Sua Alma Amada - Capítulo 16
Enquanto se lembrava da sensação acolhedora, Zac e Dionísio são lançados para fora de uma forma extremamente cuidadosa. Eles foram expelidos pelo canal que a planta criou, mas a película de água que os protegeu durante toda a viagem se desfaz no meio do ar.
Ambos são lançados direto em cadeiras extremamente confortáveis, a sensação era como se uma mão suave tivesse os segurados e colocados em uma poltrona formada por um conjunto de folhas extremamente suaves, mais macios que todos os travesseiros que o Dionísio usou em sua vida.
Zac vê uma paisagem exatamente nova, na sua frente ele observa uma mesa delicada, um espaço extremamente refinado, mas diferente de tudo que Zac já viu, pois aquela sala parecia viva. Ele observa algumas flores azuis nas laterais, que o chamam muita atenção, que se esvai ao ver alguns espíritos de luz sobrevoando aquele local.
Ele percebe que em cada detalhe fluía a vida, um sentimento aconchegante que ele não sentia há muito tempo.
Zac então percebe que em sua frente havia uma poltrona azul feita de raízes retorcidas, mas entre os galhos haviam pequenas camadas de ouro que refletiam aqueles pequenos espíritos de luz, atrás dessa majestosa poltrona Zac e Dionísio percebem uma mulher, Dio por conhecer pessoalmente não se espanta.
Entretanto, Zac se choca com tamanha aura emanada por aquela mulher, mesmo vendo apenas as costas dela, é como se ele sentisse que sua alma estava sendo exposta, é como se ela visse tudo que estava por dentro dele. Uma silhueta delicada mas que esconde um misterioso poder, pois ele sente essa mesma aura caminhando por toda a sala. Como se fosse um riacho percorrendo e desaguando por cada canto daquela sala, na verdade ele expande e percebe que não é somente sobre a sal. Mas sim sobre todo campus.
— Olá, vejo que chegaram bem. Muito prazer me chamo Flora, creio que o Dionísio deve ter me apresentado a você. — Flora então caminha em direção a sua poltrona, algo peculiar é que os espíritos de luz seguem a movimentação que a Flora fez, como se por algum motivo eles a seguissem.
— Olá diretora Flora, acabei demorando um pouco pois tive que informar algumas coisas para o Zac.
— Dire tô tá… Perdão peeee ço, por tudo — Zac está muito amedrontado por tudo que aconteceu, que não consegue formar uma frase.
— Fique tranquilo meu caro, não estou aqui para te causar medo, muito pelo contrário. Estou aqui para conversar com um aluno muito promissor. Aliás, ouvi muitas coisas boas acerca do senhor, através do Kyron e do Dionísio. Falando nisso Dionísio nem consegui conversar, como é que estão as coisas lá na casa de vocês. Creio que deve estar uma correria devido aos últimos acontecimentos.
— Até que está tudo bem tranquilo, para falar a verdade, como faz tempo que não falo com meu pai, nem sei muito bem como as coisas estão.
Zac observa o diálogo entre seu amigo e aquela mulher amedrontadora, ele tenta fazer alguns movimentos com a mão falando sobre o tamanho da aura dela para o seu amigo. Porém Dionísio nem presta atenção e continua a conversar.
— Pois bem, como foi a viagem de vocês até aqui? Quero saber como foram tratados, se tudo ocorreu bem.
Zac ainda está muito receoso e não ousa emitir nenhum som, por estar sentado perto do seu amigo, aproveita e dá um toquezinho no ombro dele. Para que Dionísio falasse um pouco com ela.
— Foi incrível, parecia que a gente estava no tobogã, era como se a gente tivesse mergulhado, mas não estivesse molhado. Foi uma sensação maravilhosa.
— E você, Zac, o que achou de todo esse transporte?
— Ehhhhh, eu acho que gostei, — Zac não percebe, mas quanto mais ele fala mais baixo o seu tom de voz vai ficando.
Fora então faz um leve movimento com as mãos e a aura dentro da sala muda, todos na sala sentem como se uma cachoeira tivesse caído de uma vez só. Fazendo com que toda aquela aura que antes ecoava por todo o colégio desaparecesse em questão de milésimos de segundo.
— Acho que agora estamos melhor não é Zac? É muito intrigante, um jovem como você conseguir ver o que está acontecendo aqui, não precisa sentir medo, ela já não falou com você sobre isso?
Dionísio pela primeira vez desde que chegou na sala se sente perdido com o que está acontecendo, em sua cabeça surge questionamento de “quem é ela, ela quem, eles tão falando de qual pessoa? Será que ela está falando da Clara? Não é possível que esse moleque conversou com alguma menina nas minhas costas.
— Sim ela falou comigo e com Dionísio sobre como nos deveríamos nos comportar ao chegar aqui.
Dionísio ainda continua sem entender, ele olha para seu amigo, como uma postura de questionamento, ele levanta a sua pálpebra e claramente em seu rosto é possível ver um grande: O que está acontecendo aqui?
— Creio que ela não tenha falado com Dionísio, apenas com vocês Zac. Mas isso não vem em questão agora eu preciso primeiramente ensinar algo para vocês.
— Como assim Flora? Quem falou o que com o Zac e o que vamos aprender?
— Curioso como sempre Dionísio, lembra quando apresentei a entrada e uma voz suave ecoou em seus ouvidos? Pois bem, essa foi a voz. Aliás gostaria de dizer que você foi um ótimo professor e ensinou rapidamente para o Zac e por isso ele conseguiu se conectar de forma ágil.
Dionísio cora o seu rosto e não somente o seu cabelo fica vermelho mas também a sua face está vermelha. Ele até esquece os elogios que a Flora fez para o Zac, em sua mente apenas ecoam as últimas palavras ditas por Flora.
— A primeira coisa que eu vou ensinar é sobre o caminho que vocês usaram, caminho esse que é utilizado em poucas situações. E com uma boa botânica preciso eu explicar para vocês o que aconteceu, dentro da planta há diversos canais de transporte. Dentre eles se destacam o xilema e o floema.
Zac está claramente abstraindo toda informação que Flora está passando, já Dionísio não dissipa um segundo de sua atenção.
Flora continua dizendo: — Enquanto o xilema é um canal de água (seiva bruta), o floema conduz substâncias orgânicas (seiva elaborada). O xilema sobe em direção às copas, enquanto o floema desce em direção às raízes. Ou seja, quando eu preciso levar algo para cima leva através do xilema e quando eu preciso fazer algo descer eu levo através do Floema. — A diretora claramente não precisava falar isso, porém ela se perdeu, pois tem uma coisa que ela mais que educar, e isso são flores, folhas, sementes, tudo que tem haver com planta.
Zac não entendeu muita coisa, porém a informação de subir e descer, foi extremamente importante para ele que ficou guardada.
— Isso é muito legal, eu não me dou muito bem com plantas mas isso é muito legal. — disse Dionísio com um olhar sorridente estampado, pois em sua mente ecoam as palavras que Flora falou, sobre ele ter sido um ótimo professor.
— Eu entendi como funciona, mas queria saber o porquê você nos trouxe por esse caminho, não seria melhor vir andando — retrucou Zac.
— Não deixa de estar errado, apenas trouxe por esse caminho para evitar questionamento de outras pessoas acerca de você. Aliás eu vi tudo o que aconteceu dentro da arena, muitos querem acabar com aquilo que está dentro de você.
A atmosfera da sala mudou completamente no momento em que Flora disse essas palavras. Zac muda completamente a sua face e o seu grimório que estávamos sua mochila começa a balançar até sair e flutuar bem do seu lado, ele sente lá no fundo que Flora está mentindo para ele.
— O que você quer de mim? — Questionou Zac.
— Oh mané, guarda esse livro ae. Você só vai piorar sua situação se continuar assim.
— Mais uma vez você me surpreendeu, pode guardar o seu grimório garoto.
— Posso guardar sim, mas antes me diga o porquê você está mentindo para mim, eu sei que você não me trouxe por esse caminho somente para me proteger.
— Zac para de brincadeira. Diretora ele é um piadista não leve nada que ele fala sério, está só brincando com você não é Zac? A diretora é uma pessoa boa que jamais mentiria para a gente.
— Dionísio seu amigo tem razão, eu não estou contando toda a verdade. Mas esconder algo de uma alma tão singela do Zac seria impossível, você tem um talento e tanto. Pois bem, o intuito de fazer vocês virem por aquele caminho era de eu analisar a alma de cada um, em específico a do Zac. Pois caso eu visse algum pingo de maldade nele, a camada de água seria desfeita e o Zac morreria ao entrar em contato com a seiva, que é bruta por um motivo.
Zac e Dionísio ficam atônitos, entretanto enquanto Zac sente raiva, Dionísio sente que foi enganado e que colocou seu amigo em uma cilada.
— Antes de vocês entrarem aqui eu tive uma boa conversa com dois professores, um deles pediu a sua cabeça e o outro colocou a cabeça dele em jogo por você. Mas eu avisei para ele que caso algo de ruim acontecesse os dois iriam padecer, você e ele. Pois não poderia permitir que um poder como aquele saísse de controle.
— Tia Flora, por favor, deixe a gente ir. O Zac não volta mais para esse colégio, só peço que o deixe vivo — suplicou Dionísio em meio a soluços.
— Fique tranquilo Dionísio, mas e você Zac? O que acha que eu vi dentro de você? Ódio? rancor? Maldade?
— A única coisa que eu consigo pensar é em vazio, você apenas perdeu seu tempo e por isso não estou morto. Já que não viu nada em mim.
— Muito pelo contrário, mediante a tudo que vi você fazendo e do que vi dentro de sua alma, tenho como veredito de que eu em particular não posso fazer nada por você. Isso já não é mais minha jurisdição. Dionísio infelizmente terei que ligar para seu irmão e enviá-lo Zac até lá.
— Flora, meu irmão não, por favor. Ele vai matar o Zac, ele detesta as trevas. Flora você mentiu pra mim, tudo menos o meu irmão. Você sabe melhor do que ninguém sobre o que ele é capaz. Flora por favor não, você falou que ele ficaria bem.
Uma lágrima cai do olho de Flora e escorre em seu rosto.
Tic-Tac, Tic-Tac, mais uma vez o tempo para e…..