Knight Of Chaos - Capítulo 424
Em meio a Sexta e Sétima Brigada, as tropas estavam se preparando para a investida dos Dobats, que ameaçavam saltar pelas chamas que enfraqueciam pouco a pouco.
O Capitão Johnathan, que antes liderava a Sexta Brigada, agora também estava lidando com os assuntos da Sétima.
A verdade é que ele mal estava conseguindo controlar a Sexta Brigada, havia muitos feridos e baixas, agora que ele precisava lidar também com a Sétima que estava num estado ainda pior, sua cabeça estava prestes a explodir.
A todo momento havia pessoas pedindo reforços ou solicitando pedidos de retirada. Alguns setores, principalmente da Sétima, estavam até mesmo ameaçando debandar!
Merda, ele disse que ia entrar em contato… O homem pensou, com uma ansiedade aguda, ao lembrar-se do tal Tenente Fernando, que estava controlando as Balistas Explosivas.
Ter sua vida nas mãos de outras pessoas era algo que qualquer um odiaria, ainda mais sendo uma pessoa cujo qual o rosto não havia visto uma vez sequer!
“Leve seus homens, apoie o Terceiro Batalhão.”
“Mas senhor, se sairmos daqui esse lugar vai ficar comprometido… Não podemos arriscar sua segurança.” Um Tenente ensanguentado e de cabelos curtos disse, ansioso, enquanto olhava para a linha de frente, onde cada vez mais Orcs Dobats saltavam sobre as chamas das Balistas, batendo contra os escudos dos soldados e os empurrando.
“Você tá me subestimando?! Porra! Eu sou um Capitão, eu não vou morrer tão fácil! Agora mova essa bunda daqui e garanta que o Terceiro Batalhão não seja dizimado!”
Apesar de relutante e com um olhar preocupado, o Tenente conhecia bem o Capitão Johnathan e sabia que não conseguiria convencê-lo do contrário. Então, rapidamente levou seu punho ao peito, o saudando uma última vez.
“Sim, senhor!”
O Capitão, vendo isso, também levou o punho ao peito esquerdo, devolvendo a saudação. Então observou com olhos calmos, enquanto o sujeito levava um punhado de Soldados de Elite com ele.
A verdade é que os Orcs não eram tão estúpidos quanto a maioria das pessoas imaginava. Depois de tantos confrontos, investidas e sondagens, as criaturas já haviam descoberto que a base da cadeia de comando e o local mais bem protegido daquela Brigada ficava ali. Quando os últimos resquícios das chamas das Balistas acabassem, aquele seria o local mais fortemente atacado!
Com uma disparidade tão grande de força, seria impossível defender aquele ponto e Johnathan, como o Capitão Comandante, obviamente, sabia disso. Então, no lugar de sacrificar toda a cadeia de comando, ele espalhou seu pessoal ao longo da Sexta e Sétima Brigadas, na esperança de que as tropas não caíssem em caos caso ele fosse morto.
Enquanto o homem se debruçava lançando ordens para os poucos Tenentes e Subtenentes que haviam restado e organizando as fileiras, para se preparar para o próximo confronto total, ouviu um anúncio de emergência de seu Cubo Comunicador.
“Eu, Dimitri, declaro agora que na minha ausência e dos demais Majores, o Tenente Fernando será o responsável pelo comando e decisões do Quartel e tem total autonomia. Qualquer um que recusar ordens dele, estará recusando meus próprios comandos!”
Quando o homem ouviu as ordens dadas pelo próprio General, seu rosto travou, cheio de incredulidade. Ele sabia quem era Fernando, afinal, concordou em seguir suas ordens, já que o sujeito controlava as Balistas, mas ainda não conseguia acreditar naquilo.
“Desgraçado, filho da… Tá de brincadeira? Um Tenente tá assumindo o comando de toda a Divisão?” O homem falou consigo mesmo. “Quem é esse cara, afinal?”
…
Enquanto isso, na área das Balistas, Fernando observou com olhos calmos, enquanto Alfie Caiman continuava a alterar as Runas e Matrizes das outras armas de guerra, usando a primeira como base.
Wedsnagauer estava próximo a ele, olhando tudo com um olhar atento.
“Obrigado por ter me acompanhado nisso, e me desculpe, caso tenha se sentido ofendido, sua atuação foi realmente impressionante… professor.” Fernando disse, falando a última palavra depois de algum tempo, ainda estando desacostumado de chamar alguém além de Gallia de ‘professor’.
Se o velho homem, junto a Alfie, não tivessem o acompanhado em sua mentira, seria difícil explicar a situação deles para o alto comando. Afinal, um Mestre de Runas era uma força reconhecida, e o fato de um ter se infiltrado silenciosamente em meio a suas fileiras, seria visto como uma ameaça.
Wedsnagauer tinha um olhar confuso, enquanto olhava para o jovem.
“Atuação? Que atuação?” perguntou.
Ouvindo isso, Fernando tinha uma expressão estranho em seu rosto.
Como se não fosse afetado por isso, o velho Doutor olhou em volta, como se procurasse por algo.
“E-eu, já comi meu mingau? Eu não consigo me lembrar…”
Suspira!
Balançando a cabeça, o jovem Tenente caminhou em direção a Alfie.
“Quanto tempo para as Balistas estarem prontas? As tropas no fronte Leste não vão aguentar por muito tempo.”
O homem de óculos parecia concentrado, enquanto manuseava a Matriz de uma das Armas de Guerra.
“Não muito, mais uns quatro ou cinco minutos.” Alfie disse, sem desviar o olhar. “Mas você sabe que isso não vai ser suficiente, certo?”
Em resposta a indagação do homem, o jovem Tenente ficou em silêncio.
A verdade é que o cenário atual da Quinta Divisão não era nada bom. Mesmo que eles tivessem conseguido lidar com o Lorde Xamã, as condições continuavam precárias.
Ao Sul, a Oitava Brigada mal estava resistindo, numa proporção de quase dois Orcs para cada soldado. Ele havia ordenado que entrassem em contato com as tropas na área para um levantamento de tropas, mas ainda não havia obtido uma resposta. Então só poderia se basear nos dados antigos, onde haviam 5.000 Orcs, contra 3.000 da Oitava Brigada.
Já ao Leste, as circunstâncias eram ainda piores. Desde o último informe, onde o Capitão Johnathan havia enviado os dados, havia cerca de 8.500 Dobats, contra apenas 2.600 homens, que restaram da Sexta e Sétima Brigadas.
Era uma proporção de mais de três Orcs por Soldado, levando em conta que normalmente são necessários dois Soldados experientes para enfrentar cada Orc numa batalha normal, na atual situação, era como se eles estivessem contra um exército de 17.000 Humanos. Por mais que as Balistas fossem uma grande vantagem, não seriam o suficiente para contrabalancear tal diferença monstruosa de forças.
“Eu estou ciente.” Fernando respondeu, depois de algum tempo. “Vou deixar as Balistas para você, precisamos delas o mais rápido possível.”
Após dizer isso, o jovem Tenente afastou-se, deixando Alfie em seu trabalho. O homem olhou para as costas do rapaz, com um misto de preocupação e expectativa.
O Assistente, Rafael Rodrigues, estava coordenando os Soldados e Operadores, sua expressão era de inquietação, enquanto trabalhava sob o olhar atento de Thom, que o observava em silêncio, como um carrasco olhando para um prisioneiro.
Ao ver o Tenente aproximar-se, sentiu-se ainda mais assustado. Ele havia enviado mensagens secretamente ao Major Jack, relatando todas as coisas suspeitas que o rapaz havia feito, mas ele nunca imaginou que a situação mudaria por completo, com o próprio General Dimitri nomeando o rapaz para comandar a Divisão inteira!
Nesse momento, Rafael sabia que estava entre a cruz a e a espada, ele havia repetidamente ofendido alguém que não deveria ser provocado!
Logo Fernando chegou ao lado de Thom, enquanto olhava para o Assistente.
“E então?” perguntou, de forma calma.
“Ele não mandou mais nenhuma mensagem, chefe. Nosso amigo aqui até me deu seu Cubo Comunicador de bom grado.” Thom disse, com olhos fixos no homem, enquanto brincava com o objeto em suas mãos, que salteavam entre seus dedos. “Ele não seria idiota de tentar algo mais uma vez.”
O Assistente logo sentiu um calafrio ao ouvir essas palavras.
“A-absolutamente, não! Eu não ousaria!”
Vendo isso, Fernando assentiu.
“Quando as Balistas estiverem prontas, é melhor que todas estejam carregadas.”
“Elas estarão, elas estarão… Você tem minha palavra, Tenente, ou melhor, Comandante!” O homem disse, cheio de medo. “O senhor é a esperança dos nossos homens, eu te seguirei até o fim!”
Fernando revirou os olhos com a falta de vergonha do sujeito. Então olhou para Thom com curiosidade.
Ele estava cada vez melhor em agir, mesmo diante de circunstâncias difíceis. Não havia mais tanta hesitação em suas ações, na verdade, parecia haver até alguma confiança. Era algo completamente diferente do passado.
“Mande alguém cuidar dele, preciso de você para outra tarefa.” O jovem Tenente falou, após pensar um pouco. Já era hora de dar mais responsabilidades ao rapaz e ver se ele era realmente capaz de lidar com isso.
“Entendido.” respondeu, sem hesitar. “Qual é o trabalho?”
Fernando tinha um rosto calmo e inexpressivo.
“Nada de mais, só preciso que você destrua o exército de Orcs Dobats ao Leste.”
Quando Thom ouviu isso, seu corpo travou e sua expressão mudou.