Vida em um Mundo Mágico - Capítulo 32
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Já havia se passado um mês inteiro, em alguns dias o ataque contra Bahad iria começar. Os dois filhos, San e Sen, já haviam chegado em Bahad.
Os dois jovens de cabelos azuis estavam acomodados em seus aposentos com uma expressão de preocupação, expressão essa que apenas eles dois conseguiam identificar, afinal são irmãos.
Eles estavam usando um conjunto de roupas pretas que parecia ser usado para esportes e treino, San usava uma um pouco mais larga e com manga comprida, enquanto Sen usava uma sem manga.
San estava parafusando um pequeno drone que ela havia construído. Mesmo não sendo o sinônimo de “pessoa normal”, San era muito inteligente assim como Sen, os dois conseguiam construir, consertar, aprimorar e entender tudo e qualquer tipo de tecnologia. Não se sabia ao certo se isso era uma habilidade compartilhada entre os dois ou se era apenas um talento natural dos irmãos, mas uma coisa é certa, ninguém se compara a eles quando o assunto é tecnologia.
— Ei irmão, nós não deveríamos descobrir os segredos do nosso papa e revelar pro reino?
— Você está certa, irmã. Mas para isso precisamos descobrir onde ele guarda seus segredos. Na cabeça dele?
— Então temos que abrir o crânio dele?
— Não, a gente precisa encontrar outro jeito, como um documento ou uma ligação que exponha suas maldades. Além disso, acredito que o chefe queira matá-lo com as próprias mãos.
Sen estava em sua cama jogado na posição mais solta possível, enquanto sua irmã trabalhava. Os dois estavam com um dilema em sua mente, provavelmente causado pelo uso da habilidade de Victor, mas os dois não sabiam disso.
Eles pareciam ter uma noção que Victor os tinha matado, mas mesmo sendo apenas um palpite, eles sentiam que isso era verdade, mas mesmo se ele fosse a pessoa que os matou e que os está usando para seu benefício próprio, eles ainda assim queriam ajudá-lo.
A lembrança daquele abraço que ele retribuiu a eles viam em suas mentes sempre que pensavam sobre este assunto. O motivo é bem simples, eles sempre abraçavam seu pai e sua mãe, mas eles nunca devolvem o abraço.
Então mesmo que aquele abraço que ele os deu fosse falso, fosse uma mentira, mesmo se não tivesse nem mesmo um sentimento de afeto por trás, aquilo já foi mais do que tudo que eles receberam como carinho.
— Vamos irmão, procurar alguma coisa no escritório dele.
— Claro. Ei irmã, você já terminou o dispositivo?
— Sim, só precisamos fazer um teste, mas suponho que esteja tudo certo. Com isso, com certeza podemos expor o papa de uma forma onde todos vejam e ouçam.
— Legal!
Os dois então partiram pelos corredores do castelo, o lugar era mesmo enorme. Quando chegaram no escritório eles viram dois guardas protegendo a porta.
Mesmo sendo filhos do rei eles não poderiam cometer a falha de serem vistos, com certeza aqueles dois não permitiriam a entrada deles e ainda contaria para o rei o que o faria suspeitar de algo.
Já foi difícil convencer ele de que estavam vivos e que não eram impostores. Principalmente pelo fato que se passaram tantos anos e eles não envelheceram nem um pouco, usaram como desculpa um dispositivo que desacelerou seu envelhecimento, dispositivo esse que não existe.
Eles nunca sentiram aquilo, agora que eles estão alí, indo contra seu pai, o castelo parece ser uma área perigosa. Eles sentem arrepios a todo momento, parece que tem uma faca raspando uma lousa e fazendo um som agudo sempre que eles olham para o fim de um corredor, como se alguma coisa fosse os matar.
O lugar era enorme mas os corredores eram tão vazios, a maioria dos empregados não ficavam naquela parte naquela hora do dia, todos estavam nos andares inferiores. Então eles tinham certeza, eram apenas eles, aqueles dois guardas e provavelmente a faxineira que limpava seus quartos.
— É isso! Irmão!
— É isso?! Irmã?!
— A faxineira do nosso quarto! Podemos usá-la! Use o dispositivo de invisibilidade e faça ela se machucar, então eu aviso os guardas!
— Oh! Que inteligente irmã!
Sem perder tempo, os dois voltaram para seu quarto onde a empregada estava fazendo seu trabalho. San queria ser vista, já Sen ficou invisível e entrou no quarto quando San abriu a porta.
A empregada se assustou, ela não esperava vê-la tão cedo. Então ela largou sua vassoura e se curvou cumprimentando San.
— Senhorita, bom dia. É uma honra vê-la.
— Ora, não é para tanto, he he.
A empregada era jovem, ela estava trabalhando ali há pouco tempo. Usando um uniforme padrão de empregada, seus cabelos cacheados são curtos e castanhos, ela sempre portava uma expressão de calma em seu rosto, com certeza não era uma pessoa agressiva nem violenta, na verdade, parecia ser uma pessoa meiga e gentil.
O quarto estava em um silêncio constrangedor, então San decidiu fazer algo, inventando uma desculpa de que ela precisava pegar uma chave de fenda especial escondida em cima do guarda roupa.
— Eu estava prestes a começar a limpeza lá, gostaria que eu pegasse para a senhora? — perguntou a empregada erguendo sua cabeça
— Oh, sim, por favor. — disse San com um sorriso estranho em seu rosto
A empregada ignorando a expressão suspeita de San decidiu pegar sua escada. San então caminhou até a mesa que ficava no centro.
— Olha que bagunça, meu irmão dá mesmo muito trabalho.
San empurrou a mesa para frente e pegou um canivete que estava lá embaixo. A empregada enquanto isso estava procurando a chave de fenda que San havia comentado, ela encontrou um pequeno baú, mas quando tocou nele algo puxou sua escada.
— ahhh!
A empregada deu um grito de susto e então bateu sua cabeça no canto da mesa que San havia empurrado, no mesmo instante sua cabeça começou a sangrar enquanto ela já estava inconsciente.
San assistiu aquilo sem nenhuma reação, mas em sua mente ela apenas pensou que até que o plano foi bem executado. Então ela soltou um pequeno suspiro e respirou fundo.
— AHHHHHH!! Alguém ajuda!
Dando o grito de desespero mais agudo que ela conseguiu, ela correu até os guardas.
— Senhorita San, o que aconteceu?!
— Uma das empregadas caiu e bateu a cabeça, ela está sangrando no meu quarto, por favor venham ajudar!
Os guardas então correram para o quarto de San, agora seu irmão iria assumir. San corria junto dos guardas enquanto seu irmão ainda invisível estava indo em direção ao escritório de seu pai.
— Quanta confusão, pelo lado bom papa não está em casa. Agora vamos procurar coisas suspeitas…..
Sen começou a vasculhar o local, abrindo as gavetas da mesa de seu pai, obviamente o lugar mais óbvio. As que estavam trancadas com cadeados ele usou um dispositivo para destrancar sem deixar sinais de arrombamento.
Lá ele encontrou alguns documentos, sem perder tempo ele leu todos, seus olhos possuem lentes que podem gravar e fotografar, então nenhuma informação seria perdida. Eram muitos papéis, mas nenhum possuía uma informação importante, mas um em específico chamou a atenção de Sen, “Almas humanas”.
— O que é isso?
“Espécie humanóide com capacidades anormais, usando o caminho das almas é possível criar algo assim?” Não era bem um documento, parecia uma carta, mas estava incompleta.
— Para quem você queria enviar isso?
Em alguns segundos, Sen guardou todos os documentos em seus devidos lugares, da mesma forma que estavam antes. Logo ele percebeu que uma das estantes parecia errada, obviamente tinha uma passagem ali.
Ele empurrou a estante que entrou atrás da outra estante, revelando uma porta com uma janela para inserir uma senha numérica. Sen estava em uma situação complicada, se ele errasse provavelmente um alarme iria se acionar, ou um sistema de segurança.
— Uma numeração com 10 números contando com o 0. São muitas possibilidades. Deve ter uma pista em algum lugar…. Espera! São 5 dígitos, será algo tão simples?
Sen então colocou “21814” e surpreendentemente o leitor ficou verde. Aquela era a senha correta.
— Papa, pensei que fosse mais esperto, quem coloca o próprio nome como senha hoje em dia?
B=2
A=1
H=8
A=1
D=4
Sen sabia que seu pai conseguia ser bastante narcisista, então isso não estava fora das possibilidades. Mas era meio óbvio.
A porta se abriu e lá não havia um corredor, nem escadas e nem um elevador, mas sim um portal. Era um portal fixo, ele não podia ser aberto em outro lugar, ele permanece no local que foi aberto até o conjurador morrer. O que quer dizer que quem abriu ele deve ter uma habilidade de manipulação espacial de nível baixo.
Antes de entrar, Sen colocou um dispositivo redondo no chão, um teleporte, para caso ele não tenha um meio de voltar depois de atravessar, nem sempre o portal permanece no local depois de atravessado.
A imagem que Sen teve foi assustadora, quando ele atravessou o portal de fato desapareceu, ele se viu em um local de metal, com várias cápsulas cobertas com um líquido azul.
Sen enviou todas as fotos e vídeos para sua irmã enquanto se aproximava de uma das cápsulas. Aquilo era estranho, havia um corpo familiar lá dentro.
— Se parece com o papa, mas é mais jovem….
O corpo dentro da cápsula era de fato idêntico ao de Bahad, mas tinha algo diferente, ele parecia ser mais forte, seus cabelos eram vermelhos, mas com mechas pretas. Todos os outros corpos eram assim.
Sen então olhou em sua volta, vendo as centenas de cápsulas mas nenhum painel ou computador, ele deduziu que deveria explorar mais, logo ele viu uma janela em cima do local. Quando subiu até lá, a porta estava trancada e precisava de um cartão.
— Hmmmm….
Sen puxou uma pequena formiga de metal de seu bolso, uma formiga espiã, usando ela ele conseguiu entrar e estava vendo tudo que ela via. Subindo pela mesa ele viu um documento jogado lá. Após alguns minutos ele entendeu o que estava acontecendo.
— Ele está se clonando. Mas o que é isso? “Projeto Grand King”?
“Experimento 000001, falho.”
“Experimento 000100, falho”
“Experimento 100000, sucesso.”
Os experimentos começaram a dar certo depois de muitas tentativas, o que levou anos. O que precisava para ele funcionar era o uso de almas humanas, mas isso não era fácil de se conseguir.
“A alma de monstros foi dada como uma matéria eficiente, embora não seja adequada.”
Bahad não poderia criar o corpo perfeito para seu grande”Rei dos Humanos ” com almas de monstros, isso iria completamente contra seu plano ideal. Sua visão de como a humanidade pode ser superior a outras raças. Então ele veio com uma ideia cruel, que colocaria em prática quando conseguisse o 『Iluminado』.
Ele criou um reino enorme, apenas para esse objetivo. Ele pretende absorver a cidade inteira e inserir todos os poderes, habilidades e experiência de todos os habitantes em apenas um corpo. E no final, chamá-lo de seu próprio corpo e renascer como um verdadeiro rei dos humanos. Claro, isso tudo foi o que Sen deduziu usando as informações que descobriu.
— Já devo ter informações suficientes. Hora de voltar.
Sen se teleportou para fora. Faltavam apenas dois dias para a invasão começar, ele precisava se reunir com sua irmã para pensar no próximo passo.
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