Sua Alma Amada - Capítulo 6
Zac então começa a ler o livro em alta voz, porém em uma língua diferente e que Dionísio e Clara não conseguem entender, entretanto no meio da sua leitura, uma palavra é reconhecida pelos dois.
Clara se encontra em choque, ela olha para o Zac demonstrando grande espanto. Seu corpo está atônito e já não consegue esboçar reação. Além de estar mais branca que o normal e com uma leve tremedeira em seus membros superiores.
Dionísio ao ver sua amiga nesse estado, tenta entender o que está acontecendo. Pois ao ver seus amigos nessa situação, ele fica sem saber o que fazer. Desesperadamente ele se aproxima de sua amiga.
— Clara, porque você está assim? Parece que você viu um fantasma, você tá passando bem?
— Estou sim, é porque estou perplexa Dionísio, ele está lendo o livro e eu não sei como.
— É isso que fazemos com livro, né? Hehehe — Dionísio responde dando algumas risadas, tentando de alguma forma melhorar a situação.
— Dionísio, você não não entende, ele não deveria estar conseguindo ler este livro, pois todos esses livros estão com suas páginas em branco. O Arthur catalogou todos eles e me mostrou que estavam em branco, pois ontem a pedido do professor Kyron, nós limpamos essa sala.
— Então como ele está lendo?
— Não sei, só sei que estou sentindo uma sensação muito ruim e vocês precisam sair logo daqui.
Uma sirene toca e ecoa por toda a Academia. Enquanto o alarme toca, uma voz feminina muito serena diz que os alunos não precisam se preocupar e que tudo será resolivido.
— Zac deixa o livro e sai daqui agora. — Exclamou Clara.
Enquanto isso, no momento que Zac começou a ler, ele foi parar em um lugar muito distante.
Ele vê uma casa velha, e em seu interior ele observa a silhueta da mulher que ele tanto desenha, mais ao fundo ouve uma voz máscula porém está bem abafada devido ao choro de um bebê. Quando de repente a porta da casa se abre, então escuta um barulho de porta velha se abrindo. Nesse mesmo instante ele acorda com a sirene tocando e com a voz da Clara falando para eles saírem e largarem o livro.
Ele chorando e impactado por tudo que viu, vai sendo empurrado pelo Dio para longe dali, que tira o livro de sua mão.
— Dionísio leva ele para o banheiro que é logo ali, eu resolvo por aqui. — Ao falar, Clara vai em direção aos livros e os coloca novamente no armário.
Então ela fecha a porta da sala e vai andando pelo corredor como se nada tivesse acontecido. Enquanto caminha, dois guardas surgem em sua direção e a perguntam se ela tinha visto algo, pois a sirene tinha tocado avisando que algo muito perigoso estava acontecendo naquele local.
— Não estou entendendo nada, estava apenas organizando alguns livros que estavam jogados na biblioteca por muito tempo e do nada ouço a sirene tocar.
Um dos guardas, a reconhece.
— Você é a Clara, filha de Apolo. Eu lembro de você andando com seu pai lá no quartel general, caramba menina, como você cresceu hein. Aliás, manda um abraço para o seu pai.
— Sou eu mesma. Pode deixar, só deve demorar um pouco, pois faz bastante tempo que não o vejo.
— Viemos até aqui, pois foi relatado que uma alma negativa muito forte estava sendo gerada nesse local. Deve ter sido um mal entendido, apenas mande lembranças ao seu pai.
— Certo, qual nome do senhor?
— Apenas fale para ele, que o guerreiro que sobreviveu à grande Fenrir, mandou lembranças.
Clara com um olhar de aliviada, passa uma de suas mãos em seu rosto e vai na direção da sala do Conselho.
No mesmo momento que Zac estava lendo o livro, o professor Kyron estava entrando no banheiro e indo em direção ao lavatório. Ele abre a torneira, lava o seu rosto e ri em voz alta. Logo em seguida, Kyron ouviu uma gaita sendo tocada e o som vinha na direção de um dos boxes.
O banheiro é majestoso assim como tudo naquele lugar, ele é feito com ladrilhos brancos e com detalhes em ouro e marfim. Possui cinco boxes feitos de madeira de acácia, na frente dos boxes um espelho gigantesco com uma moldura feita de ouro puro. Logo abaixo dos espelhos um mármore branco com a presença de linhas em dourada, onde se encontravam cinco pias e cada pia possuía uma torneira feita de ouro. Um detalhe interessante é que a torneira funciona em resposta da alma, pois para ser aberta, é necessário injetar mana que abrirá e fará fluir uma água que não só limpa como sara.
O kyron pergunta em alta voz:
— É esse o garoto que estávamos aguardando?
Uma voz responde:
— Sim é ele mesmo e está tudo ocorrendo como planejado, ele conseguiu se conectar mais uma vez.
Eles ouvem um barulho de descarga e de repente sai um aluno de um dos boxes, olhando sem entender o que estava acontecendo.
O Kyron estala os dedos e o tempo volta para o momento que ele estava chegando perto da pia, ele encara o espelho e novamente ouve uma gaita tocando, porém dessa vez ele sai do banheiro e deixa a porta bater suavemente.
Os guardas chegam na sala da reitora, que é uma mulher de cabelos grisalhos e que usa um vestido azul com detalhes em dourado, um forro por baixo na cor branco e de sua base surge desenhos semelhantes a de flores que vão percorrendo todo vestido até desabrochar, um vestido moderno sem muito volume na parte superior.
— Querida reitora, fomos no local informado e quando chegamos lá, era apenas a filha mais nova do Apolo que estava arrumando alguns livros velhos na sala ao lado da Biblioteca.
— Ahhh sim, provavelmente a Clara por possuir muita mana acabou ativando alguns livros antigos, essa menina é esplêndida, nem mesmo eu consegui fazer tal proeza. Guardas! Ordeno que recolham esses livros e tragam para mim, é necessário guardar esses livros, não sabemos que mistérios esses livros possuem, só sabemos que inundou boa parte da escola com uma magia nefasta.
A reitora levanta de sua cadeira, feita de acácia, com um acolchoado na tonalidade azul turquesa. Ela então olha para sua mesa feita de marfim e que está no seu canto direito. e com um simples sopro é possível ver a mana se movimentando e indo em direção da mesa, que se transforma em um lindo holograma que mostra toda a academia. Mas do que apenas um simples holograma, a mesa vira algo vivo e que flui numa coloração azul turquesa. E nela é possível ver que tinha uma mancha preta no meio do holograma, na área identificada como biblioteca, essa mancha estava aumentando em todas as direções.
Ela fecha os seus olhos e com uma de suas mãos tampa o seu olho direito, novamente ela abre os seus olhos. Porém em sua mão surge um símbolo semelhante a uma flor com um olho no meio, então ela assopra e a mancha presente no mapa desaparece.
Enquanto ela sopra, um vento forte vindo do pátio, cobre toda a escola. Uma leve brisa gerada pela árvore presente do pátio, vai em direção à sala ao lado da biblioteca. Pelos corredores, se podem ver alguns pólens voando dentro de um funil de vento que aos poucos iam se desfazendo. Os pólens sugam toda aquela névoa negra que estava presente na mesa.
Dionísio ao ver todo esse vendaval, puxa o Zac e o leva para o banheiro, chegando lá, ele enche sua mão com água da pia e joga em seu amigo.
— EU IA VER ELE, EU NUNCA CONSEGUI, ERA A VOZ DELE NÃO ERA? DIO EU IA VER — lágrimas escorrem pelo rosto de Zac.
— Calma, vamos conseguir resolver essa situação, relaxa um pouco e descansa.
Zac pega o cordão em sua mão, segura o choro e olha para o seu amigo.
— Porque fizeram isso comigo? Eu estava quase lá, eu ia ouvir a voz dele.
— Desculpe, eu tive que te tirar de lá, alguns guardas estavam vindo e agora começou essa ventania louca no colégio.
— Onde nós estamos? Eu tenho que voltar e ler aqueles livros, Dio! Eles podem me dizer quem eu sou, da onde eu vim e quem são os meus pais. Ou até mesmo de onde veio esse cordão e o porque desse Grimório.
— Acalme-se Zac, respire um pouco, depois vamos falar com a Clara. Eu nunca te vi assim Zac, fiquei preocupado, você gritou e quando pegou o livro falou palavras que não entendia, na verdade teve apenas uma que eu consegui entender.
— Eu não lembro de nada — responde Zac com uma voz trêmula de choro.
— Aliás, por que você falou o nome Naftali?
— Eu não sei do que você tá falando Dio, eu não falei nada disso, só quero ir atrás desses livros.
Passando o vendaval os garotos saem do banheiro e vão em direção a sala do conselho.
Enquanto isso, Kyron está sentado na sala dos professores, observando a movimentação, quando de repente, uma esfera feita de água e que fica no alto da sala dos professores começou a balançar, logo em seguida é possível ouvir a voz da reitora que sai dessa bola.
— Professores acabamos de presenciar uma magia amaldiçoada de Nível (A-) que estava ganhando força no interior da academia, eu consegui impedir, porém peço que aqueles que possuam magia de selamento venham até a minha sala. Em especial, quero ter sua presença Kyron.
Kyron se levanta antes da reitora terminar seu discurso e com um sorriso no rosto saí da sala
— Então ele estava certo, o garoto se conectou mais uma vez.
A reitoria envia um segundo comunicado dizendo :
— Alguns livros amaldiçoados serão levados para minha sala e ainda hoje vão ser selados, muitos devem estar se pensando como livros desses calibres estavam jogados e sem nenhuma proteção. Basicamente até o dia de hoje, esses livros não possuíam nada escrito e não passavam de livros com páginas em branco. Porém, uma jovem conseguiu despertar e emanou energia suficiente para gerar um exército de almas negras.
Kyron com um olhar desapontado, vai andando em direção aos guardas que estavam recolhendo os livros, percebe que são apenas quatro guardas, balança a cabeça para eles com um sinal de reverência e continua andando
Os guardas colocam os livros em caixotes, e vão em direção à sala da reitora, andando pelos corredores, alguns guardas ouvem um barulho semelhante ao de uma gaita.
Eles continuam a andar até chegar em uma escadaria que leva para parte superior da academia, onde fica a reitoria. O som de gaita começa a ficar mais alto e ecoa por todo aquele ambiente.
Uma neblina de cor esverdeada cobre todo o andar superior, junto com a neblina o som da gaita aumenta gradativamente, também era possível ouvir um barulho de sapateado, como se tivesse alguém dançando no final da escadaria e todos que estavam presente naquele local acabaram desmaiando, pois o gás era tóxico.
Não é possível enxergar nada naquele local, apenas barulhos de caixas abrindo e fechando. Mas ao fundo alguns passos firmes perambulam dentro da fumaça. Na presença de tanto gás tóxico, os guardas que estavam ali acabaram vindo a óbito.
O ângulo muda, vemos da visão de alguém que está atrás dos guardas e viu toda aquela neblina vindo em sua direção, a neblina de cor esverdeada cobre seus sapatos. É possível ouvir uma tosse vindo das escadarias e novamente o sinal disparar.
Porém mais uma vez tudo começa a ficar lento e apenas o que conseguimos ouvir é um estalar de dedos.