Knight Of Chaos - Capítulo 460
Um único Batalhão havia recebido quase a mesma quantia de cristais que toda uma Divisão, sendo duas vezes mais que a Brigada Salazar, que tinha prestado auxílio à Quinta Divisão.
Graças a isso, o nome do Batalhão Zero e seu Tenente, Fernando, espalharam-se entre as tropas. Muitos dos que já tinham ouvido falar de seus feitos em Belai começaram a espalhar informações sobre.
“É verdade, ouvi dizer que eles eram apenas um Pelotão antes da batalha de Belai e seu atual Tenente, era um mero Oficial Imediato. Mas suas conquistas foram tão grandes, que ele recebeu uma tripla promoção!”
“Ouvi dizer que esse sujeito é um psicopata extremamente sanguinário, mesmo sendo só um Tenente, ele exterminou uma Guilda em Belai.”
“Há boatos que esse cara é bem selvagem, ele é um maníaco pálido que gosta de torturar seus subordinados. Pelo que falaram, ele obrigou até uma de suas subordinadas a casar com ele!”
Diversos rumores e comentários espalharam-se entre as tropas. Alguns elogiando, outros comentando coisas aleatórias e outros criticando o Batalhão Zero e seu líder.
Inicialmente muitos acreditavam que uma das Brigadas Nomeadas, como a Salazar ou a Novius, seriam o centro das atenções após essa batalha, mas esse pequeno Batalhão Nomeado é quem havia assumido os holofotes, deixando muitas pessoas descontentes e invejosas.
Alguns Tenentes de outros batalhões até mesmo criticaram abertamente Fernando e Dimitri, alegando que tudo isso era um espetáculo do novo General recém-nomeado, que tentava exaltar seu subordinado.
Apesar de toda a comoção a seu respeito, o jovem Tenente parecia inconsciente disso tudo, quando se isolou com suas tropas no edifício que havia recebido. No momento, Fernando estava reunido com a cúpula do Batalhão, para decidir os próximos passos do Batalhão Zero.
Dentro da sala de reuniões, Fernando estava sentado, e de frente para ele, em pé, havia um grande número de pessoas aguardando suas palavras. Dentre eles, estavam Theodora e Ilgner, os Subtenentes, todos os Oficiais, como Trayan, Archie, Noah, Kelly e Gabriel, os Sargentos Thomas e Damon, assim como os vários Cabos, incluindo Lina, Cíntia, Ugo, Louise, Ronald, Karol, Lance, Emily, Leo, Lenny, Magnus, Bianco e alguns outros.
Vendo todas aquelas pessoas na sala, Fernando se decidiu. Desde que começou a liderar em Vento Amarelo, ele sempre lidou sozinho com as finanças, apenas repassando alguns recursos para seu pessoal de mais confiança. No entanto, conforme o número de pessoas sob seu comando crescia, tornava-se cada vez mais difícil cuidar desses assuntos.
Foi por isso que ele havia pensado em escolher alguém apenas para lidar com a parte financeira do Batalhão Zero, fazendo os pagamentos de benefícios, repasses e lidando com outros assuntos relacionados. Se ele tivesse que fazer isso toda vez, perderia muito tempo.
Preciso focar em mim mesmo, não posso perder tempo com essas coisas… O jovem Tenente pensou.
Desde Belai ele já vinha sentindo que seu crescimento estava estagnado. Devido a estarem andando de um lado para outro sem parar devido à guerra, não tinha tempo suficiente para treinar.
“A partir de hoje, a Cabo Lina vai deixar sua posição em seu Esquadrão e estará assumindo um cargo administrativo. Ela ficará responsável por me auxiliar na parte financeira do Batalhão Zero.” Fernando declarou, com um rosto impassível.
As palavras do jovem surpreenderam a todos, principalmente a própria Lina.
“T-tenente, eu não acho que eu seja adequada…” A mulher falou, gaguejando, enquanto o olhar de todos se voltava para ela própria. “Além disso, meu Esquadrão…”
O rapaz pálido apenas a observou em silêncio, então apoiou seus cotovelos sobre a mesa.
“Se eu estou te indicando para a posição, é porque acredito que é a mais adequada.” disse, com firmeza, fazendo a garota não saber o que responder. Se ela o contrariasse, seria o mesmo que dizer que seu julgamento estava errado.
Fernando suspirou ao ver a indecisão da garota. Mesmo após tanto tempo lutando nesse mundo, ela ainda era tímida como um pequeno coelho.
A verdade é que a primeira opção para o cargo não era Lina, mas Karol. Fernando queria colocar sua esposa numa posição de menor risco e essa função seria ideal para isso, entretanto, quando fez a proposta a ela, sua resposta contrariou completamente suas expectativas.
“Eu não quero.” ela disse, de forma séria, sendo uma Karol totalmente diferente da que havia chorado até tarde em seus braços. “Sobre ontem… eu estava um pouco emocionada devido a tudo aquilo, mas agora me sinto muito melhor. Não quero abandonar o Esquadrão Dama de Prata.”
Inicialmente Fernando ficou confuso e tentou insistir, mas após ver a determinação de sua esposa, acabou por desistir, optando enfim pela sua segunda escolha, Lina.
Ele havia a escolhido por uma série de fatores, mas o principal é que ela era leal e honesta. Para lidar com dinheiro e itens de valor, essas duas características seriam essenciais. Outro ponto é que apesar de ser tímida, ela era diligente em qualquer tarefa passada, cumprindo-a com rigor. Além disso, ao contrário de Cíntia, sua perícia com arquearia não vinha melhorando tanto e sua força geral também não era tão alta, mantê-la nas linhas de frente era um risco para ela própria.
“Entendido.” Lina respondeu, após hesitar por algum tempo, seu olhar se encontrou com sua amiga, Cíntia, que assentiu com a cabeça, com um sorriso, incentivando-a.
Vendo que a garota havia aceitado a tarefa, Fernando continuou.
“Atualmente temos 1200 Cristais de Dobats e 40 de Ogros. Se fossemos converter isso em preço de venda, seria equivalente a 61 moedas de ouro.”
Quando o jovem Tenente disse essas palavras, todos ficaram boquiabertos, incluindo até mesmo Theodora e Ilgner.
Deve-se saber, que o salário médio mensal de um General, era de 6 moedas de ouro, então o valor que eles poderiam obter com esses cristais poderia pagar os serviços de um General por quase um ano!
Esse valor era referente apenas aos cristais. Ainda havia os materiais de Orcs, bem como suas armaduras e armas, também havia os saques que eles obtiveram durante seu tempo como Tropas de Exploração.
Além disso, ainda havia as Pulseiras de Armazenamento e outros itens que pegaram dos mortos quando chegaram a Garância. Por mais que fosse antiético e talvez até imoral, os Generais haviam autorizado as tropas a ficar com o que achassem, como forma de melhorar o moral, as únicas exceções eram os prédios e áreas pertencentes aos Leões Dourados.
Fernando e os demais haviam achado cerca de 400 Pulseiras, que ainda precisariam ser avaliadas. Infelizmente os Orcs gostavam de saquear tudo que encontrassem e pudessem carregar, então o depósito da Guilda em que estavam havia sido arrombado e todos os itens que antes existiam ali já haviam sido levados.
Tinham poucas coisas que os Orcs não levariam, como livros, móveis e Pulseiras de Armazenamento. Devido à inaptidão dos Dobats com magia, acessar as Pulseiras era quase impossível, então muitas vezes eles não as levavam consigo, já que não poderiam obter os itens lá de dentro.
No fim, Fernando sabia que quando tudo fosse analisado e vendido, seu Batalhão Zero teria uma grande quantidade de fundos para se manter em operação por um bom tempo.
“Infelizmente isso é apenas o preço de venda comum. É improvável que consigamos vender por esse preço numa zona de guerra. Devemos conseguir no máximo metade dessa quantia quando os comerciantes chegarem a Garância.” O jovem Tenente disse, jogando um balde de água fria em todos.
Apesar disso, ninguém parecia muito desanimado, mesmo que vendessem a metade do valor de mercado, ainda poderiam obter cerca de 30 moedas de ouro, isso era o mesmo que 30.000 moedas de prata!
“A partir de agora faremos a repartição dos lucros da seguinte forma: 50% de todo o saque que tivermos será dividido entre todos os Pelotões, cada um receberá o equivalente a suas contribuições e conquistas. 5% será destinado aos Subtenentes e Sargentos, 5% a Unidade de Logística, 20% a mim, o Tenente, e os 20% restantes serão usados para indenizações, gastos discricionários e como reserva de dinheiro para o Batalhão Zero, podendo ser movido apenas por mim ou os Subtenentes.” Fernando falou, de forma calma e devagar, para que todos entendessem.
Mesmo que fosse vantajoso ter todo o dinheiro em suas mãos para ser usado como quisesse, também vinha com uma série de responsabilidades e problemas. Foi por isso que decidiu compartilhar esse fardo.
Repassando os valores para os Oficiais, esses poderiam repassar para os Cabos e assim por diante, criando um sistema semelhante ao que ele já fazia anteriormente, no qual cada um poderia gerir o dinheiro conforme as necessidades de suas tropas. Por exemplo, se um Soldado tivesse mais conquistas, o Cabo poderia optar por investir mais nele. Ou se eles precisassem de mais armaduras, poderiam usar parte desses fundos para isso.
No sistema atual, os soldados nunca recebiam o dinheiro de saques diretamente, mas sim em benefícios fornecidos pelo Batalhão Zero. Poderia parecer algo injusto, mas Fernando sentiu que era seu jeito de fazer as coisas e funcionaria melhor do que o modelo comum, adotado pelo restante do exército.
No modelo comum, os Soldados recebiam seu salário e quando houvesse saque, cada um receberia uma pequena parte. Contudo, despesas como equipamentos, manutenção, poções e em alguns lugares até alimentação, era por conta própria deles.
Já no modelo criado por Fernando, os soldados recebiam apenas seu salário, mas todo o restante seria de responsabilidade do Batalhão. Desde mantimentos, poções, equipamentos e até mesmo indenizações eram pagas as famílias dos mortos, algo impensável em qualquer outro lugar.
Ou seja, no Batalhão Zero, eles não precisavam gastar seus salários para sobreviver e poderiam economizar para investir em si próprios, sem se preocupar com outras coisas. O que era muito melhor, já que nem sempre haveria missões ou saques disponíveis.
“Alguém tem algo contra esse planejamento ou dúvidas?” O jovem Tenente perguntou, fitando com seus olhos ao redor.
“E quanto aos Esquadrões Nomeados, quem ficará responsável por suas despesas?” Lenny perguntou, dando voz a dúvida de alguns dos Oficiais.
Mesmo que os Esquadrões Dama de Prata e Valorosos atuasse sobre o Primeiro e Segundo Pelotões em alguns momentos, integrando-os em batalha, em tese, o comando deles deveria ser do Tenente, já que eram tropas independentes. Sendo assim, não estava claro se as responsabilidades financeiras estariam com Noah e Trayan, ou com Fernando.
Era importante definir isso, pois dependendo de quem seria o responsável, significaria mais ou menos fundos para os Oficiais Imediatos usarem nos demais Esquadrões comuns.
Ouvindo isso, o jovem Tenente ficou pensativo. Mas logo chegou a uma solução.
“Os custos dos Esquadrões Nomeados serão subtraídos da reserva financeira do Batalhão.”
Trayan e Noah, que ouviram isso, ficaram satisfeitos, já que teriam mais recursos disponíveis. Os demais Oficiais também não pareciam se importar, já que não os afetaria e futuramente, novos Esquadrões Nomeados poderiam acabar surgindo entre suas fileiras, o que os beneficiária.
“Alguém tem mais alguma pergunta ou objeção?” Fernando perguntou, novamente.
Dessa vez nenhum dos Oficiais ou Cabos se pronunciou a respeito, todos pareciam de acordo.
Inicialmente alguns estavam indispostos com esse modo de distribuição de recursos, pois era muito incomum, mas conforme observavam o crescimento assombroso de força do Batalhão Zero, notaram que esse método parecia trazer ótimos resultados.
Trayan e Lenny, em especial, aceitaram bem o modelo de Fernando, pois esse se assemelhava um pouco ao utilizado pelas Guildas.
“Muito bem, então está decidido.” O jovem Tenente falou, então, moveu o pulso, jogando dezenas de moedas de ouro e prata sobre a mesa. “Por enquanto, irei pagar cada um com meu próprio dinheiro.”
Quando o grupo viu as pilhas de moedas, não puderam deixar de encarar seu líder, sem entender de onde ele havia tirado tanto dinheiro.