Trupe Elemental - Capítulo 20
— Ei, John! Tempo para uma conversinha? — Disse Sylas.
— Hum? Diga. — Respondeu. — Bem… não vou mentir, eu escutei tudo o que vocês disseram lá trás, vai mesmo ajudá-los? — Sylas perguntou. — E porque não? Eles me ajudaram a encontrar a espada, é o mínimo que posso fazer para retribuir, além de que, Tay disse que irá me pagar pelas próximas missões, dinheiro é sempre bem-vindo em uma longa jornada, tolo. — John respondeu.
— Tolo? Hmph, tanto faz, essas “missões” que você diz me parecem que vão levar tempo, tempo esse que poderíamos estar utilizando para encontrar certas pessoas. A não ser que você tenha se esquecido do objetivo principal de nossa jornada… não me diga que esqueceu, John. — Disse Sylas.
— É óbvio que não, nós iremos encontrá-los. E há mais um motivo para eu concordar em participar disso, Tay havia dito que poderia nos ajudar a encontrar a primeira pessoa da lista, a Mestra Elemental. — Respondeu. — Oh… não estou dizendo isso por mal, John, apenas quero prevenir você de ser deixado de lado novamente, não quer que isso aconteça de novo, não é? — Sylas perguntou. — Sylas… menos, por favor. — Disse John. — Tudo bem, me chame se quiser conversar… — Disse Sylas enquanto desaparecia.
A porta da guilda se abre e Sarah entra para chamar John e Jesse.
— Estão prontos? — Sarah perguntou.
— Hã? Está de noite, Sarah. Eu achei que quando você disse “imediatamente” estava se referindo a amanhã. — Disse John. — Não, não, partiremos agora. Se sairmos daqui agora poderemos chegar a fortaleza ao entardecer de amanhã. — Respondeu.
— É tão longe assim? — John perguntou. — Na verdade não, porém quanto mais rápido resolvermos esse caso, melhor. — Sarah respondeu.
— Ok… vou chamar a Jesse, ela disse que ia preparar algumas poções. — Disse John. — Aliás, onde ela costuma ir para fazê-las? — Perguntou.
— Em seu laboratório, subterrâneo da guilda, última porta. — Sarah respondeu.
John desce as escadas para o subterrâneo da guilda e se dirige até o laboratório de Jesse para chamá-la, chegando na porta que Sarah mencionou, ele bate duas vezes.
— Pode entrar… — Diz Jesse. — Pronta pra ir? Sarah acabou de voltar. — Diz John. — Só me dê alguns segundos, estou quase terminando a última poção, fique a vontade para olhar em volta. — Respondeu. — Sem pressa. — Disse John.
John observa o lugar enquanto Jesse termina a última poção, ele fica fascinado com a quantidade de equipamentos e poções presentes no laboratório.
— Isso é incrível. Você fez tudo isso sozinha? As poções, anotações e outras coisas? — Perguntou. — Hã? É… eu fiz… mas não é nada demais! — Jesse respondeu, tímida.
— Como não? Fazer poções e esses tipos de coisas é uma tarefa difícil, eu mesmo não conseguiria mesmo com anos de estudos, você tem talento, deveria se orgulhar. Não é sempre que vemos alguém com uma habilidade como a sua. — Disse John.
— Obrigada… vou me lembrar disso… — Jesse respondeu.
— Está pronta! Tome, segure essas. — Jesse entrega dois frascos para John.
— O que elas fazem? — Perguntou. — Elas vão aumentar sua resistência elemental por um período de tempo, fiz elas caso alguma batalha aconteça, afinal iremos entrar no território do Arquimago Philip, ele é muito versátil em magias, não se sabe o que pode acontecer. — Disse Jesse. — Ah! Elas são mais eficazes contra Trovão, já que esse é o elemento que consigo usar, hehe! — Completou.
— Tudo pronto então? — John perguntou. — Sim, vamos. — Respondeu.
Jesse tranca seu laboratório, no saguão da guilda ambos se reúnem com Sarah, onde revisam seus equipamentos e por fim, deixam a guilda, rumo a fortaleza do Arquimago Philip.
No centro da cidade, Tay e Ryutisuji ajudam a retirar os corpos das pessoas que perderam suas vidas no ataque da noite anterior, para movê-los para o cemitério.
— Esse é o último… A carroça irá levá-los para o cemitério, o funeral será realizado amanhã. — Diz Ryutisuji. — Tsc. Não deveria ser assim… enquanto os mais pobres morrem aqui, os mais ricos ficam protegidos em suas casas no distrito nobre, com aquela guarda particular… — Resmungou Tay. — Ei, ei. Não vamos falar sobre isso agora, só iremos perder tempo se ficarmos pensando nisso. — Diz Ryutisuji com a mão sobre o ombro de Tay.
— Me desculpe, Ryutisuji, eu só… só achei que… deveria ter feito algo como capitão da guarda e mestre da guilda, mas não foi o caso. — Tay comentou.
— Hã? E quem disse que você não fez? Você salvou o John do Devorador e repeliu seu ataque, não só isso, como também impediu que os espectros dominassem nosso lar. Isso é não ter feito algo? — Ryutisuji perguntou. — Bem, cabe a você decidir… eu vou para a catedral, ver se consigo ajudar as pessoas lá, me chame se precisar de ajuda. — Disse Ryutisuji enquanto ia embora.
“Salvou o John do Devorador, ele diz, mas não consegui salvar Dave de meros espectros…” Tay pensou.
Tay resolve ir até o cemitério para ver se alguém lá precisa de sua ajuda, chegando lá está apenas o coveiro da cidade, fazendo seu trabalho.
— Olá. — Diz Tay. — Hum? Senhor Tay, que surpresa o ver por aqui, em que posso ajudá-lo? — O coveiro perguntou. — Ah, na verdade eu que deveria fazer esta pergunta, eu vim aqui pensando em que poderia ajudar, senhor Abraham. — Tay respondeu. — Mas é claro que você pode ajudar, na verdade você já nos ajudou bastante, não só ao longo dos anos defendendo nossa cidade, como também na noite passada, lutando contra aquelas criaturas nefastas, eu agradeço, de verdade. — Disse Abraham.
— Eu… queria cavar uma cova para meu amigo… ele morreu na batalha de ontem, acho que é o mínimo que posso fazer por ele agora.
— Eu entendo, não irei questionar sua decisão, senhor Tay. Eu também agradeceria se pudesse me ajudar a cavar algumas delas, a demanda de trabalho aumentou de última hora, infelizmente… — Disse Abraham. — Há uma pá extra na minha cabana, fique a vontade para pegá-la. — Completou.
Tay vai até a cabana do coveiro ao lado do cemitério procurar pela pá que ele havia mencionado, entrando no velho lugar empoeirado, Tay logo de cara consegue ver a pá encostada em um armário, como também uma pintura na parede do que parecia ser uma família. Um homem, uma mulher e duas crianças.
“Heh, que estranho… parece uma daquelas pinturas assombradas.” Ele pensou.
Ele ficou observando a pintura da família, até que percebeu que o homem na foto se tratava do próprio Abraham, e que aquela pintura era uma recordação sua. Voltando para o cemitério, Tay se aproximou dele e perguntou sobre a pintura.
— Abraham, sobre a pintura em sua cabana… — Disse Tay. — Ah, você viu? É uma pintura de minha família, eu havia contratado um pintor para fazê-la, queria guardar aquele momento para sempre. — Respondeu.
— Infelizmente eu os perdi não muito tempo depois dela ter sido completada… naquela época eu ainda não trabalhava como coveiro, mas foi depois de enterrá-los que descobri qual era o sentimento que muitas pessoas falavam sobre a morte. — Abraham completou.
— Abraham, o que é a morte para você? — O que é a morte para mim? Acho que… só mais uma etapa da vida. — Abraham respondeu.
— Senhor Tay, se me permite, eu não conheci seu amigo, mas acredito que ele deve ter sido uma pessoa formidável, e é normal se sentir triste quando essas pessoas vão embora. Mas não fique triste porque ele se foi, fique feliz porque ele esteve aqui, as memórias boas são as que ficam. — Disse Abraham.
— Você tem razão, Abraham… eu só… precisava de um tempo e de alguém para dizer, mas não queria falar para meus companheiros da guilda, acho que isso afetaria o desempenho deles em suas missões se soubessem que não estou bem. — Disse Tay.
— Não tem problemas, é sempre bom conversar com você. Agora, devemos começar a cavar? Eles estão esperando por um bom lugar para descansar. — Disse Abraham.
— Sim, vamos. — Tay respondeu.
Abraham e Tay começam a cavar as covas pelo cemitério, e os preparativos para o funeral que haveria amanhã.
Ao noroeste do bosque Apeliotes, o grupo de John se aproxima do pântano que fica antes da fortaleza de Philip.
— Lá está, o Pântano Fuscus, dizem que criaturas hostis vagam por lá nessas horas, não se separem. — Diz Sarah. — Que lugar convidativo. — Comentou John observando a atmosfera que o lugar passava.
— Fantástico, é minha primeira vez vindo aqui, eu só tinha visto este lugar em livros, me pergunto se há alguma planta que valha a pena trabalhar, sem contar as inúmeras criaturas que podemos matar para pegarmos suas partes e testar novas poções e drogas. — Disse Jesse. — Oh… você se empolgou mesmo, ein? — John perguntou.
— Ah… uh… me desculpem! Não consegui evitar… — Jesse respondeu, envergonhada. — Hahaha! Brincadeira, é bom ser otimista às vezes. — Disse John.
— Vamos? Ainda temos um longo caminho pela frente desse pântano para chegar até a fortaleza. — Disse Sarah.
O grupo cruza a placa que marcava o início do pântano, e aos poucos as luzes de suas lanternas ficam mais difíceis de serem vistas devido a neblina naquela noite.