Trupe Elemental - Capítulo 75
— JOHN, SE ABAIXE! — Gritou Matt, disparando três flechas elementais.
— Acabe com ele, Matt! Eu te dou cobertura! — John respondeu.
Quando as flechas acertaram Rafflesia, elas explodiram em chamas, criando um mar de chamas nos arredores. O lugar que antes estava completamente coberto pela escuridão da noite, foi clareado pelas chamas ardentes das flechas de Matt.
Mas ainda não sendo o suficiente para pará-lo, as flores que davam suporte ao Rafflesia rapidamente extinguiram as chamas de seu corpo e o curaram lentamente. John percebeu que as flores que o rodeavam seguiam um padrão, similar ao dos elementos. A flor de tonalidade azul representava a Água, e se comportava de uma forma para auxiliar o Rafflesia, já a flor branca se comprometeu em curá-lo em caso de um ataque grave. Ainda restavam mais duas flores, a vermelha e a amarela. John em uma rápida dedução, sugeriu que fossem de Fogo e Trovão respectivamente.
— Escuta, Matt. As flores pequenas, elas são a chave para vencê-lo! Se não acabarmos com elas primeiro, não iremos derrotá-lo. — Disse John.
— É, eu achei bem que esse fosse o caso. Vamos matá-las e depois pegamos ele! Minha prioridade agora é tirar aquela curandeira da jogada. — Matt respondeu.
John e Matt assumiram uma formação de ataque, enquanto John ficava na linha de frente impedindo que o Rafflesia avançasse, e revidando seus ataques, Matt ficava na retaguarda fazendo uso de suas habilidades de longa distância para tentar eliminar as flores menores. Porém ainda faltava algo, ainda que eles mantivessem um combate resiliente e impecável, nada parecia mudar. Sempre que Matt consegue derrubar uma das flores, Rafflesia simplesmente invoca outra em seu lugar. Enquanto John tem que lidar com as investidas mortais dos chicotes de vinhas dele, imbuídos com algo que parecia um veneno. John os estilhaçou inúmeras vezes mas era ineficaz.
— Droga! Não está adiantando, John! Ele não para de chamar mais flores, o que a gente faz?! Eu só tenho mais um pouco de energia sobrando… — Disse Matt.
— Eu sei, eu sei…! — John respondeu, saltando na direção do Rafflesia.
Ao saltar, ficando cara a cara com o Rafflesia, John se ajoelhou parcialmente, desviando dos chicotes vinhas e logo em seguida segurou sua espada fortemente próximo ao quadril. Com uma rápida recitação, John utilizou uma de suas habilidades básicas que o permitiu criar quatro reflexos de si mesmo ao redor de Rafflesia sem que ele percebesse. Quando desferiu o corte de sua espada contra ele, os reflexos criados repetiram seu golpe, resultando em uma cadeia de ataques que não só atingiram Rafflesia como também suas flores, eliminando algumas no processo.
Abalado com o ataque, Rafflesia recuou um pouco enquanto mandava saraivadas de folhas cortantes contra John. Eram muitas, e bem afiadas, por mais que John tivesse conseguido se defender da maioria, algumas ainda sim o atingiram em cheio.
Devido às sequelas das batalhas anteriores, John não estava em perfeito estado para aquela luta. Isso era bastante visível para Matt que decidiu parar de ficar só dando suporte de longe e se juntou a ele na linha de frente. Mesmo que lutar diretamente não fosse seu ponto forte, ele não podia simplesmente ficar olhando sem fazer nada.
— O que você está fazendo, seu idiota?! — John perguntou.
— Não é óbvio? É um pouco irritante ficar atrás dos outros. Não vou suportar se tiver que vê-lo partir novamente, John. — Matt respondeu, sorrindo.
— Ha! Quem foi que disse que atiradores não podem lutar na linha de frente? Vou fazer eles engolirem essas palavras! — Disse Matt, enquanto seu arco era tomado pelas chamas, assumindo uma forma dracônica.
Utilizando o pouco de energia elemental que lhe restava, Matt invocou a fúria do dragão carmesim sob seu arco, permitindo que ele tivesse flechas elementais praticamente infinitas, encharcadas com o poder do dragão que residia no arco. Isso o exauriu completamente, ele deixou bem claro para John que só teriam alguns minutos para tentar derrotar o Rafflesia, senão, após aquilo ele estaria sozinho.
— Vamos lá, John! Só tenho alguns minutos antes de cair, vamos acabar com a raça desse infeliz! — Disse Matt, convencido.
— É assim que se diz! Não hesite agora, iremos com tudo! — John respondeu.
De um lado, John retalhava os chicotes vinhas do Rafflesia com sua espada, enquanto Matt com suas chamas fortalecidas, queimava as flores que o auxiliaram, diferente de antes, as chamas eram tão fortes que Rafflesia não estava dando conta de repor as flores que pareciam. A única flor que Matt não conseguia eliminar era a de tonalidade vermelha. Ela estava resistindo muito bem aos ataques de fogo, sua resistência às chamas era muito alta, se não totalmente, Matt pensou. Ela também parecia estar gradualmente cedendo um pouco de sua resistência para o Rafflesia, que passava a atacar mais frequentemente, não só com os chicotes de vinhas, mas diretamente, tentando abocanhar John com seus dentes espinhosos.
Era como se John sempre estivesse dançando no campo de batalha para tentar desviar de todos os ataques. Quando uma oportunidade surgiu, Matt viu uma abertura para atacar Rafflesia diretamente, ele conjurou uma esfera de fogo em sua mão e jogou bem contra ele, o atordoando brevemente. Isso conseguiu o pouco de tempo que eles precisavam para eliminar as flores que restavam, incluindo a vermelha. Matt pensou que finalmente havia conseguido, mas se lembrou que ainda faltava uma flor para ser eliminada. Mas quando se deu conta, era tarde.
— John, Recue! Ainda não…! — Disse Matt, tentando avisá-lo antes de ser atingido.
— Matt! Matt! — Ele pode ouvir John dizendo, enquanto sua audição ficava turva.
A flor amarela, conseguiu passar despercebida por Matt. Ela se esgueirou sorrateiramente pelos arbustos e lá permaneceu esperando sua chance de atacar, quando Rafflesia foi atordoado por ele, vendo que havia baixado sua guarda momentaneamente, ela ressurgiu, disparando um espinho carregado com um poderoso veneno na ponta, perfurando o olho esquerdo de Matt, que logo caiu.
— Não pode ser. Não deveria ser assim, eu estava tão perto. Eu achava que era mais forte, o tempo realmente acabou comigo. — Matt pensou.
Quando caiu no chão, Matt sequer gritou de dor, o veneno já estava fazendo efeito, ele se alastrou muito rápido, retirando sua capacidade de falar e o paralisando completamente. Matt pensou que perderia por um gasto imenso de energia elemental e devido à exaustão, e não por um contra-ataque do inimigo. Sem conseguir nenhuma parte de seu corpo, Matt apenas conseguiu ver John tentando reanimá-lo, ele também mal conseguia ouvir e entender o que ele estava tentando dizer.
— Matt! Aguenta firme, não se atreva a perder aqui! — Dizia John para ele.
— Eu vou derrotá-lo e conseguir algo para te salvar, eu prometo! — Completou.
A flor amarela se preparou novamente para mais um disparo, dessa vez para acabar com John. Porém ele era mais ágil que Matt, tendo conseguido desviar do ataque dela e cortar suas raízes, a eliminando definitivamente. Rafflesia havia se recuperado do atordoamento que sofreu, sem perder tempo ele invocou novamente as flores que Matt e John se esforçaram para derrotar. Desta vez, o dobro delas. Ele estava mais furioso do que antes, o mesmo para John, ao ver seu amigo caído no chão.
John e ele se encararam brevemente, Rafflesia fez um grito horripilante que pareceu motivar suas flores, que começaram o ataque. John novamente utilizou sua habilidade de criar reflexos, desta vez John foi além e trocou de lugar com um de seus reflexos. Quando atacou, Rafflesia pensou ter acertado o corpo verdadeiro de John, mas que logo se mostrou ser falso e apenas o reflexo criado por ele. Bem acima dele, estava o verdadeiro John, que ao ressurgir, cravou sua espada na enorme flor que ficava na cabeça de Rafflesia, fazendo expelir um líquido de cor diferente do que estava presente nas outras partes do seu corpo. Ele gritou e se desequilibrou, jogando John para um pouco longe de si e ordenando que suas flores o atacassem de volta. Ao mesmo tempo, todas fizeram suas investidas, e mesmo ferido John conseguiu se defender de cada uma delas.
— Ele não cedeu nenhuma vez. Não tenho aberturas suficientes para encaixar um contra-ataque… Achei que havíamos conseguido…! — John sussurrou.
Nos morros acima de onde ocorria a batalha, algo estava observando John enquanto ele lutava bravamente contra Rafflesia. Ele não havia percebido sua presença, devido ao que estava acontecendo. Ela também não parecia estar interessada em ajudá-lo.
John e Rafflesia continuaram se atacando, com cada vez mais John ia se esgotando, chegando ao ponto que ele foi atingido pelos chicotes vinhas, um em seu braço e outro no seu torso. Rafflesia utilizou outros chicotes vinhas para suspendê-lo no ar e se aproximou. O rosto nefasto do monstro, quando John olhou, deu para ver que ele estava zombando dele, como se dissesse “Eu venci” muito irritado mas incapacitado de fazer algo, era o que o frustrava ainda mais. Em seguida ele abriu sua enorme boca e liberou um gás tóxico que causou uma tosse incontrolável e aos poucos o paralisou. A visão de John ia escurecendo aos poucos, os arredores ficavam embaçados, quase perdendo a consciência, John conseguiu ver uma pessoa. Ele conseguiu se ver, rindo de si mesmo. Aquele John estava lá, rindo.