Trupe Elemental - Capítulo 21
Dentro do pântano, o grupo caminhava silenciosamente para não alertar desnecessariamente as criaturas que rondavam por lá.
— Cuidado para não darem um passo em falso. — Sarah sussurrou. — Não queremos alertá-los… ou teremos que lutar algo que não precisamos. — Completou.
— Nos guie, capitã, a expedição é toda sua. — John respondeu sendo sarcástico.
Eles continuam atravessando, até que chegam em uma área mais densa do pântano, uma névoa envolve o lugar rapidamente, diminuindo drasticamente a visibilidade do grupo, eles mal conseguem ver algo à sua frente, e logo em seguida uma forte chuva começa.
— Parem. — Acenou Sarah, ordenando. — Que azar… vai ser muito complicado caminhar com toda essa névoa e chuva ao mesmo tempo… o devemos fazer? Continuamos mesmo com o tempo ruim ou esperamos até o amanhecer? — Sarah pergunta para os outros.
— Não deve faltar muito para o amanhecer, nós podemos esperar sim, mas vou deixar a decisão final contigo. — John respondeu.
— Eu também acho melhor esperarmos… — Disse Jesse. — Tudo bem então, vamos esperar o sol aparecer e partimos imediatamente… só espero que a chuva passe até lá… — Disse Sarah.
Eles decidem parar debaixo de uma pequena colina para passar a noite e se proteger da chuva, Jesse coloca sua lanterna no chão e se senta, começando a fazer anotações em seu caderno.
— Eu vou procurar por alguns gravetos para fazer uma fogueira, está ficando frio. Se algo acontecer não hesite e grite por mim, eu virei correndo. — Disse Sarah.
— Hum, claro… vou ficar de guarda. — John respondeu. — Ótimo, não vou demorar muito, cuidado. — Respondeu enquanto saía.
Estava tudo nos conformes, a noite ia se passando e a névoa diminuindo gradualmente, tudo que se podia ouvir era o barulho da chuva caindo e dos insetos por todos os cantos do pântano, foi então que um barulho incomum foi emitido, como se algo grande tivesse entrado na água.
— John…! Você ouviu isso?! — Jesse perguntou sussurrando. — É, eu ouvi, apague a lanterna, rápido…! — Respondeu. — Se esse barulho não foi coisa da Sarah, tenho certeza que ela também ouviu… — John comentou.
— O que pode ter sido? Parece que algo caiu dentro da água, aqui perto! — Disse Jesse. — Se agacha e me siga, vamos tentar descobrir o que é. — John respondeu.
Eles apagam suas lanternas e caminham furtivamente em direção a origem do barulho, porém a névoa dificultava suas visões, eles se escondem atrás de arbustos próximos ao lago para observar, e finalmente conseguem avistar o que emitiu o barulho anterior.
Nas margens do lago, havia um grande espectro caído, parcialmente para dentro do lago.
— Que merda é essa? De todas as criaturas que poderiam aparecer, justo ele. — John sussurrou. — Não faça nenhum barulho, Jesse. — Completou.
— Porque ele está aqui, John?! O que a gente faz?! — Jesse perguntava assustada.
— Eu não sei… mas não iremos fazer nada, não por agora. Vamos esperar e ver o que acontece. — John respondeu.
Eles permanecem observando o espectro através dos arbustos, momentos depois uma figura surge próxima ao espectro e se agacha perto a ele.
— Hã? O que é aquilo? Ela está… conversando com ele? — John sussurrou.
— Como assim conversando com ele? — Perguntou. — Não sei bem explicar, mas, é o que eu acho, não consigo ver ou ouvir bem daqui, a névoa e a chuva estão muito densas… — John respondeu sussurrando.
A figura então se levanta e em seguida conjura uma magia no espectro, ateando fogo por todo seu corpo, o fazendo gritar de dor, o espectro se joga dentro do lago para tentar impedir as chamas porém, ele para de se debater e afunda lentamente. A figura se afasta do lago e por um momento, ela olha na direção onde Jesse e John estão se escondendo.
— Gah! Se abaixe-se! — John sussurrou. — Ela… ela olhou para cá?! — Jesse perguntou assustada. — Tsc! Eu não sei… pode ter sido só uma coincidência, uma má coincidência! — Respondeu. — Vamos voltar para o acampamento, espero que a Sarah não tenha se envolvido em nenhum problema… — John comentou.
John e Jesse fazem o caminho de volta para o acampamento temporário que fizeram para se reunirem com Sarah novamente. Chegando no lugar, Sarah estava os aguardando sentada debaixo da colina, próxima à fogueira que havia feito.
— Vocês viram, não foi? — Perguntou. — Se está se referindo ao que aconteceu no lago, sim. Nós vimos. — John respondeu. — Eu também estava observando de outra parte do lago. — Diz Sarah. — Talvez esteja faltando uma peça para completarmos esse quebra-cabeça. — Completou.
— E quais são seus palpites? — John perguntou.
— Primeiro, Ryutisuji nos disse que Hector poderia ser a pessoa por trás do ataque à cidade. Segundo, um espectro apareceu justamente nas proximidades da fortaleza de Philip, quando nós resolvemos investigá-lo melhor, não é estranho? E terceiro, se eles realmente estão controlando os espectros, porque iriam querer matá-los? Não deve ser uma tarefa fácil conseguir um e muito menos irão querer perder combatentes, não acha? — Sarah perguntou.
— Você tem um ponto, mas infelizmente não temos as respostas, só iremos conseguir se chegarmos lá, o sol está nascendo, vamos partir. — Disse John.
— Tens razão, vamos. — Pegue suas coisas, Jesse, estamos partindo. — Disse Sarah. — Pode deixar. — Diz Jesse recolhendo seus pertences.
O dia começa a nascer e clarear o pântano, porém a névoa e a chuva ainda persistem, mesmo assim o grupo decide continuar sua caminhada em direção a saída do lugar, independente do clima. As respostas que buscavam estavam além daquele pequeno pântano, em uma fortaleza no topo de um grande morro.
No cemitério da cidade, Abraham e Tay terminam os preparativos do funeral que aconteceria nesta manhã. Eles se sentam na varanda da cabana de Abraham e contemplam o nascer do sol na Cidadela.
— Olha só, nós terminamos com o sol nascendo, uma ótima maneira de começar o dia, pelo menos para mim. Obrigado pela ajuda senhor Tay. — Diz Abraham. — Não precisa me agradecer, eu só queria fazer algo por eles, uma última vez. — Respondeu.
— Eu já lhe disse, você já fez, mas mesmo assim, obrigado. Eles com certeza ficaram felizes pelas coisas que você tem feito. — Abraham comentou.
— Aliás Tay, porque você não vai para casa colocar uma roupa para essa ocasião? Consigo ver em seus olhos que pretende participar… pode deixar que eu cuido do resto, logo eles irão chegar para sua parada final. — Disse Abraham.
— Oh… tudo bem, vou seguir seu conselho, eu volto quando estiver começando, preciso dizer um último adeus a ele… — Tay respondeu.
Tay se levanta de sua cadeira, agradece Abraham por ter deixado ajudar e se despede, deixando o cemitério e indo em direção a sua casa para vestir uma roupa mais formal que de costume. Enquanto ele caminha pelas ruas da cidade, uma chuva fraca começa a cair.
— Ah… hoje é um péssimo dia para chover… — Tay sussurra olhando para o céu.
— Diga Dave, era realmente isso que você queria? — Ele disse.
Enquanto a chuva ficava cada vez mais forte, as poucas pessoas que estavam na rua naquela manhã chuvosa, procuravam lugares para se proteger, entretanto, Tay diminuía o ritmo de seus passos, até que parou, no meio da rua, olhando para o chão molhado, ele se lembrou das coisas que Dave havia dito para ele no passado.
“Nos erguemos essa guilda pelo povo, e para o povo ela será. Eu posso não ter sido escolhido como líder, mas se você tiver algum problema, fale comigo, eu resolvo.”
“Se for para morrer, quero morrer como um guerreiro! Em uma batalha feroz, protegendo as coisas que são importantes para mim! Hesitar, jamais!”
“Um guerreiro não teme a morte! A emoção da batalha e o inimigo estão lá fora, vá e os conquiste!”
Tay ergueu sua cabeça novamente e sorriu, em meio ao clima cinzento daquele dia, voltando a caminhar, porém agora, com um peso a menos em suas costas.