Trupe Elemental - Capítulo 44
Nos portões da cidade, as carruagens são paradas pelos guardas locais para serem inspecionadas antes de entrarem de fato. Todas que entram e saem são verificadas pelos guardas, sem exceção.
— Por favor, preciso que pare imediatamente para que possamos verificá-los! Não vai demorar muito. — Disse um dos guardas. — É claro, oficial. — O cocheiro respondeu. — Vou precisar ver se não há algo ilícito nos compartimentos, e também preciso saber o motivo pelo qual vieram. — O guarda completou.
Tay, ouvindo a conversa do lado de dentro de sua carruagem decide sair para conversar com os guardas que estão inspecionando as carruagens de seu grupo.
— Bom dia senhores. Eu chamo Tayson Zans, acredito que eu já tenha avisado as autoridades locais de minha visita. — Disse.
— Oh, então você é Tayson? Mestre da guilda que fica na Cidadela, é um prazer conhecê-lo, senhor. — O guarda respondeu, apertando a mão de Tay.
— Nossos superiores nos alertaram sobre sua chegada, sim, mas receio que ainda vamos precisar inspecionar seus pertences. Essa ordem foi emitida por ninguém menos que o governante. — Completou.
— Hum, eu entendo. Bom que seja rápido então, eu e meus companheiros temos alguns compromissos hoje. — Disse Tay. — Haha, não se preocupe! Não vai demorar, só precisamos anotar o nome das pessoas que estão entrando na cidade e verificar se não há nada de ilegal. — O guarda respondeu.
Os guardas prosseguem com seus deveres e começam a verificar a primeira carruagem, não há nada de errado com ela. Com isso eles anotam os nomes de Ryutisuji Kobayashi, Sarah Rodrigues, Tayson Zans e do cocheiro em seu caderno. Já na segunda carruagem, quando um dos guardas abre a porta ele sente algo diferente vindo de John e Matt.
“Nossa! Que aura esmagadora… eu nunca senti algo assim antes!” — O guarda pensou.
O guarda fica paralizado por um breve momento olhando para eles, John estranha a situação e pergunta se há algo de errado.
— Huh? Algum problema, senhor? — John perguntou. — Ah! Me desculpa, eu me distraí por um momento, apenas isso! — O guarda respondeu.
— Ha! Ele ficou assustado com essa sua cara feia! — Disse Matt. — Pois bem, poderiam me dizer seus nomes? Vou precisar anotá-los. — Disse o guarda.
E assim o guarda anotou os nomes em seu caderno: Jesse Heiki, John Scott Moonlighter e Matthew Dillinger, ao escrever o último nome ele se lembrou de algo.
— Espera um pouco… será mesmo o que estou pensando? Você realmente é o Matthew? Digo, o Matt da Trupe Elemental? — Ele perguntou, todo esperançoso.
— É. Sou eu, o que tem? — Matt respondeu. — Uau, é que você é como um herói para muitas pessoas, até mesmo para mim. Seu grupo foi um dos motivos pelos quais decidi me juntar à guarda da cidade. Nunca pensei que te conheceria em pessoa, acho que valeu a pena ter vindo trabalhar hoje! — O guarda respondeu.
— Ah, por favor, me poupe dessas coisas de “herói” sou apenas mais um homem como você, nada de mais! Mas fico feliz por termos te incentivado a proteger quem precisa! — Matt respondeu.
— Hah, até parece que você não gosta de um pouco de glória, Matt. — Disse John.
— Ah fica na sua, John! — Respondeu, irritado. — Hum… eu tenho a leve impressão que eu te conheço de algum lugar, eu só não estou conseguindo me lembrar bem de onde, sinto que já nos conhecemos antes. — O guarda disse, enquanto olhava para o rosto de John.
— Perdão? Acho que está me confundindo com outra pessoa, não me lembro de ter visitado essa cidade antes. — John respondeu. — Ah eu não quis dizer aqui, na verdade acho que foi em outra cidade, para ser mais exato no interior do Hemisfério Sul se me permite, senhor. — Disse o guarda.
Matt ao perceber de qual assunto aquele guarda estava se referindo, fica intrigado com algumas coisas, e logo John também percebe o olhar de Matt para si. Era como se ele estivesse o mandado parar por ali, e assim John fez. Desviando as perguntas do guarda para outro assunto.
— Bem, quem sabe realmente tenhamos nos conhecido antes, eu costumava frequentar algumas tavernas pelo Hemisfério Sul antigamente, mas foram tantas que eu nem me lembro, peço desculpas por não se lembrar de você! — Disse John.
— Ah, não, não, sem problemas. Afinal fui eu quem trouxe à tona isso. — Respondeu.
— Bem se me derem licença, só vou precisar verificar mais algumas coisas e vocês estarão prontos para entrarem na cidade. — O guarda completou.
Alguns minutos se passaram e finalmente a inspeção havia acabado. Os guardas coletaram todas as informações que precisavam e permitiram que as carruagens do grupo entrassem na cidade.
— Boa viagem! E não se esqueçam de participar das festividades, garanto que vão se divertir! — Disse o guarda, enquanto as carruagens passavam pelo portão.
Já dentro da cidade, as carruagens pararam no porto e todos desceram delas. Tay agradeceu aos cocheiros pelo serviço prestado e os pagou assim como o combinado. Eles retiraram seus bens de dentro delas e assim que tudo estava em ordem, as carruagens partiram, deixando o grupo bem no coração de Trópico de Kraken.
— Finalmente chegamos. Eu sei que todo esse clima de festa atiça vocês, mas lembrem-se do motivo pelo qual estamos aqui. Se tudo acabar bem, quem sabe nós podemos nos divertir um pouco. — Disse Tay.
— É… eu bem que estou afim de ir em uma das tavernas locais… — Matt respondeu.
— Como eu disse antes, há quatro bibliotecas aqui. Quem procuramos deve estar em uma delas. Então para não irmos todos em uma única só, iremos nos dividir, assim como fizemos anteriormente. Eu andei pensando nos grupos já e ficou assim: John e Matt, Sarah e Jesse, Ryutisuji e eu. Está bem assim para vocês? — Tay perguntou.
— Sem problemas para mim. — Ryutisuji respondeu. — Parece ótimo para mim, o que você acha Jesse? Faz um tempo em que não andamos juntas. — Disse Sarah.
— John? Matt? Está tudo bem para vocês? — Tay perguntou novamente.
— É claro. Ninguém melhor do que eu para ficar de olho nele. — John respondeu.
— Eu não sou seu filho, sabia? — Disse Matt. — Graças aos deuses você não é, e espero que continue assim. — Disse John.
— Ótimo. Naquela hora em que os guardas estavam mexendo nas nossas carruagens, eu perguntei a um deles se podiam me arrumar um mapa da cidade, dei uma desculpa que seria para nosso “turismo” e eu consegui um. — Disse Tay.
— E por nossa sorte, as quatro bibliotecas estão destacadas nele. Vou rasgar o mapa em quatro partes, daí vocês seguem o caminho até elas, não hesitem em perguntar para as pessoas se não souberem onde ficam, nós precisamos encontrar a biblioteca certa a qualquer custo! — Completou. — Vocês entenderam? — Perguntou.
— Nós entendemos. — Eles responderam.
— Ah e mais uma coisa Matt, tome este manto. — Disse Tay. — Para que eu vou usar isso? — Matt perguntou. — Não queremos que a cidade inteira desvie a atenção dela para você, seria um problema. — Tay respondeu. — Hum, faz sentido. Assim eles não vão saber quem sou. — Disse Matt.
— Isso mesmo, cobrir seu rosto vai evitar alguns problemas para você e para nós no geral, então se certifique de estar com o manto sempre enquanto estiver perto do público. — Tay respondeu.
— Certo, hora de partir. Vamos fazer do porto nosso local de encontro, todos devem se reunir aqui ao anoitecer, independente se tiverem encontrado a senhorita Mary ou não. Precisamos resolver isso o mais rápido possível. Agora vão! — Disse Tay.
Após uma pequena discussão entre eles, cada grupo segue um caminho para encontrar a biblioteca que estão procurando entre as várias ruas da cidade. Antes de John partir, Matt o questiona sobre o guarda de antes.
— Espera. Antes de irmos, quero te dizer algo. — Diz Matt. — Diga logo, não podemos ficar aqui perdendo tempo, os outros já saíram na nossa frente. — John respondeu.
— Aquele guarda… ele sabia quem era você. — Disse Matt.
O clima de festa que cobria a cidade rapidamente se tornou sombrio e frio entre eles.
— Hã? Foi só uma coincidência, você sabe disso. — Disse John. — Não foi. Não tente desviar o assunto, John. Eu sei muito bem do que ele estava tentando se referir. Não, nós dois sabemos. — Matt respondeu.
— Ele disse especificamente “Hemisfério Sul”, você sabe muito bem o que ele quis dizer com isso. Não estou enganado? — Matt perguntou.— Tsc. Matt, esqueça. Eu não quero falar sobre isso agora. Aquela coisa… não era eu. Por favor, vamos logo com a nossa missão. — John respondeu.
— Humph, você que sabe. Só estou te alertando… talvez ainda há pessoas que saibam sobre o seu passado turbulento, John.— Disse Matt.
Matt e John seguiram seu caminho para encontrarem a biblioteca indicada por Tay no pedaço de mapa rasgado que ele havia lhes entregado anteriormente.