Trupe Elemental - Capítulo 42
Tay se senta na mesa com John e o pergunta o motivo dele não ter ido embora como os outros.
— É sobre o Hector. Achei que deveria te contar. — Diz John.
— O que tem ele? Você sabe onde ele pode estar? Ele não apareceu para nossa reunião de hoje, e eu não o vejo desde nossa última conversa naquele dia em que vocês retornaram. — Disse Tay.
— Não. Eu não sei onde ele está, mas… anteontem eu e Matt estávamos andando pela cidade, e nós nos encontramos com ele por acaso. Hector estava saindo da biblioteca, parecia estar com pressa. Paramos para dizer um oi, mas ele não queria muita conversa conosco, invés disso, ele nos ofereceu as chaves de sua casa para passar a noite, eu não sabia o que dizer e aceitei para não fazer desfeita. Ele nem hesitou em nos dar as chaves da própria casa e saiu correndo na direção contrária a qual estávamos indo, parece que ele estava fugindo de algo ou indo ao encontro de alguém, não sei dizer. — John explicou.
— Hum… agora que você contou tudo isso, estou um pouco preocupado. Parece que algo não está encaixando aqui. — Tay respondeu. — Eu também tive uma sensação parecida alguns dias atrás, parece que há algo de errado acontecendo aqui e que nós não estamos vendo. Eu vou ficar de olho nele. — Completou. — Você notou algo estranho na casa dele? Algo que poderia nos dar uma pista? — Tay perguntou.
— Se não está falando da casa dele estar completamente empoeirada e cheia de teias de aranha, como se ninguém tivesse entrado lá por muito tempo, então não. Não encontrei nada anormal. Se bem que… eu acho que Matt roubou algo dele. Vi ele mexendo em algumas coisas mas não tenho total certeza. — John respondeu.
— Eeei! Eu… não peguei nada, hic…! — Disse Matt, ainda bêbado. — Só esse isqueiro que eu achei bem bonito, hehe… — Completou. — Ai está. — Disse John.
— Ah? Se refere a isso? Bem, ainda sim é roubo mas acredito que Hector não vai se importar, ele mesmo não se importa com aquela casa. — Disse Tay.
— Hector não tem pais, certo? A casa estava vazia como eu já imaginava, mas eu vi alguns quadros de pessoas lá. São a família dele? — John perguntou.
— É, é sim. Os pais dele administravam aquela loja antigamente, às vezes quando eu ia lá para comprar algumas poções, Hector estava lá ajudando eles, eram como qualquer outra família. — Tay respondeu. — Isso é um pouco rude mas, o que exatamente aconteceu com os pais dele? — John perguntou novamente.
— Sinto muito, John. Temo que não posso responder isso. Você vai ter que perguntar diretamente para ele. — Disse Tay, com um olhar sério e frio.
— Já está muito tarde, você deveria ir descansar agora. Ah, e por favor garanta que Matt também tenha uma boa noite, não queremos ninguém de ressaca amanhã, hahaha! — Completou. — Pode deixar, eu o levo até o quarto dele. Dúvido que ele consiga andar sozinho por hoje. — John respondeu.
John e Matt deixam a guilda após uma longa conversa com Tay. Mesmo ainda com Hector estando desaparecido, John retorna para a casa dele com Matt para passarem a noite, o grande dia já estava prestes a começar. Como prometido John ajudou Matt a chegar em seu quarto, ele já estava completamente apagado então foi muito difícil colocá-lo na cama, depois disso John se dirigiu para seu quarto e dormiu. Logo pela manhã John acordou um pouco mais cedo da hora planejada para se encontrarem em frente a guilda, para garantir que Matt estaria pronto.
— Ei. — Uma voz fraca sussurrou. — Acorde, está na hora de ir. — Ela disse.
— Hã…? O quê? John… que merda cara, que parte do dia é? — Matt se perguntava.
— Vamos logo, Matt. Está na hora de irmos, você se lembra do que temos que fazer hoje, não é? Diga que sim. — Disse John.
— O sol mal apareceu no céu…! — Matt reclamou. — Eu sei o quanto você quer continuar dormindo, mas temos um compromisso hoje, anda logo e levanta dessa cama ou vou ter que tirá-lo a força. — John respondeu.
— Tá bom, tá bom, já estou indo…! Ugh, que droga, eu não estou muito bem, não tem como adiar essa viagem para outro dia? — Matt perguntou. — Não, não tem como. A culpa é sua por ter enchido a cara ontem mesmo sabendo que tínhamos uma viagem importante logo pela manhã. — John respondeu.
— Você é tão insensível, sabia? — Disse Matt. — Droga… eu preciso beber um copo d’água… — Completou.
Depois de algumas complicações, Matt e John saem da casa de Hector e vão para o ponto de encontro marcado, chegando lá as carruagens já estavam os esperando, apenas concluindo as preparações finais.
— Ah! Eles chegaram! Bom dia John, Matt! — Disse Sarah. — Bom dia para você também, Sarah. — John respondeu.
— Huh? O que ele tem? — Perguntou, ao olhar para Matt. — Ressaca, provavelmente. Não adiantou nada avisá-lo. — Disse John. — Ugh… cale a boca, John! Eu só preciso beber um pouco de água e vou ficar bem…! — Matt respondeu.
— Ok, espere aqui Matt, vou pegar para você, acho que Tay encheu algumas garrafas para levarmos. — Disse Sarah, indo até o saguão.
— Droga… eu estou morrendo de sono, por que você me acordou fora do horário, seu idiota? — Matt perguntou. — Guarde as perguntas para depois. — John respondeu.
Junto de Sarah, Tay saiu de dentro da guilda, segurando pequenas caixas e as colocando na parte de trás da carruagem, logo depois disso ele se juntou ao restante dos demais.
— Aqui está Matt, sua água. — Disse Sarah, entregando uma garrafa para ele.
— Ah, vocês já estão aqui, ótimo! Só estamos esperando Ryutisuji e Jesse chegarem e daí poderemos partir. — Disse Tay.
— Hum… falando no diabo, lá vem eles. — Disse John, vendo Jesse e Ryutisuji vindo em sua direção. — Ei. Espera um pouco, aquele ali do lado do Ryutisuji não é o Hector? — John perguntou. — É… é ele sim! — Tay respondeu, espantado.
— Bom dia para todos vocês! — Diz Jesse. — Espero que nós não estejamos muito atrasados, haha. — Completou. — Nada disso! Nós chegamos a pouco tempo também, não se preocupe. — Sarah respondeu.
— Ah é. Nós encontramos o Hector no caminho enquanto vínhamos para cá. E então, estamos prontos? Estou um pouco ansiosa! — Disse Jesse. — Ótimo, mas antes de continuarmos, onde você estava Hector? Não recebemos nenhuma notícia de você nos últimos dias, admito que fiquei um pouco preocupado. — Disse Tay.
— Ah… me desculpe, a culpa é minha. Eu deveria ter avisado. — Hector respondeu.
— Tudo bem, não estou bravo, mas onde você estava exatamente? — Tay perguntou.
— Me desculpe novamente, mestre Tayson. Eu não me lembro. Os últimos dois dias foram um pouco caóticos para mim, minha mente está uma bagunça, sinto muito, de verdade. — Respondeu. — Hum, isso é de fato um problema. Mas vou ignorar por hora, não temos tempo para discutir isso agora. — Disse Tay.
Matt observando Hector conversar com Tay sobre seu paradeiro nos últimos dias sussurrou para John para dizer algo que havia pensado.
— John… você não acha que ele está…? — Matt sussurrou. — Fica quieto seu idiota, não vamos criar um clima problemático logo agora… — John respondeu.
— Tsc, não diga que não te avisei depois então… — Completou.
Tay reuniu o grupo próximo das carruagens que os levariam até seu destino, e antes de partirem definitivamente, eles tiveram uma rápida e pequena discussão final sobre quais seriam seus objetivos e o que fariam em seguida.
— Muito bem pessoal, não se esqueçam do motivo pelo qual estamos indo até a cidade de Trópico de Kraken. Não vamos lá para nos divertir. Muito pelo contrário, estamos indo lá para tentar conseguir ajuda para impedirmos que Philip avance com seus planos malignos. Estaremos indo em duas carruagens, não são de luxo obviamente, mas é muito melhor do que irmos andando certo? Haha! Lembrem-se, quando chegarmos na fronteira, deixe que eu irei falar com a guarda. Não queremos causar nenhum problema. — Tay explicou. — Estão todos cientes? — Perguntou.
— Estamos. — O restante do grupo respondeu.
— Ótimo, ótimo. Novamente na nossa ausência, eu vou deixar a guilda sob o comando do senhor Malkon, mas como ele está de repouso eu acho que vamos precisar de mais uma pessoa para ficar no comando junto com ele. — Disse Tay.
— Eu tinha uma pessoa em mente, mas ela… — Tay se interrompeu.
Todos ficaram se perguntando quem poderia recomendar para ficar no comando da guilda enquanto eles ficaram fora da cidade, mas ninguém conseguia pensar em uma pessoa de confiança, até que Hector levantou sua mão.
— Eu posso ficar. — Disse Hector. — Não estou me sentindo muito bem por causa do que aconteceu nos últimos dias, e eu não sou muito bom em combate, acredito que só vou acabar atrasando vocês. — Completou.
— Oh? Você tem certeza de que não quer ir, Hector? — Sarah perguntou.
Alguns ficaram surpresa que Hector havia se voluntariado para ficar. Com isso, Tay havia achado a oportunidade perfeita para testar sua confiança e portanto permitiu que Hector ficasse na cidade, no comando da guilda junto de Malkon.
— Por mim tudo bem, eu confio em você, Hector. Não se preocupe, eu já conversei com Malkon de antemão, ele já sabe praticamente tudo, só vou precisar que você o avise que também deixei você encarregado da guilda junto com ele. — Disse Tay.
— Certo, onde eu posso encontrá-lo? — Hector perguntou. — Malkon disse que irá passar aqui na guilda mais tarde para ver se está tudo em ordem, você pode falar com ele nessa hora. — Tay respondeu.
— Bem, acho que isso é tudo. Estamos prontos para partir. — Disse Tay.
— Ah cara, que sono tremendo…! — Disse Matt. — Hahaha! Não se preocupe, você pode dormir na carruagem, é um longo caminho até chegarmos ao nosso destino, vai ter tempo de sobra para descansar. — Tay comentou.
— Vamos, vamos, subam logo! Temos um lugar para chegar! — Disse Tay.
Todos do grupo entraram em suas respectivas carruagens e logo elas começaram a ir embora da guilda. Rumo a cidade Trópico de Kraken. Hector continuou na frente da guilda acenando para elas com um sorriso no rosto, esperando que as carruagens fossem embora. Quando ele não as conseguia mas ver, o sorriso em seu rosto sumiu e uma expressão fria tomou conta.
— Humph, eles se foram mesmo… não acredito que me deixaram ficar sem questionar muita coisa. — Hector sussurrou. — Enfim. Preciso avisar a Cyrus sobre o lugar para onde estão indo, parece que vamos ter um pequeno contratempo em relação ao plano. — Completou.