Trabalhe! - Capítulo 64
Dia 26
9:30
Hoje é segunda, estou animado, acordo de bom humor! Mesmo que não faça sentido, mesmo que seja uma blasfêmia, um pecado, uma prova da minha decadência mental, fato é: eu estou de bom humor numa segunda fodenta segunda-feira!
Como eu cheguei nesse ponto? Antes senti que queria morrer 24 horas por dias todos os dias, principalmente nas segundas, agora estou feliz numa segunda. Como decai tanto?
— Hummm! — Um suspiro leve da Susi quebra minha linha de pensamentos, ela parece estar se contorcendo um pouco antes de acordar.
Não quero ela brava comigo por acordá-la, então tomo muito cuidado para sair da cama devagar. Mais importante, dormimos muito tarde, acho bom ela dormir um pouco.
E sobre mim?
Bem, já durmo bastante todos os dias, por isso não tem problema. Além do mais, estou muito mais acostumado a trocar noite pelo dia, Susi não consegue dormir de tarde de jeito nenhum.
A propósito, devem estar se perguntando, mas vocês não iam ficar só 4 dias ai?
Então eu devolvo outra pergunta: quem é o chefe, do chefe dos meus chefe? Isso mesmo minha, sei que acertou, minha futura esposa, por isso, se quisermos(na real, ela quiser), podemos ficar um, dois, três, dias a mais sem problemas. E assim foi decidido por ela.
É raro Susi acordar tarde, mas, bem, eu também acordei cedo de mais para hoje. Enfim, vou aproveitar isso, a cidade é meio longe, mesmo assim deve dar apenas 15 minutos com ida e volta, somado o tempo para comprar as coisas, devo acabar tudo em 30 minutos.
Ou seja, com sorte e pressa, consigo fazer uma surpresa para minha amada. Só espero que ela não me acorde do nada.
— Cadê? — Procuro por todo canto, logo encontrar as chaves, perfeito! Acho que Susi não vai ligar de eu pegar emprestado, né?
Antes de sair, olho para fora, ainda está chovendo, mas bem menos do que ontem, que puta tempestade é essa que dura tanto tempo? Tomar no cu!
De qualquer forma, me apresso, vou logo sem enrolar, tinha pouco tempo e, por fim, correndo, compro várias coisas.
10:40
Droga! Droga! Estou atrasado, acabei demorando demais, ela já deve ter acordado, entro o mais rápido que posso.
— Deixa eu adivinhar, pensou em fazer uma surpresa? — Uma garota com cara de cansada me pergunta.
— Bem, sim, como descobriu?
— Porque pensei no mesmo, mas quando acordei alguém já tinha pegado meu carro, filho da puta.
— Desculpa por isso, achei que fosse acordar na hora de sempre.
— E eu achando que iria querer acordar mais tarde, mas, tanto faz, então o que temos de surpresa.
— Poxa! Assim nem tem graça, sem o impacto do inesperado, eu não tenho muito a oferecer.
— Nesse caso deveria ter se preparado antes, hehe!
— Não tem como, não tinha nem como saber se sairíamos como um casal daqui, não sou otimista o suficiente para isso.
No fim, a surpresa perde a graça e valor, já não importa mais, apenas tomamos um relaxante café da manhã juntos.
— Quer fazer o que agora? — Susi pergunta, olho para fora, ele notou meu olhar, imagino que tenha entendido o que estava pensando.
— Que azar, ainda está chovendo.
— Infelizmente.
— Nesse caso, não tem muito que possamos fazer, creio que não esteja lá muito interessado em assistir algo.
— Até poderia, apenas que parece um pouco…
— Deprimente que esse dia não tenha nada de especial — Susi comenta.
— Isso mesmo, no fim, sempre queremos tornar o começo das relações marcantes, fazer algo daora, incrível.
— Apesar de que, talvez, seja melhor assim, ao invés de tentar dar o nosso melhor pela relação no primeiro dia, por que não fazer isso todos os dias?
— Só eu que acho isso muito trabalhoso? — Susi ri e me mete um: “viver é muito trabalhoso”. Dou um longo suspiro. — Não quero trabalhar tanto assim, mas, se for o que quer, acho que posso te acompanhar. — Tento dizer de forma legal, mas só consigo agir todo tímido.
Pelo menos, a Susi pareceu se surpreender um pouco, não foi tão ruim assim, espero.
— Mesmo se for difícil, trabalhoso e complicado? — Digo que sim com a cabeça. — Mesmo que eu seja exigente, realmente quer se esforçar tanto? — O sorriso dela é assustador, mas ainda concordo. O sorriso dela parece realmente feliz. — Finalmente abandonou o vagabundismo?
— Nunca! — afirmo com toda minha alma. — Vou me esforçar da forma mais vagabunda possível, a preguiça é complexa, mesmo me esforçando, minha alma será eternamente leal a preguiça.
— Vai tomar no cú! — Por algum motivo, ela não está rindo. Na verdade, acho que acabei de garantir minha primeira dormida no sofá, olha que só namoramos a um dia, ou menos.
No fim ela suspira. — Ok, ok, pode continuar determinado a seu vagabundismo, mas sou bem irritante, não vai ser nada fácil escapar de mim, vou destruir sua fé? — Me desculpa Grande Vagabundo, creio que terei que me tornar um pecador, o sorriso dela é muito fofo.
Em lágrimas, decido abandonar o vagabundismo.
Com isso tudo acabou, tudo está bem e a vida é feliz.
Dia 27
4:30
Só que não! Depois que Susi me deixa dormir, acordo afligido por uma pergunta: e o futuro? É foda, não posso nem ter 30 minutos de paz para dormir, sempre tem algo para atrapalhar.
No meio da noite algo me atormenta, o futuro.
Deixe-me explicar: agora que as coisas estão decididas, preciso pensar um pouco mais no futuro.
Olha, de certa forma Susi já tomou sua decisão sobre o futuro, pode ser que mude, mas, até segunda ordem, ela já decidiu em grande parte o que pretende fazer, mas e eu?
Ué, você vai se casar com ela? Uma voz misteriosa de um tal de Leitor pergunta. Outra voz, essa conhecida pela alcunha Iky responde: não! Pera, quer dizer, vou, mas isso não serve como objetivo para o futuro. Isso deve acontecer em no máximo um ano, mas minha dúvida é o que quero fazer da vida, sacou?
Ainda faltam dois meses, mas logo acabará o ano que Susi me obrigou a trabalhar, o que farei depois dele?
Até agora, tenho feito isso quase no automático, tudo de acordo com o que a Susi manda fazer, mas ela não deve ter pensado no que faremos quando o ano acabar.
Não! Melhor seria dizer: ela está esperando minha decisão, por isso nem comentar sobre isso, ou se importou.
Está nas minhas mãos decidir se continuarei trabalhando ou não. E se parar, o que vou fazer da vida? Sério, já estou me arrependendo de ter largado o vagabundismo, ele tinha sempre tinha a resposta para essas dúvidas.
Inclusive, se quiser saber a resposta do vagabundismo para tudo, ela era, como devem imaginar: não faça nada, de preferência, nem coma, só morra de inanição porque mastigar dá trabalho.
Enfim, chega de tangentes.
Na verdade, acho que chega de pensar nisso, pelo menos por esse mês, vou só curtir a vida com a Susi, até porque ela é muito gostosa.