Trabalhe! - Capítulo 33
Dia 1
22:21
Faz um tempo que decidi reclamar menos, mas que mês bosta é esse que começa numa segunda!
Depois de gritar minha reclamação para o mundo, me troquei, fui para o trabalho e tive um dia bem normal, bem sem graça na real. Nem lembro direito o que fiz.
Dia 2
8:00
Nem sinal dos três, onde eles se meteram? É estranho, mas Gabriel, Bia e Eichy não chegaram ao trabalho até agora. Gabriel não é de se atrasar, por isso não posso deixar de achar estranho e me preocupar um pouco.
Trim! Como se provando que a Susi instalou uma escuta na minha mente, o meu celular toca. Não preciso dizer quem estava me ligando, né?
Atendo, a voz no outro lado nem me comprimenta, apenas explica rapido. — Foi mal, esqueci de avisar antes. O Gabi e o Eichy vão sair de férias.
Esqueceu!? Não fode! Como é que esquece de avisar algo assim? Primeiro, por que isso nem passou por mim? No fim, não reclamo, já sei as respostas.
— Quem caralhos sai de férias numa terça e no segundo dia do mês, não faz sentido nenhum! — Porém, para essa pergunta, não consigo nem imaginar uma resposta minimamente razoável.
— Sei la, foda-se. — Susi parece cansada. Surpreendente! Acaba de ser comprovado que ela tem uma quantidade aparentemente finita de energia.
— Além do mais, esse não é tipo o primeiro ano na empresa, eles podem tirar férias?
— Depende da legislação do país, porém temos uma política interna de permitir férias desde o primeiro ano. Nesse caso oferecemos para os dois por causa do alto estresse do trabalho no mês passado, em 15 dias acho que vai ser a vez dos outros… Ah! E a Bia também já saiu… — Por isso que ela não veio, imaginei que fosse problema de relacionamento… Espera!
— E eu?
— Trabalhar dobrado, não é óbvio?
— Nem fo…
— Trabalha dobrado, entendeu?
— Claro. — Susi desliga o telefone logo em seguida, ela deve estar com pressa.
Em minha defesa, ela é assustadora, não tem como ir contra, acreditem.
Dia 12
7:30
Mais um dia qualquer começou, mais um dia que tem tudo para ser uma merda.
Com sono, começo a jogar alguns joguinho de celular. No fim, perco várias vezes seguidas e paro de jogar frustrado.
Todo mundo está de férias, então não tenho literalmente para fazer.
Nem sei para que ainda venho pro escritório.
Sei lá, sinto que a Susi vai descobrir e comer minha alma junto com serial se descobrir que eu faltei.
No meio deles meu tédio apenas fico olhando as mensagens. Nada no discordo, nada no Instagram, nada no… Merda! Ao abrir o WhatsApp encontro uma mensagem da Bia, melhor, uma notificação.
Ai me vem a questão, abrir ou não a conversa?
Quero saber o que ela falou, mas provavelmente vai ser um saco, mais problemas de relacionamento.
Se eu visualizar, não tem como ignorar, por isso só me resta ativar o modo avião. Se ela não souber que eu vi a mensagem, é o mesmo de dizer que eu não vi, né?
Abri e… A Bia terminou com o namorado!
Empurro o chão com força e, com minha cadeira de escritório que tem rodinhas, rodo animado. Minha cabeça bate na parede logo atrás de mim e me arrependo da minha empolgação.
— Finalmente porra!
Não só ela terminou, ela claramente pediu minha ajuda para garantir que ela não voltasse a falar com ele. Ou seja, ela finalmente decidiu bloquear ele em tudo e se afastar, o único jeito de acabar com o amor.
Saiba, nem todos os relacionamentos são acabados de forma amigável. Na verdade, em muitos deles você só vai conseguir seguir em frente se não vir ou falar mais com a pessoa. Mais importante, finalmente uma notícia boa!
E qual o motivo dela terminar? Sei lá, não dou uma única foda. Nem sequer ligo para Bia direito, só me importo que esse porre foi embora para sempre.
Agora, o que ela vai fazer com o resto da viagem dela não sei.
Bia tinha planejado ficar viajando com o namorado do seu quinto dia de férias até o décimo terceiro, ou seja, ainda faltam 3 dias de viagem.
Rezo para que eles não voltem nesse tempo.
Dia 15
23:58
Eles não voltaram!
Dia 19
17:08
Quase todos estão de volta agora e voltamos a trabalhar, merda!
Pelo menos, o término continua e Bia está determinada a continuar assim.
Dia 26
20:40
Por vários motivos, tive um dia desgastante, por isso chego em casa cansado. Já sem forças, abro a porta, tudo que eu quero é minha cama.
— Eai? — Pode esquecer corpo, não parece que vou conseguir repousar tão cedo. — Está bem? Seus olhos parecem mortos… Não, na verdade, você parece ter virado um zumbi por completo.
— Que isso, um jeito fofo de me chamar de feio?
— Não se preocupe, olha, — Susi aponta um espelho para mim — isso aqui já faz o trabalho, ninguém precisa falar que o céu é azul, assim como nin…
Coço os olhos tentando acordar. — Tá, tá, já entendi, não precisa continuar. Agora, por que veio aqui? Não! Mais importante, não invada minha casa desse jeito!
— Sim, desculpa. — E essa foi a desculpa mais falsa e vazia que já ouvi na vida. Era quase como se ela estivesse dizendo: “vou fazer mais isso.
Já que não vou conseguir prevenir invasões futuras, quero pelo menos saber porque ela veio aqui. — O que quer? Achei que estivesse muito ocupada para falar. — Mal nos falamos por mensagem nos últimos dois meses, naturalmente, não nos encontramos pessoalmente desde de maio.
— Por enquanto vamos jogar isso. — Susi aponta para minha tv na qual ela já está jogando. Para mim só resta aceitar e ir pegar um controle.
23:57
E em um instante o tempo passou, o dia já está pra acabar e nada. Estava preocupado sobre como seria quando visse a Susi de novo, mas foi de boa.
Fizemos um pacto silencioso de ignorar tudo que acontece no dia 1 de maio, acho.
— Sobre sua declaração, desculpa não ter falado nada até agora. — Merda! Aparentemente eu fui o único signatário do nosso pacto silencioso.
Sério, por que do nada assim? Qual a necessidade dela de soltar uma bomba surpresa?! Tenho certeza de que foi de proposito, ele esperou eu baixar a guarda só para tentar me matar com um ataque do coração.
Uma curiosidade, a experiência de morrer por ataque cardíaco é péssima, mas foi assim que eu morri, fui.
Fim… Melhor:
The end.
Pronto, bem mais chique.