e de comandar outros seres vivos ao seu favor, é uma criatura horrenda que espreita as florestas e selvas, isso explica a aura negativa que eu senti por lá. — Completou.
— Obrigado, Weiss. Eu não sabia que o Rafflesia estava na selva. Vamos precisar ter o dobro de cuidado de agora em diante, não vamos querer encontrá-lo, ou será uma batalha um pouco complicada, eu diria. — Disse Mary.
— Não foi nada. Fico feliz que isso tenha sido útil de alguma forma, afinal vocês ajudaram a derrotar aquela abominação que atacou nossa querida cidade. Não sei o que teria acontecido se ele não tivesse sido derrotado… Eu que deveria agradecê-los, por sua imensa ajuda. — Weiss respondeu.
— Já sei! Quando a cidade estiver mais estável novamente, vocês podem voltar até mim, eu irei preparar uma recompensa a altura de seus feitos até lá! — Completou.
— É sério isso?! Ah, que beleza, se for dinheiro melhor ainda, vovô! — Disse Matt.
— Ah, eu também estou interessado em uma boa recompensa! — Disse Ryutisuji.
— Uh, quem sabe, quem sabe. Irei ver o que posso fazer, mas com certeza será algo valioso, isso eu prometo para vocês. — Disse Weiss.
Matt e Ryutisuji se distraíram conversando com o governador após ele propor recompensas para eles, por terem ajudado a proteger a cidade contra o Devorador. Mary e o restante do grupo continuou falando sobre os preparativos da jornada, quando a mesma se lembrou que em sua prateleira havia livros que talvez seriam úteis.
— Certo, certo. Voltando ao assunto, se vocês quiserem saber mais sobre as Selvas Ardilosas, e o que iremos encontrar lá, eu tenho um livro sobre elas ali na prateleira, podem ler a vontade. Se não me engano, também há um livro sobre criaturas raras que cita o Rafflesia em uma das páginas, talvez tenha alguma informação útil para nós, quem sabe. — Disse Mary.
— Eu irei até meu estoque de suprimento ver o que ainda há para usarmos. Jesse, você disse que queria ajudar, por que não vem comigo? — Mary perguntou.
— Claro, estou logo atrás de você! — Ela respondeu.
Mary e Jesse pegam velas para iluminar o caminho até seu estoque de suprimentos, e assim elas deixam o restante do grupo na sala principal de seus aposentos.
— Bem, enquanto elas preparam as poções e antídotos, vamos ler o livro que ela mencionou, o que acham? — Sarah perguntou.
— Sim, claro. É melhor do que ficarmos sem fazer nada. Conhecimento sobre o oponente é uma arma poderosa! — Tay respondeu.
Vasculhando a prateleira, John, Tay e Sarah procuram pelos livros mencionados por Mary anteriormente. Após alguns minutos eles os encontram e os trazem de volta para a mesa, para uma melhor leitura.
— Ok, eu irei ler este sobre as selvas enquanto vocês lêem o outro. Diga se encontrarem algo que seja relevante que eu farei o mesmo. — Disse Tay.
— Tudo bem, falaremos. — Sarah respondeu. — Só preciso que os três rapazes conversem um pouco mais baixo, nós estamos tentando ler um livro aqui, sabia? Francamente, vocês nunca mudam… — Completou.
— Hã? Só pode ser brincadeira! — Disse Matt.
— Hahaha, peço desculpas, nos empolgamos um pouco. Certo, que tal terminarmos de conversar lá fora? Vamos, vamos! — O governador disse para Matt e Ryutisuji.