33: Depois de Salvarem um Mundo - Capítulo 190
Dia do Heróis – parte 2
— Quem ousa me atacar? — O Guardião desviou o olhar de Amanda por alguns segundos.
Ter um intervalo que possibilitava realizar um ataque poderia ser bom, mas os instintos da heroína gritaram para que ela ainda não fizesse nenhum movimento. Talvez fosse apenas medo, mesmo assim ela preferiu esperar.
Outra rocha veio voando, agora de uma direção diferente. Ao se chocar contra a barreira, foi feita em pedaços igual à anterior. No momento em que o Guardião olhou para a direção de onde a rocha veio, uma pessoa pequena apareceu por detrás dele e deu um soco na barreira, destruindo a camada de proteção mágica.
Era Catarina. A baixinha portadora de super força e de pele invulnerável. Usava seu macacão infantil de sempre, mas dessa vez, sua expressão era bem séria.
Bruno, que era o da frente na formação, não perdeu tempo com a oportunidade gerada por Catarina. Juntando as duas mãos abertas, com os dedos formando um círculo, ele lançou um caminho de destruição em direção ao Guardião.
O ar se distorceu desde as mãos de Bruno até a perna do ser à sua frente, deixando um buraco onde antes havia um joelho. Bruno tentou um segundo tiro, mas o homem de túnica apenas desviou se movendo um pouco para o lado, ignorando o ferimento na perna.
O Guardião ergueu a mão em direção a Bruno, um ataque de fragmentos de rochas foi em direção ao herói, apenas para serem bloqueados por dois golens de pedra. Ao mesmo tempo Catarina avançou, tentando acertar outro soco, e dessa vez no Guardião.
Com um movimento de esquiva, o ser primordial desviou do ataque de Catarina como se ela nem estivesse se movendo, contra-atacando com o cotovelo na nuca dela. Uma proteção de vidro surgiu na cabeça de Catarina, impedindo que o golpe a matasse e deixando um corte feio no braço do inimigo.
Foi muito rápido. Amanda percebeu que se não tivesse agido sem pensar, teria perdido uma amiga em poucos segundos. Ela mal viu Catarina chegar, e a garota já estava caída no chão. Mesmo que a proteção tivesse impedido Catarina de morrer, ela ainda recebeu um impacto e tanto.
Com a heroína da força fora do caminho, Bruno lançou mais uma sequência de seus túneis de destruição, mas o Guardião conseguiu desviar da maioria com poucos ferimentos.
Aproveitando que Bruno mantinha o inimigo ocupado, Arlene fez seus golens levarem Catarina para dentro da formação de batalha. Enquanto Mirian cuidava de Catarina, Amanda percebeu que havia se distraído com sua preocupação e tirou sua atenção do oponente.
O guardião havia tomado distância, deixando os ataques de Bruno cada vez mais inúteis. Se bem que eles não precisariam vencer, apenas continuar vivos já seria suficiente.
Outra pessoa havia entrado na luta enquanto Amanda estava entretida se preocupando com Catarina. Um homem musculoso e sem camisa estava lutando de igual para igual com o Guardião.
Uma cena interessante de assistir.
O homem sem camisa tentava acertar o Guardião com socos e chutes, mas o oponente era rápido em se esquivar. Ao mesmo tempo, o Guardião atacava com rochas ou tentava prender o homem em barreiras, mas ele destruía tudo com os punhos.
— Aquele é o deus que me escolheu. — Catarina disse, antes que perguntassem — Ele é forte e invulnerável, mas ainda pode morrer se receber um golpe que o destrua por dentro… Assim como eu.
— Ele pode vencer o Guardião do Mundo? — Mirian perguntou.
— Não. E nem quer… — Catarina se levantou — Ele apareceu do nada na minha frente umas horas atrás, disse que Victoria tinha o enviado e que o André estava destruindo a Aliança Internacional no nosso mundo. Depois pediu ajuda para morrer…
— Ajuda para quê? — Bruno perguntou sem desviar o olhar da luta à frente — Para morrer? Por isso ele está lutando contra aquele cara que continuou andando normalmente depois de eu arrancar mais da metade do joelho dele?
— Pode se dizer que sim. — Catarina assentiu.
— Isso é bom. — Arlene comentou.
— Nem tanto. — Catarina parecia atenta aos arredores — Ele também disse que alguns de nós, heróis, somos alvos dos deuses, que desejam roubar nossos corpos para se tornarem imortais. E que caso ele lutasse contra o Guardião, isso chamaria a atenção de outros deuses, que poderiam, aparecer para assistir.
— Isso parece ruim… — Arlene fez uma careta.
— E eles já estão aqui… — Bruno comentou — Posso sentir a presença do deus da destruição!
Um zumbido agudo ecoou ao redor deles, ficando cada mais insuportável. A sensação era de ataque iminente, e não dava sequer de saber de qual direção vinha.
Arlene ordenou aos seus golens que cercassem o grupo, formando uma cúpula sólida impenetrável. Um segundo depois, metade da barragem de entulhos foi vaporizada por uma onda de destruição.
Era semelhante à de Bruno, só que muito mais poderosa e duradoura.
Pelo buraco na proteção de golens, eles puderam ver a silhueta de uma pessoa com a mão estendida em sua direção. Atrás da silhueta havia pelo menos outras duas, mas a poeira não permitia que suas aparências fossem reveladas.
Com seus golens reduzidos a partículas, Arlene não tinha muito material disponível ao redor para construir novos soldados. Mas o buraco foi rapidamente preenchido com vidro derretido.
— Foi o melhor que consegui fazer na pressa. — Amanda disse, já ofegante.
Para Amanda usar seu poder ali, era muito desgastante. Eles já estavam fora do deserto, e conseguir juntar aquele volume de cristais de sílica no solo e converter tudo em vidro derretido demandou uma quantidade absurda de poder.
Mesmo estando em posse do artefato divino, Amanda sentiu que não poderia manter o ritmo por muito tempo se eles continuassem apenas na defensiva.
— Que merda está acontecendo? — Mirian reclamou — A gente foi atacado pelo Guardião, e agora o deus da destruição? Quem mais vai aparecer para tentar nos matar?
— Acho que você não deveria ter perguntado isso… — Bruno disse em uma voz quase sem vida.
— Ah, é? — Mirian bufou — Por quê?
Bruno não respondeu, apenas deixou que ela entendesse por conta própria. E não demorou para que todos ali percebessem.
Entre um ataque e outro na formação sólida ao redor deles, que Amanda continuava preenchendo com vidro derretido, um som familiar pode ser ouvido. Um som como o de um motor, ou algo mais intenso.
— Um avião!? — Mirian exclamou.
— Um caça. Para ser mais exato. — Bruno corrigiu — Agora a festa está completa.
No momento seguinte, o cenário se transformou em uma mistura de explosões e sons de destruição.