O Monarca do Céu - Capítulo 70
Descobrindo Um Novo Mundo.
Fazia tempo que Colin não assistia aulas. Os alunos de sua turma se sentiram intimidados com sua presença, pois as histórias sobre ele já circulavam nos corredores da universidade, na verdade, não só sobre ele, mas sobre todos os membros da sua guilda.
Pelos corredores ouvia-se fofocas do pior tipo. Havia uma parte dos alunos mais carentes que admirava o grupo de Colin por fazer frente contra a elite da universidade, mas a própria elite o abominava e eles não fariam nada contra Colin ou seu grupo por medo.
Colin havia ficado sozinho no intervalo, lendo um livro sobre pandorianos. Ele já julgava estar na hora de ele ter um. Ele pensava no que Morgana havia lhe dito aquele dia, mas seu livro de páginas tão velhas que estavam amareladas, revelavam os tipos de pandorianos especiais que se poderia dividir a alma. Lia sobre um único caso de um rei da antiga era que conseguiu dividir a alma com um dragão. Existem dragões da terra, água, fogo e ar, e mesmo dividindo a alma com seu respectivo mestre, eles não perdem o seu elemento primordial.
Era algo bastante fascinante, mas dividir alma com dragões era algo bem difícil, já que a maioria era poderoso e bem difícil de se encontrar, mas Colin considerou a possibilidade.
Já estava na hora de ele ir para casa e se preparar para o encontro que teria com Brighid, um tipo de afazer que ele nunca esperaria desfrutar neste mundo.
— Olha se não é a celebridade do momento!
Colin ergueu a cabeça e viu Anton de pé na sua frente.
— Anton…
— Parece que você andou se divertindo. — Ele sentou-se ao lado de Colin. — Tenho que admitir que você tem coragem para entrar em conflito os nobres assim.
Colin fechou o livro.
— O que você quer?
— Que grosseria, não tem mais tempo para falar com um amigo?
— Não sou seu amigo.
— Ainda com rancor por que quebrei a cara das suas amiguinhas? Wiben tinha me pago para fazer aquilo, e pelo que eu soube, ele agora está andando com você. Hehe, isso, sim, é surpreendente.
Colin franziu o cenho e Anton ergueu as mãos em rendição.
— Hehe, não precisa fazer essa cara, só vim aqui conversar. — Anton enfiou a mão no paletó e retirou uma carta com detalhe dourado nas bordas. — Isso é um convite.
Pegando a carta, Colin a abriu. Desdobrou o papel e ela estava totalmente em branco. Ele mostrou o papel para Anton.
— Está em branco.
— É um convite simbólico.
— Um convite para quê?
— Coisa do diretor. Ele costuma fazer um tipo de confraternização entre as guildas mais poderosas da universidade de tempos em tempos. Você é o primeiro plebeu a ser convidado em anos e o primeiro que não tem de fato uma guilda oficializada a ser chamado para um evento assim.
— E por que o diretor nem a secretária me contataram para algo tão importante?
Anton abriu um sorriso e deu de ombros.
— A fama deve ter subido mesmo a sua cabeça para achar que eles se preocupariam tanto assim com um merda como você. — Anton se levantou — Amanhã no saguão principal às oito da noite. Pode levar alguém se quiser.
— Espera um pouco, o que se costuma fazer nesse tipo de coisa?
— Conversamos muito, arrumamos briga ou fazemos amizade. Tem muita gente importante lá, futuros príncipes e princesas, além de um pessoal cheio da grana. Pode ser benéfico para você se for inteligente.
Anton deu as costas e enfiou as mãos nos bolsos se afastando para longe. Aquele tipo de notícia deixou Colin animado. Ele enfim veria a principal elite da universidade e poderia confraternizar com eles de alguma maneira. Isso seria algo a ser pensado mais tarde. Agora ele iria para o apartamento se trocar. Seu encontro aconteceria em poucas horas.
…
Seu apartamento estava vazio, seus colegas de quarto tinham outros afazeres, e Stedd costumava ser bem misterioso com as atividades dele.
Colin não tinha um guarda-roupa muito diversificado. Seu guarda-roupa se resumia a roupas de tons minimalistas como o preto, cinza e branco. Ele pegou uma camisa branca, calça preta e sapatos da mesma cor. Encarou o clima pela janela e percebeu que logo começaria a ficar frio, então pegou um gibão preto com botões amarelos.
Depois de um banho rápido, ele se arrumou e permaneceu alguns minutos se encarando no espelho. Seu cabelo estava precisando ser cortado e suas olheiras pareciam ter diminuído. Durante o banho ele fez a barba que quase não existia com um canivete afiado e penteou o cabelo para trás, mas uma mecha sempre caia sobre sua testa, então ele a deixou ali.
Foi até a gaveta e pegou um saco com algumas moedas. Ele sabia que Brighid comia muito, ainda mais depois que ela se tornou uma humana, parecia um poço sem fundo. Ele deixou o apartamento e caminhou pela universidade que parecia uma cidade. Seguiu para o distrito dos ricos e parou em frente a uma alfaiataria em que já esteve antes.
Assim que passou pela porta, o sino tocou, e uma anã veio a seu encontro esboçando um sorriso assim que o viu.
— Ora, se não é o elfo negro de antes. Fico feliz que a nova celebridade da capital tenha retornado à alfaiataria desta humilde senhora. A que devo a honra?
Colin caminhou para um vestido com uma joia bastante brilhante no pescoço do manequim.
— Senhorita Tishsora, você teria joias para vender? Não conheço muitas joalherias na capital.
— Pode-se dizer que eu tenha. — Ela olhou para Colin de maneira provocante — É um presente para uma pessoa especial?
Colin tocou a joia no pescoço do manequim e reparou bem o material.
— Sim, seria um presente para uma pessoa.
— Hum, garoto ou garota?
— Garota. — Ele largou a joia — É uma mulher de olhos verdes e de feição bem gentil. Teria algo para uma mulher assim?
— Tenho exatamente o que precisa!
Ela caminhou como pinguim até atrás da bancada e retornou trazendo uma caixa pequena.
— Aqui, elfo, consegui em uma carga que veio do oriente faz algumas semanas. Era para um comprador em potencial, mas ele acabou morrendo de uma doença horrível, agora está aqui pegando poeira na minha estante.
Colin se agachou e abriu a caixa. Dentro havia um pingente de ouro atrelado a um anel ornado. Havia algumas runas orientais em torno do anel. Ele era brilhante e provavelmente muito caro.
— Quanto custa?
— Digamos que vou queimar o estoque, então farei uma promoção para você. Que tal quinze moedas de ouro?
— E isso é promoção?
— Claro, não quer deixar sua garota feliz? Mulheres adoram joias, ainda mais joias brilhantes como essa. Então me agradeça depois.
Mesmo relutante, Colin pegou quinze moedas de ouro de seu saco e em vez de colocar nas mãos da anã, ele colocou em cima do balcão onde ela não dava pé.
A anã não o repreendeu, apenas sorriu. Colin fechou a caixa e aguardou no bolso.
— Volte sempre, senhor Elfo!
— Hum…
…
Ele deixou a parte rica da universidade que funcionava como um enorme comércio e caminhou tranquilamente em direção ao dormitório feminino com as duas mãos nos bolsos. Assim que ele chegou lá, foi alvo de algumas fofocas entre grupinhos. Algumas garotas olhavam para ele com nojo, e outras o olhavam com admiração.
Mesmo que tivesse esse confronto de sentimento em parte das garotas, nenhuma delas ousou se aproximar. Conforme Colin subia as escadas, as garotas encostavam na parede para vê-lo passando por elas. Colin não deixou de se sentir incomodado e apenas continuou olhando para frente. Foi até o apartamento de Brighid e bateu três vezes na porta. Esperou até que ouvisse a porta destrancar do outro lado.
— Senhor Colin?! — disse Alunys atrás da porta. Ela estava praticamente de pijama, mas abriu a porta para que Colin entrasse — Senhorita Brighid já está acabando de se arrumar, por que não se senta?
Colin entrou e se sentou no sofá de frente para Alunys que segurava um livro.
— Fiquei muito feliz quando soube de vocês! — disse ela com os olhos brilhando — Onde o senhor vai levá-la? Um jantar romântico? Meu sonho era ir em um desses.
Colin coçou a cabeça.
— Não tenho ideia de onde vamos… Só sairemos um pouco, conversar e… quem sabe comer alguma coisa.
Alunys se levantou e se sentou do lado de Colin para prestar uma melhor atenção ao que ele havia preparado para aquela noite.
— E o que mais? O que vão fazer depois do jantar romântico?
— Eu não disse que iriamos para um jantar romântico.
— Sei, sei, o que farão depois? Tenho algumas ideias, mas prefiro não dizer hihi!
Ele franziu o cenho.
— Quantos anos você tem mesmo?
— Colin?
Brighid apareceu na porta usando uma saia que ia até um pouco abaixo do joelho. A saia era da cor de seus olhos e realçava bastante seu quadril. No seu torso ia uma blusa branca de gola alta e manga longa. Em seu pescoço havia um grande laço esverdeado. E nos seus pés estavam sapatos pretos que iam até o tornozelo.
O cabelo esverdeado dela estava em um coque solto, com pequenas mechas que se prendiam ao coque e mechas longas que escorriam frente a orelha e fios soltos que enfeitavam aquele penteado, dando um toque sutil de realeza a Brighid. Seus lábios estavam bem avermelhados e suas bochechas timidamente rosadas.
Colin ficou sem palavras, fazia tempo que ele não ia em um encontro, ainda mais com uma mulher tão bonita quanto Brighid. Ele ficou nervoso, mas não demonstrou isso, na verdade, sua expressão continuou imutável apesar de ele estar impressionado.
— É a primeira vez que te vejo tão arrumada assim. — comentou Colin.
Brighid olhou para sua roupa e abriu um sorriso sem graça.
— É um pouco estranho para mim também. Não gostou?
— Eu gostei, você tá linda. — Colin se levantou e caminhou até a porta, ficando parado frente a ela — Então vamos, senhorita Brighid?
— Claro, senhor Colin.
Colin ofereceu o braço e Brighid o pegou.
— Alunys! — chamou Brighid — Tem um pouco de comida na dispensa caso fique com fome.
— Não se preocupem comigo, apenas se divirtam. Quero saber tudo depois, hein!
Brighid abriu um sorriso sem graça e fechou a porta.
— E então, aonde vamos? — ela perguntou.
— É segredo.
Na verdade, Colin não tinha a mínima ideia de onde iria. Ele não conhecia a cidade nem os pontos turísticos interessantes para um encontro. Ele contaria com sua boa observação e talvez com um pouco de sorte.
Caminharam pela universidade atraindo olhares e fofocas de quem os avistassem de braços dados. A monarca de duas árvores junto ao Elfo negro mais falado do momento. Provavelmente seriam o assunto mais comentado na universidade por alguns dias.
O grande centro da cidade sempre ficava cheio a noite. Era um ponto de grandes festividades. Haviam pessoas de todo tipo ali, se divertindo das mais variadas formas. Colin foi até uma tenda que vendia algo que chamou sua atenção. Eram doces no formato de animais exóticos que vinham em espetos. Com as moedas que tinha no bolso, ele comprou um para ele e um para Brighid.
Se sentaram em um banco de madeira de frente para um grupo de crianças que brincavam de pega-pega. O doce de fato era bem doce, e o gosto lhe era familiar. Parecia creme de leite misturado a calda de chocolate que vinha nos sorvetes da terra.
Era noite de lua cheia, e o centro estava lotado. Um bobo da corte realizava uma apresentação logo a frente, lançava magia de um lado para o outro. Sua magia assumia a forma de animais que subiam aos céus e explodiam como se fossem fogos de artifício.
— Precisa ser habilidoso para fazer algo assim? — perguntou Colin olhando para as magias de fogo em formato de animais.
Brighid colocou uma mecha de cabelo para trás da orelha e deu uma leve mordida no doce. Mastigou devagar e olhou para os olhos de Colin.
— Não precisa. — Ela respondeu — Magias elementais são mais fáceis de manipular mana dessa forma. Por que não tenta? No seu nível atual você deve conseguir. É só se manter concentrado para que a magia não disperse.
Colin ergueu os dois indicadores e fez eles se encontrarem, logo depois ele fez uma curva no ar, fazendo seus dedos se encontrarem mais uma vez. O coração que desenhou logo desapareceu e ele sentiu que soou um pouco piegas demais.
— Viu, você aprende rápido, sempre aprendeu, na verdade.
— Preciso te contar uma coisa.
Ela deu outra mordida no doce.
— Contar o quê?
— Eu não sou deste plano, vim de outro lugar, um lugar no cosmos que era a minha casa. Os vampiros da terceira geração me chamam de errante, essa é a razão de eu ser tão… estranho.
Ela terminou de mastigar e fez que sim com a cabeça.
— Acho que, no fundo, eu já sabia, mas isso nunca me incomodou.
Os fogos ficaram ainda mais intensos, explodindo no céu e causando admiração pela beleza nas cores diversas que ele conseguia alcançar.
Brighid pegou na mão de Colin.
— Vamos mesmo viajar para treinar com um grupo de vampiros poderosos?
Colin fez que sim com a cabeça.
— Você vai gostar deles. São bem fortes e acho que você vai se dar bem com Morgana.
Ela ergueu as sobrancelhas.
— Quem é Morgana?
— Uma vampira enorme e muito forte. Ela me ajudou muito e sem ela muita coisa podia ter dado errado.
— Parece que você teve a ajuda de muitas pessoas recentemente.
— É… eu costumava querer fazer tudo sozinho, mas é meio difícil. Mesmo assim, eu prefiro que em situações mais complicadas eu me arrisque sozinho.
Brighid entrelaçou os dedos nos de Colin e encostou a cabeça em seu ombro observando os fogos feitos pelo mago.
— Ainda bem que foi você…
— Foi eu o quê?
— Por quem me apaixonei.
Esse tipo de declaração assustava Colin. O fazia se lembrar de um passado traumático, mas de alguma forma, ele sentia que com Brighid seria diferente. Talvez fosse por seu jeito mais meigo e inocente, ou talvez porque ele sentia que ela realmente o amava.
Um amor que ele não experimentou antes com sua ex-noiva.
Aquele sentimento de entrega de Brighid o deixava com ainda mais vontade de estar junto dela, e aos poucos, a casca rígida de Colin era quebrada e, em contrapartida, o Colin quebrado de antigamente começava a desaparecer.
Ele a olhou de canto de olho e apertou a mão dela gentilmente. As mãos dela eram macias, assim como o corpo dela ao lado colado ao seu era bem quente, tornando aquele contato físico algo bem mais que agradável naquela noite fria.
Colin apoiou o indicador no queixo dela, encarando aqueles olhos verde-esmeralda. O Cheiro dela era doce, assim como aqueles lábios avermelhados. Sentindo-se atraído como um rato ao ver o queijo em uma ratoeira, ele avançou, sentindo aqueles lábios mais uma vez.
Assim que terminou, eles ficaram ali, colados junto ao outro, observando os fogos que assumiam formas de animais no céu noturno.
Para noite ficar ainda melhor, ele a levaria para mais dois lugares.
— Vem! — ele se ergueu oferecendo a mão para Brighid — Quero te levar a um lugar.
Ela pegou a mão de Colin e ele a ajudou a se erguer.
Colin enfiou as mãos no bolso e retirou uma pequena caixa, abrindo na frente de Brighid sem nenhum tipo de cerimônia.
— Acho que nunca te dei um presente, então comprei isso para você.
Brighid pegou o colar delicadamente com as mãos e o encarou de perto. De fato, era bem brilhante e o dourado chamava bastante atenção.
— Nossa Colin… é lindo!
Ele pegou o pingente e foi para trás dela, colocando o pingente em seu pescoço.
— Ficou melhor do que eu imaginava. — Ele retirou o gibão e colocou nos ombros dela — Está ficando frio, fique com ele.
— Tem certeza? Mas e você?
— Se preocupa não. — Ele pegou a mão de Brighid, entrelaçando seus dedos aos dedos dela — Vamos logo.
— Aonde vamos?
— Você já vai ver.
Fizeram o caminho de volta pela rua quase deserta, já que a maioria das festividades se concentravam no centro. O vento começava a soprar gelado, e Colin começou a sentir frio, mas não demonstrou. Brighid abraçou o braço direito dele, caminhando pela rua com a cabeça apoiada no ombro do parceiro.
— É ótimo se sentir assim… — disse ela com um sorriso bobo no rosto.
Colin a encarou de soslaio.
— Assim como?
— Assim… eu e você, sozinhos aqui… as fadas que se apaixonavam sempre diziam ser algo bem forte. Agora sei que é verdade.
— Chegamos. — disse Colin de frente para uma casa grande de três andares.
Ele bateu três vezes na porta de madeira e segundos depois ela se abriu.
— S-Senhor Colin! — disse uma mulher jovem com roupa de empregada — Eu não esperava o senhor!
— Desculpa por chegar sem avisar, as crianças estão acordadas?
— Ahh, sim, estão brincando na sala. Quer que eu anuncie que o senhor está aqui?
Colin abanou com uma das mãos.
— Não precisa.
A empregada encarou Brighid e observou os dois de mãos dadas.
— Se eu soubesse que traria visita, eu teria preparado uma refeição descente.
— Tá tudo bem, não vamos demorar.
— Certo, por favor, entrem!
A residência era enorme, com diversos brinquedos espalhados pela casa. A empregada os pegava do chão e colocava dentro de uma caixa. Aquela casa parecia uma mansão cheia de móveis. Os lustres eram brilhantes e havia mais de uma empregada no local fazendo funções distintas.
Seguiram para uma enorme sala barulhenta e avistaram as crianças do ducado brincando e correndo de um lado para o outro. Assim que elas avistaram Colin, correram até ele.
— Papai! — Colin Pegou Brey e a ergueu no alto enquanto sorria. Depois ficou com ela no colo e Brey deu um beijo na bochecha dele. Colin fez cócegas na barriga dela e a beijou na testa.
— Como vocês estão, pessoal? — Colin perguntou — Se comportando?
— Sim! — disseram todas em uníssono.
Colin colocou Brey no chão e bagunçou o cabelo dela.
— Aqui, senhor Colin! — Meg mostrou um caderno com alguns rabiscos — Estou aprendendo a ler as palavras e a escrever também!
Abaixando-se, Colin pegou o caderno vendo uma letra cheia de garranchos.
— Daqui a um tempo você pega o jeito.
Ele também bagunçou o cabelo de Meg e devolveu a ela o caderno.
— Pensa rápido, senhor! — Potter lançou uma adaga de madeira lá de trás em direção ao rosto de Colin, e ele não teve dificuldade para pegá-la.
Colin escutou passos atrás dele e Tobi pulou em suas costas. Bill correu e abraçou a perna de Colin fazendo força para derrubá-lo. Ele entrou na brincadeira e fingiu cair de bunda no chão.
— Agora é a hora, peguem ele! — berrou Potter.
Meg se jogou em cima de Colin e as outras crianças a seguiram, fazendo um montinho. Assim que Colin deitou no chão, as crianças começaram a gargalhar.
— Dessa vez vocês me pegaram. — Disse Colin sentando-se no chão.
— Francamente crianças — disse a empregada — Deviam tratar melhor as visitas.
Tobi olhou para Brighid sorrindo com a cena que presenciou e se aproximou de Colin para cochichar no ouvido dele.
— Quem é ela, senhor? — perguntou Tobi baixinho.
— Uma namorada? — perguntou Meg tomando cuidado para que Brighid não ouvisse.
Todas as crianças viraram a cabeça para encarar Brighid.
— Uoo, ela é muito bonita — disse Potter — Quando crescer posso ter uma igual?
— Não, porque essa já é minha há há — disse Colin se erguendo e bagunçando o cabelo de Potter — Conheci estes pestinhas no ducado. Pedi a irmã mais velha dos gêmeos para cuidar deles para mim. Com as influências dela foi fácil conseguir essa casa e as empregadas para os educar.
— Senhor Colin! — Meg puxou a calça dele e Colin olhou para baixo — Amanhã a gente vai sair para comprar os vestidos que prometeu?
Não quero mais aquele, vi outro mais bonito.
— Eu prometi?
— Sim, já se esqueceu? — disse Tobi sorrindo — E também prometeu que a gente ia poder ter espadas de verdade!
Colin cruzou os braços e fez que sim com a cabeça.
— E vocês me prometeram que iriam parar de fazer bagunça, já se esqueceram?
Tobi coçou a nuca sem jeito.
— Bem… a gente vai parar… hihi!
— Sei, sei, agora vão brincar, está bem? E quando espalharem brinquedos pela casa tratem de guardá-los.
— Sim, senhor! — disseram as crianças.
As crianças se dispersaram voltando a fazer suas atividades.
— Parecem estar piores que antes, esses pestinhas… — disse Colin se aproximando de Brighid.
— Não sabia que você era tão bom com crianças. — Ela disse.
— É, também descobri faz pouco tempo.
— E que história é essa de papai? Você realmente…
Colin abanou uma das mãos.
— Tô aqui faz alguns meses e Brey tem quatro anos. Os ajudei quando todos haviam virado as costas para eles… E alguns deles me veem como pai, principalmente Brey. Então eu só aceito numa boa. — Colin suspirou e encarou Brighid — Olhando para eles dando risada assim me faz sentir uma sensação de dever cumprido. Eles passaram por muita coisa. Por isso tenho que continuar os protegendo até que elas tenham força para se protegerem sozinhas. Meio que me tornei responsável por elas quando as salvei.
Brighid entendia isso, e em partes isso a deixava orgulhosa. Colin não aparentava ser do tipo de homem que olha para alguém além de si próprio, só parecia. Houve dezenas de outras vezes que ele preferiu se sacrificar a sacrificar seus companheiros, mas sua personalidade, sempre séria e às vezes retraída e arrogante em alguns momentos, fazia com que suas atitudes mais duvidosas se sobressaíssem sobre suas boas atitudes. Ela começou a considerar que talvez não fosse ruim amar esse homem o resto de sua vida.
— Vamos! — disse Colin pegando na mão dela — Falta só um lugar para eu te levar agora.
Brighid não questionou aonde iam, ela apenas se deixou levar.
Eles retornaram para a universidade e Brighid começava a ter uma noção de onde Colin estava a levando, mas mesmo assim ela não disse nada.
Enfim estavam de volta ao dormitório masculino. Colin abriu a porta e o apartamento estava escuro. Ele fez faíscas saírem de seu dedo indicador iluminando o caminho até seu quarto. Ele jogou uma descarga elétrica no orbe que ficava no teto em cima da sua cama, iluminando parte do quarto. Assim que Brighid entrou, ele passou a chave na porta.
Brighid tirou o gibão de Colin em seu ombro e olhou um quarto até bem-arrumado. Havia uma estante de livros no fundo, com livros que Colin já havia lido, e não eram poucos. O chão de madeira era bem limpo, quase se dava para ver o próprio reflexo nele. Ambos tiraram seus sapatos e deixaram na porta. Colin foi até um armário próximo à cama e o abriu, pegando uma garrafa de vinho e duas taças.
Ele se sentou na cama ao lado de Brighid e encheu ambas as taças com o vinho dado por Steed para ser usado em ocasiões especiais.
Assim que deu a primeira golada, Colin quase tossiu, enquanto Brighid bebeu suavemente, apreciando o gosto forte. Colin era acostumado com vinhos fortes, mas aquele excedeu suas expectativas.
— Tudo bem? — perguntou Brighid apoiando a mão em seu ombro.
— Tudo. — Colin deu duas goladas generosas acabando com o vinho. — Vinho forte esse…
— Sim, um pouco.
— Um pouco? Achei que o paladar das fadas fosse sensível.
— E é, mas eu não sou uma fada agora… tecnicamente… — Ela colocou uma mecha de cabelo para trás da orelha — Obrigada por hoje, foi bem divertido. — Ela pegou o pingente e o encarou com os olhos brilhando — Obrigada por isso aqui também, foi o presente mais lindo que já ganhei.
— Não precisa ser tão modesta. Você tem quase um milênio e meio de existência, já deve ter ganhado coisa melhor.
— Não fale desse jeito, me faz parecer velha. E eu não ganhei nada. Fadas não costumam ganhar presentes e os humanos não são nada receptivos com fadas. A última coisa que ganhei foi uma temporada em cativeiro durante a turnê de uma trupe e fui o bichinho de estimação de um nobre até você me encontrar.
Colin encheu sua taça mais uma vez.
— Pelo visto você não viveu um milênio e meio emocionante antes de me conhecer.
Ela fez que não bebendo o vinho.
— Acho que minhas semanas com vocês valeram pelo meu “um milênio e meio de existência”. Nunca achei que eu encontraria humanos que me tratassem bem.
— Sou um errante, esqueceu?
— Nah… você é só um humano que consegue absorver bem a magia, mas continua um humano, mesmo sendo super forte. Mesmo assim, você me fez sentir coisas que eu nunca senti antes…
Colin bebeu o vinho direto da garrafa, acabando com ele. Apoiou a garrafa na estante e colocou a mão no rosto de Brighid.
— Ainda não acabou.
Ela bebeu do vinho mais uma vez, acabando com a taça e se concentrou nos olhos amarelados de Colin.
— Como assim? — Perguntou, mesmo sabendo o que viria depois.
Colin a beijou, apoiando a mão na nuca dela e a deitando na cama. As taças vazias rolaram pelo colchão e se quebraram no chão, mas eles não se importaram. As mãos de Colin deslizaram pela coxa macia de Brighid e subiu até a cintura dela, até que ele começou a puxar a saia dela para baixo.
— Espera… — disse ela ofegante segurando a mão de Colin — Eu nunca fiz isso antes…
Os olhos dela continuavam brilhantes, exalando a inocência de uma mulher que não sabia o que estava fazendo.
— Você confia em mim? — Ele indagou e ela assentiu com os lábios franzidos.
— Confio…
— Serei gentil, então fica calma.
Brighid tirou as mãos de Colin e abaixou totalmente sua guarda. Ele avançou lentamente, beijando o pescoço de Brighid. Conforme a troca de carinho se ignificava, ambos tiraram a camisa do outro. Colin a beijou na boca mais uma vez, passou pelo pescoço, seios, barriga e continuou descendo.
A porta de um novo mundo se abriu para Brighid e ela começou a sentir coisas que nunca imaginou que fossem possíveis. A fada gemia baixinho enquanto agarrava com força os lençóis. Depois de um tempo, Colin parou e se ergueu.
Brighid estava toda corada e mordia o lábio inferior enquanto o encarava. Apesar de uma leitora de romance, ela não entendia direito o que Colin fez com a língua, mas foi maravilhoso.
Apoiando as mãos na cintura dela, Colin a puxou para perto, fazendo a virilha dela vir de encontro a sua. Brighid ficou quieta, encarando Colin nos olhos. O corpo dela estava quente, e a cada segundo que passava sem Colin fazer nada, só fazia aumentar sua ansiedade.
Com as mãos na cintura dela, Colin a virou de costas. As tranças dela se desfizeram e Brighid jogou o cabelo longo para trás, encarando Colin com o canto de olho enquanto mordia os lábios inferiores. Fios de cabelo escorregavam por seu rosto corado e suas costas. Colin estava ocupado reparando nas costas nuas de Brighid. Aquele corpo macio e cheio de curvas era uma das coisas mais belas que ele viu na vida. Um corpo cobiçado por muitos homens e que agora estava diante dele.
— O que foi? — perguntou ela num tom de voz afável.
Colin não disse nada. Ficou por cima de Brighid enquanto beijava seu pescoço. Entrelaçou seus dedos aos dedos dela e Brighid cerrou os olhos, gemendo baixinho ao sentir algo entrar bem no meio de suas pernas.
Apertou tão forte as mãos de Colin que ele sentiu dor.
— Colin…
— Eu sei, fica calma. Confia em mim, não confia?
Após a maioria da dor passar, Colin começou a se movimentar, indo para trás e para frente em um movimento sutil e delicado.
Brighid gemia baixinho e a dor que sentiu inicialmente começou a desaparecer, dando lugar a uma sensação melhor do que quando sentiu a língua de Colin em suas partes.
Colin se moveu ainda mais rápido e Brighid começou a gemer involuntariamente, até que tapou a boca. Não queria que ninguém ouvisse ela emitir aqueles sons constrangedores.
— Tá tudo bem, ninguém vai escutar você.
— Mas-
Colin se desvencilhou dela, apoiou a mão em sua cintura e a virou abruptamente. Brighid abriu as pernas, eles ficaram se encarando. Era estranho aquele momento de intimidade com Colin, mas ela não queria pensar nisso agora, apenas aproveitar o momento.
Inclinando o corpo, Colin a beijou e Brighid passou suas pernas pela cintura dele, o prendendo. Ele afastou os cabelos dela, beijando seu pescoço e a penetrando novamente.
Brighid mordeu os lábios para que não gemesse, mas as sensações eram fortes demais, então resolveu fazer como Colin disse e não se segurou.