Trabalhe! - Capítulo 15
Dia 7
00:22
Pronto, agora o dia está certinho.
Voltando para meu celular que está tocando agora, bem… Eu não quero atender, mas não é como se tivesse muita escolha. — Alô, o que quer?
— Coloca mais vontade nessa voz! — A pessoa me liga do nada de madrugada e ainda quer que eu esteja falando animado!
Ainda sem ânimo digo: — Foi mal, foi mal, — deixo minha voz ainda mais desanimada — vou tentar falar com mais vontade, agora o que quer.
Susi, ao invés de ficar irritada, ri um pouco, irritante! — Puft… Apenas fiquei sabendo do que houve com o Eichy… Haha! — E agora ela está rindo ainda mais!
A forma como ela está agindo, droga! Até parece que ela sabe que acabei me deixando levar e criei trabalho para mim mesmo.
Não, não, não, seria impossível ela saber, né? Mas ela claramente disse o nome dele, então ela… câmeras! Será? Se for a Susi não é impossível. Talvez ela tenha colocado escutas e câmeras no meu escritor.
— Relaxa, eu não estou te vigiando em segredo de qualquer forma.
— Sai da minha cabeça! Agora até na minha mente você colocou uma escuta! — digo brincando.
— É só que seus pensamentos são muito óbvios para mim. — Já dei ênfase o suficiente no fato: Susi não é humana? Porque sinto que preciso repetir.
Ainda indignado pergunto: — Como? Não faz sentido! Como você consegue saber essas coisas?
— Boa, essa era a empolgação na voz que eu estava esperando, continue assim. — Toma no cu!
Penso em desligar o telefone, contudo o medo da morte me impede, no fim me resigno a perguntar humildemente: — Como caralhos você consegue saber de tudo?
— Só perguntei para a Ana, o resto consegui supor, mas não sei os detalhes, não que importe, afinal você vai me contar tudo, né?
“Se fudeu” aparece no ar na minha frente. Ok, acho que tenho jogado GTA demais.
1:06
Era para ser uma história curta, mas um certo alguém riu tanto durante o processo, que demorei mais de meia hora para contar! A essa hora, era para eu estar jogand… digo, dormindo para acordar cedo.
Com uma voz de quem está satisfeita depois de rir o suficiente, ela fala: — E agora, o que vai fazer?
— Por que você soa tão satisfeita?
— Impressão sua, agora o que vai fazer? — Que saco, essa pergunta de novo, eu não sei! Não tenho ideia!
— Eu não sei, droga! — Já comecei a me descabelar aqui, por isso repito para que nunca se esqueça: um vagabundo não pode ter orgulho! Nunca tente ser melhor que alguém em nada, esse é sem dúvidas um dos mandamentos do vagabundismo.
Susi falou, então, com aquela voz, aquela que odeio, a de quem está entendendo tudo: — Iky, por que você fez isso?
— Não sei! Foi um acidente, uma idiotice momentânea!
A garota apenas riu um pouquinho, então completou com mais uma pergunta: — Agora que não tem como escapar, por que não tenta fazer algo?
Droga! No fim sinto que continuo fazendo as coisas da forma que ela previu, isso me dá arrepios.
Mas quer saber, foda-se! Eu não sei o que fazer mesmo, por isso vou tentar algo, sinto que me arrependerei disso, mas vou tentar pedir a opinião da Susi.
Sim, eu me empolguei ontem e agora vou ter que vender minha alma para o demônio.
— O que você faria?
Nenhum som vem do telefone por um longo tempo, ela me deixa esperando, antes de por fim dizer: — Que tal ser responsável?
Desligo o telefone.
Consigo imaginar a Susi rindo do outro lado, o que me deixa um pouco irritado.
Dou um pequeno sorriso pensando em tudo que houve hoje, no fim e por ser assim que eu gosto dessa garota.
Ser responsável, hein? Faz tempo que não faço isso, me pergunto se eu deveria…
6:30
— Nem fodendo! Muito trabalho, só vou fingir que a conversa com Eichy nunca existiu — digo olhando pro espelho.
Dia 8
21:43
Me deito no sofá relaxado, já falei com a Ana e pedi para ela perdoar o Eichy, por sorte ela aceitou de boa.
Depois disso tem outras três pessoas, o Caio é muito rígido, mas também é profissional demais para dar problema… eu acho.
A Bia nunca foi muito amigável com ninguém, mas foda-se, ela nem liga direito para a existência do Eichy.
E também tem o Gab, ele… bem, se Napoleão ignorou as revoltas contra seu reinado na Espanha, por que eu não posso ignorar uma pessoa? Sim, esse paralelo faz total e completo sentido!
Enfim, eu só vou seguir o exemplo do nosso baixinho de estatura mediana favorito e vai dar tudo certo.
Além do mais, não é como se algo fosse dar errado.
Dia 17
18:32
Algo deu errado.
Ok, era óbvio que isso ia acontecer, no entanto … sei lá! Achei que podia só ignorar e seguir tocando a vida ou algo do tipo. No fundo, eu sabia que iria dar tudo errado, mas sabe como é, preguiça.
A propósito, ainda não disse o que deu errado, porém estou cansado por hoje, por isso resumirei todos os acontecimentos na frase: Bia e Caio brigaram e ponto final.
Sim, quem liga para detalhes? Dá muito trabalho lembrar ou se importar com detalhes.
Além do mais, já são quase 19 da noite, o que significa que estamos perto das 20, ou Seja, já estamos tecnicamente no último quarto do dia, o qual é muito próximo da meia noite, portanto podemos dizer que o dia já para a já acabou, nesse sentido não posso fazer nada hoje para resolver a situação, mesmo que eu queria do fundo do meu coração fazer algo.
— O que vai fazer agora? Acha que vai ficar tudo bem? Se quiser eu posso te ajudar? — Garota irritante! Que motivação toda é essa para trabalhar, sai de perto satanás!
— Relaxa, está tudo sobre controle, deixe comigo.
Ana não parece botar muita fé em mim, seu olhar é de descrença, ela até chega a dizer: — Tem certeza que está tudo bem? Você não parece muito motivado, convicto ou confiavél?
Sinf! Gostava mais quando ela era fácil de enganar.
Cansei desse mundo cruel que só se importa com trabalho, capítulo acabou, foda-se.