Knight Of Chaos - Capítulo 286
No dia seguinte, Noah, Lina, Theodora, Ilgner, Gabriel e todos os outros responsáveis pelas avaliações de novos membros terminaram a seleção. Com a adição repentina das forças de Lenny e Trayan, junto aos ex-membros da Guilda Valorosos, as vagas restantes eram de cerca de 270, entretanto, haviam quase 400 pessoas que aplicaram para se juntar ao Pelotão.
“Líder, a seleção está completa, já decidimos os membros que irão entrar, devemos dispensar os que falharam?” Theodora falou, colocando uma pilha de folhas sobre a mesa.
“Ainda não, tem algo que preciso fazer primeiro.” Fernando disse, assim que o fez, alguem entrou pela porta, era Argos.
“Líder, está tudo pronto. Podemos ir agora.”
Ouvindo isso, Theodora franziu a testa.
“O que está pronto exatamente?”
Argos olhou para o jovem Tenente, depois para Theodora, mas manteve-se em silêncio.
Com um rosto calmo, Fernando levantou-se.
“Vamo encontrar um comerciante, para negociar.”
Ao ouvir isso, o rosto de Theodora mudou.
“Líder, eu sei que Argos está sob o contrato do Beholder, mas a última vez que você seguiu esse cara, ele armou uma emboscada.” Era raro ver Theodora tão séria, então Fernando sentiu-se estranho com isso.
“Se está tão preocupada, pode me acompanhar.”
Vendo que não poderia convencê-lo a mudar de ideia, seguiu silenciosamente Fernando.
Usando uma capa para cobrir a cabeça e parte do rosto, Fernando saiu junto a Theodora e Argos. Como o mais novo Tenente, nomeado após a batalha de defesa em Belai, Fernando era simplesmente muito conhecido na cidade para se expor.
Rumando por ruas pouco movimentadas e caminhos estreitos, o trio caminhou com agilidade.
“Tem certeza que esse comerciante é confiável?” Fernando perguntou, num tom seco.
“É claro senhor, eu conversei com ele. É de uma empresa com muitas filiais no norte e centro do território humano, eles não irão enganar alguém num acordo.” Argos respondeu.
Ouvindo isso, Theodora finalmente entendeu. Fernando planejava usar Argos para marcar um encontro com um comerciante e vender os Cristais de Orcs Dobats. Isso por si só era algo irônico, já que Argos já havia feito isso antes, entretanto havia sido apenas uma farsa. Agora ele organizou um encontro real.
“Ele é apenas um gerente de filial que vai abrir uma loja em Belai, mas acredito que vai se interessar por um acordo desse tamanho, afinal ele foi um dos enviados para expandir seus negócios para o sul.” Argos disse, como se tivesse feito uma investigação completa antes de oferecer o acordo.
Logo o trio chegou a uma casa grande, era uma mansão de luxo. Assim que os guardas na frente viram o rosto de Argos, pareceram reconhecê-lo, então permitiram sua entrada.
Vendo isso, Fernando ficou satisfeito em encarregar Argos desse tipo de assunto. Era algo que ele teria muita dificuldade de conseguir por si mesmo.
A verdade é que ele precisava desesperadamente de dinheiro, o estoque de Poções Incrementadoras Fauser estava completamente esgotado, não só isso, mesmo seu dinheiro pessoal estava começando a acabar.
Atualmente Fernando possuía apenas 5.100 moedas de prata. Pode parecer um valor astronômico para a maioria das pessoas, mas não era nem de longe o ideal para ele.
Manter apenas um Pelotão já era algo extremamente desgastante financeiramente, muito menos um Batalhão inteiro.
Atualmente ele possuia 1.300 cristais de Orcs Marauders, mais 200 cristais de Argos, conseguidos pelo Pelotão Lazuli, havia 1.500 em sua posse. Se vendidos, poderia conseguir levantar uma pequena fortuna.
Normalmente os saques conseguidos nas batalhas poderiam ser vendidos à legião, que seriam enviados para as regiões de produção de poções, matrizes e forja. Entretanto, o General Supremo, Dimas Ortega, havia levantado um bloqueio comercial em Belai e nas áreas próximas, impedindo que as tropas vendessem o saque para os Leões Dourados. Sua alegação é que a legião deveria poupar dinheiro e evitar gastos desnecessários.
Ao saber disso, várias legiões e comerciantes sentiram que havia algo ocorrendo por baixo dos panos, talvez um conflito interno, então se aproveitaram para lucrar. Atualmente os Cristais, pele, ossos e outros materiais de Orcs Dobats, estavam sendo comprados por apenas 30% do valor de mercado.
Muitos dos Capitães, Tenentes, Subtenentes e Oficiais que conseguiram parte dos saques da batalha, retiveram tudo, se negando a vendê-los por valores tão baixos. Entretanto, com a necessidade de reformar as tropas, reconstruir a cidade, bem como efetuar pagamentos pendentes da batalha e comprar alimentos, muitos se viram obrigados a vender.
O próprio Fernando não estava numa situação diferente. Apesar do subsídio da legião para os salários do Batalhão, haviam muito mais gastos que eram necessários e estavam fora da folha de pagamento. Como alimentos, compra de armaduras, armas, poções e etc.
Normalmente esses gastos seriam repassados para os próprios soldados arcarem, mas Fernando, bem como os membros do Esquadrão Zero original, tinham seu próprio jeito de fazerem as coisas.
O saque dos Cristais por exemplo, normalmente seriam distribuído entre todos os membros sobreviventes, com o líder, no caso Fernando, ficando com a maior parte. Porém, ele havia ficado para si com todo o saque, sem distribuí-los.
Os membros mais antigos não tinham reclamações a fazer, afinal era o método que ele sempre usou. Apenas os membros que se juntaram posteriormente, na formação do Pelotão em Vento Amarelo, não ficaram muito contentes, mas com a distribuição de Poções Incrementadoras Fauser que ocorreu antes da batalha, sabiam que estariam exigindo demais caso pedissem por sua parte, afinal as poções custavam muito mais do que receberiam.
Não só isso, mas periodicamente armaduras, armas e poções eram distribuídas entre os membros, sem que qualquer coisa fosse cobrada. Algo que nenhum deles viu ocorrer em qualquer outro lugar. Sendo assim, ninguém tinha coragem de exigir mais coisas, se fossem mandados embora e tivessem que servir em outro lugar, ficariam extremamente arrependidos.
No final era como um acordo tácito, valores adicionais não eram distribuídos, mas em compensação benefícios eram dados em troca.
Entrando na mansão, acompanhados dos guardas, Argos, Fernando e Theodora sentaram-se na sala de estar, aguardando o comprador.
Pela primeira vez em muito tempo, Fernando sentiu-se ansioso, era como se ele estivesse ali para pedir um empréstimo ao banco. Se eles não chegassem a algum consenso com o comprador, ele logo se afundaria em dívidas.
Os gastos haviam se tornado simplesmente exorbitantes, apenas com alimentos e itens de uso diário, eram gastos cerca de 30 moedas de cobre por pessoa ao dia, isso multiplicado pelos 500 membros do pelotão, acarretavam em um gasto fixo mensal de 4.500 moedas de prata!!
Fernando começou a sentir dor de cabeça ao pensar nisso, suas 5.100 moedas de prata guardadas só seriam suficientes para manter o Batalhão por um único mês!
Agora eu entendo porque a professora e o senhor Raul nunca tinham muito dinheiro consigo… Fernando pensou, consigo mesmo.
Ao parar para pensar a respeito, ele agora tinha a mesma posição que Gallia em Vento Amarelo. Nesse ponto ele começou a entender porque era tão difícil se reunir com sua professora, todos os dias tinham coisas a serem resolvidas, coisas que precisavam de seu aval e da sua atenção.
Enquanto se debatia mentalmente sobre as questões de gerenciamento de recursos, um homem de meia idade, com cabelos beirando entre branco e escuros, entrou na sala.
“Olá a todos, meu nom é…” Antes que o homem pudesse concluir, viu o par de rostos no sofá, um jovem rapaz pálido e uma mulher com cabelos negros e um sorriso diabólico. Assim que os viu, todo seu corpo tremeu, eram rostos que ele ja viu antes e nunca poderia esquecer!
“Você, o CEO da Linha Negra!” O homem disse, quase tremendo.
Ouvindo isso, todos ficaram chocados na sala, Theodora e Argos olharam para Fernando, que era o foco do dedo indicador do velho homem.
O próprio Fernando ficou surpreso, foi então que se lembrou de algo.
O velho comerciante que conheci em Aquilones… Agora que me lembro, fiz uma piada sobre ser CEO da Linha Negra…
“Isso…” Enquanto Fernando pensava em algo para dizer, algo que o chocou aconteceu.
“Muito obrigado senhor! Eu tenho uma grande dívida com você!” O velho homem disse, jogando-se ao chão de joelhos, seu rosto mostrava uma expressão cheia de uma verdadeira gratidão.
Os guardas, que estavam ao lado da porta, tinham rostos tão espantados que nem sabiam como reagir ao que estava acontecendo à sua frente.
Vendo um homem idoso ajoelhando-se à sua frente, Fernando não conseguiu evitar de levantar-se rapidamente.
“Eu não sei sobre o que você é grato a mim, mas isso não é necessário.” disse, enquanto o ajudava a erguê-lo, apoiando-o pelo braço.
Fernando conseguia se acostumar quando outros se ajoelhavam para ele devido a cortesia militar, devido às etiquetas, mas jamais toleraria que um idoso se pudesse de joelhos para ele.
O homem ficou surpreso com isso, mas aceitou a ajuda.
Depois que o homem acalmou-se, sentou na poltrona em frente, então dispensou os guardas.
“O senhor talvez não se recorde de mim, mas nos conhecemos uma vez em Aquilones, meu nome é Aldric, eu era um representante da Loja Etérias.” disse, com delicadeza.
“Eu me lembro de você, comprei algumas Poções Fauser Ivrat daquela vez.” Fernando respondeu, com um rosto calmo.
Quando Argos ouviu isso, ficou surpreso, mas finalmente as peças do quebra cabeça em sua mente se encaixaram.
Não é à toa que ele ficou forte tão rápido, usando poções.