Trupe Elemental - Capítulo 17
Ryutisuji e Jesse chegam até a biblioteca da cidade, entretanto, uma parte dela havia sido afetada pelo ataque dos espectros e resultado das batalhas contra os aventureiros locais.
— Que terrível, os fundos desabaram, espero que ninguém tenha se ferido em meio aos escombros… — Comentou Jesse ao ver o estado do lugar.
— Hmph. E eu espero que o que estou procurando esteja intacto, ou pelo menos, legível, caso contrário voltaremos à estaca zero. — Disse Ryutisuji.
Entrando no edifício, eles vão até a recepção do lugar.
— Não tem ninguém aqui… — Disse Ryutisuji. — Bem, você costuma frequentar aqui, não é? Onde encontro os livros sobre magia e relacionados? — Perguntou.
— Hum… se eu me lembro bem… — Jesse respondeu, enquanto tentava se lembrar.
Parados em frente ao balcão, uma pessoa aparece da porta ao lado, segurando uma pilha de livros.
— Ora, se não é a senhorita Jesse, veio aqui para mais uma sessão de estudos? — Perguntou. — Haha, bem, é o que eu normalmente perguntaria, infelizmente como pode ver a parte de trás desabou, e por causa disso temo que a biblioteca não irá abrir por algumas semanas, sinto muito pelo inconveniente. — Disse a pessoa.
— Cyrus! Que bom que não se feriu. — Disse Jesse. — Na verdade professor, meu amigo Ryutisuji está procurando por livros sobre magias. — Completou.
“Amigo?” “Professor?” Pensou Ryutisuji.
— Oh, então você é o Ryutisuji que as pessoas falam, é um prazer conhecê-lo, agradeço por manter a cidade segura, não teríamos conseguido sem a sua ajuda ontem à noite. — Cyrus disse. — E você, quem é? — Ryutisuji perguntou.
— Ah, mil perdões, onde estão meus modos? Meu nome é Cyrus Spellbane, sou o bibliotecário chefe, e professor de magia na Universidade Real de Dynarose. Geralmente eu não venho muito aqui, quem cuida da biblioteca e dos assuntos locais são meus subordinados, não é de se estranhar que não me conheça. — Disse Cyrus.
— Eu havia chegado na cidade alguns dias antes, para tratar de alguns assuntos que surgiram envolvendo a biblioteca, foi então que tudo aquilo aconteceu.
— Ele foi meu professor quando eu estava na universidade! — Jesse comentou.
— Ok, ok, onde posso encontrar os livros? — Perguntou Ryutisuji. — Os livros sobre magias e assuntos relacionados costumam ficar nos fundos da biblioteca, esse tipo de coisa geralmente não atrai o público. E alguns dos livros, são restritos a pessoas que entendem do assunto, não podemos deixar que civis usem magias perigosas, hehe. — Cyrus respondeu.
— Ah, claro, meu dia de sorte! — Disse Ryutisuji ironicamente.
— Eu bem que estava precisando de uma ajudinha com os escombros lá trás, e para organizar os livros que caíram das prateleiras, se me ajudar, considere o livro que lhe interessar, seu, não irei cobrar nada. — Disse Cyrus.
— Ótimo. Jesse, ajude ele a organizar os livros, por favor. — Disse Ryutisuji. — Eu irei ver a questão dos escombros lá trás, aproveito e vejo se consigo encontrar o que preciso, tudo bem assim? — Ryutisuji perguntou. — Claro, sem problemas, boa sorte e tome cuidado. — Respondeu.
Enquanto Jesse ajuda Cyrus a repor os livros em ordem nas prateleiras, Ryutisuji se dirige aos fundos do lugar para remover os escombros e procurar pelo livro.
— Puxa vida… — Ryutisuji sussurrou enquanto olhava a situação dos fundos.
Eu não vou conseguir arrumar tudo isso sem ajuda… muito menos sem nenhuma ferramenta, bem, vamos ver o que consigo fazer…
Ryutisuji começou a levantar as prateleiras caídas e colocar os escombros que conseguia segurar, agrupados em um canto do lugar. Enquanto fazia isso ele foi encontrando inúmeros livros, porém, nenhum deles tinham a informação que procurava.
Algumas horas se passaram, Jesse e Cyrus haviam terminado de organizar os livros nas prateleiras e de limpar a entrada da biblioteca.
— Muito obrigado, Jesse. — Agradeceu Cyrus. — Assim podemos reabrir a biblioteca mais cedo do que o previsto. — Completou. — Não foi nada! Eu não podia ficar sem ajudar, a biblioteca é como um segundo lar. — Comentou Jesse.
— Haha, porque não nos sentamos e conversamos um pouco, enquanto seu amigo não termina lá trás? — Cyrus perguntou. — Parece uma ótima ideia, professor. — Respondeu.
Jesse e Cyrus vão até uma sala de leitura para conversarem até que Ryutisuji acabe seus afazeres.
— Peço desculpas, mas temo que não há chá para bebermos enquanto conversamos. — Disse Cyrus. — Não tem problema! — Jesse respondeu.
— E então, Jesse? O que tem feito desde a última vez em que nos vimos? E seu pai, como ele tem estado? — Cyrus perguntou.
— Na verdade professor… quando eu me formei, resolvi voltar para cá, foi então que descobri que meu pai havia ficado endividado por ter pago minhas despesas enquanto estava na universidade. E como você já deve saber, ele trabalhava como pescador, e não ganhava muito. Um dia, eu acordei e encontrei um bilhete que ele havia escrito, dizendo ter encontrado uma grande oportunidade de ganhar muito dinheiro, e que ele iria junto de outros pescadores para além do Mar Esquecido, atrás de uma criatura que as pessoas diziam que apenas alguns centímetros de suas escamas já valiam uma imensa fortuna. Infelizmente eu nunca mais tive notícia dele, ou dos outros. — Contou Jesse.
— Isso é, de fato, muito triste, Jesse. Me desculpe, eu não deveria ter perguntado. Se houver algo que eu possa fazer, é só me falar. — Disse Cyrus. — Ah, não, não, a culpa não é sua, professor… fui eu que quis frequentar uma universidade importante sem me importar com a questão financeira de meu pai. — Disse Jesse olhando para baixo.
— Não deveria ficar triste, ao meu ver, seu pai foi incrível. Muitos pais negligenciam a educação de seus filhos, já o seu… se certificou que sua filha pudesse receber a melhor educação antes que ele partisse. — Disse Cyrus. — Obrigado, professor… vou me lembrar disso. — Jesse respondeu.
Jesse e Cyrus continuaram a colocar sua conversa em dia, enquanto nos fundos, Ryutisuji terminava seu trabalho. Já perdendo a esperança, ele decide ir embora, quando sem querer tropeça em um livro empoeirado, que estava debaixo dos escombros.
Hum, o que é esse livro? “Grandes Magos e Magias – Volume II”
Ryutisuji se agacha próximo do livro que encontrou e começa a folheá-lo
O livro continha informações sobre inúmeras magias dos mais diversos elementos e lugares do continente, das mais básicas até magias complexas. Também contava sobre grandes magos e pessoas importantes que em algum momento da história contribuíram para o avanço mágico dos humanos. Ele olha página por página em busca da resposta, até que chega em uma página sobre círculos de invocações.
“Círculos mágicos de invocação, ou simplesmente, círculo de invocação. É um tipo de magia que permite que objetos ou criaturas sejam evocadas de acordo com o nível de habilidade do invocador, podem ser feitos utilizando energia elemental.”
“Geralmente são utilizados para invocar criaturas com que se possui um pacto, ou enviar e receber objetos utilizando dois círculos em diferentes locais. Os mais famosos são: “Invocação Celeste” criado pelo Arquimago Johann, este que não necessita de uma grande quantidade de energia, e pode ser utilizado por todos usuários portadores de um elemento. E “Invocação das Trevas” criado pelo clã Tenebris, permite que qualquer coisa seja evocada, até mesmo seres humanos, entretanto mesmo que seja categorizado como círculo de invocação, o mesmo não é de fato um, e sim uma magia de teletransporte, sua desvantagem é que precisa ser feito a mão, e no local que se deseja teletransportar, além de consumir uma enorme quantia de energia.”
“A Assembleia Geral, baniu a magia “Invocação das Trevas”, após investigações descobrirem que seu uso, pode causar danos severos ao invocador, e por sua enorme vantagem em guerras, podendo teletransportar até mesmo, exércitos inteiros em poucos segundos para o território inimigo. Seu uso sem permissão pode culminar em prisão e afastamento de cargos.” Dizia o livro.
— Mas que droga… é exatamente o mesmo círculo que descobrimos no subterrâneo da cidade! — Disse Ryutisuji espantado. — Haha… e não só isso… não é uma magia de invocação, e sim uma de teletransporte? Quer dizer que, os espectros não estavam sendo invocados, mas que estavam vindo de outro lugar, preciso falar isso com o Tay e os outros imediatamente! — Ryutisuji pega o livro e se encaminha para encontrar com Jesse.
Chegando na recepção, Ryutisuji não encontra Jesse e começa a chamar por ela.
— Jesse? Jesse, onde você foi?
Ouvindo a voz de Ryutisuji, Jesse e Cyrus saem da sala que estavam.
— Estou aqui! E então? encontrou o que queria? — Perguntou.
— É… eu encontrei… — Ryutisuji respondeu. — E o que você estava fazendo? — Perguntou. — Ah, eu e Cyrus estávamos conversando um pouco, enquanto você não aparecia. — Jesse respondeu.
— Foi uma conversa magnífica. Espero que possamos ter outra dessas qualquer dia senhorita Jesse. — Comentou Cyrus. — É claro, professor! Me avise quando estiver na cidade, e eu virei! — Jesse respondeu alegremente.
— Hmph. Tem certeza que eu posso ficar com este livro? — Perguntou Ryutisuji para Cyrus. — É claro que sim, como eu havia prometido, ele é todo seu, só não se esqueça de devolvê-lo quando o prazo expirar, é um livro muito importante para a biblioteca. — Respondeu.
— Muito bem, precisamos ir agora, vamos Jesse! — Ryutisuji segura a mão dela a levando para fora da biblioteca.
— Ei-ei! Ryutisuji?! — Disse espantada.
Ryutisuji e Jesse, deixam a biblioteca, indo embora do lugar, Jesse olha para trás e acena para Cyrus, que também acena de volta para ela. Da entrada da biblioteca, Cyrus continuou a observá-los até que não pudesse vê-los mais.
— Hum… Ryutisuji não é? Você encontrou um bom livro, espero que tenha encontrado a resposta que procurava… — Cyrus sussurrou.
— Um bom rapaz, porém fraco de espírito. Cuide bem do que é precioso para você… antes que a calamidade a atinja… — Completou.
Cyrus então, retorna para a biblioteca, fechando as portas.