Trupe Elemental - Capítulo 57
Ryutisuji, Matt e o governador resolvem terminar a conversa que estavam tendo do lado de fora dos aposentos de Mary, após terem sido reprimidos por Sarah, ao estarem atrapalhando os demais.
Lá embaixo, o restante do grupo continuava a folhear os livros e enciclopédias em buscas de informações úteis sobre as Selvas Ardilosas e um possível monstro que poderiam encontrar por lá, o Rafflesia.
— Esse livro é enorme, há bastante coisa nele. Desde criaturas comuns até mesmo monstros que eu nunca havia visto antes, isso realmente existe? — Tay questionou.
— Vai saber, às vezes sim, às vezes não. Pode ser que tenha sido escrito dessa forma só para vender mais, ou que realmente seja verdade, e que nós estejamos aqui falando essas coisas, haha… — Sarah respondeu.
— Ah… eu achei uma página interessante! Lembra daquela vez, em que fomos caçar alguns Lobos da Tundra, Ryutisuji acabou sendo mordido por um deles e ficou adoecido por bastante tempo? Eu creio que descobri a causa. — Disse Tay.
— Sim, eu me lembro. E então? Qual era o motivo? — Sarah perguntou.
— Aqui diz que, suas mordidas contém uma espécie de substância, que pode causar febres de até quarenta dias, impressionante. — Tay respondeu.
— Olha só esse aqui! São os Ídolos de Fogo. Eu me lembro de ver eles andando sobre a lava quente quando eu era criança. Meus pais me diziam que eles não se aproximam de pessoas ou criaturas que não possuem afinidade com o fogo, deve ser por isso que nenhum deles quis se aproximar de mim… — Disse Sarah.
— Eles são pequenos. Não parecem ser monstros que causam problemas, ou estou errado? — Tay perguntou.
— Não, na verdade. Eles geralmente não tem intenção de ferir outras criaturas, mas se sentirem ameaçados, podem se agrupar e formar um monstro muito maior que seu tamanho original. É melhor não perturbá-los se você ver algum. — Sarah respondeu.
Enquanto Tay e Sarah olhavam para as páginas contendo informações de animais e monstros em uma das enciclopédias, John procurava no outro livro, informações sobre o Rafflesia, que ele estava mais interessado no momento. E chegando quase no fim do livro, em umas páginas mais escuras que as demais, ele encontrou o que estava procurando.
— Vocês dois, venham aqui. Eu achei o que procuravamos. — Disse John.
— Oh! Muito bem, John! Ainda bem que encontrou. — Tay respondeu.
No livro que John estava procurando, havia uma série de páginas dedicadas às Selvas Ardilosas e tudo o que pode ser encontrado naquele lugar, sua fauna e flora, até mesmo o que sobrou de uma possível civilização antiga. Na primeira página sobre o assunto, está um aviso escrito pelo autor do livro, dizendo que, caso você for um estudioso e quiser ir até lá, tenha cuidado. Se possível contratar aventureiros ou até mesmo, mercenários experientes para auxiliarem a jornada. Muitos perigos espreitam a selva, não seja ganancioso, pois as selvas são impiedosas.
— Hmph. Como eu suspeitei, definitivamente não vai ser a melhor das jornadas que eu já tive, ainda mais se contarmos que o lugar deve estar infestado de criaturas e outras coisas nefastas. Talvez seja um bom desafio. — Disse John.
— É, não só isso, mas também temos que nos precaver contra venenos ou sangramentos, caso venha acontecer. Bandagens podem vir a calhar. Temos que estar sempre atentos. Vamos continuar, passe a página. — Tay respondeu.
Continuando a folhear as páginas sobre as Selvas Ardilosas, John chega até uma página contendo um desenho de um monstro, que lembra muito como Weiss descreveu o Rafflesia. Uma planta verde enorme, com uma flor ainda maior no topo de sua cabeça, dentes como espinhos, videiras saindo da parte de trás de seu corpo, cheias de espinhos, e braços com folhas afiadas e perfurantes.
— Aí está ele! Argh, que coisa grotesca! Como um monstro com essa aparência pode existir?! É exatamente como eles nos disseram. — Disse Tay.
— Tem razão. Se ele for como este desenho do livro, ele tem a aparência perfeita de uma besta incontrolável… não vai querer ouvir o que temos a dizer antes, vai nos atacar com tudo. — Sarah respondeu.
— Aqui diz algumas coisas sobre ele. Irei ler, para nós. — Diz John.
“Rafflesia é uma espécie de monstros-plantas gigantes, classificados como Colosso. Ele possui uma alta afinidade com o elemento Natureza e é capaz de controlar certos tipos de insetos e plantas ao seu redor, dependendo do ambiente atual que estiver.”
“Geralmente a chance de ver estas criaturas vagando, é quase nula. Porém estudos indicam que este tipo de monstro costuma a ter seu habitat natural, locais com uma alta concentração de energia elemental e vegetação densa. Eles são, por natureza, agressivos com boa parte das coisas que encontram, isso inclui humanos.”
“Uma pesquisa de campo, realizada pelo professor Ernst, da Universidade Real de Dynarose, e seus ajudantes, revelou que Rafflesias jamais, em hipótese alguma, serão agressivos contra plantas, e que tendem a protegê-las se estiverem ao seu alcance. Na pesquisa com ajuda de uma magia, eles colocaram uma vaca para comer algumas flores que estavam próximas do Rafflesia, ao ver o animal mastigando as flores, sua reação foi quase instantânea, ele utilizou suas videiras para perfurar o corpo da vaca, a matando na hora.”
“Rafflesia possuem algumas características únicas que podem ajudar a distingui-lo de outros monstros casualmente encontrados em florestas, bosques e selvas. Uma delas é que eles nunca irão se mover durante a noite, durante este período, eles se tornam imóveis e se enterram no chão além de colocarem armadilhas em torno de si para prender possíveis ameaças externas, deixando para fora somente a flor gigante em sua cabeça visível. A segunda característica é que eles emitem um odor extremamente forte, que lembra o cheiro de cadáveres, o cheiro pode ser sentido mesmo de longe, portanto é aconselhável que ao sentir um cheiro similar em uma floresta ou selva, abandone o local o mais rápido possível e chame autoridades próximas para averiguar. Há uma grande chance de que um Rafflesia esteja vagando pelo local. Outra peculiaridade deles, é que quando passam próximo de flores, elas tendem a ter seu tamanho aumentado do original, algumas ficam até mesmo maiores que arbustos ou troncos de árvores. Flores afetadas pelo Rafflesia passam a carregar o mesmo veneno que ele apresenta em suas videiras. E portanto, não devem ser utilizadas para consumo ou produção de algo.”
“O veneno presente nas videiras dos Rafflesias é letal para os seres humanos, ele pode corroer quase todo o tipo de superfície que entrar em contato, incluindo metais e pedras. Ainda não há um antídoto eficaz contra esse tipo de veneno, porém ele pode ser retardado com certos medicamentos. Se uma criatura for atingida pelo veneno, estudiosos recomendam que o local atingido seja retirado para que o veneno não se espalhe para o resto do corpo e destrua órgãos vitais.”
— Nossa! Esse monstro é temível e ao mesmo tempo muito interessante! Eu nunca pensei que poderia existir uma criatura como estas. — Disse Tay.
— É, eu também estou um pouco surpresa, as habilidades deste monstro superaram minhas expectativas. Só estou um pouco desconfiada de como eles conseguiram todas essas informações. — Sarah comentou.
— Não temos como saber. Falsas ou não, vamos levá-las como verdadeiras por enquanto, temos que estar preparados para o pior, isso tudo vai servir de ajuda, eu tenho certeza quanto a isso. — John respondeu.
— Olhe, bem aqui! Diz que o último Rafflesia visto pelo homem, desde a publicação deste livro foi na floresta temperada próximo da cidade Pinhamelho… espere, essa cidade não foi a que…? — Disse Tay.
— Sim, Pinhamelho era a cidade onde hoje fica a Terra de Ninguém, o lugar que foi devastado pelo Devorador. Talvez esta tenha sido a razão pelo qual Rafflesia esteja vagando pelas Selvas Ardilosas, ele perdeu seu antigo lar. — John respondeu.
— Admito que é um pouco triste, mas ele ainda é um monstro. — Disse Sarah.
— Monstro ou não, eu ainda acho que devemos tentar evitá-lo o máximo possível, vocês viram o que estava escrito no livro. Se dermos de cara com ele, é inevitável que uma batalha aconteça, e como lemos, o veneno dele é letal. Não vai ser nada bom se um de nós for atingido por aquela coisa. No pior dos casos teremos que suspender nossas atividades por um tempo. Se o acharmos, nós corremos. Não é uma questão de ser covarde, é sobrevivência. — Disse John.
— Hum… eu entendo seu ponto de vista, John. Eu não esperava que você fosse dizer isso, creio que seja a melhor decisão. — Sarah respondeu.
Tay após ouvir o que John disse para ele e Sarah, estranhou um pouco. Normalmente ele achou que John iria dizer para todos enfrentá-los juntos, em um esforço coletivo para derrotá-lo, mas não foi o caso, na verdade foi o oposto.
— É, eu concordo com você, John, e também com o que a Sarah disse, aconteceu algo com você que esteja o deixando aflito? Você não parece o mesmo de sempre, desde que chegamos. — Tay perguntou.
— Não, nada de mais. Talvez, talvez só que eu tenha ficado com um pouco de medo. Não se preocupem. — John respondeu.
Discutindo entre eles, sem perceber, Mary e Jesse retornam.
— Estamos de volta. Encontraram algo nos livros que mencionei? — Mary perguntou.
— De fato encontramos, o que acha de revisarmos mais uma vez? E depois podemos concluir os preparativos finais. — Disse Tay.
— É uma ótima ideia, aliás, onde estão aqueles outros três que estavam com vocês? Eu lembro que eles estavam conversando bobeiras. — Mary perguntou.
— Ah, eles estavam nos atrapalhando, então mandei que eles subissem para conversar lá fora, vou chamá-los de volta! — Sarah respondeu.