Trabalhe! - Capítulo 5
Dia 15
11:24
Após aquela conversa a semana acabou até que bem, mesmo que aos trancos e barrancos. Até porque, quando o assunto é dar um jeitinho em tudo e empurrar as coisas com a barriga, eu sou um especialista, talvez um dos melhores.
Enfim, começamos uma nova semana e por fim o trabalho acumulado e ineficiência de nosso trabalho em grupo finalmente chegou ao ponto do insustentável. Infelizmente, mais cedo do que eu esperava.
É uma infelicidade, mas se for olhar em volta no momento, tudo está um caos. Correria, coisas desorganizadas e pessoas reclamando, a exemplo do atual diálogo:
— Como assim ainda não acabou!
— Desculpe.
— Mais uma coisa onde está a Bia?
— Na varanda…acho.
Caio já irritado vai atrás da Bia que está discutindo com o namorado na varanda. A propósito, a pessoa que o respondeu era Ana, que estava tomando bronca dele alguns segundos atrás. Que saco eu…
— Estamos no trabalho, está fazendo o que!? Além do mais que trabalho porco foi esse que fez. — Porra! Não posso nem mais reclamar, sem ter meus pensamentos interrompidos, pelo Caio, que inferno!
— Cala boca! Pare de agir como se fosse meu chefe. — Provavelmente, o problema é que o chefe de verdade(eu), é omisso e inutil. — Além do mais, por que acha que tem direito de julgar o que eu fiz? Vai encher o saco de outro.
Acho que já foi o suficiente devo intervir antes que piore, que saco! Sabia que isso ia acontecer, mas ainda sim, não quero me esforçar para resolver. Respiro fundo, me preparo então falo da forma mais autoritária que consigo:
— Já chega.
— “mas desse jeito… — Que saco! Eu quero matar o Caio agora, só fique quieto por um segundo, por favor… porra!
— Apenas se acalme, entendeu! — Fico em silêncio por um tempo esperando que estejam todos olhando para mim então continuo. Tenho que dizer, estou um pouco nervoso, espero fazer tudo certo. — Façam um círculo em volta de mim.”
— Sim. — Boa! Todos concordaram e parecem obedientemente olhar para mim, maravilha, né? Não! Droga, e agora? Eu tenho que fazer alguma coisa.
Minha expressão suaviza assim como minha voz. Respiro fundo e com calma e uma, obviamente falsa, expressão de confiança começo a fazer algumas perguntas. Resumidamente, decido finalmente perguntar como as coisas estão indo.
Recebendo as informações, minha mente começa a trabalhar rápido. Preciso achar alguma coisa útil, afinal, o problema é que a última vez que eu tive que fazer algo do tipo, foi a uns 8 anos, no mínimo.
Mas é a vida, acho que vou usar a metodologia scrum, ou seja, dividir o trabalho em pequenas metas, cumpridas em sprints e… Esquece! Isso não importa, não quero virar uma wikipedia 2.0, só vamos usar uma ferramenta mágica, pular.
18:33
Só para eu não parecer completamente inútil, explicarei o racional pela minha decisão. É simples, se eu fizer a partir de hoje, todos se reunirem para falar sobre o que fizeram, o que vão fazer e as dificuldades que estão tendo, Eichy se fode.
Pense, ele só joga o trabalho para os outros, o que vai ficar claro, quando todos estiverem falando o que fizeram e todos notarem como tudo que ele deveria fazer, foi feito por outro.
Método maravilhoso, né? Então por que não fiz antes? Bem, é que tem um… amigo meu! Que é vagabundo e também poderia ter muitos problemas com isso, mas não vou contar quem é.
No fim, criei as metas lá, Caio ainda ficou irritado com o ritmo dos seus colegas. Acabei parando ele e dizendo algo como: “Se para ela não dá para acabar nesse tempo, não dá. É inútil ficar irritado, pense em soluções. Claro, na verdade, achar essas soluções é meu trabalho, por isso relaxa. Ana, conte comigo, vou te ajudar a acabar em tempo.
Dorga! Droga! E Droga de novo! Por que disse isso? Para que? Eu não precisva… tá, na verdade, precisava, meio que é minha função dar um jeito de acabar a tempos, mas… Porra! Por que arrumei mais trabalho para mim? Eu sou muito burro.
20:00
Ahhn! Depois de um longo trabalho me espreguiço. Finalmente posso fechar esse PC, não aguentava mais escrever código. Era o tempo todo aquela mensagem: bug encontrado. Tudo culpa de um simbolozinho errado, uma tecla e tudo explodia.
Ana interrompe minha sessão de resmungo mentais e diz: — Desculpa ser um problema e obrigado pela ajuda. — Então olha o computador e continua. — incrível! Quando aprendeu a programar, nesse ritmo conseguiremos acabar sem problemas
— Eu já sabia um pouco sobre a lógica geral, o resto aprendi com você na primeira semana de janeiro e em casa por conta. — Mentira, já tinha estudado antes por hobbye, mas inveitei essa porra para parecer mais incrivel.
Ok, acho que me tornei ainda mais patético, agora estou virando mendigo de elogio, aff! Acho que estou no fundo do poço, ou talvez tenha cavado mais um pouco. Enfim, chega de me difamar, vamos voltar para a história.
Basicamente, começo um chato diálogo com Ana, sobre ela se desprezar muito e subestimar seu próprio trabalho e blá blá blá. Eu quero fazer isso? Não, mas preciso, provavelmente. Resumindo, só precisava explicar para ela algo: não é porque algo é simples, que não é trabalhoso pra caralho. Inclusive grito algo do tipo para ela.
Agora seguimos para o próximo passo, explicar como ela se menospreza, leva as pessoas a subestimar o trabalho dela. É simples, se voc~e se vende como sendo um merda, então as pessoas vão acreditar, porra!
Agora cansei de resumir, por isso vão ter que ouvir o resto da conversa. Ana, depois de notar seus erros, diz: — Desculpa! Eu nunca fui boa em lidar com os outros, por isso acabo fazendo isso, desculpa…
— Eu sei, eu sei, mas não se preocupe, não é tão difícil de arrumar. Agora, comece não falando desculpa sem parar.
— Ok, desculpa por ser inútil, eu vou tentar. — Já começou errado! Calma, paciência, paciência, vai ser uma noite longa.
Por que eu fui falar sobre isso? Tá, eu sei o porquê, se Ana continuar assim, ela vai acabar levando mais gente a subjugar ela e isso é um problema. Dito isso, por que eu fui fazer isso porra?! Eu deveria ser só um vagabundo, que não faz nada.
Ok, respira fundo e vamos continuar: — Não fique apenas pedindo desculpas, se não consegue resolver por si mesma, peça ajuda e tudo vai dar certo. — Lentamente me aproximo, abaixo e olho diretamente em seu rosto.
— I-iky, o que eu tenho que fazer, eu fico muito nervosa na frente das pessoas, por isso… — Como eu me odeio! Por que fui falar isso? Pessoas inúteis, não deveriam ficar querendo pagar de herói, elas deveriam ficar no seu canto. Sou muito idiota!
— Calma, na verdade, eu conheço um segredo, para se acalmar e conseguir falar com os outros. É algo simples, que pode parecer algo idiota, mas morder levemente a mão quando está nervosa, fará seu corpo relaxar.
— Sério? — Não, é uma mentira descarada. E vocês, não me olhem dessa forma julgadora, afinal se uma pessoa acredita que algo a acalma, ela naturalmente se sentirá mais calma fazendo isso. Pode ser só placebo, mas já serve por agora.
— Sim, é verdade, apesar de não ser uma solução, apenas um paliativo. O ideal seria você conseguir socializar mais facilmente.
Ana olha para baixo e diz: — Entendo, então continuo sendo um problema. — E ela nunca falha, sua capacidade de levar tudo para o negativo é maravilhosa.
como eu odeio pessoas pessimistas! Se for uma verdade conveniente e boa, acredite nela! Se for uma mentira conveniente, pode acreditar também! O importante, é permanecer acreditando que você é foda.
Obviamente, estou brincando, Sr. cérebro de ervilha, que não entendeu. Agora, vamos continuar com outra mentira idiota, que tal…
— Não peça desculpa, quantas vezes tenho que te falar. Em vez disso, apenas agradeça por ter a pessoa mais incrível do mundo te ajudando. Diga obrigado, aqueles que te ajudam, não desculpa.
Ana olha para mim e… corta!
3: 26
Em uma sala branca sem nada, várias versões de mim discutiam. Sim, estamos dentro de um sonho.
Eu2: Ei! Bora ver um filme.
Eu3: Se o original for assistir, não vou nem a pau!
Eu1: Três, por que está tão estressado?
Eu3: Por causa do que o Original disse.
Original: O que eu fiz? Cuida mais de sua própria vida.
Eu3: Seu hipócrita! Que bosta é aquela de superar as fraquezas ou truque psicólogo.
Três diz e agarra o Original pelo pescoço, mas ambos são parados por uma parede criada pelo Um.
Eu1: Calma lá.
Eu2: Vamos lá, o que importa se fazemos algumas coisas estúpidas, só vamos curtir.
Eu6: Mas galera, bora só dormir de boa. É só esperar, pode confiar que dessa vez a gente ganha na loteria. De qualquer forma, vou dormir tchau.
Assim o Seis se despede deixando os outros para trás.
Eu5: Só eu acho que deveríamos levar a sério e mudar.
Eu3: Cinco só não enche.
Eu2: Quanta discussão, já que não sabem aproveitar, eu vou ver um filme sozinho.
Eu1: Espera, estou até que interessado nesse filme, sabia que ele foi baseado em dados científicos e blá blá blá!
Eu2: se você quer vir, venha, mas não fica enchendo saco, só ouvir você dizendo essa quantidade de informação, já me dá dor de cabeça.
Vão então ver um filme o Dois e o Um, portanto saem da sala branca. O Três já mais calmo e com a voz até um pouco cansada fala e sai:
Eu3: Apenas não esqueçam, idiotas.
Eu5: E você o que fará?
Original: Sobre o que…
Original desvia o olho e tenta fugir da pergunta, mas o Eu5 insiste:
Eu5: vamos o que fará.
Original: não sei.
Eu5: o que fará?
Original: mas…
Eu5: o que fará?
Orginal: Eu não sei, acho que vou…
Original parece à beira do pânico, sendo pressionado pelo Cinco. Eu, por outro lado, apenas saio de fininho, deixando o Original e o Eu5 discutindo sozinhos.
Dia 16
7:00
Que sonho esquizofrênico do caralho! Se antes eu estava no fundo do poço, agora sou um louco no fundo do posso, muito legal! Porra!
Aí! Depois da reclamação matinal tento levantar, contudo estava me sentindo muito mal. Com muito esforço consigo medir minha temperatura: 39°.
Merda! Para piorar tô com uma puta dor de cabeça, mas, olhando pelo lado bom, se pá consigo atestado, isso é algo bom, né?
Tento ainda me levantar e ir ao doutor, entretanto minha visão embaça e caio, agarro meu celular e simplesmente com as poucas forças que me restam ligo para o único contato que tenho salvo e deixo a mensagem socorro.