Passos Arcanos - Capítulo 4
Depois de cinco dias, Orion tinha acabado todos os dez livros e se recordava de todos sem problema algum. Sua memória era perfeita, tanto para o externo quanto para o interno. E por causa disso, não se preocupava em entender os conceitos mais abrangentes de um livro quando se sabia perfeitamente seu conteúdo.
Do lado de fora de sua casa, ele sentava diante uma plantação de milho e arroz com um papel na mão e um caderno, anotando seus comentários sobre Runas de Alto Calor, usadas para criar magias de temperaturas elevadas.
Magias poderiam ser Passivas, como ‘Crescimento Acelerado’ usado na Modeira, para o tempo de crescimento até seu auge seja bem menor do que o tempo natural. E havia as Magias Ativas, normalmente usadas em combate e duelos, ‘Bola de Fogo’ e ‘Turbilhão de Raios’ eram exemplos, desfigurando a mana para ser usada no momento em uma escala destrutiva.
Essas magias, independente de quanto são usadas ou por quem são usadas, foram criadas milhares de anos atrás, quando a mana era seletiva as pessoas. E a conjuração era mais fácil.
Arqueólogos achavam que a magia poderia ser convertida de volta para mana depois que deixasse de ser usual ao usuário.
E mesmo num dia de chuva forte, Orion via que aquelas pessoas do passado tinham realmente inteligência elevada. A barreira elástica diante a varanda impossibilitava os pingos fortes a adentrar e molhá-lo.
O princípio de uma Magia Passiva era ser usada a qualquer instante por qualquer pessoa, com ou sem magia. E por isso Orion tinha tanto apresso por Arcanismo Comum.
— Alterou a ‘Barreira Elástica’? — Seu pai passou pela porta segurando uma caneta com café. Entregou uma a Orion e sentou-se na cadeira de madeira ao seu lado. — Qual a mudança?
— Cinética. Pela velocidade e pressão da chuva, cada gota que bate na barreira faz o choque se tornar parte dela. — Orion deu um peteleco na barreira, e a cor dela mudou para azul na hora. — Dependendo da força, ela converte toda a energia pra suportar.
— Tem estudando muito Mecânica Arcana — Oliver disse e Orion sabia onde ele ia chegar. — Eu recebi uma notícia um tanto quanto estranha hoje, sabia?
— Não.
— Acho que você sabe bem o que é já que armou tudo aquilo. Eu não ia dizer nada quando vi os símbolos de contraposição que desenhou pra aquele homem, mas não precisava ser tão ruim.
Orion virou apenas a cabeça para seu pai.
— Queria que eu ajudasse alguém que nem conheço?
— Ajudar é uma palavra difícil. Eu sei que você ainda tem rancor do que fizeram com o seu irmão, também guardo isso comigo faz anos. — Bebeu um pouco do café. — Só quero que saiba que atrapalhar mais o projeto deles foi um pouco demais.
— Não atrapalhei. Eles já tinham esse projeto pronto. Dois anos e não conseguiram mudar nada.
Oliver assentiu.
— Achei estranho também por isso fui atrás de um antigo amigo meu.
— Amigo ou conhecido? Seus amigos normalmente não gostam de você e os conhecidos te tacariam uma pedra se tivessem chance, pai. — Orion deu uma risada. — Atirar pedra em uma pessoa sem perna seria bem trágico.
— É um amigo. O Ancião Xinur ainda tem certo respeito por mim.
— Mesmo depois de você dizer que o trabalho não valia nada e que um cavalo poderia cagar melhor do que o Arcanismo dele?
Orion viu a cara de seu pai converter em um sorriso de lado.
— Xinur ainda gosta de mim, é o que importa. Ele disse que os Herdeiros dos Vidian estão atrás de pessoas que ajudem em seus projetos ou projetos de fora para ganharem mais força com Ernesto Vidian.
— O Senhor da Casa Vidian.
Orion conhecia de nome, nunca tendo encontrado ele pessoalmente. Diziam que ele era carrasco, inteligente e com grande influência entre as outras famílias.
— Ernesto pediu uma competição entre seus herdeiros. Diferente das outras famílias, a escolha é feita entre os mais capazes. Os Arautos das famílias, acho que são cinco no total, escolhem quatro crianças quando jovens e trilham seu caminho até o topo.
— E você sabe o nome dos outros herdeiros?
— Felipe é o primeiro e também filho de Ernesto. Tem uma jovem de vinte anos chamada Silena, dizem que ela entende bem de Arcanismo, mas seu maior poder é o comércio estratégico e a biblioteca deixada como herança por um dos seus tios.
Silena Vidian, a mulher que doou os livros para Orion.
— Mais quem?
— Mark e Ien, são gêmeos que possuem uma afinidade com Eletricidade em mais de 50%. Desde o Mago Olun, ninguém tinha conseguido atingir esse tipo de afinidade em qualquer escola.
— E aquele homem que você pareceu conhecer, Cairo Rent?
Oliver negou.
— Ele não é das Caldeiras. Como é clamado como um herói antigo de guerra, se hospedou aqui e parece que também está apoiando um dos herdeiros. — Ele deu de ombros. — Só não sei quem.
Nomes demais, Orion gravou cada um e observou a chuva cair lentamente pela barreira, aglomerando em uma poça de lama no chão. A plantação também não se mexia já que a barreira a protegia, e quando um raio cortou o céu, o fez acordar dos pensamentos.
Raimundo apoiava Silena Vidian por algum motivo, um que talvez fosse mais nobre do que ser um rei ou comandar uma casa. E seu caderno, o objetivo final de suas anotações eram um projeto que ajudaria os Magos de uma maneira nunca antes vista.
Orion queria esperar até que tivesse seus vinte anos, mas faltava dois anos ainda. Se esperasse, a chance poderia escapar. Somando tudo o que fez desde seus seis anos, mais de uma centena estariam sendo desenvolvidos por mãos hábeis.
Outra centena em construção, apenas esperando por Orion terminar. E se conseguisse colocar na cabeça das pessoas que mudar uma matriz não era diferente de alterar uma runa qualquer, poderia trabalhar em outra centena de projetos.
Ter um apoio seria ideal.
— Está lendo o quê? — Oliver perguntou depois de um tempo em silêncio. — É algum tipo de projeto? Eu vi uma de suas folhas também na sala.
— É um dispositivo que consegue reproduzir um quadro arcano.
— Está querendo fazer uma magia passiva se ajustar dentro de uma runa? — Oliver manteve a curiosidade escondida, ou tentou. — E qual foi o resultado?
— Ainda nada. ‘Desenvolvimento Primário de Símbolos’ e ‘Camadas Defensivas de Mana’ são complicadas de juntar, por isso estou tentando achar uma maneira. — Na verdade, Orion já tinha o projeto quase pronto. Depois de ler ‘Ligações Físicas de Mana’, dada por Silena, juntar os dois não era complicado.
Um Quadrado era um símbolo de Domínio, representando o plano onde a magia seria usado. Para um projeto, não era necessário desenhar já que uma folha representava esse plano. E para magias ativas, Domínio não era usado já que representava o limite.
O Círculo, a porta e também saída da mana, representava os centros onde a mana deveria correr e se concentrar. Seus efeitos eram diferentes dependendo de como usadas ou por quem usava. Vezes um condensador, vezes um receptor, vezes distribuidor.
E o Triângulo, conhecido como concentração da mana. Dele nasceria a quantidade usada. Assim, ele definia como os Círculos funcionariam. Além de que nasce dele os Condutores, fios feitos de mana, que interligam os símbolos e runas ao plano.
Para um leigo, metade desses conceitos seriam concretos, para Orion Baker, qualquer mudança na composição levaria a uma forma diferente.
Por isso, seu pai não aprovava alterar matrizes. Alterar uma magia de milhares de anos atrás era mais difícil do que criar uma magia nova, e por mais que Magos tentasse criar, nunca se voltariam a mudar.
E ‘Ligações Físicas de Mana’ era um livro antigo usado para fundir elementos que deveriam ser indivisíveis. Seu número poderiam ser contados nos dedos de uma mão e Orion o possuía também.
— Quero ir no tio Raimundo para comprar algumas coisas, pai — disse depois de anotar mais alguns comentários pelo esboço. — Posso?
— Depois que a chuva passar. Compre um pouco de café pra mim também. — O velho homem lia com seus óculos agarrados ao nariz. — Soube que a fazenda dos Germaco pegou fogo ontem?
— Não.
— Queimou tudo. Fiquei com pena deles já que tentavam chegar perto dos Vidian com as fazendas. Suspenderam a mineração também por causa da chuva. — Oliver nem parecia interessado no assunto, falando vagamente. — Essa semana foi bem cansativa pra eles.
— Pra todo mundo é.
— Xinur disse que eles acham que alguém fez de propósito.
Orion não conhecia nenhum Germaco pessoalmente, só que eram donos das montanhas de pedra a Oeste da Caldeira de Ilhotas. Eles tinham um bom relacionamento com todo mundo, sendo menos piores com os Baker do que as outras famílias.
Ainda assim, eram indiferentes. Não fediam e nem cheiravam para Orion.
I
O sino estalou quando a porta foi aberta e Orion entregou carregando sua mochila nas costas. Raimundo lia um jornal fumando um charuto quando viu o rapaz.
— Não é dia de compras, garoto — disse, indiferente. — O que veio fazer aqui?
— Eu li os livros, vim devolver. — Orion tirou a mochila das costas, colocando no balcão e tirando um por um. — Gostei bastante deles. Foram boas para minhas pesquisas. Alguns até conseguiram…
— Você leu todos? — Raimundo fechou o jornal, virando de frente. — Garoto, são livros muito avançados para ler em tão poucos dias, e são dez deles.
— Minha memória é boa. — Sorriu fracamente. — E queria saber se conseguiria mais. Eu posso resolver um dos seus problemas de novo, se tiver.
Raimundo ficou olhando para o rapaz por algum tempo. Orion não desviou o olhar. Quando o homem bufou, levantou-se e foi entrou no seu quarto no fundo da loja. Com ele, dois papiros com o símbolo azulado.
— Foram deixados aqui faz duas semanas — falou Raimundo, sentando de novo. — Tentei um Ancião, mas ele disse que é um sistema que não existe mais.
— Idioma diferente?
— Mais ou menos. Se fosse entendível, eu poderia ir em um tradutor, mas é bem diferente. Abre e dá uma olhada.
Orion obedeceu e puxou o primeiro papiro, alargando sobre o balcão. Não era difícil imaginar o que estavam criando. Um quadrado, então, magia passiva, três círculos gigantes, ou seja, um Runa Tripla, com várias menores no centro das três.
As ligações dos Círculos Menores para os Maiores era feito através de um único triângulo assegurando os Círculos Menores.
— Um sistema de comunicação — Orion decifrou sem problema nenhum. Já tinha visto algo semelhante no livro ‘Arranjo de Runas Triplas’.
— Nem demorou para descobrir — Raimundo deu uma risada. Desde que tinha conhecido Orion, nunca o viu errar uma passiva ou ativa, demorando menos de dez segundos para responder. — Consegue ver os símbolos? São estranhos.
— Claro que são estranhos — sua voz saiu repudiando. — Querem tentar criar um sistema moderno com runas quebradas. Quem foi o idiota que tentou fazer algo assim? Deus do céu, até mesmo os números foram colocados no lugar errado.
— Melhor não ofender essa pessoa tanto assim.
— Mas, tio, olhe pra isso? — Orion apontou como se fosse óbvio. — Um sistema complexo de comunicação deveria ter decodificação de ‘Runas Compostas’ ou ‘Simbologia Arcaica’, seria difícil de quebrar, mas fazer isso na primeira camada do plano?
A pessoa que tentou criar uma passiva daquela forma era louco, tanto que nem parecia ter deixado o nome no esboço para não ser envergonhado.
— E o que você faria?
— Eu? — Orion pegou um lápis e começou a riscar várias partes. — Círculos Primários menores para compensar o plano. Círculos Secundários maiores para ter uma conexão ampla com o emissor. Ligação dividida em etapas porque se existir uma maneira de a conexão ser rompida, tem uma segunda camada para se comunicar. E claramente, mudar esse sistema ridículo de proteção.
Raimundo deu uma gargalhada.
O rapaz continuou fazendo suas anotações, continuando a ofender quem tivesse feito aquele pedaço de merda, nas palavras de Orion. No meio do caminho, ele se cansou e abriu sua mochila, tirando um papiro.
— Aqui, entregue esse para quem tiver feito esse pedaço de merda.
Raimundo pegou. Era duas vezes mais pesado do que o seu e também cheirava a tinta. Escolásticos que usavam tinta em seus esboços eram raros. Errar uma única vez faria com que seus trabalhos, as vezes desenvolvidos por meses, fossem por água a baixo.
— Não é um esboço. — Orion tirou mais dois papiros e deu nas mãos de Raimundo. — São meus projetos. E agradeça sua amiga.
— Amiga? — Raimundo não queria acreditar que Orion sabia, mas os livros vieram dela. — Claro, direi a ela.
— E mais uma coisa. — Um pedaço de papel pequeno, do tamanho de uma palma. — Se tiver esses livros, vou conseguir terminar um projeto especial.
Raimundo pegou e leu o nome, não conhecendo.
— É famoso esse livro?
— Não, quase ninguém conhece.
— E como você conhece?
— Porque Omar disse uma vez que eu deveria ler.
Omar Baker. Raimundo concordou lentamente. O irmão mais velho de Orion, também conhecido como um criminoso e o principal elemento pelos Baker terem sido mandados para a vala e perderem suas honras.
— Espero que esses projetos sejam bons, moleque. — Raimundo deu uma risada. — Pega o café do seu pai, que eu sei que ele pediu, e mete o pé daqui. Se voltar a chover, vai ficar todo molhado.
— Vou levar um café só, tio.
— Tá bom.
II
Silena e Cairo liam o projeto desenvolvido. O próprio Raimundo esperava ansioso pela resposta dos dois. Ambos eram considerados bem centrados no Arcanismo, mas Cairo era mais velho e também experiente, e suas feições, diferentes da mulher, se tornavam frias e rígidas de tempos em tempos.
A probabilidade era que o desenho de Orion fosse irreal demais para que eles entendessem.
— Ele quem fez isso? — Cairo perguntou quase que sussurrando. — Demoramos quase dez anos no continente para montar uma runa passiva que funcionasse no ‘Bombardeamento Sequencial’, e uma pessoa construiu um passiva que anula todos as nossas camadas protetoras.
— E esse outro projeto aqui tem quase duas vezes mais comentários do que esse — Rosana Mixer comentou com Trish ao seu lado. — Quem fez isso colocou o nome de ‘Comunicação por Núcleo de Mana’. Podemos localizar qualquer pessoa que deixe marcamos sua mana em um banco de dados.
— Como alguém conseguiu pensar nisso? — Silena, tão inconformada quanto Cairo, olhava para os dois projetos na mesa. Raimundo segurava outros, esperando para poder mostrar. — Onde achou esse monstro, Raimundo?
O homem deu de ombros, rindo.
— Sou sortudo, bastante. Mas, ele deixou marcado para vocês verem. A sigla no canto da folha.
Um B marcado verticalmente. Cairo deu uma risada e Silena respondeu na hora, também soltando um estranho riso regojizante.
Os outros não entenderam.
— Esse é uma letra arcaica que significa ‘Olhos que não veem’. — Cairo achou hilário. — Até posso notar que ele pode escrever esses manuscritos, mas não pode produzi-los sozinho.
— Com esse sistema, aposto que conseguimos apoio de fora — Silena disse. — E vocês, o que acham?
— Silena, acho que deveria recrutar essa pessoa o mais rápido possível. — Trish levantou a borda do papel, mostrando um pequeno comentário. — Só isso aqui vale mais do que um reino. A construção de funções da passiva é alarmante. Vale milhares de moedas.
— Raimundo — Silena o tirou daquele transe entre as conversas —, poderia me arrumar um tempo com esse seu colega?
— Difícil, minha senhora. — Raimundo não acreditava que ela queria conhecer Orion pessoalmente. Nem os outros falaram nada, surpresos. — Meu colega não pode ser encontrado as claras com a senhora ou com nenhum de vocês.
— Então, o traga aqui. O que tem de mais?
— Senhora. — Raimundo queria encontrar palavras, mas dizer que Orion era um Baker faria com que se alterassem. Não era sensato. — Acho que não é…
— Não precisa mais. — Nas mãos de Silena, um livro. Foi um dos que emprestou, a página 101 dobrada na ponta foi aberta e ela lia. — Parece que ele se revelou sozinho. Primeira letra é um O. R. I. — Uma pausa, Silena passou o cabelo para atrás da orelha. — O. N.
— Orion. — Cairo piscou algumas vezes e depois encarou Raimundo na mesma hora. — Mentira.
O sorriso envergonhado de Raimundo foi sua sentença.
— Ele? — Cairo continuou, dando uma risada larga. — Eu não acredito nisso. Não acredito que fui passado por ele.
Rosana e Trish não conheciam o nome, nem Silena, tanto que esperavam calados.
— Orion Baker — Cairo revelou com graça. — Um moleque doente por Arcanismo que nasceu aqui nas Caldeiras. Eu já devia esperar, ele é o único que conseguiria ler esses livros em uma semana. Oliver Baker, o pai dele, me apresentou ao garoto quando tinha dez anos. E por incrível que pareça, eu perdi em um duelo de Arcanismo para ele.
— Perdeu? — Silena achou graça, mas era assustador. — Ele deve ser muito velho para conhecer tanto.
— Velho? — Cairo negou. — Aquele merdinha tem 18 anos. E se posso dizer a verdade, ninguém consegue ganhar dele quando o assunto é Arcanismo. Ninguém.
— Nem mesmo os Anciões? — Rosana, curiosa, perguntou. — Ele é muito novo pra saber tanto.
— Desde os quatro anos de idade estudando com seu pai, uma memória perfeita. Se o Arcanismo possuísse afinidade, eu aposto minha vida que ele teria 90% ou mais. — Cairo bateu na mesa levemente. — Eu já devia lembrar. Olhos que não veem. Ele me venceu com esse símbolo.
— Para ter conseguido derrotar um Grande Mago em Arcanismo, ele deve ser um monstro de verdade — disse Trish.
— Só olhar para esse projeto e vai entender. Não conheço alguém que consiga ganhar dele, e mesmo assim, nunca se registrou Conjunção de Escolástico das Caldeiras ou do continente.
Raimundo não queria que descobrissem, mas Orion fez questão de marcar seu nome nas páginas para eles descobrirem. Se sentiu enganado pelo rapaz, mas não conseguia ficar com raiva. Eles estavam elogiando um Baker sem se importar com o que Omar tinha feito no passado.
Gostava dessa sensação de leveza, deles reconhecerem a genialidade de um monstro como Orion Baker.