Trupe Elemental - Capítulo 25
Philip se levanta de sua cadeira e se afasta lentamente de John e Sarah.
— Como eu pude me esquecer? Mesmo sendo apenas uma marionete, ela possui o mesmo olhar intimidador que você tinha há anos atrás, senhor John, ou devo dizer, Ceifador? — Diz Philip.
— Calado, escória! Você nos traiu! — Diz John avançando contra Philip tentando o atacar. — Você não vai me silenciar, você não pode. — Philip responde, utilizando um teletransporte para desviar.
O clima entre os dois fica tenso após as coisas que Philip diz, Sarah que antes estava enfurecida com Philip, agora está preocupada com a situação em que os três se encontram, temendo que uma batalha desnecessária ocorra.
— Ceifador? Philip te traiu? O que tudo isso significa?! Eu não estou entendendo mais nada do que estão falando! — Diz Sarah confusa.
— Hahaha… o que tudo isso significa? Eu achei que você já estivesse ciente, senhorita Sarah. Mas pelo visto, John continua omitindo a verdade de seus companheiros como sempre, algumas coisas nunca mudam. — Disse Philip. — Muito bem então, já que ele se recusa a lhe dizer, talvez eu possa contar o que sei, o que acha? — Philip pergunta para Sarah.
— Sarah, não dê ouvidos a ele! Ele é um mentiroso! — Diz John.
Sarah olhou para John e o encarou por um breve momento, seu olhar já o dizia que ela não sabia mais se podia acreditar nele.
— Prossiga. — Disse Sarah.
— Ótimo, ótimo… — Philip respondeu. — Senhorita Sarah, a pessoa que está ao seu lado é ninguém menos que o quinto integrante da Trupe Elemental, o bravo grupo que derrotou o Devorador à cinco anos atrás, uma honra que ele faça parte de seu atual grupo, não acha? Hahaha! — Disse Philip rindo.
Sarah olhou novamente para John, ficando sem palavras após ouvir o que Philip havia dito. John por sua vez, abaixou sua espada e desviou o olhar de Sarah, sem dizer uma única palavra.
— Impossível… isso não pode ser verdade! A Trupe Elemental era composta por apenas quatro pessoas, isso é conhecimento geral! — Disse Sarah.
— Isso é o que eles querem que todos pensem, John não é mencionado em nenhum lugar pois ninguém sabia sobre sua existência no grupo. — Philip respondeu.
— Se você diz que ninguém sabia de sua existência no grupo, como você sabe, Philip?! — Sarah perguntou.
— Humpf, fui eu, junto ao líder deles quem arquitetou o plano para derrotar o Devorador, tudo foi discutido nesta mesma biblioteca em que nos encontramos agora. — Diz Philip.
— Há cinco anos atrás, John e o resto do grupo vieram até aqui para discutirmos como iríamos derrotar aquela abominação, mas pelo visto, é a primeira vez de sua marionete visitando minha residência, hehe. Eu até entendo o ponto deles em excluir John de sua odisseia, afinal, ninguém iria querer um assassino como herói de uma nação, não é mesmo? — Disse Philip.
— Marionete? Assassino? Philip, você já está começando a dizer besteiras sobre meu amigo, ele não é nada disso! — Sarah respondeu.
— Você realmente não sabe nada sobre com quem está andando, Sarah e ainda sim tenta defendê-lo? Se o que eu disse não te convenceu, vejamos o que posso contar a mais… — Disse Philip.
Philip caminha em círculos, pensativo, em o que pode dizer para convencer Sarah e expor o passado de John para ela, até que ele se lembra de algo.
— Ah! Também é de conhecimento geral que a base da Trupe Elemental ficava situada no Hemisfério Sul, certo? — Philip pergunta. — Certo. — Sarah respondeu. — Então eu presumo que você também conheça a série de assassinatos que teve como alvo principal, os criminosos da região, como era que as pessoas chamavam? Ah, é mesmo, “Noites de Terror” esse foi o nome dado ao período. — Disse Philip.
— Eu estou ciente deste acontecimento, mas o que isso tem haver com John ou a Trupe elemental, não faz sentido algum! — Disse Sarah.
— Eu vou chegar lá, aguarde. Como eu estava dizendo, o autor por trás destes crimes ficou conhecido como “Ceifador Enluarado” pois abatia suas vítimas sob a luz do luar, o curioso é que, a base da Trupe Elemental ficava na mesma cidade onde a maioria dos crimes ocorreram, além de que, Ceifador era o título de um dos membros do exército secreto do império de Dynarose. — Philip completou. — Todos esses títulos pertencem a uma única pessoa, ao seu amigo, John Scott Moonlighter, hahaha! — Philip respondeu rindo.
— BASTA! — Gritou John atacando Philip, que rapidamente ergueu uma barreira feita de raios para se defender.
— Ah, claro, partindo para a violência. A violência resolve tudo, não é mesmo? Mas fique sabendo que eu não serei derrotado por uma simples marionete! — Diz Philip ao bloquear o ataque de John, o contra-atacando com uma onda de choque, fazendo com que seja jogado para trás, batendo contra uma prateleira.
Sarah corre até John para ver se ele não se feriu e ajudá-lo a se levantar.
— Se feriu?! — Perguntou. — Não foi nada de mais, estou bem. — John respondeu.
— Eu adoraria ficar para conversar mais, porém eu tenho alguns experimentos para serem finalizados, esse vai ser um dos grandes, então se me derem licença, eu preciso ir. — Diz Philip antes de se teletransportar utilizando um círculo mágico.
Philip deixa a biblioteca e sua aura desaparece junto dele, ficando apenas Sarah e John, o lugar fica em total silêncio.
— John… — Diz Sarah. — Sarah, eu… — Disse John.
— Eu quero uma explicação sua John, é melhor que tudo aquilo que Philip disse não seja verdade! Depois de tudo que fizemos por você… você tem escondido tudo isso de nós por todo esse tempo? Você mentiu para mim, para todos nós. — Disse Sarah.
— Infelizmente, tudo que ele disse é verdade… sobre a Trupe Elemental, os assassinatos, a marionete que ele mencionou, eu não sei como posso te dizer. Eu só queria esquecer de tudo isso, queria esquecer o que aconteceu, mas acho que é impossível fugir do passado. — Disse John.
— Eu não acho que consigo manter isso em segredo dos outros, não depois do que eu ouvi hoje. Eu quero que me diga quem realmente você é! Nós confiamos em você, mas parece que você não confia na gente, foi por isso que não nos disse nada? Você achou que iríamos traí-lo? — Sarah perguntou.
— Escuta, eu vou tentar te dar uma explicação, mas não vou conseguir te falar tudo, não até acharmos os outros integrantes da Trupe Elemental. — Disse John.
— E por que não? Por que precisamos achá-los antes? — Sarah perguntou.
— Porque somente eles vão poder te dizer os motivos, há algumas coisas que nem eu mesmo sei o motivo de terem acontecido. — John respondeu.
— Vá em frente então, mas é melhor que não minta, não desta vez. — Disse Sarah.
John guarda sua espada e volta a se sentar em sua cadeira para explicar com calma a situação, Sarah também faz o mesmo.
— Primeiro de tudo Sarah, o John que está vendo na sua frente, e que esteve presente ao longo dessa jornada, não é o verdadeiro. — Diz John. — Não é o verdadeiro? O que você quer dizer com isso? — Sarah perguntou.
— É como o Philip disse, eu sou apenas uma marionete. Uma marionete que foi criada seguindo um conjunto de ordens e pensamentos, nada mais do que isso. De fato, eu continuo sendo John Scott Moonlighter, porém apenas uma réplica dele mesmo, o eu verdadeiro se selou em seu subconsciente com medo das suas próprias ações, eu como sua marionete sigo as ordens que me foram dadas, porém a minha personalidade atual difere muito do meu eu original, acredite em mim, você não gostaria de conhecê-lo… — John explicou.
— Você é uma marionete? Não brinca comigo, John! Você pensa que é hora para brincadeiras?! Não há como ser você ser uma marionete, as suas ações, expressões, tudo! Tudo soa como a de uma pessoa normal! — Diz Sarah com raiva.
— Eu também queria que isso fosse verdade, Sarah, de coração. — Disse John.
— Mas essa é a verdade, eu fui criado pela Mestra Elemental a pedido do John verdadeiro, você provavelmente já ouviu falar sobre ela. E antes de ser selado em minha mente, o John verdadeiro impôs duas regras absolutas para mim. A primeira é de nunca revelar o meu passado para ninguém, a segunda é de não matar pessoas, em nenhuma situação. Foi por isso que eu não disse nada. — John completou.
— Se você é uma marionete, como consegue seguir as ordens perfeitamente, se você está selado em sua própria mente? E como sabe o que fazer depois de concluir seu atual objetivo? Pelo que eu ví, você se voluntariou a nos ajudar com o caso dos espectros, acredito que isso não seja uma ordem que você recebeu, estou certa? — Sarah perguntou.
— Certamente. Apesar das ordens, eu tenho uma certa liberdade de escolhas, acho que seria melhor dizer que sou um receptáculo do que uma marionete. Eu posso tomar ações diferentes das quais me foram impostas, mas não que diferem muito. Há algumas situações em que eu perco o controle do corpo e o John verdadeiro volta a assumir por determinado momento. — Disse John.
— E quais seriam essas situações? Se você diz que sua personalidade é totalmente diferente do seu eu verdadeiro, eu preciso saber quando quem está no controle, você mesmo disse que eu não gostaria de conhecê-lo. — Sarah perguntou.
— São bem poucas para ser sincero. Segundo a magia que foi utilizada para me criar, se meu corpo estiver em perigo, mais precisamente em risco de morte, o John verdadeiro irá tomar controle. A Usurpadora, minha espada, também pode desencadear uma possível troca por um breve momento, mas apenas se for utilizada constantemente. E por último, há uma máscara que permite controle total por tempo indeterminado, até que ela seja removida, entretanto eu a confiei para um dos integrantes da Trupe antes de enfrentarmos o Devorador. — John explicou.
— Então está me dizendo durante todo esse tempo, estávamos andando e falando com uma marionete, e não com você de verdade, eu não consigo acreditar nisso, não mesmo, sinto muito, para mim isso é uma grande brincadeira de mau gosto vindo de você, John. — Disse Sarah.
— Não tem problema, também seria difícil acreditar em tudo isso se eu estivesse no seu lugar, mas como eu havia dito, se queremos entender realmente tudo que aconteceu no passado, vamos precisar encontrá-los. Tayson havia dito que a Mestra Elemental supostamente tem uma biblioteca na cidade de Trópico de Kraken, é para lá que pretendo ir depois que tudo isso acabar. — John respondeu.
Sarah fica em silêncio por alguns minutos, pensando em tudo aquilo que ela ouviu de Philip e John, confusa e aflita ao mesmo tempo, ela levanta sua cabeça e diz:
— Quando voltarmos, eu quero que explique para todos os outros a mesma coisa que me disse aqui agora, só assim poderei ter um pouco de confiança em você novamente, não estou falando somente para a marionete, na verdade isso pouco importa, para mim você é apenas um único indivíduo. Estou falando para ambos, posso contar com você? — Sarah perguntou.
— É claro que pode, farei isso assim que voltarmos não quero um clima pesado entre nós, vocês me ajudaram muito, é o certo a se fazer. — John respondeu.
Sarah e John levantam-se de suas cadeiras e dão um aperto de mãos.
— Hmph, muito bem então, agora só nos resta encontrar a Jesse. Eu já desconfiava de Philip, quando ele respondeu às minhas perguntas isso só se intensificou, mas quando ele usou aquela magia de teletransporte idêntica a dos espectros, só confirmou tudo que já tínhamos especulado, Philip e Hector certamente estão envolvidos com tudo isso, e provavelmente eles emboscaram Jesse e a capturaram, creio que eles ainda estejam aqui na fortaleza, precisamos achá-los antes que algo aconteça com ela. — Disse Sarah.
— As suas ordens, capitã. — John respondeu.