Trupe Elemental - Capítulo 97
Do lado de fora, Matt surpreendido, ele contemplava a vista do céu, atordoado com o que estava vendo. Um vasto céu negro mas que iluminava os arredores incondicionalmente, adornado de inúmeras estrelas e astros. No centro do horizonte um enorme e imponente buraco negro. As fraturas abertas no céu, expelindo a poeira estelar que pairava sob suas cabeças, abaixo de seus pés, uma terra flutuante e logo abaixo, a visão imensurável do abismo que ali se encontrava, belo porém mortal.
— Pelos deuses…! Esse lugar é incrivelmente assustador e belo. — Matt comentou.
— Hum? Parece que você estava certo sobre algo, Matt. De fato esse é um horizonte acima do céu pelo que parece. — Disse John, dando um tapa nas costas dele.
— Não estamos no céu, estamos muito, muito acima dele. — Mary respondeu.
Mary tomou a liberdade para explicar que apesar do lugar que estarem, ser muito parecido com o espaço sideral, não poderia ser verdade. Visto que todos conseguiam respirar sem nenhum problema. E que isso não seria possível segundo os estudos de astrólogos e de seus antigos professores da universidade. Mary ainda disse que, independente de ser real ou não, o abismo logo abaixo deles era, e cair nele significava se perder para a eternidade.
— Então é mais ou menos assim que o espaço se parece? Ou isso seria apenas uma imagem distorcida criada aqui? — Tay perguntou.
— Não há como saber. Ninguém foi capaz de superar os céus para ver o que há lá em cima, mas se os estudos estiverem minimamente corretos, talvez sim. Talvez seja isso que nos aguarda além do céu cerúleo. — Mary respondeu.
— De qualquer forma é impressionante ver isso de perto. Mas por que exatamente está aqui? Se estamos caminhando dentro do Mundo Espiritual, então esse seria o céu dele? Não faz muito sentido para mim… — Ryutisuji perguntou.
Quando os outros não estavam olhando, John aproveitou o curto momento para olhar seus hematomas e garantir que nenhuma de suas feridas vai atrapalhar caso alguma futura batalha aconteça. Seu corpo não estava nas melhores condições, e havia piorado ainda mais por causa da última armadilha que havia caído na sala do trono da fortaleza anteriormente. Ele não queria que os outros se preocupassem com ele, e por isso preferiu esconder seus ferimentos. Além de também ser a hora ideal para confirmar algumas coisas com seu velho companheiro.
— Psst, Sylas. Sylas? Está me ouvindo, onde você está?! Já faz um bom tempo que você está quieto sem dizer nada. Estou ficando preocupado. — John pensou consigo.
— Droga… nenhuma resposta. Onde foi que você se meteu, Sylas? — Comentou.
A única a notar o comportamento dele foi Sarah, mas que preferiu não dizer nada. Ao seu ver, seria melhor observar de longe e ver o que aconteceria. Já que ela também queria descobrir o que levou Sylas a desaparecer por todo esse tempo. Os outros não suspeitavam de nada já que não eles conseguem ver ou escutá-lo como John e ela.
— O que mais me deixa curioso é como esse pedaço de terra em que estamos está flutuando no meio do nada. Humph, acho que depois disso nada mais vai conseguir me surpreender aqui dentro. — Disse Jesse.
— Vamos continuar, não devemos estar muito longe de Philip. Como está a situação em relação à fonte de energia, Mary? — John perguntou.
— Logo à frente. Está cada vez mais forte. Mas devo avisar que não estou sentido somente uma fonte de energia, mas várias ao mesmo tempo. — Mary alertou.
Mary disse que além da fonte de energia que estava detectando originalmente, agora ela estava sentindo muitas outras, desde fracas até muito fortes e incontroláveis. Todas elas estavam se reunindo em um único ponto adiante. Eles não podiam hesitar e muito menos voltar atrás. Então sem perder mais tempo, o grupo correu em direção ao único caminho disponível e que levava em direção a aquele enorme buraco negro.
Enquanto isso, o grupo repassava ideias e discutia como iriam proceder caso uma luta fosse inevitável. Eles não podiam se dar ao luxo de hesitar já que estavam prestes a encontrar com uma das maiores figuras de magia de sua geração, o infame Arquimago Philip. Conhecido por sua habilidade excepcional com o elemento Trovão, e por experimentos cruéis “em nome da ciência” como ele dizia.
— Tudo bem, escutem todos vocês. Philip é especializado em magia de longo alcance, ou seja, ele é extremamente forte enquanto se mantiver distante de nós. Porém ele é um péssimo guerreiro, só precisamos que John e Tay consigam uma vantagem de terreno sobre ele. Matt provavelmente já está ciente, mas Ryutisuji, evite de usar muitos ataques a distância, eles serão ineficazes. — Mary explicou.
— Magia de Água e Fogo também não fará muito efeito, visto que ele possivelmente vai contra-atacar com as suas de trovão, podendo causar grandes impactos que atingem ambos os lados. Nossa melhor aposta será John e Tay. O resto de nós irá focar em dar o suporte necessário para que os dois consigam chegar até ele e derrotá-lo. Poções, habilidades, qualquer coisa que aumentem nossas resistências mágicas e ao elemento Trovão são bem-vindas se tiverem alguma. Eu tenho uma já preparada, vou contar quando chegar a hora. Completou.
— Hum, eu posso tentar preparar algo rápido até lá. Mas não espere algo muito forte e confiável, eu estou com poucos materiais de fabricação aqui. — Disse Jesse.
— Não tem problema, já vai servir de algo. Comece a fabricar as poções agora, todos nós vamos precisar tomar pelo menos uma até lá. Solidificar nossas defesas vai ser essencial nessa luta. Como eu disse antes, ele é especialista no elemento Trovão, e uma de suas habilidades, o Campo Estático é a mais forte de todas. — Disse Mary.
— Huh? Como você descobriu isso? Eu não lembro dessa parte. — Matt perguntou.
— Eu tenho minhas fontes. Mas não é a hora de explicar. — Mary respondeu.
— Voltando ao assunto, basicamente ela cria um enorme campo elétrico em torno do conjurador, gerando um poderoso escudo feito puramente de trovões que refletem dano mágico, então somente ataques físicos irão funcionar. Além disso, qualquer um dentro de sua área de efeito será atingido por trovões periodicamente, só há uma forma de deter essa terrível habilidade e é indo contra os princípios dela, mas para isso vamos precisar de um terceiro guerreiro… — Mary explicou.
Além do abismo estelar, no apogeu do buraco negro, Philip dava os toques finais em seu próximo grande experimento. Tudo ocorria da forma que planejou, até que um de seus companheiros o chamou alertando:
— Reunião de emergência. É melhor você andar logo com isso e terminar o quanto antes. Aqueles velhos do conselho já estão desconfiados de que algo está acontecendo, não sei por quanto tempo vou conseguir esconder essa nova “doença” que está atormentando os residentes. Eles já suspeitam que seja magia e que é algo causado deliberadamente por alguém. — A voz disse.
— Não se preocupe, eu estou quase terminando. Não se pode apressar a perfeição. Tudo que fizemos não foi em vão. Vamos conquistar tudo e a todos. — Disse Philip.
— Logo, logo estaremos a um passo de redefinir este mundo que está há muito tempo perdido nas trevas. Eles precisam de uma lição. — Completou.
— Que seja. Não foi para isso que eu vim aqui lhe avisar sobre. Eu só espero que tudo esteja pronto dentro dos conformes e do prazo estipulado. Você sabe como o nosso mestre é impaciente. Se algo der errado por sua culpa, eu não vou assumir nada, não estou afim de entregar minha atual posição no conselho real. Só estou trabalhando com você porque foi da vontade do mestre. — A voz disse.
— Eu sei, eu sei. E quanto ao Hector e o grimório? Eu ainda tenho uma dívida para pagar com ele, não podemos deixar que ele fique sem sua devida recompensa por nos ajudar a pôr em prática este espetáculo. — Philip perguntou.
— Ele fez seu trabalho perfeitamente. Eu já ordenei para que retorne e aguarde futuras ordens, não se preocupe, ninguém desconfia dele ainda. É um ótimo ator e cumpre com sua palavra. — A voz respondeu.
Enquanto Philip e a outra pessoa conversavam, uma terceira figura ouviu por capricho e se jogou na conversa também.
— Ora, que maravilha, vocês dois aqui. Não pude evitar de ouvir algumas partes de sua conversa, então achei que seria bom eu me juntar. Eu tenho algumas informações interessantes para repassar a você, Philip. — Ela disse.
— Seu grupinho de amigos já atravessou o abismo estelar e estão há poucas horas de chegar até você. E o que acontece depois disso? Espero que você tenha um plano caso eles cheguem antes do prazo. — Comentou.
— Hahaha. Isso não será problema. Mesmo que eles consigam chegar até aqui, e eles vão, sem sombra de dúvidas. Eu não vou deixar que tolos impuros como eles destruam o futuro brilhante que nos aguarda. Mostrarei a todos eles que meu título de Arquimago não é apenas uma condecoração ridícula que recebi. — Philip respondeu.
— Heh, a sua arrogância é algo único, sabia disso? E ela também será a sua ruína se você não começar a ver o que está diante de ti. Eu estive observando aquelas pessoas por tempo suficiente e sei do que são capazes. Se eu fosse você Philip, não subestimaria eles. Você sabe melhor do que ninguém que aquela mulher, Rosemary Ruvus é uma singularidade instável. — A voz disse.
— Eu vou triunfar sobre eles. Você verá com seus próprios olhos. — Disse Philip.
— Eu espero que sim. Seria uma pena se você fosse superado e tivesse que morrer aqui neste lugar vazio onde não há nenhum vento, haha. Imagine só… — Ela respondeu.
Philip ouvindo aquilo fez com que sua feição de confiança desmoronasse por completo, ficando um pouco desconfiado, ele encerrou a conversa. Voltando seu foco para o experimento que já se encontrava praticamente finalizado. Ele não podia deixar que coisas sem sentido o atrapalhasse.