Knight Of Chaos - Capítulo 309
Saindo da Residência da Guilda do Batalhão Zero, os esquadrões avançaram de forma ordenada.
Assim que as pessoas viram as tropas saindo militarizadas, com sons de guerra, sabiam que havia algo de errado.
Fernando, Theodora e alguns outros estavam à frente. Logo atrás, o Esquadrão Dama de Prata com seus grandes Lobos Prateados chamaram atenção, assustando muitos. Afinal, poucos batalhões tinham tropas montadas.
Muitos espiões, jornalistas e pessoas que trabalhavam com informações rapidamente saíram do local, apressando-se para levar as notícias a seus devidos poderes.
Fernando que viu isso, tinha uma expressão calma no rosto.
A verdade é que mesmo que valorizasse Emily como alguém da família, não era tolo de entrar num confronto total com uma guilda forte apenas por ela. O principal motivo aqui era passar uma mensagem.
A Guilda Fúria só se atrevia a mexer com um membro do Batalhão Zero devido ao fato de subestimarem sua força e pensarem que um batalhão recém formado era fraco e vulnerável.
Sabendo disso, Fernando decidiu agir com força. Mesmo sabendo que talvez fosse penalizado por isso, seja por Dimitri ou pelo Salão de Belai, ele jamais permitiria que outros desprezassem ou se aproveitassem de seu povo. Por isso ele usaria a Guilda Fúria como exemplo, para que outros poderes e forças soubessem que eles não eram presas fáceis.
O fato do Batalhão Zero marchar pelas ruas da cidade não passou despercebido pelo Salão de Belai, que logo despachou tropas para interceptá-los. No entanto, pouco depois, o próprio General Telles ordenou que não interferissem e apenas observassem de longe.
Isso deixou muitos Oficiais do alto escalão da cidade chocados, mas nenhum se atreveu a ir contra as ordens.
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Sentado em uma sala, Dimitri recebeu o relatório a respeito das atividades do Batalhão Zero. Vendo isso, ele suspirou.
“Esse moleque, mal foi promovido e já está me causando dor de cabeça…” Apesar de dizer isso, Dimitri não pareceu interessado em se envolver.
Desde que havia se tornado um General, junto a ameaça que levantaram contra Dimas Ortega, isso significava que ele não poderia agir sem pensar. Qualquer deslize de sua parte daria a chance de seus oponentes dentro dos Leões Dourados apontarem seus dedos e tomarem medidas.
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Em outro ponto da cidade, na prisão da Guilda Fúria, dois guardas arrastavam pelos braços uma garota ruiva algemada.
“Seus fodidos, eu vou arrancar o olho de vocês e comer no café da manhã!” A mulher gritou.
“Tá, tá, tanto faz.” Um dos homens disse de forma indiferente, até que chegaram às celas, abrindo uma e jogando a garota dentro. Essa garota era a Emily.
“Ei, não joga ela assim, idiota! Se machucar o rosto dela, o líder vai quebrar suas pernas.” Um dos guardas, o mais baixinho, falou.
“Quanto exagero, ela não é de vidro. Aliás, essa é a quarta ou quinta só esse mês, o líder não consegue ficar satisfeito com as que já tem?” O guarda mais alto e magro falou.
“Quem sabe? Nunca vamos entender os caprichos do pessoal do topo. Por sinal, ouvi dizer que essa daí é membro de um Batalhão dos Leões Dourados, será que não vai dar dor de cabeça?”
“Hahaha, dor de cabeça? É só um batalhão qualquer, quem se importa com essas formigas?” Ouvindo isso, Emily que estava levantando-se, olhou com frieza em direção ao homem, que, em contrapartida, apenas sorriu . “Olhando bem, ela até que é uma belezinha, acho que vou tirar uma casquinha.”
Após dizer isso, o sujeito abriu a porta e começou a baixar as calças.
“Tá maluco? Se o líder souber, ele vai te matar!” O baixinho falou, apressadamente.
“Ele nem vai saber, vou usar só a língua afiada dela.” O homem falou, rindo.
O baixinho, que olhou para a ruiva na cela, franziu a testa.
“Não acho uma boa ideia.”
“Por que não?” perguntou o magro.
“Acho que ela vai morder.”
“Morder?”
Então ambos olharam para a pequena ruiva, que estava sorrindo, mostrando o par de caninos afiados.
“Porra!” O homem gritou, fechando a cela e subindo as calças assustado. “Vadia!”
Após lançar o insulto, ambos os homens saíram, o magro parecia borbulhar de raiva.
Vendo isso, Emily suspirou, mesmo que tentasse pôr uma fachada forte, estava um pouco assustada com a situação.
Não é que ela não soubesse dos podres que aconteciam nesse mundo. Afinal já tinha ouvido muitas histórias e visto algumas coisas, mas como sempre esteve sob a asa de Fernando e dos outros, nunca havia sentido na pele o medo e o desespero de cair numa situação tão desesperadora por conta própria.
“Ei mocinha, se quer sobreviver aqui, insultar os guardas é a pior escolha possível.” Uma voz soou, na cela ao lado.
Emily olhou em direção a voz, apesar de um pouco escuro, conseguiu identificar que havia dois homens na cela da direita. Um estava deitado de bruços, parecia estar dormindo, enquanto o outro estava sentado, encostado na parede. Parecia um homem na casa dos trinta.
“E o que caralhos você quer que eu faça?” Emily disse, irritada. Estar nessa situação já era ruim o suficiente, mas ouvir pessoas alheias dando pitaco tornava as coisas ainda piores.
“Para que tanta raiva, garota? É assim que as coisas são, infelizmente. As vezes aceitar sua situação pode ser melhor do que ir contra a maré.”
“Humph!” Bufando de raiva, a pequena ruiva sentou num canto. Mesmo com seus status, era impossível se livrar das algemas pesadas. Ambos os pulsos estavam firmemente amarrados um ao outro.
Olhando para a ponta de seus dedos, concentrou-se. Pequenas faíscas estalaram, mas não havia sinal de chamas.
“É inútil, essas são algemas que quebram o fluxo de mana. É impossível usar magia usando isso.” O homem da cela ao lado tornou a falar.
“E quem diabos é você? Por que está preso aqui? Vai dizer que aquele abusador de merda também te achou bonito?” A pequena ruiva falou, com desdém.
“Eu? Sou só um humilde assistente, ninguém importante realmente. Me chamo Alfie Caiman, estudante no complexo e intrigante campo de runas.” O homem falou, aproximando-se das grades da cela de Emily, finalmente sendo possível ver seu rosto.
Era um homem com uma barba mediana e cabelos longos bagunçados. Usava óculos com lentes transparentes, o que era raro em avalon.
“Alfie? Isso lembra alce, nunca vi nome mais ridículo.” A pequena ruiva respondeu, com uma leve arrogância.
Ouvindo isso, o sujeito chamado Alfie não parecia irritado, ele sorriu como se estivesse se divertindo com os insultos da garota.
“Quem é o outro que está com você? Ta morto?” Emily perguntou, olhando para o homem que estava deitado numa posição estranha no fundo da cela.
“M-morto? Não fale isso nem brincando mocinha, esse homem é um gênio entre os gênios, perder ele seria uma perda para todo o campo de estudo das runas.”
Emily, que ouviu isso, levantou uma sobrancelha. O sujeito que dormia de bruços não parecia em nada com um ‘gênio’. Aproximando-se da cela dos dois homens, sentiu um forte odor, fazendo-a franzir a testa.
“Você diz isso, mas tá cheirando a podre. Isso com certeza é um cadáver… Não me diga que você é um necro…”
“Ei, ei, ei! Não se atreva a dizer isso garota! Esse é o homem que mais admiro, ele é o doutor Wedsnagauer!”
“We-Wed, Wed o quê?” Emily perguntou, confusa, com o nome estranho.
Como se fosse ressuscitado do mundo dos mortos, o homem deitado de bruços remexeu-se, virando-se numa posição estranha e balançando-se, até que levantou-se.
“Comida, ta na hora da comida? Cadê?” O homem disse, com uma voz envelhecida.
Só agora Emily percebeu que era um velho, com uma longa barba suja e negra devido a sujeira.
Enquanto olhava para os lados, o velho parecia buscar algo, então ficou desesperado.
“Onde está? Cadê? Caiman! Você comeu minha comida?! Me devolva meu mingau, Caiman!” O velho gritou, indo em direção ao homem e balançando-o.
“Doutor, doutor, acalme-se, ainda não está na hora.”
Ouvindo isso, o velho arregalou os olhos.
“Oh, certo, não é hora ainda.” Então o velho voltou a deitar, ignorando tudo ao redor.
“Olha só o que você fez, acordou o doutor.” Alfie disse, em direção a Emily, enquanto suspirava.
“Doutor? ele parece um mendigo…” A ruiva falou, com uma expressão de nojo, enquanto tapava o nariz com o odor que levantou-se.
“Bem, estamos aqui há quase dois meses… Então ele está um pouco confuso.” Alfie falou, sem graça.
“E como vieram parar aqui?” Emily perguntou, mesmo que não estivesse realmente interessada nos dois homens estranhos, queria distrair sua mente da situação atual.
“É… Complicado. Em suma, estávamos de passagem numa aldeia próxima, colhendo materiais e fazendo estudos. Apesar do doutor Wedsnagauer não ser tão famoso, ele ainda é considerado um Mestre em Runas.” O homem disse, com algum orgulho. “Quando a Guilda Fúria soube sobre nós, nos convidou para um trabalho. Entretanto, o doutor não estava interessado… Isso os irritou, então nos capturaram e nos prenderam.”
Emily que ouviu isso, levantou uma sobrancelha, desconfiada. Desde que veio para o sul, aprendeu sobre muita coisa a respeito de Avalon.
“Você diz que ele é um Mestre de Runas? Pelo que soube, os Mestres de Runas são fortes, tão fortes quanto Generais, como alguém assim seria capturado por esses lixos?”
O homem que ouviu isso, forçou um sorriso.
“É complicado… O doutor não está em seu melhor estado atualmente…” Então, mostrando-se incomodado, mudou de assunto. “E você mocinha, como te pegaram? De onde você veio?”
Emily, que ouviu isso, levantou-se, então empinou o nariz.
“Eu sou Emily Woods, Cabo do Batalhão Zero!” A garota falou, de forma pomposa.
“Nunca ouvi falar…”