Trabalhe! - Capítulo 40
Dia 11
22:50
— Quando perdeu seu amigo? Quando estava incapacitado no hospital? Como se sentiu? E agora, nesse reencontro, como se sentiu?
— E-eu… — Espera como eu me senti? Nunca parei para pensar nisso, além do mais… — São muitas perguntas, vamos começar pelo passado, ok?
Susi concordou com a cabeça sem problemas, por motivos óbvios, ela não ligava se eu responderia tudo ou só uma parte.
Tá, agora calma, eu preciso refletir sobre tudo. Vamos lá, memória, bora viajar uns 10 anos no passado.
— Não tenho certeza, para mim foi tipo só mais uma notícia ruim. Na época já trabalhava, tinha passado numa faculdade, não tinha muitos amigos, mas estava tudo bem, nem me importei… me sentia só apático.
Resumindo, eu estava só com acabado nem conseguia sentir nada direito, acho. Enfim, cansei de pensar, porra!
— E agora, como foi o reencontro? — Claro, ela não vai me deixar escapar dessa pergunta.
— Foi… — Por que as perguntas são sempre tão complicadas?
Num primeiro momento, foi um saco, porque dava trabalho, mas…
Não sei, tive medo, meu coração acelerou, por esse ponto de vista foi algo bem desconfortável, mas…
Nem me diverti muito, assim, Caio nem é o cara mais legal do mundo, mas…
— Foi legal, senti uma certa… nostalgia? Não sei, no final das contas, nossos gostos batem e…
Que saco! Por que estou ficando tão emocional? Daqui a pouco eu invento de chorar de novo nessa porra.
Tá, vamos lá, calma, relaxa, respira, sem chorar, sem emocionar, sem se envolver.
— E ai, conseguiu recuperar pelo menos uma parte do que perdeu? — Susi se aproxima muito de mim, tocando sua cabeça no meu peito e fechando os olhos devagar, ou seja, ela foi pegando no sono.
Sim, até mesmo esse monstro que não dorme, pode chegar ao limite das suas energias em algum momento.
Faça um cafuné suave na cabeça dela, apenas sentindo seu cabelo macio. Momentos como esse, olhando pro nada, me fazem pensar sobre tudo até agora.
Durante a minha vida eu meio que perdi várias coisas, nesse caminho decidi que viveria sem ter ou querer nada. Por outro lado, eu meio que…
— Acho que queria recuperar tudo que perdi, na verdade, eu realmente te invejo um pouco, Susi, por conseguir tudo o que queria.
— Hummm! — A garota de repente me abraça, agora, se ela está acordado ou dormindo, não sei com certeza, mas provavelmente essa desgraça está acordada,
Dia 12
6:10
Merda! Estou com uma grande dor de cabeça e nas costas, tá tudo uma merda. Isso que dá dormir no sofá de qualquer jeito.
A propósito acordocedo para caralho. Como estava abraçado com a Susi, me fodi quando ela acordou e se mexeu.
Enfim, não tem muito o que ser feito sobre isso.
— Vamos, levanto logo, vai ficar até quando que nem um zumbi quase acordado?
— Nem enche, para começo de conversa, por que você está de pé tão ced… Merda! Não abre a cortina, sem luz, por favor, sem luz…
Sou brutalmente atacado por raios de luz. No fim, me levanto e tudo, até tomo café da manhã; que, no caso, a Susi fez, o que é bem raro, ela nunca cozinha, tipo assim, essa deve ter sido a primeira ou segunda vez que comi algo preparado por ela.
— Delicioso. — Dou minha honesta opinião.
— Entendo, que bom. — Ela aceita o elogio com um sorriso, a Susi está estranhamente gentil hoje, me pergunto que coisa ruim vai acontecer agora?
Pode apostar, já aprendi minha lição, se as coisas parecem boas, é porque vão piorar e muito!
— Tem planos para hoje? — Olha, sabia, ela já está me perguntando isso, mas agora só me resta ver onde que isso vai dar.
— Mais ou menos, por quê? — Espero que seja algo ok, sério, espero mesmo.
— Eu queria ir num encontro, mas dessa vez apenas para relaxarmos nos dois, mas só se você eestiver de boa. — Ufa! Acho que dessa vez posso comemorar sem medo.
Nessa situação, só tem uma resposta que posso dar: sorrio e me curvo um pouco de brincadeira. — Enquanto você quiser, estou sempre livre, rainha. — Completo com orgulho. — Não faço nada de útil, afinal.
— Suspiro! Não diga que é um vagabundo inútil com orgulho, pelo menos tente parecer um pouco menos inútil.
Essa doeu um pouco. — Ei! Não fale mal do seu namorado com tanta naturalidade, faz parecer que é usual — reclamo.
— Não parece, é.
Enfim, susi me esculachando ou não, saímos para o encontro, mas dessa vez não a pé. Susi já tem alguma coisa planejada, só espero que seja algo bom, porque sempre tenho um medinho.
Dito isso, estou decidido, vou impressionar ela nesse encontro, depois disso vamos ter o momento romântico no final do encontro numa roda gigante… Apesar de que, cai entre nós, roda gigante é um treco chato e põe chato nisso e nem tem uma por perto.
Chegamos a um restaurante. Tá, até agora, tudo está de boa, só espero que não apareça um porblema do nada, uma intocxicação alimentar, tropeçar e cair num monte de caco de vidro de um copo que acabou de quebrar, ou qualquer coisa do tipo. Sério, sinto que algo vai dar errado
— Você está bem, parece meio pálido e tremendo? — Susi me olha genuinamente preocupada, o que é muito raro.
Fico em silêncio por um tempo, então ela chega perto e passa a mão na minha frente e me acordando do transe.
— Foi mal, estava nervoso — digo.
— Estava? Não seria estou; mas, enfim, é até um pouco fofo, apesar de idiota. Agora, me conta, com o que etá nervoso?
Explico por cima como o dia está indo bem demais e como, sempre que as coisas estão assim, algo dá errado, por isso estou esperando o problema. Susi apenas dá uma risada de canto de boca, então me puxa pela gravata e me dá um longo beijo.
— Não se preocupe, está comigo e, se eu decidi que será um dia relaxante, então o mundo e o destino vão ter que aceitar isso. — Ela falou algo que faz sentido? Não. Fui convencido? Para caralho.
E, confia, se Deus, em sua onipresença, visse a expressão dela no momento, concordaria que era melhor não se meter, até ele entende como funciona a hierarquia do universo.
— Foi mal, ok, vou aproveitar o dia.
— De boa, agora só vamos tentar de novo, idiota, que tal se acalmar bora.
22:40
Resultado do dia: foi divertido.
Resultado da missão, impressionar a Susi: falha completa, desde o início isso era impossível, mas consegui falhar com gosto já no começo.
Enfim, foi um dia divertido, sinto que posso dormir mais tranquilo agora. A propósito, Susi vai dormir na minha casa de novo e, claro, não tive voz nessa questão, mas acho que não tem problema, já me acostumei.