Trabalhe! - Capítulo 22
Dia 30
23:45
A vida é tão linda quando a Susi não está por perto, mas ninguém está aqui por felicidade, por isso num passe de mágica…
— E ai, como foi o mês? — Temos nossa invasora de domicílios de volta.
Parece que terei de passar a madrugada com a Susi, pelo menos é sexta, em teoria posso acordar a hora que quiser amanhã.
Dou um grande suspiro. — Olá.
— Qual é a desse olhar cansado?! Acabei de sair de um voo de 10 horas e estou mais energética que você, inútil. — Não nego.
Mas devo dizer, A Susi parece estar um pouco cansada, sério, eu diria que ela está chegando nos últimos 5% de bateria. Dito isso, 5% da Susi é mais que 100% da minha energia e deve ser equivalente a 20 ou 30% de uma pessoa normal.
— Agora, responde minha pergunta.
— Nem, é muita coisa, não dá pra fazer perguntas mais específicas, não?
— Sem problemas, humm! Vou começar pelo Gabriel.
— Por que ele? Nem sabia que lembrava o nome dele.
— Sei lá, só curiosidade, não pensei muito sobre isso. — O sorriso dela me diz o contrário e, honestamente, preferia deixar ele por último.
Ok, já que as coisas são assim, vou ignorar completamente o que a Susi pediu e começar contando pelo mais fácil. — Ok, vou começar pelo Eichy então.
A garota deu de ombros aceitando minha decisão. A propósito, essa é a primeira vez que vou mostrar isso para vocês, né? As sessões de entretenimento da Susi, que consistem em me obrigar a contar tudo que aconteceu no mês..
Ok, vou Começar:
— Bem, quando começou o problema com Bia logo coloquei os dois de dupla, por motivos óbvios… Humm! Acho que foi dia 7, sei lá, por aí foi quando resolvemos deixar de ser inimigos.
Dia 7(provavelmente)
O começo do dia foi como qualquer outro simplesmente me troquei e fui.
Chegando logo tive um problema, Bia veio falar comigo, mas as palavras não saiam, de qualquer jeito só por sua cara podia compreender.
Troquei pouquíssimas palavras com ela e a mandei para casa.
— Calma aí, que porra é essa, mandar funcionário pra casa assim do nada, mas que varzia você tá fazendo na gerência? — Apenas o esperado de um vagabundo, ué.
— Não interrompa minha narração! — Susi me dá um olhar assassino. — Ahan! Enfim, ela fez seu trabalho de qualquer jeito, seria melhor do que ficar lá atrapalhando o clima, é uma questão de cálculo simples sobre o que vai ser mais eficiente.
O monstro na minha frente sorri satisfeito. — Você mudou bastante.
— Do que você está falando?
— Nada demais, a propósito, quer ser promovido? — O que há com esse olhar cheio de curiosidade? No que ela está pensando agora?
— Claro que não. — Não vou me arriscar, não sei o que se passa na mente louca dessa garota. — Por que? — Mas não resisto a curiosidade de perguntar.
Susi dá de ombros e, agindo como se a proposta fosse um assunto irrelevante, ela diz: — Queria ver o que ia acontecer, mas quero saber o resto da história, bora.
— Claro, claro ao seu dispor, majestade.
Ok, voltando:
— A Bia foi embora. Aconteceu umas coisas e aproveitei pra ficar trabalhando eu e o Eichy juntos, foi quando conversamos, eu comecei perguntando: “não acha que está desperdiçando seu talento?”
Ela me deu uma cara de foda-se e disse: “Não, valeu”. Quando tentei insistir mais ele respondeu: “Não tenho porque estudar ou crescer muito, estou bem, pode cuidar da sua vida”.
— Ele falou isso mesmo? — De novo isso! Deixa eu falar desgraça.
— Perto disso, no mínimo ele pensou aquilo, não enrolemos muito com a conversa toda, ninguém liga mesmo.
— Preguiçoso. — De novo, não nego. — Continua ai.
— Agora me perdi, foda-se também, algumas coisas devem ter acontecido, até que uma hora eu convenci ele de que a labia dela estava sendo desperdiçada, ele precisava colocar ela em melhor uso.
Acho que ainda conversamos bastante sobre o assunto. Eu sou alguém acostumado a mentir na cara dura e ele também é, por isso trocamos várias histórias nossas, acho.
Bem, no mínimo ele contou as dele, duvido que tenha contado as minhas.
Foi no meio disso que acabei deixando a comunicação com o cliente para ele e em pouco tempo ele tinha convencido os caras a adiarem o prazo, isso foi legal.
Depois disso ficamos mais próximos, e até tivemos a famosa conversa do: “pensei que você me odiava, haha”.
Sim, por mais surpreendente que pareça, alguma coisa deu certo, ou pelo menos por enquanto tem dado certo.
Ele já fez as pazes com quase todo mundo por conta própria. Ele foi um problema que se resolveu sozinho.
No fim me livrei de todas as reuniões chatas com empregadores, com aquele povo estranho do marketing e passei para ele.
— Sim, sim, ele é bom nisso, percebi logo na entrevista por isso contratei ele, esqueci de te dizer, mas ele deveria estar fazendo isso desde o começo. — Valeu por me avisar agora!
— Espera! Você contratou ele? E, entrevista? Você fez isso pessoalmente por acaso?
— Claro que sim, eu gosto de escolher todo mundo a dedo, nem sempre dá, mas quando tenho tempo livre faço pelo menos as entrevistas. — Já disse que ela é um monstro viciado em trabalho?
Espera, isso também significa que… — você escolheu a dedo meus problemas, desgraçada?
— Claro que não, — mentira detectada — eu só escolhi pessoas qualificadas, o resto foi coincidência. Mas isso não importa, agora você tem que falar sobre o Gabriel, então vai logo.
— Ok, ok…