Trabalhe! - Capítulo 39
Dia 11
8:40
De novo, trabalhei, tá quase virando rotina isso, o que me preocupa.
19:50
Chego em casa mais cedo que o normal e despenco na cama, hoje o dia de trabalho foi mais divertido e fácil porque eu tinha o Gustava por perto.
Ultimamente eu realmente tenho temido que o vagabundismo dentro de mim tenha se enfraquecido, os mandamentos, minha doutrina, minha dedicação nos últimos 2 anos, parece que tudo está se esvaindo!
Todo meu “trabalho” árduo para me tornar uma pessoa inútil que não liga para nada está se desfazendo, óh deus dos vagabundos! Por que fazes isso comigo?
É complicado, não sei se quero abandonar minha teimosia, mas… O dia foi legal, conseguimos acabar tudo dentro do prazo e até fui elogiado pela Susi, sim, aquele demônio conhece o conceito de elogio.
Pensando melhor, foda-se! Depois de muito trabalho forçado, finalmente tenho um tempo para descansar, não vou deixar nada, absolutamente nada, entrar no meu caminho!
Isso, foda-se minhas reflexos sobre a vida! Foda-se o futuro! Foda-se o que eu quero! Foda-se minha vida! No momento, o importante é ser sedentário e passar a madrugada jogando e comendo merda.
Dinn!
— Yo, estava com saudade, né? — Eu odeio a minha boca grande, porra!
A Susi, para variar, apareceu do nada na minha casa… inclusive! Ela nem me esperou ir abrir a porta, só tocou a campainha e entrou uns 10 segundos depois, é foda!
Esquece, não vou mais vagabundear essa noite.
Infeliz, abro minha geladeira, pego vinho, duas taças, dois pratos, comprimento a galera e nós sentamos.
— O que quer?
— Que foi? — Tira esse sorriso inocente da cara! — Até parece que você não me queria por perto, sinf! Assim eu fico até triste.
Aí vem o silêncio, até porque eu não vou abrir a boca, quero relaxar e tomar um vinho; Susi, por outro lado, dá um sorriso ameaçador que me manda quebrar o silêncio logo.
— Vai ficar emburrado por sempre, me fala logo, como foi o reencontro? Ou vou ter que te ameaçar com uma faca? — Isso soa bem assustador quando ela tem uma lâmina em mãos… Glup! Para piorar, ela tem esse olhar assassino, sinto a morte cada vez mais próxima.
— Pode perguntar para ele, horas!
— E acha que não fiz isso? Mas ele nem me contou muito, além do mais quero ouvir toda da sua boca, por favor… — Como ela consegue trocar de olhar psicopata para de cocharro pedinte em uns segundo? — E, mais importante, sei que, se depender de você, vai só ficar o dia inteiro jogando porque não quer pensar em nada.
— Para de ler minha mente!
Susi de um sorrisinho, mas seus olhos continuaram me pressionando, claro ela não ia me deixar ficar relaxando. Ok, vamos, pelo menos, começar com o mais fácil.
— Tá bom, tá bom, eu conto… que saco! Então, teve o acidente e tudo acabou, depois fui para o hospital. Agora, para começar, precisamos do contexto Caio era, naquela época, um pouco depressivo, dependente, reclamam… tá, vamos acelerar, ele era maio emo.
Susi me dá um olhar de quem já consegue imaginar parte da história, por isso acelerou e explico que era o que ela estava pensando.
Resumindo, Caio, quando eu estava no hospital, continuava com aquela negatividade, reclamações e me demandando muito, o que me deixou puto.
Primeiro, naquele momento, eu queria apoio, não ter que resolver problema dos outros, estava certo? Mais ou menos, também podia ser visto o lado dele, mas, porém, contudo, todavia não tinha energia para isso.
Segundo, sentia que ele não se importava comigo e, verdade seja dita, ele não ligava muito mesmo, não tínhamos a melhor amizade do mundo.
Enfim, em algum momento, essa raiva acumulada estourou e brigamos, aí decidi não falar com ele nunca mais e acabou. Agora, o motivo exato da briga nem lembro mais e, na moral, foda-se, não preciso lembrar!
Obviamente, depois continuamos brigados, nem eu ou ele fizemos qualquer coisa para resolver e assim foi.
— A propósito, quer jogar? — Cansado de contar a história, tentei sugerir mudar o assunto.
Susi suspirou de leve meio decepcionada, acho que ela está com pressa, mas no fim ainda dá um olhar compreensivo. — Ok.
Começamos a jogar e, calma lá, eu já tô perdendo porra! Preciso muito conseguir me recuperar… E foi um massacre, depois de 2 horas jogando consegui acabar em uns 10-3.
— Você bem que podia pelo menos me deixar ganhar. — Faço biquinho.
— Nunca, perder jamais! — Parece que ela leva isso mais a sério do que pensava, como sempre, essa garota sempre quer ser a melhor em tudo.
Ok, não posso negar, também gosto de ganhar, não quero, de forma alguma, permitir um massacre desse tipo, preciso virar o jogo.
— Não vou desistir facilmente, vamos jogar mais.
O demônio dá um olhar muito confiante. — Pode cair dentro, acha mesmo que eu vou perder?
Dou um sorriso relaxado, acho que as coisas foram bem, contar a história é até que fácil e teria que fazer isso uma hora ou outra.
Na real, relaxar e descansar com a Susi por perto é até mais divertido, não namoraria ela se não achasse que esse fosse o caso.
Sim, acho que só vamos ficar jogando daqui para frente.
ооо
— Como se sentiu? — Por que eu ainda abro a boca? Sério, será que não consigo aprender!
— Sobre o que? Quando? — Sim, eu sei o que ela quer saber, mas não custa perguntar… sei lá, quem sabe ajuda.
— Quando perdeu seu amigo? Quando estava incapacitado no hospital? Como se sentiu? E agora, nesse reencontro, como se sentiu?
— E-eu…