Trupe Elemental - Capítulo 41
De volta para dentro dos muros da Cidadela, John e Sarah fazem uma pequena pausa no centro da cidade e ela lhe diz:
— Certo, você pode ir na frente, John, vou chamar os outros. Aliás, sabe onde posso encontrar o Matt? — Sarah perguntou. — Hum, ele deve estar enchendo a cara em algum lugar por aí. Só procurar pelo estabelecimento mais cheio, é lá onde ele deve estar. — John respondeu.
— Bebendo…? É, isso vai ser um problema, mas tudo bem. Obrigado pela informação, nos vemos na guilda! — Sarah disse, saindo para procurar por Matt.
— Hmpf. É melhor eu ir para a guilda mesmo. Esses três dias passaram rápidos. Rápidos até demais… — Eu disse, olhando para o céu escuro. — Será que realmente vamos encontrá-la lá? Mary… — Sussurrei.
— Ancioso? — Uma voz perguntou. — Sylas… o que você quer? — Perguntei.
— Ah, nada. Só pensei que quisesse conversar um pouco. Encontrar uma velha amiga depois de bastante tempo, não soa esplêndido?! — Ele perguntou.
— Eu não entendi o que você quis dizer com “esplêndido” mas com certeza foi algo sarcástico, vindo de você. — Eu disse. — Woah, ei, ei, não é exatamente isso! Eu juro! Ainda está chateado com ela? — Sylas perguntou.
— Não. Na verdade, eu só tenho a agradecer pelo o que ela fez por mim. Poderia ter sido pior se ela não tivesse feito aquilo. — Respondi. — Vamos, preciso ir para a guilda, sem demora. — Completei. — Tsc. Você é tão enigmático… — Disse Sylas.
Chegando na guilda John entra no saguão, onde alguns dos seus companheiros já estão à sua espera. Ele se junta aos demais, onde aguardam pela chegada de Sarah, Matt e Hector.
— E então? Aproveitaram suas folgas? — Tay perguntou. — Sim, foi bom ter um tempo para descansar e aproveitar um pouco, eu estava precisando. — Disse Jesse.
— De fato. Toda essa coisa de espectros me cansou. — Comentou Ryutisuji.
— Hahaha, ótimo, ótimo! E quanto a você, John? — Tay perguntou novamente.
— O mesmo que eles disseram. Usei um pouco do meu tempo para repor as energias e o restante para treinar um pouco. Não posso sair de forma. — Disse John.
— Aham, concordo. É sempre bom treinar nas horas vagas. Bem, por mim eu usei esse tempo que dei a vocês para resolver algumas questões pendentes da guilda e reunir algumas informações que podem ser úteis para nós na nossa expedição de amanhã. — Tay respondeu.
— Interessante. O que você descobriu que pode nos ajudar? — Ryutisuji perguntou.
— Pois bem então, vamos nos sentar, tem muita coisa para discutirmos hoje a noite antes de partirmos amanhã de manhã. — Disse Tay.
Eles juntam duas mesas próximas e se acomodam para iniciar a última reunião que teriam antes da expedição ao seu próximo destino, a cidade portuária de Trópico de Kraken.
— Vamos começar. Nós devemos chegar lá em aproximadamente dois dias se formos a cavalo. Por isso eu contratei duas carruagens que nos levarão até lá. Então não se preocupem, não vamos precisar nos desgastar. — Disse Tay. — Ah, isso é ótimo! Assim poupamos esforços para algo no futuro então. — Jesse respondeu.
— Exato. Eu também descobri que a cidade está em clima festivo, pelo visto eles estão comemorando sua tradição anual chamada de Semana Dourada do Kraken. São quatorze dias de festividades na cidade, onde celebram diversas coisas sobre a criatura que dá nome ao evento. — Tay explicou.
— Por um lado isso é muito bom para nós, já que a cidade é o maior porto do continente, então tudo que entra e sai é rigorosamente monitorado pela guarda. E também vai ser fácil nos misturar na multidão já que as ruas ficam lotadas durante esses dias. O lado ruim é que pode acabar sendo difícil para nós alcançarmos nosso objetivo que temos lá, bem… só os deuses sabem do futuro. — Completou.
— Semana Dourada do Kraken… já ouvi falar, mas nunca estive presente, como exatamente é esse evento? — John perguntou.
— Eu também nunca presenciei o evento, mas já ouvi muito sobre ele de alguns amigos que já estiveram lá nos últimos anos. Basicamente eles celebram suas conquistas daquele ano, e pedem pela proteção do grande Kraken para que mantenha a cidade segura. Como todos vocês sabem lá é o lugar de origem de nossa moeda, os Krakens Dourados. Alguns dizem que nesse período de festividades algumas moedas especiais ficam em circulação e que valem um bom dinheiro se você conseguir vendê-las para as pessoas certas, colecionadores eu diria. E também é a época em que mais navios atracam no porto, trazendo consigo inúmeras mercadorias e iguarias de lugares fora do continente. — Tay explicou.
— Entendi, uma grande festividade de fato. Mas creio que isso não nos impedirá de encontrarmos Mary. — John respondeu.
Enquanto Tay e os outros falam sobre as festividades que estão para acontecer na cidade de seu próximo destino, Sarah abre a porta da guilda fazendo um grande barulho. Ela está ofegante, e segurando em um de seus braços, Matt, que aparentemente está bêbado.
— Ah…! Cheguei, me desculpem pela demora! Vocês não sabem o quão difícil foi tirar ele daquela taverna. — Disse Sarah. — Ugh, olá… — Matt sussurrou.
— Nossa… que cheiro é esse?! É álcool, isso? — Tay perguntou. — É, ele está completamente bêbado! Vocês tinham que ver como ele estava lá na taverna, eu duvido muito que o dono vai conseguir sair do prejuízo depois dessa. — Disse Sarah.
— Heh, você deu sorte de conseguir tirar ele de lá sem mais problemas, o Matt quando bebe demais é pior do que um grifo para se lidar. — John respondeu.
Sarah retirou Matt de seu apoio e o colocou sentando em uma das cadeiras, ele mal conseguia ficar de pé devido a enorme quantidade de bebidas alcoólicas que tinha tomado. Matt estava tão mal que permaneceu com a cabeça abaixada na mesa. Vendo que ele não iria prestar atenção no que Tay tinha para falar, John se aproximou dele para lhe dar um sermão sobre o que havia feito. Ele puxou seu cabelo e levantou sua cabeça dizendo:
— Francamente. O que deu em você? Nós temos uma expedição logo pela manhã, e você teve a brilhante ideia de encher a cara na noite anterior? É isso que você tinha nesse seu cérebro minúsculo? — John perguntou. — Ugh… olha, eu não queria… foi mal tá bem? — Matt respondeu, soluçando.
— Hahaha! Eu nunca pensei que veria um de vocês nesse estado, acho que até mesmo Matt é gente como a gente. Pega leve John. — Disse Tay. — Jesse, você não tem alguma poção para ajudá-lo? — Tay perguntou. — Hum, eu devo ter uma nos meus aposentos, irei buscá-la! — Jesse respondeu.
Enquanto John dava um sermão em Matt sobre sua má conduta antes da expedição, porém ele não parava de falar coisas sem sentido. Por sua vez, Jesse foi até seus aposentos para pegar uma poção que supostamente poderia ajudá-lo com sua embriaguez, não demorou muito para que ela retornasse com um frasco amarelado em suas mãos.
— Aqui, Matt, beba. — Disse Jesse, oferecendo a poção para Matt.
— Hã?! O que é isso… hidromel? Parece hidromel… — Disse Matt. — Não, não é hidromel Matt, é uma poção para te ajudar. — Jesse respondeu. — Tsc! Então eu não quero…! Ugh… — Disse Matt. — Jesse, se importa se me der a poção? Talvez eu consiga resolver — John perguntou.
Jesse entregou a poção nas mãos de John, que com um sorriso olhou para Matt por alguns instantes antes de segurá-lo com força e o fazer abrir a boca.
— Abre essa sua boca seu idiota! Você vai beber isso por bem ou por mal! — Disse John, obrigando Matt a beber a poção de Jesse contra sua vontade.
— Blergh…! que merda foi essa cara?! — Gritou Matt. — Argh! Que gosto horrível ugh… eu não vou conseguir esquecer esse gosto por dias! Mas que droga, John! Qual é o seu problema?! — Disse Matt. — Eu que te pergunto. — John respondeu.
Todos caíram em gargalhadas com o ocorrido, para eles era como uma ocasião rara. Muitas pessoas do continente, sempre acharam que os membros da Trupe Elemental são pessoas sérias, na verdade, eles não passam de pessoas comuns assim como todos as outras que também têm seus momentos.
— Hahaha, isso foi muito engraçado. Vocês dois são uma figura. — Disse Tay.
— Argh… o que era aquilo que eu bebi? Tinha um gosto horrível! — Matt perguntou.
— Ah, aquilo? Era uma poção feita de cogumelos verdes, folhas de eucalipto, extrato vital de sapo e um pouco de laranja. Vai te ajudar a ficar sóbrio. — Jesse respondeu.
— Mas o quê?! — Disse Matt, espantado. — Vocês que fazem essas poções, por que sempre tem que usar esses ingredientes estranhos e nojentos?! — Perguntou.
— Hehe, de certa forma é bem estranho sim, mas é o único jeito de fazer uma poção que realmente tem efeito. — Jesse respondeu.
— Certo, certo. Agora que já se divertiram um pouco, vamos voltar ao assunto principal de hoje. Aliás, onde está o Hector? — Tay perguntou. — Sobre isso… eu não consegui encontrá-lo de jeito nenhum. Acho que ele não está na cidade. Perguntei para alguns guardas se eles tinham visto ele, mas nenhum sinal. — Sarah respondeu.
— Hum, entendo. De qualquer forma, vamos continuar. — Disse Tay.
— Como todos já sabem, estamos indo para a cidade de Trópico de Kraken em busca da senhorita Mary, já que ela é a única que pode nos ajudar com a questão do mundo espiritual o qual Philip está envolvido. Como já discutimos antes, ela é a única pessoa que sabe como podemos abrir um portal para essa… dimensão ou seja lá o que é esse lugar onde ele está se escondendo. Não podemos deixar que ele continue com esse seu plano maligno. Só de pensar nas coisas que Philip pode fazer com o Devorado sob seu comando, me dá arrepios. Quanto antes chegarmos lá melhor, por isso iremos partir amanhã de manhã, quero que todos estejam aqui quando o sol estiver nascendo, sem demoras. — Disse Tay.
— As carruagens vão estar nos esperando assim que chegarmos. Então, direto para suas casas quando essa reunião acabar, quero todos bem descansados e bem preparados para nossa expedição, estamos entendidos? — Perguntou.
— Sim! — Eles responderam. — Muito bem, nossa reunião está encerrada hoje, até amanhã. E se descobrirem algo sobre o paradeiro de Hector, por favor me avisem, Pode ser que algo tenha acontecido com ele que nós não sabemos. — Disse Tay.
— Não se preocupe Tay, nós iremos. — Sarah respondeu.
Eles se despediram e cada um seguiu seu rumo para suas casas, ficando somente John, Matt e Tay no saguão da guilda. Ele logo estranhou o motivo de John e Matt terem ficado. De primeira achou que John ficou para ajudar Matt a voltar para casa, mas depois percebeu que não era isso.
— Huh? O que se passa? Ainda continuam aqui. — Tay perguntou.
— Sobre isso… eu tenho algo para te dizer. — Disse John.