Trupe Elemental - Capítulo 29
As correntes que prendiam Jesse, foram destruídas por ela, e uma grande camada de eletricidade se formou em torno de seu corpo. Mesmo assim, os raios e trovões incontroláveis não cessaram, e só continuavam a se expandir. Todos presentes no domo ficaram aflitos com o que estava acontecendo.
— Ugh… o que é aquilo? — John se perguntava.
— Se me permite, eu tenho uma ideia do que está prestes a acontecer, mas antes, porque você não cuida desses espectros atrás de nós? — Disse Sylas.
— Hã?! Eles continuam vindo! — Disse John. — Parece que Hector ainda não desistiu de te impedir. — Sylas respondeu.
Novos espectros continuavam a surgir dos círculos criados por Hector anteriormente, eles rosnavam, gritavam, e não hesitavam em continuar atacando, mesmo que isso significasse suas mortes.
No segundo andar Sarah e Ignus auxiliavam John contra os espectros lá embaixo utilizando magias de longo alcance, enquanto isso, Philip sobrevoa o domo em torno de Jesse, porém ela vai perdendo gradualmente o controle de seus poderes, o obrigando a ficar longe, assim, ela começa a lançar vários raios para todas as direções, atingindo os espectros, o chão, as paredes do lugar e até mesmo seus companheiros, que são obrigados a desviarem.
“Não achei que fosse chegar a esse ponto… não posso deixar que a pedra seja destruída por uso excessivo de poder, preciso recuperá-la antes que ela chegue em seu ápice.” — Philip pensou.
Utilizando seus poderes, Philip cria uma garra feita de eletricidade que se estende até a pedra amarela sobre a cabeça de Jesse, a pegando e retornando para si.
— Ha! Infelizmente não obtive o resultado esperado com este experimento devido a vocês idiotas. — Disse Philip.— Entretanto, graças a sua amiga, consegui obter energia elemental quase que suficiente para energizar a pedra, é o que basta para mim. Mas parece que ela acabou recebendo energia elemental até demais… bem acho que isso é o fim para vocês, divirtam-se… morrendo! — Diz Philip, antes de se teletransportar para longe.
— Ele fugiu! Que covarde! — Disse Sarah. — Majestade, parece que os espectros continuam vindo sem parar, creio que continuar com estes ataques de longo alcance não esteja sendo muito efetivo, precisamos descer até lá embaixo e ajudar John a acabar com eles. — Disse Ignus.
— John! Você está usando a espada por tempo demais! Aquilo vai acontecer de novo se você não parar! — Sylas gritou para John. — Cale a boca, Sylas! Não é tempo de discutirmos isso, preciso derrotá-los! — Disse John, cortando os espectros.
Pelo uso excessivo da Usurpadora, John começa a ter sua energia vital drenada gradualmente, para evitar que isso continue, ele faz um corte em seu braço, aumentando ainda mais a força da espada, para que ele derrote os espectros com mais facilidade e rapidamente.
— Gah! Por que você nunca me escuta?! Jesse está fora de controle, ela alcançou o ápice de seu poder elemental, o que significa que seremos mortos se continuarmos aqui! — Disse Sylas, gritando novamente com John.
— Hã?! Você disse “ápice”? — John perguntou. — Foi o que você ouviu… depois de analisar tudo que aconteceu com ela, tenho certeza de que estamos presenciando neste momento, é uma Quebra de Limite. — Sylas respondeu.
— Humph, considerando que Jesse pode manipular o Trovão, eu não ficaria surpreso se ela criasse uma tempestade bem aqui. Quebras de Limites são voláteis demais, não podemos ficar aqui e esperar acontecer. — Disse Sylas.
Quebra de Limite como é chamado, é um estado que pode ser momentâneo ou contínuo, em que as limitações físicas e elementais do indivíduo são excedidas temporariamente, permitindo que o mesmo consiga utilizar com capacidade total suas habilidades, concedendo a ele, um aumento de poder que não seria possível normalmente, este estado é alcançado quando o indivíduo é exposto a uma situação extrema, em que seu corpo ou sua mente ficam instáveis demais. Quando uma pessoa alcança o ápice de seu poder elemental a Quebra de Limite ocorre pela primeira vez, concedendo ao indivíduo sua mais poderosa habilidade, que pode ser ofensiva ou defensiva dependendo do seu desejo. A Quebra de Limite pode ser utilizada novamente quando o indivíduo quiser, porém ela consome uma quantidade massiva de energia elemental, o que pode causar exaustão ou até mesmo a morte.
— Sarah! Você precisa sair daí, agora! Volte para cá, precisamos ir para o túnel antes que Jesse mande esse lugar pelos ares! — Gritou John.
— Você o ouviu, majestade vamos, não podemos mais ficar aqui! — Diz Ignus, segurando Sarah. — Ignus?! — Diz Sarah.
Ignus então, pula do segundo andar do domo, aterrisando próximo de John e o ajudando a derrotar os espectros que estavam surgindo dos círculos de invocação. Após isso, os três discutem rapidamente o plano para evitarem de serem pegos pelos raios de Jesse.
— Não podemos continuar aqui, seremos mortos se ficarmos. Vamos voltar para o túnel de onde viemos, talvez os raios não serão capazes de nos acertar lá. Algum de vocês consegue erguer uma barreira ou algo do tipo? — John pergunta.
— Sim, nós conseguimos! Creio que a barreira de Ignus seja mais resistente que a minha feita de água. — Sarah respondeu. — Pode fazer isso? — Sarah perguntou.
— É claro. — Disse Ignus. — Certo, vamos para lá, depressa! — Diz John.
Os raios e trovões ficavam cada vez mais instáveis conforme os segundos passavam, Jesse transbordava de energia elemental, que ela não podia controlar.
— E quanto ao Hector?! Vamos deixá-lo aqui para morrer? — Sarah perguntou.
— Hã? Quer mesmo salvá-lo, mesmo depois de tudo que ele fez? — Disse John.
— Eu sei que ele fez coisas horríveis, e que não merecem ser perdoadas, mas ele ainda é um velho amigo, prefiro que tenha um julgamento justo por seus crimes do que uma morte em vão como essa. — Sarah respondeu.
— Huh… você é a líder, então você decide o destino dele, seja qual for sua escolha não vou dizer o contrário nem me opor a ela. — Disse John.
— Vamos levar ele conosco! — Sarah respondeu.
Enquanto John e Sarah discutiam o destino de Hector, um grande raio atinge as costas de Ignus, quebrando parte de sua armadura e causando um enorme ferimento, fazendo com que ele fique ajoelhado.
— IGNUS?! — Gritou Sarah. — Foi apenas um… ferimento! Não chegue perto, majestade, é perigoso! Vá para o túnel com John, pode deixar que eu alcanço vocês!
— Não! não vou deixar você! — Disse Sarah, indo ajudar Ignus em meio aos raios.
— VÁ PARA O TÚNEL! — Gritou Ignus. — Pode deixar que eu irei trazer Hector para o túnel junto comigo. — Completou.
Essa foi a primeira vez em que Ignus gritou com Sarah, ela viu que não se tratava de apenas ficar ali e ajudá-lo, se ela fizesse, provavelmente morreria, pois ela não tinha uma armadura resistente como a de Ignus para evitar os raios e trovões, sendo assim John e ela foram para o túnel onde a maioria dos raios não conseguia chegar, e por lá aguardaram por um breve momento, até que Ignus apareceu com Hector em seu colo, mas ele estava com vários ferimentos e rombos em sua armadura.
— Você não está bem Ignus, sua armadura está toda quebrada! — Disse Sarah.
— Não posso perder tempo com essas coisas, majestade. Preciso erguer a barreira antes que seja tarde. — Ignus respondeu. — Não se preocupe, a armadura faz parte de mim, ela vai se regenerar quando eu for embora. — Completou.
Jesse havia chegado na carga máxima que seu corpo aguentava, um estrondo pôde ser ouvido do túnel, seguido de milhares de raios e trovões que engoliram o domo, Ignus sem se deixar abalar, começou a erguer uma barreira na entrada do túnel, suas chamas se juntaram rapidamente e formaram uma grossa camada que impediu que os raios entrassem e os atingissem.
Um clarão surgiu do outro lado da barreira de Ignus, impedindo que algo pudesse ser visto, somente o barulho dos raios e dos espectros sendo mortos podia ser ouvido, após cinco minutos constantes de gritos, os barulhos pararam e o lugar ficou em completo silêncio.
— Ugh… será mesmo que acabou? — Sarah perguntou.
— Não posso confirmar, majestade, mas não irei desfazer a barreira ainda. — Ignus respondeu. — Estou muito fraco e sem energia para continuar, preciso voltar e repor minhas energias antes de continuar. — Disse Ignus.
— Volte, você merece! Sua presença foi essencial, bom trabalho! — Disse Sarah.
Ignus retorna para Sarah, as correntes presente em ambos seus braços e pescoço voltam a aparecer, entretanto desta vez ela não parecia cansada após ter invcado Ignus por tempo prolongado.
— Que estranho… — Ela sussurrou. — O que foi? — John perguntou.
— Ah, não foi nada, mesmo! — Respondeu. — A barreira parece estar se desfazendo gradualmente, vamos esperar ela desaparecer e ver o que aconteceu lá dentro. — Disse John.
Enquanto John e Sarah esperavam a barreira de Ignus ser desfeita sozinha para retornarem até o domo, uma voz próximo a eles disse em baixo tom:
— Por quê? por qual motivo me salvaram? — Disse Hector.