Trupe Elemental - Capítulo 95
Descompromissado, andando de um lado para o outro, ele invocou algo que parecia ser um livro. Ele estendeu suas mãos e disse:
— Rosemary Ruvus, eu sei que sua sede pelo conhecimento é algo incrível e insaciável, eu admiro bastante aqueles que se desafiam a chegar na verdade por trás das belas coisas do universo. Mas os humanos são criaturas tão frágeis, não vivem por muito tempo, sua única forma de preservar tais conhecimentos é através de livros e histórias repassadas por gerações… — Ele disse.
— Veja este lugar, por exemplo, o que você acha que aconteceu aqui? Você não sabe, eu também não. Mas sei que possuo um item extraordinário que pode mudar tudo. Eu chamo ele de Atlas, um poderoso grimório que é capaz de transcrever tudo à sua volta de forma autônoma e precisa. Passado e presente, não importa, são coisas fúteis para ele. Você poderia descobrir tudo que quisesse sobre qualquer lugar, pessoa ou assunto, pense nisso, Mary. — Explicou.
— Do outro lado, um velho ornamento que muito pertenceu a um completo desconhecido rei de um miserável império que sucumbiu à própria ganância. Sua chave de saída daqui, mas para onde exatamente? Pense nisso, Mary. — Completou.
— Hmph. Muito rude da sua parte me chamar assim. Ainda mais fazer uma proposta tão estúpida igual essa. Acha mesmo que eu trairia eles? — Ela perguntou.
— Hã? Em nenhum momento eu citei algo assim, você que formulou isso tudo. Aliás, você parece bem aflita quando se trata sobre traição. Eu não disse nada, e mesmo assim você reforçou essa ideia de que não pode dar as costas para seus amigos… Ou será que há um termo melhor do que esse, hahaha, eu imagino. — Ele respondeu.
— Sabe, eu sou uma pessoa muito paciente, mas até minha paciência tem limite. E eu já não estou começando a gostar desses seus jogos. Nada me impede de acabar com você e obter as duas coisas que está me oferecendo. — Disse Mary, irritada.
Ouvindo as palavras de Mary, a figura deu um longo sorriso, e por um pequeno instante, uma fração de segundo a aura de todo o lugar mudou de repente e logo retornou ao normal. Por mais pequena que havia sido aquela mudança repentina, Mary pode sentir a diferença de poder entre eles.
— Ei, ei, vamos com calma, está bem? Não há necessidade de violência! Eu não sou bom em lutar, sou um pacifista! — Ele disse.
— Chega disso, me dê a coroa, estou indo embora daqui! — Disse Mary.
Com Mary tomada sua decisão, ele lhe entregou a coroa do rei como havia prometido, o livro em sua outra mão se desfez. Ele não estava surpreso com o resultado.
— De qualquer forma, se você tivesse escolhido o Atlas eu teria lhe dado a chave para sair deste lugar também. Na verdade, eu só queria ver qual decisão você iria tomar, abandonar seus amigos em troca do conhecimento infinito, ou deixar seu orgulho de lado, e ser a pessoa que eles pensam que você é, hahaha. — Ele disse.
Enquanto Mary estava ausente, nesse meio tempo os outros foram capazes de se encontrar com o restante do grupo, graças às suas orbes rastreadoras.
— Ah, ótimo! Vocês conseguiram. Que bom que estamos todos juntos novamente, eu estava bastante preocupado! — Disse Tay, ao ver Sarah, Jesse e Ryutisuji.
— Ainda bem mesmo. Eu me assustei quando vi aquelas orbes vindo na nossa direção, mas logo pensamos que era alguma coisa de vocês. — Ryutisuji respondeu.
— Sim, foi obra da senhorita Mary. No momento ela não está, ela retornou a parte superior para recuperar um possível artefato para finalmente podermos ir embora deste lugar. Enquanto isso, basta esperarmos. — Tay explicou.
Agora com todos reunidos, eles tinham um breve momento para repor as energias e refletir um pouco até que Mary retornasse. De um lado Tay, Ryutisuji e Jesse discutiam algo, do outro John e Matt estavam sentados próximos de um canto. Sarah resolveu se juntar à conversa deles dois.
— Olá meninos, como estão? E seus ferimentos, já estão melhores, John? Me diga se houver algo que eu possa fazer por vocês. — Disse Sarah.
— Ah!! eu já entendi. É sempre assim! Mas eu? Eu que perdi um olho, ninguém fala nada, não é? É sempre você e ele, John. — Matt comentou.
— O que foi? Ficou com ciúmes? Sai dessa, irmão. — John respondeu.
— Haha, vocês dois, engraçados como sempre. Parecem mesmo irmãos de verdade. Certo, certo. Como está o seu olho, Matt? — Ela perguntou.
— Hum. Agora você mencionou… Tirando o fato que agora eu só consigo enxergar com apenas um olho, e que isso vai afetar minha precisão com o arco consideravelmente, eu acho que estou bem, obrigado por perguntar. — Disse Matt.
— Não liga para ele. E quanto a você e os outros? O que acharam aqui embaixo enquanto procuravam por nós? — John perguntou.
Sarah para por um instante e começa a pensar o que ela havia visto e logo diz para John o que encontrou:
— Nós encontramos outra sala similar a esta, com um arco em formato de portal. Jesse sugeriu que poderia haver uma rede de portais aqui embaixo, mas não pudemos confirmar nada, já que não tivemos tempo para explorar tudo. Parecia que sempre estávamos caminhando em círculos sem sair do lugar. — Sarah explicou.
— Certo. Eu e Matt também passamos por algo parecido. Este lugar tem uma concentração absurda de energia elemental que deve estar afetando as coisas por aqui, é o que eu acho. — John respondeu.
Do outro lado, Tay compartilhava o que ele havia visto no tempo que passou junto de Mary, Jesse e Ryutisuji estavam incrédulos com o que ele estava falando.
— É sério pessoal. Eu não sei e John e os outros sabem disso, mas o que eu e a senhorita Mary encontramos é no mínimo preocupante. — Tay comentou.
— Eu concordo. Você deveria discutir isso com eles, não podemos deixar uma informação como essa de lado assim. — Ryutisuji respondeu.
Na sala do trono, quando Mary estava recitando sua magia de teletransporte para retornar ao grupo, a figura do corvo se aproximou e lhe disse:
— Espere. Antes de você ir, eu preciso te dizer algo importante. Acredito ser do seu interesse. Mas a escolha ainda é sua. — Ele comentou.
Sem dizer nada, Mary interrompeu a magia e olhou fixamente para ele.
— Muito bem. Preste atenção, Rosemary. Eu sou um ávido seguidor do destino, e acredito que o tear não pode ser mudado uma vez que ele tenha começado. Em outras palavras, isto que vou lhe dizer está fadado a acontecer e não há nada que você ou ninguém possa fazer para mudar esse destino. — Ele disse.
— Há um traidor em seu grupo! Pode ser qualquer um de vocês, até mesmo você Mary! Mas acho que se você fosse realmente o traidor, já saberia, não é verdade? Hahaha! De qualquer forma, descubra-o, tome as devidas providências e fique viva. Talvez assim possamos ter outra conversa amigável como essa. — Completou.
Outra vez sem nenhuma palavra. Mary rapidamente canalizou sua magia e se teletransportou da sala do trono, deixando a misteriosa figura do corvo sozinha.
— Hehehe, o que será que o futuro nos aguarda, filha da destruição? — Ele disse, olhando para o velho esqueleto sentado no trono.
Quando Tay se aproximou de John e Matt para falar com eles, foi interrompido pelo retorno de Mary. Temendo criar intrigas, ele preferiu deixar o assunto de lado. Olhando para o lado, ele viu que Ryutisuji pareceu não gostar muito de sua atitude.
— Certo pessoal. Eu consegui a nossa passagem de ida para fora deste maldito lugar. Só preciso sintonizar o artefato e o portal deve se abrir para nós. — Disse Mary.
— Ah, pois bem vamos logo com isso! Eu não aguento mais ficar aqui mofando, estava começando a me perguntar quando você voltaria. — Matt comentou.
— Só fique quieto, está bem Matt? Eu preciso me concentrar. — Mary respondeu.
Colocando a coroa no pedestal fez com que o molde que a segurava, emitisse um brilho que se interligava com as estátuas da sala. Todas as estátuas apontavam para o suposto portal, oferecendo algo. Exceto uma que segurava uma vasilha vazia com um desenho de uma gota.
Observando a estátua, Mary logo deduziu que se tratava de uma oferenda. Ela perguntou se alguém poderia emprestar algo cortante, Ryutisuji ofereceu seu pequeno punhal para ajudá-la. Mary fez um pequeno corte em sua mão e derramou seu sangue sob a vasilha, que se pouco encheu. Mas foi o suficiente para que seu tom vermelho ser refletido no chão espacial do lugar. As estátuas também começaram a brilhar e os cristais nas paredes que escorriam aquele misterioso líquido se energizaram, criando faíscas que convergiam no centro do arco, criando uma estrela serena que se dissipou, ativando o arco e criando um novo portal para o além.
— Aí está, nossa saída. Só espero que nos leve até nosso objetivo. — Disse Mary.
— Bem, só vamos descobrir se atravessarmos. O que estamos esperando? Vamos lá, temos um idiota para impedir! — Disse John, atravessando o portal sem hesitar.
Logo atrás dele, eles foram um por um, atravessando o portal, sem saber para onde ele estava os levando. Porém confiantes de que seria para onde deveriam ir.