Trabalhe! - Capítulo 20
Dia 7
20:55
As coisas têm ido bem, sim, pode parecer surpreendente, mas venho aqui dar boas notícias. Até agora a Bia tem permanecido calma e de boa, então ainda não me deu trabalho.
Finalmente, finalmente as coisas estão dando certo! Ainda tenho medo que uma virada possa acontecer, na verdade, isso é até provável, já que não resolve nada direito até hoje, mas…
Enquanto durar, vamos aproveitar a paz!
Dia 8
5:20
Ding! Dong! Quem é a essa hora? Na moral, não fode!
Vou até a porta, atendo e, adivinha, Susi.
Tiro o relógio do meu pulso, seguro a mão da Susi e coloco ele nela, então faço ela fechar as mãos e seguras o negócio. — Toma, pode ficar com ele, é um presente, você está precisando.
— Pra que eu vou querer um relógio? Além do mais o seu é feio.
— Você não precisa ser tão honesta! Além do mais, acredite em mim, você precisa de um desses.
Susi ri como uma garotinha fofa, mas alguma coisa parece muito errada sobre isso. — Que fofo, você acha que tem direito de reclamar. — Eu sabia que tinha alguma coisa errada! Só o que há com os olhos dela? Por que são tão assustadores?
Abaixo minha cabeça em submissão.
— Agora vamos voltar ao importante.
Que saco! Não pressinto nada de bom vindo disso. — O que quer?
Um sorriso diabolicamente infantil aparece no rosto da Susi. — Passar o tempo.
Olho irritado. — Ei! Eu não existo para entreter você.
— Sorte sua que não, porque você é bem sem graça.
Fazendo uma atuação exagerada reclamo da crueldade dela gritando alto de forma quase vergonhosa. — Isso foi cruel, agora estou me sentindo tãaao mal
— Sei, sei. Tem alguma coisa para comer?
Digo que sim com a cabeça, mostro um saco de miojo e pipoca e pergunto qual ela prefere.
— Você só tem isso?
— Às vezes também tem queijo, e castanha.
— Agora estou um pouco preocupada com sua saúde, vai acabar morrendo assim.
— Estou firme, forte e saudável, relaxa ainda tenho mais uns 10 anos.
Dessa forma ficamos jogando conversa fora, até que, aparentemente, ela lembra que tem mais o que fazer e diz: — Te vejo mais tarde e boa sorte.
Boa sorte com o que? Agora estou preocupado.
16:47
Estou lanchando com a Bia, como isso aconteceu? Nem lembro, acho que eu não aguentava mais trabalhar e usei isso como desculpa para escapar, ou algo do tipo.
Ahan! Quero dizer, lembro que Bia já estava começando a ficar irritadinha por algum motivo, então, como líder responsável que sou, achei que seria uma boa dar um pequeno intervalo para ela espairecer a cabeça.
Sim, definitivamente foi isso, acreditem.
— Está afim de me contar o que rolou dessa vez? — Não estou interessado, na verdade, eu preferia que ela não me contasse, mas, mantendo o ato de cara legal, perguntei.
Claro, ela começou a me contar independente da minha vontade. — Bem, meu namorado… — Porém antes que ela pudesse acabar de falar alguém a interrompeu.
— Aqui que estava! — Que maravilha, nosso querido interruptor tem aquela voz irritante de fumante. Enfim, chuto que chamar ele de namorado da Bia seria o mais acurado, até porque me recuso a lembrar o nome de figurante e interruptor é sacanagem.
O idiota primeiro olha irritado para Bia, mas quando nota minha presença ele começa a me encarar. Assustador, esse cara está me encarando muito, não gosto disso!
— Quem é esse?!! Já disse que foi um erro, queria ficar de vingancinha agora, infantil. — Ele é do tipo ciumento, humm! Inseguro e irritante, odeio esse tipo de gente.
A propósito, se entendi direito pelo que ele disse, Bia foi chifrada. Entendo, por isso ela não queria falar sobre, haha!
— Não, não é nada disso, se acalme por favor. — E ela já ficou desesperada, que saco! Só larga esse traste e para de me causar problema.
Enfim, tomo a frente e intervenho. — Sou só o chefe dela, pode relaxar, além do mais não é bom agir de maneira tão insegura.
Eu sei, não tem nenhum motivo para ficar provocando ele, mas não resisto, e mais forte que eu. No fim, ele é o tipo de pessoa da qual realmente não gosto, ele é inseguro e desconta isso nos outros, fica com medinho de falhar e no fim não faz nada.
E nem ouse pensar que somos parecidos! Pelo menos eu não saio de casa e evito causar problemas para a sociedade. Melhor, eu não saia, até um certo alguém me atrapalhar.
— Bem, tanto faz, não é da minha conta, já vou, divirtam-se e, aqui, — jogo um pendrive para a Bia — tome o que pedi para fazer.
— Entendo, desculpa, eu entendi mal. — Pelo menos ele se acalma rápido.
— Tudo bem acontece quando ainda não estamos tão confiantes no relacionamento, é apenas o padrão de início de namoro, até mais, se divirtam. — Vazo o mais rápido que posso.
— Seu chefe é mó babaca. — Eu ainda estou ouvindo, porra! Espere um pouco mais para falar mal de mim.
— Por que?
— Ele fica se achando o fodão e quer empurrar umas lições de moral sem sentido, nada haver esse negócio de eu não ser confiante, nem me conhece. — Que foi? A carapuça serviu tanto que ficou sentidinho? Toma no cu! O cara não tem nem cérebro para esperar eu me afastar e quer falar alguma coisa!
Vou embora antes que eu fique mais burro por ouvir a voz dele.
19:40
Eu finalmente estou livre do trabalho! Abro a porta da minha casa me sentindo um pouco cansado, esse é o momento em que …
— E ai? Como foi? — A minha queridíssima convidada inesperada diz com um sorriso.
Pergunto o óbvio: — Como entrou?
Susi tira uma chave do bolso. — A casa é minha, obviamente tenho isso. — Então pra que caralho, você toca a campainha de madrugada! — E responda minha pergunta.
Está óbvio na cara dessa garota que ela não vai me ouvir se eu reclamar sobre isso, na verdade, é capaz dela começar a vir me acordar todo dia se eu encher muito o saco.
— Ok, ok, e pra já. — Conto tudo nos mínimos detalhes, desde a viagem até o dia de hoje. — Feliz agora?
— Entendo, então escolhi o dia certo… — Susi murmura. — Agora me conta, para que irritou o namorado dela?
— Sei lá fazê-lo refletir ou talvez raiva pelos problemas que ele está me causando, não pensei muito antes.
— Não podia ser ciúmes? hehe!
— Nop. — Eu “gosto” de você, afinal, sem chance de ser isso. Bem, não tem como eu dizer isso em voz alta.
Susi dá um falso suspiro triste. — Pena, queria ver você vindo chorar pra mim sobre isso.
— Cruel! Você é um monstro.
Ela nem sequer se dá ao trabalho de me responder. — E a Ana?
— Também não e eu tenho a sensação de que você já sabia disso, certo?
Susi não confirma, ela apenas olha diretamente na minha direção. — Você já me contou de quem gosta, é claro que eu sei. — Eu odeio ela!
E não me faça relembrar minha declaração falhada, eu já sabia o resultado desde o começo, mas ainda dói um pouquinho!
Trinn! O celular da Susi toca. — Merda! Tenho que ir, outra hora a gente conversa mais.