Trupe Elemental - Capítulo 18
Andando por horas pelo bosque, Tay continua sua busca por Malkon, que estava desaparecido desde os ataques a Cidadela.
— Malkon! Malkon, cadê você! Responda! — Gritava Tay por onde passava.
— Mas que inferno… não há nenhum sinal dele… — Sussurrou.
Tay caminhava por todos os lugares do bosque, mas sem sinal algum. As horas iam se passando, e junto sua esperança de encontrá-lo também. Mesmo assim ele não desistiu e continuou procurando, e em uma clareira Tay vê uma pessoa parada olhando para o céu.
— Ei, você! Espere um pouco! — Ele gritou para a pessoa.
Vestindo um elegante terno, um chapéu boater e uma máscara de corvo, ela permanecia imóvel olhando para o céu daquela tarde. Seus braços cruzados para trás como um mordomo.
A pessoa notou a presença de Tay, e quando ele tentou se aproximar, ela fugiu. Tay correu atrás dela, mas sempre que ele parecia estar a alcançando, de alguma forma ela sempre ficava mais distante dele.
— O que…? Eu jurava que estava chegando perto…! — Sussurrou.
— Por favor, espere um pouco! Preciso falar com você! — Tay gritou para a pessoa.
E assim continuaram até chegarem em um penhasco. Foi quando finalmente a pessoa desistiu de fugir e permaneceu imóvel até a chegada de Tay, que havia a seguido esse tempo todo.
— Ah… finalmente te alcancei! — Disse Tay ofegante. — Não se preocupe, eu só quero fazer algumas perguntas… — Completou.
— Tayson Zans. Não deveria estar procurando por alguém invés de estar me perseguindo? — A pessoa perguntou.
“Como ela sabe meu nome?” Pensou Tay.
— De qualquer forma, ele está bem ali. — A pessoa apontou.
Assustado e sem saber o que estava realmente acontecendo, Tay rapidamente olhou para o lugar que ela havia mencionado, e do alto do penhasco pôde ver, lá embaixo, uma pessoa encostada em uma árvore.
— Malkon…?! — Sussurrou. — Ah! Muito obrigado—? Ela sumiu? — Se perguntou.
Antes que Tay pudesse agradecê-la, ela havia desaparecido sem deixar rastros. Sem se importar muito, Tay desceu até o lugar que a pessoa havia mencionado e para a sua surpresa, lá estava Malkon, sentado debaixo da árvore.
— Malkon! Malkon! O que aconteceu com você?! — Tay dizia olhando para o estado em que Malkon se encontrava. — Como veio parar aqui? — Perguntou.
— Tayson… como você…?
Malkon mal conseguia falar ou ficar de pé, ele estava mortalmente ferido. Um de seus braços estava quebrado, e havia grandes cortes em seu torso. Tay olhou ao seu redor e viu algumas marcas de sangue nas árvores próximas, e seguiu um pouco mais adiante chegando em uma outra clareira.
— O que diabos aconteceu aqui? — Sussurrou, olhando o cenário.
“Hum… parece que houve uma luta, isso deve explicar o motivo de seu estado lamentável, preciso levá-lo de volta o quanto antes.” Tay pensou.
A clareira estava destruída, as árvores e o solo continham marcas de magias, havia árvores derrubadas e arbustos queimados.
— Vamos voltar, Malkon! Não se preocupe, vamos achar alguém para te ajudar! Vamos, levante! — Disse Tay, erguendo Malkon em um de seus ombros.
— Tayson… eu… — Sussurrou Malkon. — Não diga nada! Guarde para depois! — Respondeu Tay.
Devagar, Tay e Malkon caminhavam de volta para a Cidadela para se encontrar com o restante do grupo. Nisso, Ryutisuji e Jesse retornam para a guilda, após sua ida à biblioteca para recolher informações.
— Voltamos. — Disse Ryutisuji. — Olá…! — Jesse completou.
— Bem-vindos de volta! — Sarah respondeu. — Tay ainda não voltou? E onde está o John…? — Jesse perguntou.— Ah, ele foi descansar um pouco. Sobre o Tay, ainda não tive notícias dele. — Respondeu. — Afinal Ryutisuji, por onde você andou? — Sarah perguntou.
— Eu e sua efígie estávamos desfazendo os círculos mágicos que colocaram por toda a cidade. — Disse Ryutisuji.
— Círculos mágicos na cidade? — Sarah perguntou. — É, basicamente os espectros estavam invadindo a cidade através deles, eu também descobri algumas coisas a mais na biblioteca. Vamos esperar pela volta do Tay e ver o que iremos fazer, essa coisa está tomando um rumo macabro e eu não gosto disso. — Respondeu.
— Eu vou até em casa buscar algumas coisas que preciso e ver se troco essa roupa, me encontro com vocês mais tarde. — Disse Ryutisuji, saindo do saguão.
— E lá vai ele… acho que garotos sempre serão garotos, não é mesmo, Jesse?
— Hã? Ah… sim… eu acho. — Respondeu. — O que foi, rolou algo entre vocês enquanto estavam fora? — Sarah perguntou.
— Pra ser sincera… estava tudo bem quando fomos na biblioteca… mas quando saímos de lá, ele não disse nenhuma palavra até chegar aqui. No caminho a expressão em seu rosto não mudou um segundo sequer, acho que o que ele encontrou na biblioteca, seja lá o que for, está o afligindo. — Jesse respondeu.
— Uau… eu… só perguntei brincando, não achei que fosse algo tão sério. Bem, porque você não vai pra casa e descansa um pouco enquanto Tay não chega? — Disse Sarah. — Daí, nos encontramos aqui na guilda mais tarde, pode deixar que eu arrumo as coisas no saguão, se eu precisar de ajuda eu chamo o John. — Completou.
— Tudo bem, então mais tarde eu volto… — Jesse respondeu. — Ah, não se esqueça de passar na casa do Ryutisuji e avisar pra ele voltar! Conhecendo ele, é provável que durma até amanhã, haha! — Sarah disse rindo.
Jesse se despede de Sarah e deixa a guilda.
— Hum… sozinha novamente. — Sarah sussurrou.
— O que você quer dizer com “sozinha novamente”, hehe? — Uma voz perguntou.
— Sylas…? O que você faz aqui? — Sarah perguntou. — Ah, nada demais, John prefere dormir a conversar comigo, então eu resolvi dar uma voltinha. — Respondeu.
Sarah termina de varrer o chão da guilda e guarda a vassoura, logo ela se senta em uma das mesas junto de Sylas.
— Hehe… então o que quer conversar sobre? — Sarah perguntou a Sylas. — Você me pegou! Sabe que nem eu sei? — Respondeu. — Tudo bem, vamos fazer assim: você me conta um fato curioso, se eu achá-lo interessante te conto um também. — Disse Sarah.
— Ooh! Parece interessante, vamos jogar! — Disse Sylas. — Um fato curioso… vejamos… — Sylas comentou enquanto pensava.
— Ok, escuta só. O John costumava andar com um grupo de pessoas, assim como vocês estão fazendo agora. Pelo que eu me lembro, eles não eram bem uma guilda, estavam mais para um… grupo de aventureiros! Isso! tentando ganhar a vida com missões e essas coisas, mas houve um dia em que John acordou e eles haviam desaparecido, levando com eles a espada que estávamos procurando até então. Acho que esse é o motivo de John preferir agir sozinho. — Contou Sylas.
— Interessante, e um pouco triste ao mesmo tempo. — Disse Sarah. — Ok, você me convenceu, minha vez agora. — Completou. — Ótimo! Estou ansioso para ouvir sua história! — Sylas respondeu.
Antes que Sarah pudesse falar, ela ouve a voz de John vindo do corredor.
— Opa… parece que alguém está vindo… — Disse Sylas. — Fica para uma outra ocasião, Sarah… — Sussurrou enquanto desaparecia.
— Sarah? — Eu tinha me levantado e ouvi algumas vozes. — Disse John.
— Ah, ahaha… me desculpe, eu te acordei? — Perguntou. — Estava pensando alto, só isso… — Sarah completou.
— Não… não tem problema. Os outros ainda não voltaram? — John perguntou.
— Ah, eu falei que eles podiam ir para casa descansar um pouco enquanto o Tay não chega. — Sarah respondeu.
No mesmo momento que Sarah diz, a porta se abre e Tay aparece junto de Malkon em seus ombros, seus ferimentos haviam piorado no caminho até a guilda.
— Falando no diabo… — John sussurrou.
— Pelos deuses… o que aconteceu com vocês?! — Sarah perguntou espantada com o estado de Malkon.
— Vocês dois, me ajudem aqui! Vamos precisar de um médico, rápido! — Gritou Tay.
— Eu vou achar alguém que possa vir aqui ajudá-lo! John você fica aqui e ajuda ele! — Disse Sarah. — Certo! — John respondeu.
Com a ajuda de John, Tay leva Malkon até um dos quartos na estalagem da guilda, e o deita na cama enquanto esperam pela chegada de Sarah com um médico.
Alguns minutos depois Sarah entra no quarto, olhando para a situação de Malkon ela respira e logo em seguida chama Jesse para entrar também, logo em seguida ela diz:
— Más notícias! Os médicos da cidade estão todos ocupados ajudando os moradores afetados pelo incidente. — Disse Sarah. — A boa notícia… é que Jesse vai atender seu primeiro paciente, haha… — Sarah completou um pouco aflita.
— Vocês tem certeza disso? Eu nunca operei uma pessoa antes! — Disse Jesse.
— Existe uma primeira vez para tudo, não é? — John perguntou.
— Tsc… ele está certo, não temos escolha, e quanto mais tempo perdemos aqui, mais a vida dele corre perigo. — Disse Tay. — Jesse, precisamos que você faça isso, só você consegue. Se perdemos o Malkon, estaremos perdendo não só um grande companheiro, mas também informações valiosas sobre o ataque dos espectros à cidade! — Tay completou.
— Eu entendi… vou fazer o meu melhor para salvá-lo! — Disse Jesse confiante.
— Ótimo! Contamos com você, nós vamos esperar do lado de fora, caso precise de algo não hesite em nos chamar! — Disse Tay.
Os outros saem do quarto e deixam Malkon aos cuidados de Jesse na esperança que ela possa ajudá-lo.
— Se ela ainda estivesse aqui… tudo isso acabaria em questão de segundos… sem nenhuma complicação. — John sussurrou.
— Hã? Você disse alguma coisa, John? — Sarah perguntou. — Ah, não foi nada… hehe, como você disse, eu pensei um pouco alto. — Respondeu sorrindo.
Eles permanecem esperando no corredor enfrente ao quarto enquanto Jesse o ajuda.