Trupe Elemental - Capítulo 67
Após um certo período de tempo no deserto, seguindo as marcações feitas anteriormente pelo restante do grupo, John e Matt finalmente chegam até o ponto de encontro em que eles haviam marcado, um pouco tarde, mas são e salvos.
— Até que enfim, já estava começando a achar que vocês dois tinham sido devorados por algum predador do deserto. — Disse Mary ao avistar eles chegando.
— Ah, claro! Se realmente tivesse acontecido isso, aposto que você estaria muito feliz, não é mesmo? — Matt perguntou sarcasticamente.
— É bem provável que sim, pelo menos sobre você. — Mary respondeu.
Descendo de suas montarias eles se aproximam do restante do grupo que estavam esperando por eles em uma pequena tenda. Logo à sua frente estava o grande despenhadeiro que faz fronteira com o grande deserto de Trópico de Kraken e as Selvas Ardilosas. O lugar era extremamente profundo, eles precisariam encontrar um jeito de chegar do outro lado para dar continuidade a seu objetivo.
— Nosso contrato só nos permite ir até aqui, após isso é com vocês. O senhor Weiss também me pediu para que entregasse alguns desses lampiões para vocês, talvez sirva de alguma ajuda lá embaixo. — Disse um dos subordinados.
— Há também estes papéis com algumas informações úteis. — Completou.
— Hum, não que a gente vá precisar, mas quem sabe, não é? — Matt comentou.
Os subordinados do governador retomam os dromedários emprestados ao grupo para si, e se preparam para retornar para a cidade, deixando o grupo conforme lhes foi dado a ordem anteriormente.
— Bom trabalho todos vocês, não se preocupem, nós assumimos daqui. Agradeça ao Weiss por mim, e diga a ele que estarei de volta em alguns dias, que é para ele não se preocupar muito com isso. — Disse Mary para os subordinados.
— Nós nos certificamos de entregar sua mensagem, senhorita Mary! — Respondeu.
— Nós partiremos agora, desejo sucesso para vocês. — Completou.
Com isso, eles se despedem do grupo e partem rumo à cidade de Trópico de Kraken, após deixarem eles no pé do despenhadeiro.
— Ei! Espera um pouco. A gente vai realmente descer até lá embaixo para depois subir do outro lado? É sério isso?! Pode ter bichos lá… — Matt perguntou.
— Mas é claro que sim. Pensou o que? Que iríamos sobrevoar? — Mary respondeu.
— Bem, você bem que podia usar aquela sua habilidade de teletransportar todos nós para o outro lado, não é? Iria economizar um grande tempo! E evitaríamos ter que lidar com certas criaturas que há lá embaixo, eu creio…! — Disse Matt.
Mary ouvindo o que Matt havia dito, colocou a mão em sua cabeça pela tamanha estupidez dele e suspirou, antes de dar um pequeno sermão em Matt.
— Sim, eu poderia. Mas isso iria me custar uma grande quantidade de energia para fazer, a qual eu estou guardando para nosso objetivo, caso tenha se esquecido. E aliás, você sabe muito bem que só existe uma pessoa que pode se teletransportar por aí sem o mínimo esforço sequer. — Mary respondeu.
— Só pode ser brincadeira, logo agora… — Matt sussurrou.
— Ah, que isso pessoal. Vamos lá, sem brigas. Vejam bem, o Sol está bem no topo de nossas cabeças, ou seja, se descermos agora, chegaremos do outro lado ao entardecer e daí já podemos montar um acampamento para passar a noite, perfeito não concordam? — Explicou Ryutisuji.
— Haha! Esse é assim que gosto de ver, esse é meu garoto! — Disse Tay, dando um leve tapa nas costas de Ryutisuji.
— Humph. Ele tem razão, além de que, o que nós encontraremos lá embaixo tirando caminhos de cavernas abandonadas, algumas aranhas…? — Disse Sarah.
— O quê?! A-aranha…?! — Matt perguntou, assustado.
— Não me diga que… — Mary sussurrou.
O grupo se olhou um para os outros ao ver a reação de Matt ir de alguém super confiante e inabalável para um pobre garoto indefeso em questão de segundos. Ninguém estava esperando que alguém como Matt poderia ter uma mudança drástica de personalidade, só por mencionar aranhas, foi o que alguns tiveram em mente.
— Diga a verdade. Você só não queria passar pelo despenhadeiro porque tem medo de encontrar aranhas, não é Matt? — Mary perguntou.
— Hã!? O quê?! Isso é impensável! Jamais que eu teria medo de uma criatura tão inferior como aranhas…! Tsc…! — Ele respondeu.
— Tudo bem… vou considerar isso como um sim. — Mary sussurrou.
Sem perder mais tempo, Mary deu um basta na conversa fiada entre eles e distribuiu os lampiões com alguns membros do grupo, apesar de que Matt poderia simplesmente criar chamas controladas para uma melhor iluminação, eles preferiram fazer uso deles para economizar energia elemental, a qual podem precisar no futuro.
Reunindo todos em uma escada íngreme que os levaria direto ao ponto mais fundo do despenhadeiro, Mary diz que não sabe exatamente o que pode estar nos esperando lá embaixo, já que o despenhadeiro foi desocupado meses antes devido a um incidente envolvendo monstros que apareceram sem explicação e começaram a atacar os mineradores que ali trabalhavam.
— Todos vocês, sigam-me, bem atrás de mim. E tomem muito cuidado, se caírem daqui, é uma morte certa se não conseguirem se estabilizar antes de colidirem com o chão lá embaixo. — Mary explicou.
— De acordo com as informações que os subordinados do governador nos deram, há alguns suprimentos lá embaixo que nós podemos usar. Vamos acender os lampiões quando chegarmos lá, ainda há luz aqui em cima. — Completou.
— Todos prontos? Vamos descendo então. — Ela disse.
Chegando a um dos pontos mais fundos do despenhadeiros, eles encontram o que restou de uma pequena base de operações feita pelos antigos trabalhadores do local, cheia de ferramentas e caixotes deixados por eles. Vasculhando o lugar, eles encontram algumas tochas, comidas infelizmente estragadas e outros suprimentos deixados para trás.
— Vamos usar isso para acender os lampiões quando precisarmos dele, por enquanto ainda é dia podemos ir com eles apagados. — Disse Mary.
— Se acharem mais algo útil levem consigo se conseguirem, não sabemos o quanto tempo vamos demorar aqui ou até mesmo lá na selva. — Completou.
— A propósito, Mary, você sabe a rota que vamos tomar para chegar do outro lado, não é? Daqui onde estamos, eu consigo ver inúmeros caminhos para o subterrâneo e outros lugares, espero que não nos percam aqui embaixo. — Disse Sarah.
— Sim, não se preocupe. Não vamos descer mais do que isso. não há motivos para irmos pelas rotas subterrâneas, apesar de algumas delas levarem para dentro da selva, é melhor irmos pelo começo da selva lá em cima. — Mary respondeu.
Ao terminarem de vasculhar o local, o grupo se reuniu brevemente e discutiram rapidamente sobre o que encontraram, foram poucas as descobertas, porém de certa forma úteis. Jesse achou algumas poções revigorantes dentro de um baú, Ryutisuji achou uma aljava extra cheia de flechas e Tay um mapa mostrando o sistema de caminhos e túneis do despenhadeiro.
— Este mapa vai ser muito útil. Vejam, este é o caminho que iremos usar para chegar do outro lado sem muitos problemas. — Mary apontou no mapa.
— O lugar é enorme, e parece ser ainda mais por baixo! Há muitas passagens que levam para um nível mais baixo do que já estamos, impressionante! — Disse Tay.
— Este despenhadeiro é onde a maior parte dos minérios que chegam a cidade saem, eles os extraem aqui, e levam para a cidade, onde depois são exportados para os mais diversos lugares do continente. — Mary explicou.
— Eu não sei muito os detalhes, mas parece que os trabalhadores descobriram um novo tipo de minério nas minas mais profundas daqui um tempo atrás, e uma das peculiaridades deste novo minério descoberto era de atrair monstros ferozes. O que resultou no fechamento temporário do local. — Completou.
— Um minério que atrai monstros? Eu nunca ouvi falar de algo parecido. Se ele for como os outros usados para fabricar armas, eu acho que daria uma boa arma para um chamariz. — John comentou.
— Eh? Você só pensa em arrumar briga com a primeira coisa que encontra pela frente? Qual é, cara! — Disse Matt.
— Não comecem vocês dois. Vamos logo para o outro lado, quanto antes chegarmos, melhor. Eu não quero ter que ficar caminhando na selva à noite. E não vão querer descobrir os perigos que lá espreitam, principalmente você, Matt. — Disse Mary.
Matt congelou por um breve momento ao pensar que nas Selvas Ardilosas, não só pode existir aranhas enormes como também outras criaturas temíveis. Assim, o grupo partiu em direção ao caminho o qual os levaria para o outro lado do despenhadeiro, para finalmente chegarem definitivamente na entrada das Selvas Ardilosas.