Whitefall: Um invasor gelado em nosso mundo - Capítulo 4
Após um literal caos mundial e desespero das massas, a gigantesca sede da AE, em Lakecity, se encontrava em estado de emergência. Funcionários corriam por todos os lados, dessa vez não para fugir em desespero, mas sim para trabalhar. O máximo que podiam.
— Acelera logo isso! Preciso de uma equipe de relações públicas, para começar a organizar uma evacuação junto à prefeitura! Vamos! Não temos tempo!
Naquela bagunça instaurada no complexo de escritórios, uma gerente esforçada tentava dar ordens aos funcionários… Mas acabou sendo difícil, com tantos militares correndo pelo local também.
Se os homens que Rei estraçalhou já eram soldados com muita tecnologia, esses aqui pareciam mais espaciais do que o próprio alienígena. Suas roupas pareciam uma certa armadura verde de matar demônios… mas sem serem verdes. E suas armas mais se assemelhavam a canhões lasers quadrados de alguma obra de ficção científica.
Espera, essa é uma obra de ficção científica.
— Vocês! – A mulher aponta para um dos homens, que estava sem capacete. – Você é representante do seu esquadrão?
— S-Sim, senhorita! Tenente Mark do 23° esquadrão de exterm-
— Ótimo, seu nome não importa. A diretora quer todos os representantes na sala dela, uma reunião de emergência vai acontecer agora.
Ouvindo isso, o homem e alguns membros do seu esquadrão se dirigem imediatamente à sala designada. Estes eram os Executores de baixo escalão, ainda sim muito equipados. Nenhum deles acabava por ser um Transformado, mas seu treinamento e experiência já era o suficiente para mantê-los em seus cargos
Comparados aos combatentes da planície, cada executor valia por quase 20 ou 30 soldados normais. Mesmo assim, acabam não chegando aos pés da força de um transformado. Por isso, seus papéis eram, em maioria, de suporte.
Enquanto se afastava, podiam ouvir ao longe aquela mesma gerente, ordenando aos membros restantes de seu esquadrão, que carregassem algumas caixas de armas por aí. Infelizmente trabalho braçal também era função deles.
“Será que o regime Terrafryano teria leis trabalhistas melhores?” Alguns dos homens acabavam por ter esse pensamento intrusivo, junto às dores em suas costas por levantar caixas.
Sendo eles um dos últimos a chegarem na sala de reunião, perceberam não estar sozinhos. Na verdade, chamar de reunião acabaria sendo um erro, já que haviam tantos repórteres ali. Era quase uma comitiva de imprensa, também cheia de nomes importantes da empresa.
Os repórteres, que vieram de todos os cantos do mundo em busca de informações sobre o invasor, e principalmente para se informarem das ações da AE quanto a essa situação, foram estritamente instruídos do que deveriam e não deveriam manter em segredo. E com instruídos, eu quero dizer ‘Assinaram um contrato por obrigação valendo suas vidas’. Por isso, alguns deles suavam de arrependimento ao estarem ali, enquanto aguardavam nervosamente com que a reunião começasse.
Finalmente, uma mulher subiu na pequena plataforma em relevo, que se parecia com um pequeno palco. Uma senhora madura, de cabelos loiros amarrados em um coque, e óculos simples de escritório, que pareciam ser apenas estéticos.
Usava um conjunto completo de roupa executiva, com um único destaque de serem todas peças brancas, desde sua saia até seus sapatos. Um grande logo da AE acabava se destacando em seu paletó, devido à um certo volume ali.
— Eu realmente agradeço muito a todos que puderam comparecer no dia de hoje.
Enquanto todos pareciam preocupados e até mesmo aterrorizados, aquela mulher não tirava a expressão profissional de seu rosto. Sua aura esbanjava a determinação de alguém focada em resolver a situação, com os recursos que tinha em mãos.
— Como todos devem saber, estamos agora passando por um momento de emergência. Aquela transmissão trouxe o que podemos considerar até então a maior ameaça à paz pública já vista em nossa história… Provavelmente, por suas expressões, todos aqui já a assistiram, então não vou perder nosso precioso tempo reproduzindo-a.
— Senhora, por favor me perdoe a intromissão, mas eu realmente preciso perguntar. – Um Exterminadores fardados levantava a mão, como um aluno perguntando ao seu professor – Aquilo… era realmente um alienígena? Parece irreal demais.
— Não temos uma certeza absoluta, mas tudo aponta que sim. Uma sequência de eventos, desde sua estranha rota até a posse de tecnologia capaz de hackear todo sistema terrestre. Se isso fosse obra de algum humano, não acho que ele usaria tamanho poder informático para fazer uma piada global.
— E de onde essas informações surgiram? Quem garante que o mesmo ser que matou os soldados nas planícies, foi o que fez essa transmissão? Pode ser coincidência. Afinal, todos os combatentes morreram, certo?
Não fazia tanto tempo entre os eventos, então as informações estavam obviamente mal distribuídas e mal confirmadas. Principalmente envolvendo tamanho evento global, havia muitas mentiras se espalhando, que não podiam ser combatidas, por suas informações serem confidenciais.
— Sim, mas conseguiram contato a tempo. Em desespero, vários deles tentaram chamar por ajuda, e conseguimos alguns áudios descrevendo a tal criatura. Devem imaginar que é a mesma descrição do ser que vimos em nossas telas.
— Para um ser que disse que “Não nos dêem trabalho e terão misericórdia”, as ações dele não o mostram ser tão generoso assim.
— Cruel ou não, ele agora é nosso inimigo. E mesmo que a palavra “Negociação” tenha saído da boca dele, eles não parecem interessados em nada além de rendição absoluta.
Quando as perguntas incessantes dos convidados finalmente pararam, a mulher pode continuar com a apresentação.
— Mesmo citando um Império, até o momento temos ciência de apenas um indivíduo confirmado, já que talvez, haja mais Terrafryanos em seu veículo, mas não podemos saber. Sua entrada foi exagerada e facilmente detectada por radares, mas também não sabemos se foi uma armadilha. Com tanta tecnologia disponível, talvez Azure seja só uma armadilha, e seus companheiros pousaram com naves furtivas.
Incrivelmente, a mulher era inteligente o bastante para prever certa parte das ações. Tirando o fato de que realmente só havia Rei na Terra por enquanto, ele realmente poderia ter entrado na atmosfera de forma furtiva, caso fosse esse seu objetivo.
Mas isso era o suficiente para que humanos agora acabassem monitorando com mais atenção todo cometa conhecido em seus registros. Seriam gigantescas estações espaciais dessa raça? E asteroides, poderiam também ser naves disfarçadas? Ao redor do mundo, toda estação astronômica estaria de olho em qualquer objeto em rota de colisão, por menores que sejam.
— Além disso, ele já demonstrou uma grande força por si só. Citando novamente os relatos e autópsias feitas nos corpos, ele foi capaz de superar os homens em velocidade e força, matando-os com mãos nuas. Também não se sabe se ele usa algum tipo de armamento, mas pela qualidade tecnológica que ele deve ter, armas não devem ser problema.
— Mas… podemos vencer, certo? Com os Sete Sóis e a força da maioria dos nossos Transformados, podemos superá-los em poder, não é? – Um homem de terno se agarrava ao doce sonho da vitória fácil.
— Ainda não sabemos a força dele comparada à de um Transformado, muito menos um sol. Além disso, não há tempo para reunirmos todos os Sóis aqui… Enquanto todos estão à caminho, a única que podemos mobilizar nesse exato momento, é a Cavaleira.
Todos ali fizeram uma expressão de surpresa, ao ouvir as palavras da diretora. Estaria ela, plenamente e conscientemente, considerando em mandar sua própria filha para uma batalha mortal?
Um dos repórteres perguntou, enquanto mexe freneticamente em seu bloco de notas.
— Senhora, a senhora pensa que a Cavaleira é suficiente para derrotá-lo, ou pretende colocá-la na linha de frente para ganhar tempo?
— A segunda alternativa, se possível. Lakecity precisa se manter sob qualquer circunstância, principalmente se estivermos no cenário de uma guerra iminente. Cada segundo comprado é importante.
A “Cidade do Lago” é o local de maior concentração Transformada do planeta como um todo. Também sendo a mais influente e desenvolvida cidade-gêmea, a força bélica que ela possui seria uma rainha nesse jogo de xadrez planetário.
Principalmente sobre a própria AE, foi confirmado ao longo dos anos a gigantesca diferença que um Exterminador consegue fazer em conflitos, devido a certas circunstâncias envolvendo terroristas no passado. Muitos têm força sobre humana, habilidades que se parecem com magia, e alguns até mesmo podem curar seus aliados.
— Apenas mais uma pergunta, senhora
— Por favor, seja rápido. Não temos tanto tempo assim pra gastar com coisas idiotas.
— Acha que podemos ganhar?
— Não importa o que eu acho, ou não. O que importa é que precisamos ganhar. Não há outra opção.
A batalha em Lakecity poderia ser a primeira de muitas, ou a única de todas. Não havia nenhuma informação, nada.
Eles seriam esmagados como baratas de uma só vez?
Eles derrotariam o inimigo facilmente?
Se havia algo faltando no coração daquelas pessoas, era certeza.
— Reunião encerrada. Que Deus ajude a humanidade, neste momento de terror
… Obrigado pela presença, senhores.
O confronto finalmente se iniciaria.