Trupe Elemental - Capítulo 43
As carruagens saíram da Cidadela, percorriam o bosque Apeliotes em direção a cidade portuária de Trópico de Kraken, o destino do grupo. Na primeira carruagem estavam Tayson, Sarah e Ryutisuji que discutiam entre si detalhes mais técnicos da expedição, na outra carruagem, John, Jesse e Matt. Que por sua vez conversavam entre si para matar o tempo.
— Tudo bem! Nós ainda temos um certo tempo até chegarmos lá, então o que acham de fazermos algo? — Matt perguntou. — Hã? Você não estava com sono até alguns minutos atrás, Matt? — Disse John.
— Ah, cale essa boca e escute o que estou dizendo seu estraga prazeres! Voltando ao assunto, o que acham de jogarmos um carteado? — Matt perguntou novamente.
— Cartas? — John e Jesse perguntaram.
— Onde você as conseguiu, Matt? Não me diga que você… — Disse John, olhando desconfiadamente para ele. — Ah… digamos que eu… bem…! — Dizia Matt, tentando se livrar da pergunta. — Eu não acredito que você roubou essas cartas de alguém. Francamente Matt, essa sua mania ainda vai te colocar na prisão algum dia, você só está criando um caminho para lá. — Disse John.
— Eu não roubei elas seu idiota! Eu… peguei emprestadas na casa do Hector, é isso! Irei devolver para ele assim que retornarmos, eu prometo! — Disse Matt.
— Eu passo, não estou com muita vontade de jogar. — John respondeu.
— Ah, por favor, vamos jogar, John! — Matt implorou. — Eu já disse que não. Não vai me convencer. — John respondeu. — Hahaha! Parem vocês dois, não vamos brigar. E que tal no lugar das cartas vocês me contarem mais sobre a pessoa que vamos encontrar lá em Trópico de Kraken? — Jesse perguntou.
— Pessoa? De quem você está falando? — Matt rebateu a pergunta. — Ora, Mary é claro, não é para isso que estamos indo até lá? — Jesse respondeu.
— Ah, sim… claro… a Mary. — Disse Matt. — Pelos deuses, Matt, você é mais lerdo que uma pedra. — Disse John para ele. — HÃ? O que foi que você disse? Tá querendo que eu te queime vivo? — Disse Matt, tentando intimidá-lo.
— Hahaha! Vamos, vamos já chega disso. — Dizia Jesse, rindo dos dois.
Mesmo que parecesse uma situação de briga aos olhos de alguns, Jesse acabou percebendo de que não se tratava disso, muito pelo contrário, era como se esse tipo de ocasião quase sempre acontecesse entre John e Matt, onde por qualquer motivo aparente eles começassem a discutir entre si por coisas triviais, mostrando assim que apesar de tudo ainda conseguem manter uma amizade saudável.
— Eu sugiro que pergunte a mim invés dele, Jesse. Duvido que esse tolo sabe de algo. — Disse John para ela.
— Ah! Quer dizer que temos um sabichão entre nós? Então já que é assim por que você não responde todas as perguntas da Jesse já que você é mais inteligente do que eu, hein? — Matt perguntou. — E eu sou. Está bem, o que você gostaria de saber, Jesse? É claro, responderei o que estiver ao meu alcance. — John perguntou.
— Hum… deixa eu pensar um pouco. Ah! E que tal isso? Nos livros sobre vocês e até mesmo alguns boatos, é dito que Mary ganhou o título de “Mestra Elemental” dos próprios Arquimagos, entretanto não é dito exatamente o motivo. Você sabe me dizer qual seria? Eu sempre tive essa pequena dúvida. — Jesse perguntou.
— Oh. Até que essa pergunta é bem fácil de responder. — Disse John. — O motivo é bem simples na verdade. Ela ganhou esse título antes mesmo de nós sermos um grupo, para ser mais específico. Na época já tínhamos certo conhecimento de quem ela era, só não imaginávamos que ela fosse se juntar a nós. O motivo é porque a Mary… consegue manipular todos os elementos exceto por Trevas e Luz. Acredito que ela seja a única pessoa que alcançou esse feito, nem mesmo os cinco Arquimagos conseguiram, daí vem seu título. — Completou.
— Nossa…! Isso foi muito mais do que eu estava esperando! Não consigo acreditar que exista uma pessoa assim. Isso é realmente incrível! — Disse Jesse, espantada.
— Ha! Falem o que quiserem dela, controlar todos elementos, grande poder mágico, tanto faz! Ela nunca me venceu em uma batalha, hahaha! — Disse Matt, se gabando.
— É claro que não. Você era apenas um boneco de treino para ela. — Disse John.
— O quê?! Você está muito engraçadinho hoje, John! — Matt respondeu.
— Todas aquelas “batalhas” que vocês tiveram, não passaram de um aquecimento, ou como posso dizer? Você era uma cobaia para ela praticar suas magias, Matt. Se Mary realmente tivesse lutado a sério, hoje provavelmente você estaria debaixo da terra, no pior dos casos, nem isso. — Disse John.
— Então se ela é capaz de controlar a maioria dos elementos, quer dizer que ela pode usá-los ao mesmo tempo? — Jesse perguntou. — Hum… disso eu não tenho certeza, sinto muito, você terá que perguntá-la sobre isso. — John respondeu.
— Ora, ora, e não era você que sabia de tudo, John?! — Disse Matt. — E por acaso você sabe, Matt? — Perguntou. — Hum, não… hehe. — Matt respondeu.
— Foi o que eu pensei. — Disse John. — E então, tem mais alguma pergunta que eu possa responder, Jesse? — John perguntou novamente.
— Ok, mais uma então. Que tipo de pessoa ela é? Amigável? Séria? Ela dá medo? Qual é a personalidade dela? — Jesse perguntou.
Assim que Jesse fez a pergunta, Matt se assustou e rapidamente se encolheu no banco da carruagem, parecendo que ele queria evitar a pergunta, mas pelo contrário ele respondeu antes de John.
— Ugh… isso me dá calafrios só de lembrar! — Matt sussurrou. — Uma vez eu deixei uma poção que ela estava preparando, cair no chão. Quando ela me viu e ficou me encarando com aqueles olhos, eu juro que vi a morte bem na minha frente! Os deuses não me deixaram morrer naquele dia… — Matt comentou.
— Huh… não é exatamente como esse idiota disse, mas não está muito longe também. — Disse John. — A Mary… vamos dizer assim: Ela é tem quase a mesma personalidade que a Sarah, só mudando algumas coisas. Ela consegue ser muito gentil e amigável mas também consegue ser muito cruel e má. Mas no geral ela é boa pessoa, basta que você não procure irritá-la, como no caso do Matt, que sempre tentava tirar uma com a cara dela e tinha o que merecia. Definitivamente ela não é uma pessoa que você queira ter como inimiga. Eu já vi ela dizimar uma horda de monstros em um piscar de olhos. — Completou.
— Sei, eu entendi mais ou menos. Espero poder me dar bem com ela e não irritá-la, é claro! Quem sabe eu aprenda algo novo! — Disse Jesse.
— Haha, com certeza, ela sempre gostou de compartilhar com os outros. Ela também sabe muito sobre poções como você. — John respondeu.
E assim as horas iam passando, eles conversavam sobre tudo que vinha em suas mentes, das coisas mais triviais até mesmo histórias já vivenciadas por eles. E o caminho para Trópico de Kraken ficava cada vez mais curto conforme as carruagens prosseguiam por aquele longo caminho. No segundo dia de viagem após saírem do bosque Apeliotes, eles já conseguiam ver o litoral e toda aquela paisagem tropical. Chegando próximo a cidade, o cocheiro da carruagem abriu uma pequena janela que havia para falar com eles.
— Desculpe incomodá-los, mas o senhor Tayson mandou avisar que faremos uma pequena parada antes da entrada, ele disse que quer conversar com vocês, está tudo bem se for assim? — O cocheiro perguntou. — Claro, sem problemas. — John respondeu. — Ótimo! Irei avisá-lo então. — Disse o cocheiro.
— O que será que ele tem em mente? — Jesse perguntou. — Não sei. Provável que ele só queira revisar nosso plano antes de realmente entrarmos na cidade. Ou quem sabe outra coisa. — Disse John.
Chegando próximo da cidade de Trópico de Kraken as carruagens pararam sob algumas palmeiras em uma duna, que logo a frente ficava a cidade. Tayson desceu de sua carruagem e foi até a outra para conversar com os outros. Abrindo a porta, todos desceram e foram conversar nas sombras das árvores.
— Ha! Gostando da viagem? — Perguntou. — Eu espero que sim. Bom, como nós já estamos praticamente já na cidade, eu pensei que seria bom ter uma palavrinha com vocês, para garantir que tudo vá sair conforme planejamos. — Completou.
— E então? Como vai ser? — John perguntou. — Certo, certo. No caminho eu estava conversando com Sarah e Ryutisuji e parece que não há apenas uma biblioteca nessa cidade, mas sim quatro. E como vocês podem ver daqui de cima, parece que há um grande número de pessoas entrando e saindo da cidade. — Disse Tay.
— O que isso significa? Bem, nada para nós. Mas para a guarda da cidade, significa que a segurança está dobrada, é muito provável que sejam muito rigorosos quanto a isso, então quando chegarmos lá, deixem que eu falo com os guardas, em hipótese alguma se intrometam. Isso é uma ordem, entenderam? — Tay perguntou.
— Entendido. — Eles responderam.
— Não devemos chamar atenção demais, lembrem-se, a cidade está no meio de um festival, isso é bom e ruim ao mesmo tempo para nós. E como há quatro bibliotecas, infelizmente vamos ter que adotar a mesma estratégia de antes. Vamos nos dividir quando chegarmos lá. Assim vai ser mais rápido. Eu direi o restante do plano e a formação dos grupos quando entrarmos na cidade, agora voltem para as suas carruagens. O dia vai ser grande hoje, temos muito o que fazer! — Disse Tay.