Você Foi Humilhado! - Capítulo 2.1
Ao sentir o restante de sangue na minha espada, percebi o odor humano. Fiquei hesitante a respeito disso, mas ao lambê-la, minhas incertezas se dissiparam.
Esses demônios eram humanos? Mas não me importo com isso, humanos ou não, quem entrar no meu caminho será fatiado.
Logo em seguida, peitos caídos, verificava-os fixamente como se ela tivesse alguma dúvida.
Será que ela também percebeu?
— Não há dúvidas, são humanos controlados — falou peitos caídos.
— Entendo. Cortarei os dois demônios em pedaços.
O quê?
Realmente não entendia, mas uma coisa eu tinha certeza, estava mal-informado. Enquanto Max desempenhava a tarefa de desmembrar os demônios, peitos caídos lançou um olhar na minha direção.
— Não me diga que não sabia? Kiahaha!
— Não importa se foram humanos. Vou cortá-los se entrarem no meu caminho — falei, porém, interiormente, torcia para que minha afirmação fosse verdadeira.
Peitos caídos me encarou novamente e sorriu. Nesse momento, percebi que talvez tivesse falado algo imprudente e comecei a ficar preocupado, já que detesto ser humilhado; essa tarefa era exclusivamente minha.
— Não acredito que mataste a tua própria espécie. De fato, é algo digno de um monstro. — Peitos caídos falou de forma arrogante.
— Não me faça repetir. — Com um olhar sério, proferi minhas palavras.
— Aposto que você tentaria me matar na primeira oportunidade — afirmou peitos caídos.
— Com certeza — confirmei sorrindo.
— Seu monstro. Tente me matar então!
— É para já.
Não achei que teria essa oportunidade tão cedo, minha presa clamando para ser morta. Era muita tolice. Empunhei minhas duas espadas, corri e saltei em sua direção. Pude ver o terror em seu rosto, e, em respeito, apliquei a mesma técnica que havia usado para decapitar dois demônios.
— Kiaaahhhh! — Peitos caídos gritou, mas era tarde.
Primeira forma. Kotxi giratório.
Senti as lâminas atingindo o alvo, mas o corte soou de forma diferente. Esse Max maldito interveio e bloqueou minha técnica mortal. Fiquei profundamente irritado com isso.
— Você estava realmente pensando em matá-la? — Max perguntou com um rosto sério.
— Não é óbvio? — respondi enquanto me levantava da minha posição agachada.
Observando peitos caídos tremendo de medo, decidi que já era o suficiente por hoje; com algumas pessoas, eu preferia humilhar aos poucos. Guardei as armas, virei as costas e dei alguns passos para me afastar deles.
— E você é idiota? Não provoque se dás valor à tua vida — gritou Max para peitos caídos.
— Si-sim. — Peitos caídos respondeu tremendo.
Perdi a chance de matar essa puta, mas sempre terei uma próxima vez. Por enquanto vou observá-la me temer a cada instante de seu pouco tempo de vida.
— E Izumi.
— Que foi?
— Não deixaste nenhum demônio para mim, por quê?
— Vence quem agir primeiro — respondi com um sorriso.
— Droga! — Max falou enquanto me encarava. — Vencerei na próxima!
— Não haverá uma próxima vez.
Apesar de achar Max um desgraçado, eu nunca tentaria o matar, já que ele é o filho do líder da cidade que sabe os segredos da minha mãe.
Continuamos avançando, mas eu ainda tinha dúvidas sobre o motivo pelo qual eles estavam desmembrando os demônios. No entanto, meu orgulho não permitiria que eu me rebaixasse a ponto de fazer tal pergunta.
Cinco dias se passaram, e ainda não chegamos ao local do primeiro destemido. Não encontramos demônios que valessem a pena mencionar, pois eram incrivelmente fracos.
Esperava que os destemidos pelo menos oferecessem um desafio para mim, e estava começando a duvidar do mapa que Max disse que nos levaria até o primeiro destemido. Parecia que o mapa nos guiava por um caminho sem muitas complicações, o que estava se tornando extremamente entediante.
— Estamos andando há cinco dias e nada de destemidos. — Peitos caídos falou ofegante.
— Para chegar até os destemidos, vai demorar mais três dias.
— O quê???
— Desista e morra.
— Claro que não, eu já cheguei muito longe — cochichou peitos caídos enquanto olhava na direção oposta à minha, claramente ainda temendo minha presença.
Nos últimos dias, peitos caídos não se intrometeu comigo, mas hoje ela ousou me responder. Parece que ela esqueceu o terror que causei a ela dias atrás. Em breve, a farei lembrar desse fato.
— Ei, vejam, encontrei uma vila. — Max gritou de longe.
— Hm!
Aproximei-me de Max e pude avistar uma pequena vila destruída e desprotegida. Os demônios poderiam atacar a qualquer momento, e pelos destroços, parecia ser um evento recente. No entanto, não fiquei surpreso com isso, já que eu não tinha conhecimento da existência de outros humanos além daqueles em Mangolândia.
— Pensei que os únicos sobreviventes eram de Mangolândia.
— Como você é mal-informado, Izumi.
— O quê?
— Kikikiki!
— Faz décadas que os antigos combatentes confirmaram a existência de outros humanos sobrevivendo a esses tempos complicados. Onde você acha que consegui esse mapa com a localização dos destemidos?
Sentia-me humilhado. Se pudesse voltar no tempo e mudar isso, o faria. A única coisa que me restava era fingir ignorância.
— Eles sofreram enormes ataques.
— Com essa defesa, era o esperado. — Peitos caídos, falou.
Descemos até a vila. Pude sentir o cheiro de sangue impregnado no chão e nas paredes destruídas. Quando entramos na vila, ouvíamos um som alto.
— O que é isso? — Peitos caídos, perguntou.
— Tomem cuidado!
À medida que avançávamos mais na vila, mais pessoas surgiam. Alguns estavam encolhidos com medo, outros rezavam para um Deus que não existia, enquanto o restante corria de um lado para o outro, gritando e trocando murmúrios semelhantes.
— Vamos morrer!
— Não era para ser hoje!
— Deus me ajude!
— Mamãe, estou com medo. Buaaaaaa!
— Eu não aguento mais…
Continuamos a andar, e duas pessoas se destacaram por não demonstrarem desespero diante da situação. Um velho acompanhado por um jovem, pelas roupas que vestiam, pareciam ser o líder da vila e seu soldado.
— Quem são vocês? — perguntou o velho.
— Somos combatentes de Mangolândia — respondeu Max.
— Mangolândia? Hm, me lembro. Vocês vieram para matar os destemidos, estou certo? — O velho falava enquanto acariciava sua barba.
— Sim.
— Mas são tão jovens.
— Somos jovens, mas sou o mais forte de Mangolândia — falei.
— Mais forte? — perguntou Max.
— O que estás dizendo? Max é o mais forte.
— Venci o torneio dos combatentes — falei sorrindo enquanto encarava Max.
— Isso… — Peitos caídos falou com um olhar que denotava resignação e aceitação de sua derrota.
Agora, eu estava me sentindo muito melhor. Toda a humilhação que sentia antes, pude superar, e não havia como eles negarem isso.
— Idalme, não precisa dizer mais nada. Quando tudo isso terminar, decidiremos quem é mais forte. Izumi.
— Quando você quiser. Max — retruquei sorrindo.
— Como é bom ser jovens. Se quiserem, podem me seguir até meus aposentos.
— Sim — respondeu peitos caídos.
— Não.
Claro que eu não perderia meu tempo em uma vila completamente destruída e sem demônios para matar. Faltavam apenas três dias para chegar ao primeiro destemido, e meu tempo era valioso demais para ser desperdiçado com pessoas insignificantes.
— Se não quer, melhor para mim.
— Não quero perder meu tempo numa vila. Quero enfrentar os destemidos o mais rápido possível.
— Izumi, não precisamos ter muita pressa. Talvez eles saibam qual a localização exata do destemido.
— Se quiserem podemos fornecer informações.
— Que informação? — perguntei.
— Mas com uma condição.
Esse velho deve estar louco das ideias. Ele acha que pode propor condições? Acho que a velhice atingiu bem no seu cérebro para não entender a situação crítica em que ele está, mas jogarei o seu jogo e decido o que fazer no final.
— Que condição? — perguntei.
— Que vocês exterminem o demônio que virá amanhã.
Agora, sim, esse velho está falando a minha língua, antes ele não tinha minha curiosidade, mas agora ele tem a minha atenção.
— Como é esse demônio? — perguntou Max.
— Me acompanhem e depois vos conto quão terrível é esse demônio — O velho falou com um rosto sério.
— Interessante.