Knight Of Chaos - Capítulo 294
Com Karol aprovando os dois homens, Fernando chegou a seu lado, então falou em voz baixa.
“Você os derrubou, vai aprová-los mesmo assim?” perguntou, com um rosto calmo.
Com a pergunta de Fernando, Karol olhou para ele, então moveu seu cabelo até atrás da orelha, Fernando sabia que ela só fazia isso quando estava muito feliz.
“Ambos são muito habilidosos, se fosse antes das poções, dificilmente os venceria. Só vou ter que trabalhar essa personalidade puxa saco deles, se não tivessem atacado com tudo no final, teria recusado os dois.” Karol respondeu, rindo.
Vendo isso, Fernando sorriu, então assentiu. Então pensou em algo.
“Quando acabar as avaliações, podemos falar em particular?”
Karol ficou surpresa com isso, mas assentiu.
“Claro.”
Após dizer isso, Fernando saiu. Karol olhou para suas costas com curiosidade, mas logo focou-se nas pessoas que aguardavam.
Após os dois primeiros, a maioria tinha um nível de manuseio de suas armas apenas acima do mínimo. Karol recusou a maioria. Mesmo que ela própria não tivesse muito tempo nesse mundo, devido a sua falta de talento anteriormente, focou todos seus esforços em dominar a lança. Poderia-se dizer que ela estava acima da média nessa questão.
Fernando sentou-se em uma arquibancada ao longe, observando as lutas uma por uma, sua mente vagando. Mesmo que ambos fossem namorados há algum tempo, se convenceu que deveria pedi-la em casamento. Entretanto, algumas ideias nebulosas surgiram em sua mente.
E se ela recusar? pensou, inquieto.
Se caso Karol não quisesse ‘oficializar’ sua relação e recusasse, o que aconteceria com sua relação? Eles ainda ficariam juntos? Ficaria algum clima estranho entre eles? Essas dúvidas o deixaram cheio de medo.
Enquanto divagava, algo aconteceu em uma das lutas. Um homem, parecia ter em torno de 40-50 anos, estava lutando contra Karol junto a outro mais jovem.
Normalmente sua idade não seria relevante, em Avalon, muitas pessoas envelheciam sem nunca subir além do cargo de soldado, então comandar pessoas acima de sua idade era algo recorrente. No entanto, o fator importante era que o sujeito estava pressionando Karol completamente.
Swish! Ting!
Perfurando para frente, o velho homem desviou o ataque, então contra-atacou, obrigando Karol a recuar.
Em um instante, Karol e o velho tinham trocado dezenas de golpes, nenhum dos dois recuou um passo sequer. A troca aconteceu numa alta velocidade, faíscas voaram para todos os lados.
O jovem, que deveria lutar ao lado do velho, nem sequer conseguia acompanhar seus movimentos, não se atrevendo a entrar na batalha.
Vendo essa cena, Fernando levantou-se.
“Esse cara… Ele é forte.”
Normalmente, a maioria das pessoas fortes teriam sido identificadas no momento em que entraram no Batalhão. Como Tenente, Fernando leu a ficha de todos, assim como seus atributos e qualidades. Entretanto, além de Leny e Trayan, nenhum tinha uma força muito acima da de um soldado comum.
O rosto de Karol estava imerso em concentração, o velho a sua frente tinha uma força e velocidade descomunal, mas isso não era o mais impressionante. O mais ameaçador nesse homem, era sua maestria com a lança.
Karol considerava-se alguém habilidosa com a lança, mas perto desse homem, ela era como uma completa novata. Sempre que atacava num ponto, ele defendia-se de imediato, como se já tivesse premeditado que atacaria ali. Não só isso, mas cada um de seus contra-ataques era fluido e limpo, como se a lança em sua mão estivesse viva.
De repente, quando Karol estocou para frente, o velho homem deslizou o cabo de sua lança pela de Karol, atingindo-a na junta entre dedo indicador e polegar, fazendo-a inconscientemente largar sua arma.
Karol estava desarmada, enquanto o velho homem tinha a lança em mãos. Uma série de gritos e suspiros foram ouvidos por todo o lugar, muitos surpresos e espantados com a cena.
Quando o velho homem deu um passo à frente, um som explosivo foi ouvido, então antes que pudesse entender o que estava acontecendo, uma figura surgiu à sua frente.
“Quem é você?”
Era Fernando, apontando sua espada para o pescoço do homem.
O velho, que tinha uma pele escura e levemente enrugada, olhos castanhos, assim como uma barba branca-acinzentada mal feita, ficou surpreso. Então baixou sua lança, ajoelhando-se.
“Este quem vos fala, é Anane, meu senhor.” O velho homem disse, de forma respeitosa.
Fernando levantou uma sobrancelha ao ver a atitude respeitosa do velho.
“Por que está aqui, quem o enviou?” perguntou, ainda com a espada em punho.
O velho homem levantou a cabeça, confuso.
“Este veio por conta própria, minhas pernas foram as únicas a me trazerem aqui, senhor.”
Vendo a atitude do homem, Fernando sentiu-se estranho, não parecia estar mentindo, mas havia algo errado. A força do homem era muito alta para ter passado pela triagem sem que ninguém percebesse. Tentando se recordar das fichas, Fernando lembrava vagamente de alguem chamado Anane. Um homem de 52 anos, seus atributos base ficavam em torno de 12 pontos. Era um soldado forte, acima da média, que poderia facilmente ocupar um cargo de Cabo, mas a força que demonstrou era maior que isso.
“O que esta havendo, ele é um espião?”
“Era um assassino infiltrado?”
“Devemos capturá-lo!”
Várias pessoas falavam, sacando suas armas, causando uma grande comoção.
O velho homem parecia ansioso e com medo, mas não moveu-se no mínimo.
“Fernando, calma! Ele não é um inimigo, se ele quisesse, poderia ter me matado uma dúzia de vezes durante a luta.” Karol falou, pondo a mão em seu ombro.
Ouvindo isso, Fernando acalmou-se, então guardou sua espada.
“Todos, guardem suas armas. Anane, você vem conosco.” Fernando falou em direção ao velho, enquanto acalmava os outros.
Logo, numa sala, Fernando estava de frente para o homem, enquanto Karol, Ilgner e Theodora estavam ao lado.
“Você disse que não foi mandado por ninguém, mas em sua ficha diz que seus status de Físico e Agilidade são de 12 pontos, mas a força que demonstrou supera muito isso.” Fernando falou, num tom calmo.
O velho permaneceu calmo, seus olhos olhando para os de Fernando.
“Este não está mentindo, meu senhor. Apenas lutei com o máximo de minhas forças, para passar na avaliação.” O velho chamado Anane disse.
Nesse momento Theodora eu alguns passos, indo até a lateral do velho.
“Eu mesma lutei com você durante a seleção do Batalhão, você não era forte do jeito que o líder está falando. Se você é um inimigo, então significa que falhei com o líder, permitindo que escoria entrasse, então é melhor não mentir mais.” Theodora falou com uma voz gelada, seus olhos então começaram a brilhar fracamente num tom prateado quase imperceptivel.
Os olhos do velho homem se arregalaram, todo seu corpo se enrijeceu, sem que conseguisse se mover.
Swish!
Uma lança apareceu a frente de Theodora, que reagiu com sua adaga, defendendo-se. Era Karol.
Ela não entendeu o que Theodora estava fazendo, mas viu o terror nos olhos do velho homem.
“M-medusa!” O velho disse, com medo.
Fernando levantou-se, irritado. Então olhou para Theodora, cheio de fúria, ela havia ido longe demais, até mesmo revelando sua magia na frente dos outros.
“Theodora, já basta!”
Ouvindo seu líder gritar com raiva, Theodora baixou a cabeça e recuou, percebendo seu erro.
Fernando olhou para Ilgner, mas o mesmo não demonstrou nenhuma variação em sua expressão. Ele olhou de volta, então sorriu.
“Eu já sabia.” falou, de forma calma.
Tanto Fernando, quanto Theodora tinham rostos surpresos, mas então lembraram-se de quando os três se uniram para derrotar um Orc Líder. Naquela vez, Theodora usou sua magia para petrificar o Orc.
Fernando sentiu sua mente nadar, estava preocupado com tantas coisas, mas mais e mais apareciam para atrapalhá-lo. Felizmente, Ilgner, mesmo após descobrir sobre Theodora, não parecia descontente ou com raiva.
Karol era a unica que estava confusa ali, sem entender o que tinha acontecido ou o que significava ‘Medusa’.
“Diga, se você não foi enviado por ninguem, como mostrou tanta força?” Fernando perguntou, ignorando a situação atual.
O velho homem estava com medo, ainda olhando para a bela mulher de cabelos negros.
“Este velho Anane serviu em muitas guildas, lutei em muitas guerras, mas mesmo antes de vir a esse mundo, a lança sempre foi minha companheira.” O velho homem disse, falando sobre como costumava usar uma lança para caçar na Terra.
O sujeito vinha de uma pequena tribo na África, onde era um dos caçadores mais habilidosos. Então quando veio a esse mundo, adaptou-se rapidamente, afinal, a vida aqui não era mais difícil para ele do que quando estava na Terra.
Após isso, disse algo que surpreendeu a todos.
“Anane aprendeu muito por onde passou, sendo presenteado com cinco magias de incremento, então é por isso que minha força é maior que meus atributos.”
Quando todos ouviram isso, ficaram estupefatos.
Fernando inicialmente era um leigo sobre o assunto, mas desde que assumiu o cargo de Tenente, vinha lendo muitos livros e começando a entender melhor esse mundo.
Magias de Incremento eram algo muito importante em qualquer legião, isso porque poderiam temporariamente aumentar os atributos básicos das pessoas por um curto intervalo de tempo. Em suma, tinham um efeito muito parecido com um Anel Domus.
No geral, não precisava dominar muito sobre magia para se usar uma magia de incremento. Entretanto, o problema era consegui-las. Poucos magos conseguiam criar magias de incremento e os poucos que dominavam isso, eram magos de elite das legiões.
Essas magias eram guardadas a sete chaves pelas legiões, sendo apenas vendidas aos seus soldados por meio de Pontos de Contribuição e proibidos de transmiti-las para terceiros sob pena de morte ou prisão.
A maioria dos soldados ao longo da sua vida, conseguiria juntar pontos suficientes para comprar apenas uma Magia de Incremento, isso após concluir muitas e muitas missões. Então o fato do velho ter cinco em sua posse, era algo surreal.