Uma Nova Lenda Surge - Capítulo 25
Tédio, uma palavra com um significado simples, mas que pode ter vários sentidos. É dito que uma decisão feita pelo ser em si traz o futuro no qual se decidira se é ou não tedioso.
Então porque eu sinto esse aperto? Faço tudo pensando no melhor, mesmo assim… Porque essa dor?
No passado eu matava pessoas, por um simples objetive, ver o que tem atrás das portas da verdade, e hoje eu estou com parte de minha memória apagada fazendo um pacto com o diabo.
Será que o grande guerreiro deveria se sucumbir assim? Ou simplesmente deveria continuar a lutar? Será que essa dor vem da pequena Shorn?
O que eu a fiz passar pode ser mal visto por seres de intelecto subdesenvolvido, mas é uma certeza que o que fiz foi o melhor para ela…
— Que saco…
Meu sono interrompido pelos meus pensamentos, porque isso já não era algo anormal para mim?
— Tenho que me mover, se eu estagnar estarei morto, e terei que recomeçar.
Levanto-me e sigo até a escrivaninha que permanecia cheia de papeis e livros, lançados sobre ela.
— Entre eles um poderá me trazer o circuito do qual devo seguir para resolver esse enigma.
O universo é um ser vivo que diferente do natural, controla todos os elementos existentes e outros, que ainda são estudados pela ciência moderna.
Cada recurso possui dentro de si ondas que se espalham pelo campo do objeto destruindo ou dispersando ondas opostas, ou atraindo ondas semelhantes.
Assim, quando as Energias foram desvendadas em torno do ano duzentos do calendário estelar, descobriu-se que cada corpo emite uma espécie de onda especifica, que pode ser mudada pela própria vontade de seres.
Moldar a energia dos objetos como bem desejar, no entanto voltando-se para o seu tipo de onda especifica, mas se exagerar pode acabar se autodestruindo, repelindo as próprias células, transformando o próprio sangue em outro composto.
Algo extremamente poderoso, mas ao mesmo tempo perigoso, se algum tolo colocar as mãos sobre a energia sem um pequeno conhecimento prévio sobre si… Apenas os deuses saberão o seu destino.
— Realmente meu caro Kardurins, a busca pela verdade, algo que vai mudar o Universo no qual pisamos.
Sem bater na porta, um homem de estranhas feições entra no quarto pegando um dos livros que permaneciam acima da escrivaninha, ao lado da porta.
— E quem seria esse que entra em meu quarto sem aviso prévio.
— Para alguém em uma posição próxima a de um prisioneiro, até que você é bem abusado. — Ele fecha o livro e o devolve para a escrivaninha. — Sou Garjov, o general dessa região, fiquei sabendo que alguns ratos da Fortaleza, haviam se alojado em minha base de operações, só não imaginaria que seria alguém de alto nível como o Senhor.
— Então sequer falaram sobre o motivo de minha presença.
— Infelizmente sim, por isso vir o mais rápido possível para resolver de uma vez essa pendencia.
— Então podemos ter um acordo?
— Sim e não, nós sequer sabemos se podemos confiar em você no momento, por isso pedirei para que fique conosco por mais alguns dias, afinal se unirmos forças ambos poderemos ter o que desejamos.
— Eu seriamente não me importo muito com o que vocês fizeram com a Sinaberm, afinal ela já estava pronta para se sacrificar pela causa. — Uma clara mentira que até uma criança identificaria.
— Não se preocupe, nós sequer tocamos em um fio de cabelo de sua mulher, ela está em nosso calabouço servindo para nossos soldados e escravos mais necessitados.
— Vocês são mesmo uns filhas da puta…
— Somo os filhos da mesma mãe que um demônio como você.
— Me garanta a proteção dela e suas filhas, além dos documentos sobre a verdade, e no final se é o que deseja unirei minhas forças as suas, afinal com meus soldados não deve ser muito difícil derrubar a fortaleza na situação da qual se encontra atualmente.
— E você trairia o seu próprio povo?
— Não se preocupe aqueles que estão comigo são guardado no meu bolço esquerdo.
— Me surpreende você saber de tanta coisa estando preso em um quarto com uma pequena criatura, que por sinal estará como nossa refém também, mas diferente das demais, ela está na situação que desejava.
— De quanto tempo você precisa?
— Dê-me uma semana, deve ser tempo o suficiente.
— Estarei em aguardo.
O homem que se alto denominava Garjov, se retira após uma pequena reverencia, com um largo sorriso vitorioso, gemendo como se comemorasse por dentro, mas com o fechar da porta pode-se notar a sua verdadeira forma do outro lado.
— Um soldado sem honra.
— Você não está muito longe dele, afinal quis proteger aquelas duas meninas e Sinaberm. — Aquela voz irritante retorna para a minha mente, mas dessa vez em um tom de orgulho zombeteiro.
— Não é de sua conta.
— No fim, realmente existia uma chama em meio a esse coração de pedra e gelo.
— Realmente… Provavelmente antes eu não liga-se tanto, pois estava agindo de forma egoísta até ontem, mas… Em minha cabeça eu sei que nem sempre fui assim.
— Alguns te chamam de Demônio, mas isso é porque não conhecem o Deus que a em você.
— Hahaha… Uma divindade eu?! Acho que você se enganou espada.
— Vai por mim, eu sei sobre a sua gentileza com aquilo que é vivo, mas… — Ela para repentinamente.
— Mas o que?
— Nada!
“Nada”, ela acredita que uma simples palavra pode mudar o assunto no qual seguimos.
— De qualquer forma, é isso que você realmente quer? Se unir a eles?
— Nem sempre temos opções… — Falo em um suspiro.
— Você está errado, você é aquele que apenas por desejar pode dividir mundos, unificar reinos, você é aquele que retirara esse mundo das trevas.
— Você está errada… Mas se acha que eu posso fazer tudo isso sem sacrificar aqueles que amo, diga-me.
— Infelizmente você terá que sacrificar algo em troca de poder…
— Como eu imaginei nada é de graça nessa vida.
— Mas… Se for você eu acho que é possível!
— Fé… É uma jogada arriscada e você deve saber disso.
—Não se preocupe, eu tive um plano, nesse mesmo quarto em que estamos existe uma fenda que pode nos retirar daqui, mas não sei para onde ela pode nos levar.
— E você acha que eu devo entrar nela?
— Sim.
— E porque eu faria isso?
— Se você realmente quiser salvar aquelas duas terá de ser treinado, e eu farei isso com você.
No mesmo canto onde a espada permanecia enrolada pelos panos amarronzados, uma doce jovem dama assume o lugar da lamina, se enrolando em meio aos panos.
Seu cabelo eram como labaredas vivas, seus olhos eram como esmeraldas brilhantes, que reluziam em meio a escuridão do quarto, a pele bronzeada em um tom entre o bronze e o branco.
— Para mostrar a sua verdadeira forma diante de mim, significa que você realmente acredita em minha capacidade.
— Sim, o guiarei para luz, assim como fez comigo no passado.
— Tudo bem, vamos seguir para essas terras desconhecidas e se misturar com o seu povo, temos uma semana, caso não retornemos nesse período, poderemos esperar pelo pior.
— Nem se preocupe, sou exata quanto ao tempo.
Decidido começo a me preparar para o ritual que seria necessário, para abrir aquela fenda, um verdadeiro buraco de minhoca que pode me levar de um lugar a outro em instantes.
Pego o tinteiro que permanecia sobre a escrivaninha e com o dedo indicador, agora sujo de tinta preta, começo a desenhar no chão do cômodo.
Um circulo de quatro fontes, guiado pelos traços do espaço, seguindo a leveza do vento, sobre as ordens do decimo quinto portão.
Em seguida guardo o tinteiro e me ponho de joelhos diante do desenho feito no chão.
— Dos mares a terra, do ar ao mar, a curva entre eu e você, a distancia entre dois amantes, uma casa no alvorecer e uma terra farta. — Começo a orar.
— A Divindade se opõe sobre nós, e a vida subjugou, o nascer nunca chegará. — A lâmina se junta à cantiga, se ajoelhando ao meu lado.
— Ele já chegou!
Diante de nossos corpos que permaneciam imóveis, uma brecha no espaço se abriu, do outro lado paredes de pedra amarronzadas e alguns caixotes deixados no chão.
Demos sorte, aquilo sem duvidas era uma cidade, mas infelizmente o pouco que podíamos ter sobre ela eram aquelas paredes.
— Eu sei que pode ser um pouco tarde, mas eu me chamo Kashisujo e espero que nos demos bem daqui para frente. — A jovem me estende a mão em um aperto.
— Espero o mesmo, Kashisujo.
Estendo a minha mão para ela, mas invés de apertarmos as mãos, ela me segura puxando rapidamente para dentro daquela fenda no meio do quarto escuro.
A minha visão é consumida rapidamente pela forte luz do meio dia, fazendo-me fechar os olhos por impulso, mas logo vou me acostumando com o mundo a minha frente.
Estávamos no meio de um beco, ao lado da estrada principal, na qual moradores, vendedores e outros caminhavam, gritavam e cantavam, seguindo seus rumos.
— Onde estamos?
— …
— Kashisujo?! — Sem perceber eu já havia perdido de vista a minha companheira que me “convidou” para essa aventura. — Merda…
— Do que está se lamentando? Mal chegamos e já está rodeado por essa aura negativa! — Kashisujo fala se aproximando pelas minhas costas.
Me viro e deparo-me com uma colegial, uma camisa branca, uma jaqueta de mesma cor, no entanto com uma estampa sobre o peito direito, uma saia xadrez preto e branco, tendo o branco de forma predominante, e meias que iam até o seu joelho.
— Surpreso?
— Sim, não imaginei que usaria uma instituição regional como disfarce, mas é um bom plano.
— Ótimo, então pegue isso e se vista. — Ela joga um conjunto de roupas, parecidos com o dela, mas em sua versão masculina.
Retiro calmamente as minhas pesadas roupas, iniciando pelo sobretudo que ao solta-lo faz o som de metal ao bater no chão, em um forte baque. E prossigo até trocar completamente a roupa.
— Me surpreendo os jovens usarem roupas tão leves, eles não temem mesmo a morte que a guerra pode trazer. — Falo me alongando em minhas novas vestes.
— Você se esqueceu de que esse mundo pode não estar em suas guerras.
— Tem razão, acho que devo esquecer um pouco da guerra e focar no que realmente importa, salvar as minhas companheiras, mas…
Agacho-me recolhendo o meu surrado sobretudo e outras peças de roupas que permaneciam no chão.
— Não posso deixa-las aqui. Derinstemes Lacmavuc-us.
O sobretudo, calça e camisa que estavam em minhas mãos, aos poucos deixam a sua forma original, e se tornam um pequeno pingente com uma garra negra como pedra.
— Faz tempo que eu não me disfarço, fiquei com medo de perder os meus pertences.
— Certo! Vamos nessa Kardurins, temos muito a ver antes de iniciarmos o treinamento!
Kashisujo vem em minha direção, me agarrando pelo braço e arrastando-me para o meio da multidão, aquela cena lembrava até um casal de jovens despreocupados aproveitando a vida.
Onde eu havia me metido?