Trupe Elemental - Capítulo 9
John segue desacordado, enquanto seus companheiros batalham contra o enorme golem elemental, Jesse por sua vez, tenta de todas as formas acordá-lo, para ajudar.
— Jesse! Qual é a situação?! — Grita Tay ao longe.
— Por favor, aguente mais um pouco! Ele ainda não deu nenhum sinal! — Ela responde.
Tay e os outros tentam ferir a criatura, porém a maioria de seus golpes são ineficazes, então, logo eles optaram por ganhar o máximo de tempo que conseguirem, esperando que John saiba um jeito de derrotá-lo.
“Onde estou?” John pensou consigo mesmo. Ele se encontrava em um lugar que nunca tinha visto antes, um campo imenso de flores brancas, no qual não se podia ver o seu fim.
Que lugar é esse? É tão lindo, mas tão atormentado…
— Esse é seu subconsciente, John.
Uma voz disse a ele, entretanto John não conseguia ver ninguém próximo, aquela voz ecoava em sua cabeça.
— Quem é você? E onde está! — John se perguntava.
— Eu estou bem aqui. — A voz respondeu.
Imediatamente John se virou e conseguiu ver de quem a voz pertencia. Uma mulher sem rosto, de túnicas brancas com adornos rúnicos em suas bordas.
— Já faz bastante tempo que não nos vemos. — Ela disse.
— Você… você é a mulher que aparece nos meus sonhos! Estou certo disso! Mas não consigo me lembrar!
— Não tem problema, eu só quero te dizer para não desistir, há pessoas que se importam com você, lutando lá fora. Mesmo que tenha se esquecido, a única coisa que você não pode se esquecer é de quem você é e por qual causa está lutando. — A mulher dizia enquanto ia desaparecendo.
Eu me lembro de estar naquelas cavernas, tínhamos achado a espada! Mas eu fui atingido por aquela criatura, estou decepcionado comigo mesmo, os ensinamentos de meu mestre, coloquei tudo a falhar…
John começa a caminhar pelo vasto campo de flores procurando uma saída, mas a paisagem em sua volta não mudava nunca, não importa o quanto ele caminhava, em um momento, ele viu no horizonte uma estranha figura, ele não conseguia vê-la bem de longe, então foi se aproximando dela, e quanto mais ele chegava perto, essa figura ia mudando de forma até que parou quando John se aproximou o suficiente.
— Hã? O que você está fazendo aqui? — A estranha figura perguntou.
— E quem é você? E por que tens a minha aparência!?
— Não é óbvio? Eu sou você. — Ela respondeu. — Mais precisamente “o outro” você.
Isso é besteira… Deve ser algum tipo de truque, eu nunca tinha visto alguém que pode copiar aparências, e não só isso, ela copiou minha voz..!
— Não é nenhum tipo de truque, John, sério acredite em mim. — Ela disse.
— O que? Como você sabia? — Perguntei assustado.
— Eu te disse, não foi? Eu sou você.
— Bem, se você está aqui, significa que não está consciente. O que me lembra… Ah! É isso, você foi golpeado por aquela criatura! Não consigo acreditar que logo você, o mais talentoso, caiu com apenas um golpe, parece que aquele árduo treinamento do mestre não era grande coisa, na verdade nem mesmo eu acreditava nas palavras daquele velho, ele e você são ambos patéticos. Você decaiu muito, John, aquele que um dia foi temido por muitos, agora não é ninguém, você foi esquecido. — Ela me disse.
— Mas não se preocupe John, eu não me esqueci de você, ao contrário de seus amigos e mestre.
Em um momento de fúria John ataca a figura misteriosa, a levando ao chão.
— CORTA ESSA! Você pode até falar mal de mim, mas jamais, jamais ouse desonrar o nome de meu mestre! — John disse.
— Heh, você só fez isso pois sabe que estou certo, e que você não pode fazer nada para me fazer pensar o contrário! — Ela dizia enquanto ria de John.
A figura então se levanta e olha para John, e logo em seguida ela se vira e diz:
— Deixando essas questões de lado, você pode ter esquecido de muita coisa, mas não pode se esquecer do propósito da sua, não, da nossa jornada. — Ela riu enquanto falava.
— Quando pegarmos a espada, vamos acabar com esses parasitas que têm nos seguido, e depois vamos procurar pelos integrantes da Trupe Elemental e nos vingar. Estarei te esperando, John. — Ha ha ha! — A figura desaparecia enquanto ria.
Sem poder dizer nada, John permaneceu parado, tentando entender tudo o que tinha acabado de ouvir, mas uma forte dor de cabeça o aflige.
De novo… Essa dor… Talvez aquela coisa tenha sido o motivo. Preciso encontrar um jeito de sair daqui, eles devem estar lutando lá fora.
— John, é ótimo ver você novamente. — Uma voz ecoou.
— Mais alguém? Apareça imediatamente, estou ficando sem paciência. — Eu disse.
Bem na frente de John, um homem idoso se materializou, ele o olhava atenciosamente com um sorriso.
— Mestre? Mestre é você?! — John dizia enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas.
— Vejo que está bem, o que lhe traz aqui? — O homem perguntou.
— Mestre… Me desculpe, eu falhei com o senhor, fui incapaz de proteger a espada que me confiou, todos os treinamentos que me ensinaste coloquei a falhar e fui derrotado mais uma vez! — John dizia de cabeça abaixada.
— John, eu não te ensinei? É com as derrotas que se aprende a vencer, jamais deve encarar uma derrota ou erro como algo ruim, mas sim como algo que irá te edificar. Todo perdedor esconde um vitorioso, nunca se esqueça. — Ele disse.
— Sim mestre, irei me lembrar de suas palavras! — John respondeu.
— Eu quero te perguntar uma coisa, John.
— Mas é claro mestre, o que quiser perguntar! — John respondeu confiante.
— Ao longo dessa sua jornada, em busca da espada, você teve a oportunidade de fazer inúmeros companheiros novos, mas as recusou. Ao contrário disso, você só se aproximou daqueles que possuíam algo que você queria. Você então os tratou não como companheiros, mas sim como ferramentas e parasitas. Ferramentas que foram usadas para alcançar seus objetivos pessoais. Como você encara isso? — O mestre de John lhe perguntou.
— Eu… Eu admito que errei mestre… Mas, mas foi tudo pelo bem de encontrar sua espada! Eu não podia perder o maior presente que já ganhei em minha vida! — John respondeu arrependido.
— Você nunca perdeu o maior presente que ganhou. Na verdade, você só não percebeu. Seu presente nunca foi a espada que tanto procura, mas sim as amizades que você fez ao longo de sua caminhada. Você pode ter se esquecido deles, mas eles nunca se esqueceram de você, o que está fazendo é mentir para si mesmo.
— Eu… não sei o que dizer, mestre… Me sinto envergonhado… — John disse.
— Eu queria poder conversar por mais tempo com você John. Mas infelizmente não é da vontade divina, você precisa voltar e ajudar seus companheiros lá fora, não me decepcione. — O mestre de John dizia enquanto desaparecia.
Logo após o mestre de John desaparecer, todo o campo de flores começou a morrer e adotar uma coloração negra, o dia se tornou noite, e o Sol se tornou a Lua. No horizonte John pôde ver, a mesma figura de antes, que assumia sua aparência, segurando a espada que ele tanto procurava, acenando para ele.
— Você…! VOCÊ! VOLTE AQUI! Eu ainda não terminei! — John gritava.
John tentou correr até ela, mas quanto mais ele corria, ia se afundando nas flores mortas, até que elas prenderam suas mãos e pés, a misteriosa figura então, apareceu diante de John, ela apenas o olhava sorrindo, enquanto ele perdia a consciência.