Trupe Elemental - Capítulo 23
Chegando no final do caminho, está a entrada principal para a fortaleza de Philip, uma enorme porta, e em ambos os lados estão estátuas de tigres que parecem estar vigiando a entrada de invasores.
— Aí está, nosso caminho até ele! — Diz Sarah, apontando para a porta.
— Escute Sarah, eu sei que nossa prioridade é encontrar a Jesse, mas lembre-se, a partir daquela porta estaremos entrando no território do inimigo. Dito isso vamos prosseguir com cautela, não se sabe o que nos aguarda lá dentro, seja guardas, armadilhas ou o que for, eu sei que você entende o que quero dizer. — Disse John.
— Perfeitamente. Se quisermos encontrá-la, precisamos encontrar Philip primeiro, ele é o nosso objetivo primário. — Sarah respondeu.
John e Sarah se aproximam da entrada e abrem a grande porta, do lado de dentro um enorme corredor com um tapete formando um caminho por todo o local, diversas decorações ao redor e pinturas nas paredes, e uma grande escadaria levando para o andar de cima.
— Hmph, é maior do que aparenta por fora. Deve haver inúmeros cômodos, Jesse pode estar em qualquer lugar daqui. — Diz John. — Essas estatuetas e quadros são macabros, devem ter custado uma fortuna. — Disse Sarah. — Enfim, devemos começar a procurá-los, o que você sugere? — Sarah perguntou. — Nos separar não é uma boa opção, se um de nós encontrar Philip ou Jesse não teremos como saber o que vai acontecer, e muito menos teremos como avisar, o único jeito é procurarmos juntos pela casa. — John respondeu.
— Ok então, por onde começamos? — Perguntou. — Vamos fazer do meio tradicional, primeiro o andar de baixo e depois os de cima. — Disse John.
Eles começam a procurar por todos os lugares, quartos, cozinhas, salas e outros cômodos, porém todos estavam completamente vazios, como se a fortaleza estivesse abandonada. Após terminarem os andares de baixo, eles retornam para a escadaria central para começar a procurar nos andares de cima. Até que um barulho relembrando um trovão pôde ser escutado vindo de cima.
— Você ouviu? Veio lá de cima. — Diz John. — Deve ser a Jesse, ela pode estar em perigo, vamos logo! — Disse Sarah subindo as escadas rapidamente.
— Ei! — Diz John segurando o braço de Sarah. — Já se esqueceu do que eu disse antes? Vamos com calma, pode ser a Jesse quanto também pode ser uma armadilha para nós, o que você acha? — Completou.
— Desculpa, eu só… estou preocupada com ela, só isso… — Sarah respondeu.
No andar de cima, eles se deparam com mais corredores e cômodos, John e Sarah continuam sua busca, até chegarem a uma porta que chamou a atenção de ambos, nela havia um círculo mágico bloqueando a passagem.
— Oh? Ninguém colocaria um círculo mágico para bloquear uma porta se não quisesse esconder algo dentro. — Diz John. — Talvez seja o laboratório do Philip? — Sarah perguntou.
— Se somente Philip e Hector vivem aqui, não vejo motivos para quererem bloquear um único cômodo com um círculo mágico, bastava apenas trancá-lo normalmente. — John respondeu.
— Eu acho que consigo desfazer este círculo, aguarde um pouco. — Disse Sarah.
Sarah começa a canalizar uma magia para desfazer o círculo mágico presente na porta do cômodo, ao ser desfeito a maçaneta da porta cai no chão e a porta se abre. Sarah empurra a porta devagar, e ao entrar, ela se surpreende ao ver o que há no cômodo. É totalmente diferente do que ela e John esperavam.
— Um quarto de menina? Por que diabos Philip teria um quarto como esse em sua casa?! — Sarah perguntou. — Silêncio, Sarah. Olhe bem para a cama. — John sussurrou. — Tem uma menina deitada nela. — Completou.
Desacreditada, Sarah se aproxima da cama e observa a menina que está deitada por alguns segundos, até que ela finalmente reconhece quem é.
— John…! Essa menina é a irmã do Hector… — Sarah sussurra. — Irmã? Não me lembro de Ryutisuji ter a mencionada. — Disse John.
— É claro que não, ele não a conhece, quase ninguém na verdade. Quando Hector ainda estava na guilda, uma vez quando estávamos conversando no saguão, ele me disse que sua irmã sofria de uma grave doença e que ele não podia pagar pelo tratamento, agora eu entendo o motivo dele não concordar com o pagamento e de ter saído da guilda, o dinheiro não era o suficiente. — Sarah explicou. — Mas isso não explica o porquê dela estar trancada aqui. — Completou.
John se agacha e coloca sua mão no pescoço da menina por um breve momento.
— John?! O que você está fazendo?! — Sarah perguntou.
— Sarah… essa menina está morta. É por isso que o quarto estava bloqueado por aquele círculo mágico. — John respondeu. — O QUÊ?! — Disse Sarah, rapidamente se agachando e colocando sua cabeça sob o peito da menina.
Sarah não conseguiu ouvir nada, nenhum batimento ou barulho vindo da menina, e quando ela finalmente percebeu que o corpo da menina estava gelado, não havia como dizer o contrário. Sarah não conseguiu suportar a situação e se desequilibrou, caindo para trás. Rapidamente John a segura.
— Ei! Calma, calma… Fica tranquila. — Disse John. — Eu não sei o que dizer… eu nunca presenciei uma situação como essa, eu não sei o que fazer, ela era apenas uma criança! Me sinto fraca, John. — Disse Sarah olhando para baixo.
— Sarah! Sarah! Olha para mim, eu não sei o que aconteceu com ela, eu não sei o que está acontecendo nesse lugar. Mas eu sei que quando encontrarmos Philip, vou garantir que ele diga tudo que sabe, mesmo que isso signifique usar violência. Nós não vamos sair daqui sem as respostas e sem a Jesse. — Disse John. — Eu entendi… vamos embora daqui, não consigo mais ficar. — Sarah respondeu
John ajuda Sarah a se levantar e deixa o quarto, de volta no corredor ele ajuda Sarah a se sentar no sofá que estava próximo e a questiona sobre seu estado.
— Sarah, tem certeza que não quer ficar aqui e descansar um pouco? Eu continuo procurando pelo Philip. — John perguntou. — NÃO! Não… eu mesma preciso encontrá-lo, não vou ficar parada aqui, não depois do que eu vi naquele quarto, e a gente ainda precisa descobrir o que aconteceu com a Jesse… — Sarah respondeu.
— Tudo bem, é uma escolha sua, me diga se precisar de algo. — Disse John. — Vem, vamos continuar, só falta aquela porta no fim do corredor. — Completou.
— Eu acredito que ela morreu não faz muito tempo, parece que estava lá esperando por seu velório, eu não sei… — Diz Sarah. — Fique calma, se você continuar pensando sobre isso, vai ser pior. — Disse John. — Como? Como você consegue ficar tão calmo em uma situação como essa, John? — Perguntou.
John fica em silêncio por um breve momento, mas no fim ele responde a pergunta de Sarah.
— Eu sei que não é uma coisa fácil de se enfrentar. Na primeira vez que eu presenciei uma situação parecida, minha reação foi exatamente igual a sua. Mas depois de um tempo, eu acabei me acostumando… — John respondeu.
— Se acostumou? — Disse Sarah olhando assustada para John.
John evita responder novamente e apoia Sarah em seu ombro. Eles caminham até a porta que fica no final do corredor no segundo andar da fortaleza de Philip. Entrando no lugar, eles se veem diante uma enorme biblioteca luxuosa, inúmeras decorações ocupavam o lugar, havia prateleiras enormes, lotadas de livros, eram tantos que alguns estavam espalhados pelo chão do lugar.
— Outro lugar grandioso, acho que não é muito diferente do que eu esperava. Ele deve gostar muito de livros para ter sua própria biblioteca. — John comentou.
— Aliás, creio ter sido aqui que vi a silhueta de uma pessoa, quando estávamos passando pela ponte. — Completou. — É, eu me lembro. — Sarah respondeu.
John e Sarah caminham até o centro da biblioteca e observam os livros que estavam em cima de uma das mesas do lugar.
— Eu achei que eram somente livros, mas parece que há alguns grimórios entre eles, você sabe para que servem? — John pergunta. — Alguns sim… mas a maioria eu nunca vi antes. — Sarah responde.
Poucos segundos depois, eles conseguem ouvir passos de alguém se aproximando entre as prateleiras.
— Não estamos sozinhos. — Diz John. — Talvez, seja ele…! Não, tem que ser! — Disse Sarah olhando para a direção dos passos.
— Ora, ora? O que temos aqui, senão são as pessoas que invadiram minha humilde residência. — Uma voz distante diz.