Trabalhe! - Capítulo 35
Dia 27
7:30
Quase não dormi a noite, primeiro, por ter Susi na minha cama e, segundo, pelo fato da Susi estar na minha minúscula cama sem parar de se mexer! Enfim, já é de manhã e ela acorda com um bocejo.
— Já está acordado. — A garota parece um pouco surpresa. — Pela sua cara imagino que não conseguiu pregar o olho a noite inteira, pervertido idiota.
A pessoa só dá um risinho, não mostra nem um pouco sequer de empatia pelo meu sono! — Que maldade, tenha mais compaixão!
Como o esperado, a sádica nem se importou com meu comentário e foi escovar os dentes, depois de fazer isso volta e diz:
— Vamos para um encontro. — Assim do nada? Bem, não acho que eu possa recusar, na verdade, mesmo se pudesse não recusaria.
— Ok, mas onde quer ir?
— Não sei, você decide. — Olho com uma cara de quem não faz ideia do que fazer, Susi joga o celular para mim. — Google existe para isso, pesquise, vou deixar você assumir o controle hoje. — O sorriso dela diz o contrário, mas não vamos pensar muito nisso.
Ta, provavelmente tenho uma ou outra ideia, agora só preciso me trocar. Abro o armário, já começo a tirar minhas roupas quando…
— Ei! Não se troque assim do nada. — Parabéns eu mesmo, acabei de deixar o clima estranho em 3 segundos.
— Espera! Somos namorados agora, então… — Mas não é porque sei que errei que vou admitir isso. Além do mais, numa dessas eu já vejo a Susi pelada pela primeira vez.
— Ta, foda-se, mas não olhe. — Quem diria, essa garota pode corar e ficar envergonhada, fascinante, isso só me dá mais vontade de olhar descaradamente.
8:30
Nosso encontro foi atrasado pela dor, no caso, a dor na minha cara. O tapa da Susi tem uma potência surpreendente, ela até tatuou minha bochecha com uma mão vermelha em só um golpe.
Para sua segurança, evite lutar com monstros, não é agradável.
Continuando, nós trocamos. A propósito, a Susi tem roupas na minha casa, porque ela dorme aqui direto, inclusive, ela ocupa mais espaço do armário que eu, na minha casa… Tá, tá tecnicamente a casa é dela.
A título de curiosidade, a garota está vestindo uma regata branca normal e uma calça jeans, pois o dia está meio quente.
— Ei! Pervertido, pare de me olhar dessa forma. — Eu só estava descrevendo para a audiência, não é como se eu fosse uma pessoa com pensamentos impuros. Ok, quem estou querendo enganar?
— Não vou parar, decidi que a sinceridade entre nós é o mais importante!
— Não quero esse tipo de sinceridade. — Glup! Esse olhar, me fodi de novo, novamente deixo minha dica, não brigue com monstros sem necessidade.
9:00
Finalmente conseguimos sair! Depois de perdemos muito tempo por culpa de um certo alguém que ficou irritando a Susi, estamos prontos.
Seguindo com o encontro, não andamos muito, logo chegamos aonde queria, uma sorveteria. Depois de pegar o sorvete, vamos até uma praça deserta, sentamos no banco e nos bei… Não, lamento, mas só nos sentamos e começamos a conversar mesmo, não rolou.
Perguntei algo clichê tipo “como está o gosto”, Susi deu algum elogio padrão e assim seguimos por um tempinho. Ou seja, começamos mal, está um saco aqui!
Como se ouvindo minhas reclamações, os deuses riem da minha cara e me enviam um problema. — Quer jogar um jogo? — Susi tinha um sorriso ainda mais assustador do que de costume.
— Si-sim. — Temendo pela minha alma, respondo. Só espero sair vivo dessa. — No que está pensando?
— Nada demais, apenas um cara ou coroa. — Ufa! Vai ser de bo… — Funciona assim, jogamos cara ou coroa, quem perder tem que responder a pergunta de quem ganhar. — Merda!
— Posso recusar? — O olhar dela diz que não, mas nunca se sabe, acho que vale a pena recusar.
O monstro sorri. — Claro que sim — traduzindo: não, definitivamente não, nem ouse pensar nisso — ,mas — sabia que tinha um mas! — Se você ganhar, eu faço qualquer coisa que pedir. Claro, se eu ganhar, você vai ter que fazer qualquer coisa que eu pedir.
Uma pergunta importante: — Como eu ganho essa porra?
— Se você fizer uma pergunta e eu não quiser responder, você ganha. Além do mais, se eu responder algo e você puder provar que eu menti, também seria sua vitória. Bem, essa segunda regra não importa muito, eu nunca mentiria e é bom você fazer o mesmo. — Novamente, sou ameaçado e sinto que minha alma está em jogo.
— Ok. — Não é como se pudesse responder de outra forma.
Provando sua crueldade, ela ainda me dá a oportunidade de ser aquele jogando a moeda… Seja o que Deus quiser, a moeda rola lentamente, até por fim cair na minha mão.
Susi escolhe cara e adivinha? Deu cara essa merda! Sem escolha, mostro o resultado para ela, que comemora de leve e faz sua pergunta.
— A corda que você cortou no orfanato, ela era a… — Sei o que ela quer saber por isso a interrompo e respondo de uma vez.
— Sim, sim, era aquele bagulho da promessa de resiliência… ou algo do tipo, né? Nem lembro mais o nome que dei.
Explicando, há muito tempo, quando ainda era uma criança motivada, decidi amarrar uma porrinha como símbolo da minha motivação, enquanto o barbante de merda durasse eu não iria desistir nunca.
Infelizmente, um babaca qualquer, não vamos dar nomes, cortou aquela corda, por isso estou livre para ser vagabundo em paz.
Susi parece bem irritada, por isso jogo a moeda logo, melhor mudar o assunto. Pulando todo o bla bla, posso dizer que dessa vez fui o vencedor.
— Por que você sumiu por dois meses?
— Porque estava ocupada, eu tenho, diferente de você, muito o que fazer, várias pessoas dependem de mim. Além do mais, quero tirar uma folga no mês que vem, para isso preciso deixar tudo pronto. — A garota para, pensa e muda a resposta. — Desculpa, menti, na verdade, acho que preferi me atolar em trabalho por ser mais fácil do que decidir.
E não que minha declaração realmente colocou ela em dilema; mas… pera ai, folga? Nem sabia que a Susi conhecia essa palavra.
— Por acaso pretende trabalhar menos esse mês para ficar mais comigo?
— Joga a moeda de novo, não tenho que responder sem perder, além do mais, quero fazer a próxima pergunta. Eu escolho coroa. — Assustador! Terei pesadelos com esse olhar.
Por favor moeda, só cai cara, cara, por favor cara… Deu coroa, a Susi ganhou e parece pronta para me matar com sua próxima pergunta.