Trabalhe! - Capítulo 42
Dia 30
Felipe chegou hoje de viagem. Combinamos de juntarmos os velhos amigos de novo amanhã, mas não tem problema, porque sou uma pessoa calma, então não sinto nenhuma ansiedade.
Plaft!
Merda! Deixei o prato cair, vou chegar atrasado.
Pow! Ai, ai! Minha cabeça, que idiota, por que estou tão desastrado hoje?
Vamos, taxi, taxi, passa logo taxi. Ando de um lado para o outro da rua procurando um táxi.
Espera! Posso chamar um Uber, sempre faço isso, porra!!
Já prevejo: vai ser um dia difícil.
Chego atrasado. É por isso que odeio me importar com as coisas, toda vez que faço isso começo a ficar ansioso demais. Inspira! Vamos lá, eu não era assim antes, posso deixar de ser.
Não se importe, não se importe e relaxe. Não se importe, não se importe com ninguém, apenas relaxe. Isso, vou repetir esse mantra até funcionar.
OOO
Não funcionou, nem um pouco!
Talvez eu pudesse ligar para a Susi, ela deve ter um método eficiente de descanso, no mínimo, só de falar com ela já devo dar uma boa relaxada.
— Ei! Ei! Ei! Terra chamando.
— Ah! — Sim, acabei de tomar um susto no meio do trabalho, agora sim que minha moral foi para o -4000000. — Que foi?
— Não me ignore, buu! — Ana faz um biquinho fofo. — O que houve que você, está em outro mundo?
— Nada, não… Espera! Na verdade, — acho que não custa pedir a opinião da Ana, pelo menos: mais inteligente que eu, ela é — aconteceram algumas coisas, está com tempo para me ouvir?
Ana diz que sim com a cabeça e eu começo a contar tudo, no caso, só as partes convenientes e, assim, resumo meu motivo para estar ansioso.
— Entendi, então você não tinha a Suzana para pedir, ai quer me usar de substituta. — Acho essa uma interpretação bem particular do que eu disse, mas é divertido, por isso respondo:
— Exatamente.
— Suspiro! Você, nem para tentar desmentir! — Acho que irritei ela um pouco agora, talvez não tenha sido a melhor das ideias. — Mais uma coisa, amanhã não é tipo, quarta? Quem, em sã consciência, marca de ver os amigos na quarta? E muito melhor no final de semana.
— É só o dia que vamos ter tempo, Felipe mora fora e blá, blá, blá. — Também não quero perder tempo explicando tudo.
— Ok, nem importa. De qualquer forma, não acho que precise ficar assim, são amigos de longa data, vai dar tudo certo, né? — Então, eu omiti a parte do ser preso e brigar com os dois, mas tenho, levemente, a impressão de que não vai ser tão fácil assim.
Vendo minha cara de preocupação, a Ana parece pensar um pouco mais sobre o assunto e completa sua fala:
— Além do mais, em último caso, você tem o álcool a seu favor. — E não é que ela já aprendeu alguns truques, nem ensinei esse.
— Verdade, mas já faz tanto tempo que não vejo eles. Ao mesmo tempo: quero ir, mas não quero muito lembrar de nada disso… que saco! Estou muito confuso.
— Sossega.
— Foi mal.
— Ok vou te dar alguns conselhos sobre como lidar com essas situações… — Espera! Espera aí! Assim que ouço essas palavras percebi algo, conselhos? Eu não preciso disso…
— Calma aí! Por que estou recebendo conselhos sobre socialização vindos de você? Até onde eu sei, Ana, você ainda mal tem amigos, só a que ponto cheguei? Me recuso a ouvir o conselho.
— Não diga nem mais uma palavra, agora eu sinto que eu quero te matar várias vezes e devagarinho. — Não chega a ser assustador, até porque estou acostumado com a Susi, mas posso ver o ódio refletido naquelas pupilas.
— Foi mal… — Melhor recuar, gosto de continuar vivo.
— Tudo bem, voltando….
— Não, não, a parte sobre eu não querer seus conselhos era real.
— Vai tomar no cu!
No fim não encontrei a solução para meus problemas, voltei para casa cansado, tive que arrumar tudo, fiz o jantar e … Calma aí! Não estou mais desastrado, boa caralho! Missão cumprida de algum jeito.
Dia 31
Entro no estabelecimento.
— Aqui!. — De cara, já encontro com meus amigo, parece que todos chegaram antes de mim, todos os…3?
Pera, deixa eu contar de novo: um, dois, três… ué, só de onde veio essa mulher?
— Essa aqui é minha namorada, Carla, esse é meu amigo Iky. — Antes que possa perguntar qualquer coisa, Felipe apresenta a garota. Só uma coisa, ela vai ficar junto com a gente? Honestamente, preferia não, ficaria mais confortável assim.
— Entendo, prazer em te conhecer. — Com um sorriso, digo educadamente.
Ela responde que o prazer é dela e coisas do tipo, ainda temos uma mini conversa para conhecer um ao outro e é isso. É uma garota legal e aspirante a cantora, ou algo do tipo, sei lá, também, não tenho obrigação de prestar atenção no que ela diz.
Por fim, me sento. E agora? Eu deveria falar alguma coisa, ou apenas ficar quieto. Não sei ao certo o que fazer! Nessas horas,não posso deixar de ficar curioso sobre qual seria o conselho da Ana.
No fim, decido encher meu copo com cerveja, apenas para poder ter algo para fazer, queria focar minha mente em alguma coisa.
Lentamente o líquido desce, olho ele lentamente cair no copo. Acho que já chega de ser um idiota, no pior dos casos não vai acontecer nada, todo essa ansiedade é infundada, por isso.
— E o seu projeto foi para frente, Felipe. — Caio é o primeiro a quebrar o silêncio com uma pergunta, cuja a resposta podemos supor.
— Nem, eu acabei tendo que desistir, mas vou tentar recomeçar assim que eu tiver tempo.
A propósito, o tal projeto era uma exposição de arte.É muito difícil fazer isso dar certo, ou você tem nome, ou ninguém vai ir ver.
— Que pena, parecia tão promissor, mas acontece coisas da vida agora é mirar na próxima oportunidade — digo alto e contínuo — sabe o que tava pensando, a gente não vai pedir comida não?
— Verdade estávamos esperando você. — Caio chama o garçom.
— Gosta de comer o que? — Pergunto para a namorada, Carla, tentado a chamar para a conversa.
Depois disso as coisas seguiram de uma forma ou de outra, continuei me pressionando a falar o que quer que passasse pela minha cabeça e mantendo o assunto.
Foi bastante estressante; mas, de uma forma ou de outra, consegui e logo meu cérebro acabou entendendo que estava com medo sem motivo, foi quando finalmente pude me sentir confortável.
Continuamos beliscando algumas porções e conversando, até que Carla diz sorridente:
— Foi muito divertido, a gente tem que marcar de sair assim de novo, mas infelizmente já vou indo, tinha combinado de me encontrar com umas amigas aqui por perto.
Nós despedimos nos despedimos e todas essas coisinhas e logo só sobraram três pessoas naquela mesa.
— Agora somos só nós três. — O primeiro a registrar o óbvio é Felipe.
— Como nos velhos tempos, haha! — Já levemente bêbado, Caio diz.
— Apesar de que não bebíamos na época — digo.
— Verdade.