Knight Of Chaos - Capítulo 461
Sobre a mesa, havia dezenas de moedas de ouro e centenas de prata, no total era o equivalente cerca de 30 moedas de ouro.
Todos não puderam deixar de olhar em direção a Fernando, sem entender de onde ele havia tirado tanto dinheiro.
“Quando conseguir vender os cristais, pegarei o que gastei. E se conseguir vender por um preço melhor, também irei dar-lhes a diferença equivalente.” Fernando disse, deixando tudo o mais claro possível.
Já que a partir daquele momento as finanças seriam compartilhadas com todo o Batalhão Zero, ele não poderia mais fazer as coisas como eram antigamente. Sendo assim, tentaria deixar transparente toda a administração do dinheiro e saques.
Muitos queriam perguntar de onde o jovem Tenente havia conseguido tal soma, mas no fim, ninguém teve coragem. Mesmo que ele tivesse ganho algum dinheiro secretamente, não era algo que tinha relação com ninguém além dele próprio.
“Bem, agora vamos para o próximo assunto. Sobre as baixas que tivemos.” Fernando falou com um rosto sério.
Quando ele tocou nesse assunto, o humor de todos na sala caiu consideravelmente.
Um dos mais afetados era Gabriel, que teve seu amigo próximo, Kain, morto em combate na última batalha. Como o sujeito era alguém que o seguiu por anos, desde quando ele era apenas um Cabo que esteve à frente do Esquadrão 21 na Décima Terceira, não era fácil para ele lidar com isso.
Nesse momento, Theodora deu um passo à frente, ficando ao lado do jovem Tenente, que estava sentado à mesa.
“Somando as perdas que tivemos nas Tropas de Exploração e durante essa última batalha, tivemos um total de 147 baixas desde que saímos de Belai, incluindo quatro Cabos.” A mulher disse, com alguns papéis em mãos. “Com exceção da Unidade de Logística, temos um total de 384 combatentes.”
Ao saberem dos números exatos, muitos tinham expressões escuras em seus rostos, principalmente os Cabos que tiveram seus Esquadrões quase dizimados.
“Sequer temos gente suficiente para quatro Pelotões completos.” Ilgner disse, com os braços, agora recuperados, cruzados. “Felizmente nossa cadeia de comando não foi muito afetada, mas talvez tenhamos que reestruturar nossas forças com o que temos.”
Muitos franziram a testa com a declaração do Subtenente. Reestruturar as forças significava desmantelar alguns Esquadrões para suprir outros, se isso ocorresse, alguns dos Cabos ali presentes seriam rebaixados.
Na verdade, mesmo Noah, Trayan, Kelly, Archie e Gabriel se entreolharam, com preocupação em seus olhos. Mesmo Oficiais não seriam poupados caso isso ocorresse, afinal havia cinco deles ali e tropas suficientes para apenas quatro Pelotões. Então pelo menos um deles seria removido de sua posição atual.
Normalmente, se estivessem em uma cidade comum, poderiam apenas abrir uma campanha de recrutamento, para repor suas perdas, mas como Garância estava totalmente devastada, simplesmente não existia uma população ali para tal demanda.
“Isso não será necessário.” Fernando disse, com uma voz calma. “Irei conversar com o General Dimitri, talvez possamos negociar uma transferência de tropas.”
Ouvindo isso, todos ficaram surpresos e, ao mesmo tempo, com alguma expectativa em seus rostos. Um simples Tenente que conseguia conversar e até negociar diretamente com um General não era algo comum.
Apesar disso, ninguém estava surpreso, ao ver como Dimitri valorizava o rapaz, ao ponto de lhe dar o comando de uma Divisão, mesmo sob o risco de ser punido.
O próprio Fernando também estava confiante na negociação. O jovem sabia o valor que ele e o Batalhão Zero possuíam atualmente para o General e pretendia usar isso a seu favor.
No fim, após discutirem sobre mais uma série de coisas, ficou decidido que esperariam mais alguns dias. Se o Tenente não conseguisse mais tropas para repor as perdas, eles iriam cortar um Pelotão inteiro.
Lina também assumiu oficialmente sua função como Tesoureira do Batalhão Zero, sendo responsável pela distribuição de recursos conforme as ordens de Fernando e dos Subtenentes, que analisariam as conquistas de cada Pelotão individualmente.
Assim, os recursos foram rapidamente distribuídos, com o Primeiro e Segundo Pelotão, de Noah e Trayan, sendo aqueles que mais tiveram méritos e consequentemente mais recursos.
Após a repartição, os fundos do Batalhão foram guardados em uma Pulseira de Armazenamento especial, que ficaria sempre com Fernando.
Naquela mesma noite, os Generais fizeram uma cerimônia, em homenagem aos mortos que pereceram em batalha, assim como a população de Garância, que foi brutalmente chacinada pelos Orcs.
Na manhã seguinte, enquanto todas as tropas ainda estavam se organizando em suas respectivas áreas designadas, dezenas de figuras foram vistas voando nos céus ao longe.
“Ataque inimigo!” Um Soldado, na guarita das muralhas, gritou, assustado, enquanto outro estava prestes a acionar o alarme da matriz da cidade, quando uma mão tocou seu ombro, impedindo-o.
“Sem pânico, seus maricas, são aliados.”
O sujeito em questão era o Major Jack, ele já havia recebido informações de que os reforços chegariam em duas levas, com algumas tropas aéreas vindo naquele dia e as tropas terrestres no dia seguinte, então rapidamente enviou uma mensagem ao General Comandante.
Logo as figuras longínquas aproximaram-se, sendo autorizadas a adentrar no espaço aéreo de Garância após uma pequena verificação na comunicação, então uma pequena brecha foi aberta na matriz defensiva, permitindo que entrassem.
O grupo de cerca de quarenta pessoas pousou no topo das muralhas, chamando a atenção de todos os Soldados ao redor.
“I-isso… tantos assim?!” Um dos homens na patrulha exclamou, incrédulo, ao ver as insígnias em seus peitos.
O motivo para isso era apenas um, esses indivíduos que haviam chegado, eram todos Majores!
Com tal poder militar, mesmo que o exército Orc atacasse novamente, eles poderiam se manter facilmente!
A única exceção dentre os quarenta Majores era um homem negro com cabelos curtos grisalhos e um bigode reto, bem-arrumado, vestindo uma armadura negra-dourada e uma luva dourada em sua mão direita.
“General Pagliuca!” Uma voz soou do alto, vindo de dentro da cidade, quando cinco figuras voaram em direção às enormes muralhas, pousando a frente do homem. Estes eram Wayne e os demais Generais, que haviam vindo receber esse homem pessoalmente.
“General Wayne, é um prazer revê-lo, é gratificante ver que você foi bem-sucedido em sua missão.” O homem negro disse, de forma polida e respeitosa, enquanto seu olhar varria ao redor e em direção à cidade, num misto de arrogância e altivez. “E pensar que com uma força tão pequena e improvisada, você realmente tomou esse lugar das mãos daquelas coisas. Realmente digno de sua reputação.”
O sujeito percebeu que as armas de defesa originais da cidade estavam destruídas, então Balistas Explosivas haviam sido posicionadas ao longo das muralhas, melhorando em muito a força de defesa, o que era importante, já que atualmente Garância estava relativamente vulnerável.
Como alguém da Cidade Dourada, Pagliuca havia obviamente recebido notícias da aquisição de Wayne dessas Balistas e ficou impressionado que eles ainda tivessem tantas após a batalha.
“Realmente não sou digno, General. Foi apenas graças à capacidade dos demais Generais e da perseverança das tropas.” Wayne respondeu, com humildade. Apesar disso, seu olhar analisava o sujeito à frente com alguma frieza.
Na noite anterior, ele havia recebido um informe que as cidades ao redor e da retaguarda estavam reunindo uma força de defesa, com um total de quarenta Majores. Dentre esses, alguns eram de cidades de outras legiões, postos avançados e alguns de Guildas Mercenárias contratadas.
Não era como se essas cidades e postos avançados quisessem realmente enviar forças para apoiá-los, já que isso reduziria suas próprias defesas, mas simplesmente não tinham escolha. Se Garância fosse mantida, as tropas inimigas iriam focá-la no lugar delas, então se tornou uma necessidade apoiá-la ao saberem de sua retomada.
Entre essas cidades, havia vindo até mesmo um Major de Belai, que com a tomada de Garância, estaria numa posição muito mais confortável e segura, não mais sendo a vanguarda e sim a nova retaguarda.
Wayne também sabia que um General dos Leões Dourados seria enviado para liderar o grupo de Majores das cidades vizinhas, mas ele simplesmente não imaginou que alguém como esse homem viria.
Moura Pagliuca, um General da sede do poder dos Leões Dourados, vindo diretamente da Cidade Dourada.
O fato de um indivíduo pertencente ao alto escalão da Legião, liderar um grupo de apoio não era estranho. Em guerras de larga escala como essa, era normal que a Cidade Dourada se tornasse cada vez mais ativa. O real problema era, por que alguém como esse homem estava na região de prontidão? A resposta para isso era simples, ele não estava ali por eles e sim para apoiar o General Dimas.
Entretanto, o fato do homem ter desistido de apoiar o General Supremo e ter vindo para Garância só poderia significar uma única coisa.
Eles falharam. Wayne, Zado e os demais Generais pensaram ao mesmo tempo.
No momento, mesmo que mantivessem um sorriso cortês e respeitoso com o sujeito, estavam se regozijando por dentro. Eles, com um mero exército de pouco mais de 40.000, usando tropas estrangeiras e mistas, haviam alcançado seu objetivo e conquistado Garância, enquanto Dimas Ortega, o General Supremo, com um poderoso exército de 160.000, com diversos Generais, falhou em obter La Rosa.
“Não seja humilde, General Wayne, o fato de você ser o Comandante certamente foi um fator decisivo para a vitória.” O homem negro disse, de forma polida, apesar disso, seus olhos bem treinados notaram o humor dos Generais a sua frente. Então, como se soubesse o que estavam pensando, adentrou no tema em questão. “É realmente uma pena que o General Supremo não tenha tido êxito, caso contrário, os Leões Dourados teriam tido uma vitória em duas frentes.”
Wayne, como um veterano em politicagem, sabia que o sujeito estava sondando-o. O fato da notícia da falha de Dimas ter sido escondida até esse momento, deveria ter tido o dedo desse sujeito, Pagliuca. O homem provavelmente queria informá-lo pessoalmente. A questão era, por quê?
De repente, os olhos do General Comandante brilharam, quando pensou em algo.