Trupe Elemental - Capítulo 77
A noite se passava, e conforme o dia se erguia, a força e brutalidade de Rafflesia também aumentavam. Seus ataques incansáveis tentavam atingir John a todo momento possível. Quando pensou que o havia atingido severamente, o corpo de John se desfez em trevas, revelando ser apenas uma ilusão.
Ele então ressurgiu em um ângulo que Rafflesia não tinha como se proteger e o atacava, rasgando sua pele grossa utilizando a Usurpadora, os cortes feitos eram seguidos de uma rajada negra que parecia impedir a regeneração dos tecidos. Cada vez que Rafflesia parecia ter conseguido acertá-lo, era apenas mais uma de suas ilusões previamente dispostas. As pequenas flores já não davam mais conta de acompanhar os movimentos de John, e aos poucos caíam em combate, restando somente ele e o próprio Rafflesia.
— Que pena, seus amigos foram derrotados. Achei que você fosse mais forte, mas na verdade, depende muito deles para fazer algo. Não que você vá entender minhas palavras. — Disse John.
— Fico imaginando, o que a pessoa que está a nos observar vai dizer quando eu te dizimar, será que ficará surpresa? Ou já está esperando por isso? — Completou.
Ao ver que está em desvantagem, Rafflesia partiu para uma abordagem mais covarde, e tentou atacar Matt que estava inconsciente no chão, usando seus chicotes vinhas e ainda mais de seu veneno, mas nada teve sucesso, ao ter seus chicotes dilacerados rapidamente por John em uma investida letal. Aproveitando o momento em que Rafflesia estava aturdido por conta dos ferimentos, John pegou Matt em seu colo e o retirou do campo de batalha, colocando ele em um lugar próximo, porém mais seguro do qual estava antes.
— Covarde! Seu oponente sou eu e não ele, não tente fugir agora. Me enfrente com tudo o que tens! — Disse John, em relação a atitude de Rafflesia.
Rafflesia se recuperou parcialmente do ferimento anterior, de agora em diante sem ajuda de suas flores, ele não podia se curar completamente dos ferimentos causados por John, a batalha parecia estar chegando ao fim. Mas Rafflesia estava muito longe de desistir tão facilmente.
Ele gritou e logo retraiu seus chicotes vinhas, colocando-os em torno de si, formando um círculo, e em seu meio uma orbe de energia elemental começou a se formar e aumentar de tamanho gradualmente. John claramente sabia que um forte ataque estava para acontecer, mas não se intimidou com aquilo, ao contrário, ele estava muito calmo e pronto para enfrentar aquilo.
— Hum. Finalmente resolveu dar as caras? Então esse é o seu ápice de poder? Muito bem, vamos ver se consegues me entreter. Veremos o quão forte é o poder da Natureza! — Disse John, sorrindo olhando para aquilo.
A orbe ficou cada vez maior, ao ponto de quase engolir Rafflesia, o brilho verde dela era tão forte que parecia estar de dia. Vendo aquilo, John parecia cada vez mais animado para o que estava por vir, ele empunhou sua espada à sua frente para tentar se defender, mas o que ele na verdade queria, era rebater aquele poderoso ataque que Rafflesia estava canalizando. John sabia que poderia impedi-lo se quisesse, mas a simples adrenalina e o medo agitavam sua mente e seu coração.
Rafflesia disparou aquela enorme orbe contra John, devastando o chão enquanto ia de encontro com ele. John segurou sua espada ainda mais forte, e concedeu a ela ainda mais de sua energia vital para aumentar seu poder. Bem antes de ser atingido, ele desferiu um poderoso corte na orbe, causando uma explosão imediata e devastadora que fez a área ao seu redor ser destruída. O solo foi danificado, árvores caíram, e uma enorme fumaça misturada com o veneno de Rafflesia se formou, e o silêncio tomou conta do lugar. A figura que os observava de longe, utilizou um escudo para se safar do ataque. Rafflesia estava confiante que, daquela vez, havia finalmente derrotado John.
Quando a fumaça baixou, no epicentro da explosão, a silhueta de John ainda estava lá. Completamente ensanguentado mas protegido por um campo repulsor negro, John havia conseguido se defender do ataque de Rafflesia. O escudo formado pela Usurpadora utilizando sua própria energia vital foi capaz de protegê-lo, mas não completamente. John estava bastante ferido, mas não mostrava sinais de que iria perder aquela batalha, ele podia continuar, ele queria continuar.
— Ha… Hahaha! Então isso é… isso é estar vivo! — Disse John, rindo.
— Agora é a MINHA VEZ! — Completou.
Erguendo seu braço ao alto, John fechou seu punho, criando um círculo mágico sobre ele. Os ataques e cortes causados por John anteriormente ao Rafflesia, deixam resíduos do elemento trevas em suas feridas, o que impedia que ele se curasse. Quando John ordenou, estes resíduos começaram a ser sugados de volta para a sua mão, como se ele estivesse o drenando, eventualmente o braço de John foi escurecendo ao ponto de ficar completamente negro. Até mesmo o poder restante da Usurpadora foi sugado por sua habilidade misteriosa.
No morro acima, a figura observava atentamente as ações de John, ela sabia que havia sido descoberta mas não se retirou do lugar em que estava. Nem mesmo John se importava com a presença dela, contanto que não o atrapalhasse. Reunindo poder suficiente, John apontou o círculo mágico para Rafflesia, ele se ativou e se expandiu por todo o canto até Rafflesia.
— Medo Irracional! — John sussurrou, liberando sua habilidade.
Na visão da figura que os observava, ambos John e Rafflesia desapareceram como poeira ao vento, tudo que ela conseguia ver de fora era apenas algo como duas chamas de frente uma para a outra. Já para Rafflesia, a floresta à sua volta se tornou um lugar vazio e escuro, sem nada além dele mesmo, havia gritos ecoando por todo o lado, sua percepção havia sido comprometida, e o medo havia tomado conta de si.
John baniu a si mesmo e Rafflesia para um plano de existência alternado, onde não havia nada além da escuridão absoluta. Se escondendo nas sombras, ele observou o medo tomar conta de Rafflesia, e pensou como até mesmo monstros possuem medo, e são extremamente fracos quando exposto de frente para ele. Rafflesia perdeu seus sentidos e sua razão, ficando vulnerável, abrindo uma oportunidade de John acabar com ele da forma mais rápida e fácil possível.
— Acabou! — John gritou, atacando Rafflesia.
Quando ouviu, Rafflesia rapidamente se virou e atingiu John com um ataque, mas ele estava enganado novamente. Era apenas outra ilusão de John. Quanto mais ele tentava atacar, mais ilusões surgiam, cada vez em números maiores. As ilusões de John apareciam e o atacavam sem parar, mas todas eram facilmente mortas com apenas um golpe. Porém Rafflesia ficava cada vez mais fraco, pois quando derrotadas, as ilusões drenavam parte de sua energia vital.
John percebendo que Rafflesia estava começando a ficar desesperado, riu. Sua risada ecoou por todo o lugar, causando ainda mais medo nele, que já não sabia o que fazer e estava atacando de todas formas possíveis na tentativa de escapar. Quando Rafflesia cessou seus ataques, foi quando percebeu que algo o observava, uma presença avassaladora bem atrás de si, um enorme olhar banhado em medo e fúria, e em sua frente, três figuras com a aparência de John. Uma com um sorriso medonho, uma com a expressão neutra, e a última triste. As três apontaram suas espadas para ele.
— Não se pode escapar de seus medos. Persiga-os. — Elas disseram.
Em uma investida em conjunto, as três retalharam Rafflesia, desferindo incontáveis cortes em todo seu corpo, e no último golpe desferido, foi capaz de cortá-lo ao meio e ao mesmo tempo quebrando a escuridão absoluta que reinava, os trazendo de volta para o lugar onde estavam no mundo real, dissipando o lugar que John criou momentaneamente com sua habilidade.
O sol começava a aparecer, a noite havia acabado e junto com ela o Rafflesia. A longa batalha entre John, Matt e ele havia chegado ao fim, dizimado por algo além de sua compreensão. Exaurido da batalha, John se ajoelha no chão, se apoiando em sua espada, ofegante ele desfaz o círculo mágico e a Usurpadora retorna a sua aparência de costume. Olhando de relance para Matt, ele vê que seu amigo, ainda está se esforçando para se manter vivo, mas que precisa de ajuda urgentemente.
— Droga… Só tenho mais algum tempo, logo vou voltar para aquele confinamento estúpido, mas um pouco já basta, não é mesmo, John? — Comentou.
— Já pode parar de se esconder. Espero que você tenha aprendido algo com a apresentação de hoje… Mary. — Disse John, olhando para o morro acima.
No mesmo momento, a figura que estava apenas observando salta de cima do morro, e revela ser Mary todo aquele tempo. Mesmo que já soubesse quem era, John não estava nada contente com aquilo e exige uma boa explicação.